quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A VIDA É UM BEM PRIVADO?


 

 
A generosidade e a solidariedade são dois sentimentos, e comportamentos, que precisam ser resgatados pelos humanos.
Nossas vidas, afastadas das causas coletivas, e tomadas por tecnologias comunicacionais e interativas, nos dão a sensação de plena satisfação de nossas necessidades.
Estamos vivendo uma época marcada pelo individualismo, e, de certa forma, pelo egocentrismo.
Temos a sensação que o mundo se transformou num simples processo de atendimento das ansiedades e prazeres individuais, quando, na verdade, só estamos neste estágio de avanço e desenvolvimento, graças aos processos coletivos, que nos presentearam com tantos avanços qualitativos.
O conceito de Estado, essa entidade que não passa de um conceito, de uma virtualidade, de um conjunto de procedimentos, de um elenco legal, é uma criação de muitos séculos.
Séculos que geraram muito sofrimento, lutas, guerras, revoluções, execuções, para se chegar a essa forma aperfeiçoada de estrutura.
O Estado existe para ordenar a conduta humana e como é administrado por humanos, surgem os conflitos gerados pela subjetividade, característica do comportamento humano, que faz cada ser ter uma objetividade e uma capacidade adicional de interpretar fatos, referências e referentes, tudo baseado em suas impressões, em seus contextos culturais, em seus meios sociais, em suas crenças políticas e religiosas, enfim, nenhum ser é igual ao outro.
Essa a função do Estado, o grande avanço conceitual construído ao longo da história da humanidade,  representa uma herança positiva.
Mas a individualidade, uma necessidade humana para construir a sua identidade, não pode ser usada como ferramenta de egoísmo ou isolacionismo.
Só somos o que somos por sermos objeto e observadores dos processos coletivos.
O meio ambiente é coletivo, o ar que respiramos é coletivo, as águas dos mares, dos rios e do lagos são coletivas, ou seja, nossa vida depende do nível geral, e não podemos pretender transformá-la como se patrimônio privado fosse.
É urgente a reversão dessa tendência atual à vida segregada, apartada, como se pudéssemos viver em cubículos existenciais, sem o convívio e o aprendizado constante que a vida em conjunto significa.
Essa, talvez, seja a palavra para este momento de retomada dos sentidos da vida coletiva.
A ressignificação dos conceitos que o século XX nos permitiu criar, com a ilusão de que o consumo desenfreado e a capacidade de acumular bens e objetos, pudesse suprir todas as demandas humanas.
Somos todos frutos de emoções de pessoas, que se amaram e nos geraram, dando-nos esse legado mágico que é a VIDA, um sentido que passamos o tempo todo tentando entender.

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