Uma pesada herança cultural, ainda dos impérios portugueses, e do comportamento de uma relação de favores e privilégios, tem impedido a transformação de nosso país em uma nação de investidores independentes e arrojados.
A história registra a pesada burocracia, endeusada pelo poder de plantão e reforçada pela atitude dependente dos que deveriam ser investidores privados.
Quase toda a história de nossa economia é marcada pela fortíssima presença governamental na implantação e operação da infraestrutura nacional, e da benevolência estatal com quem a explora.
São bem atuais os exemplos de empresas concessionárias de serviços públicos, que cobraram pelos serviços, mas não investiram o que deveriam, e ainda alteraram projetos e investimentos, que foram determinantes de suas escolhas em licitações públicas, para evitar investir e contando com a proteção da embaralhada burocracia estatal, da falta de controle e da desonestidade de dirigentes governamentais.
Nas áreas de estradas, telefonia, comunicação de dados, transporte aéreo e terrestre, todos os dias são oferecidos panoramas na mídia nacional do descalabro dessa situação.
Às vésperas de eventos internacionais como a Copa das Federações, Copa do Mundo e Olimpíadas, o Brasil apresenta um quadro de despreparo, improvisação e imediatismo.
Aeroportos sem as condições mínimas de atender públicos maiores, estradas de baixa capacidade e sem estrutura para comportar um tráfego maior, e uma baixíssima taxa de investimento, por parte dos capitais privados. Serviços de telefonia móvel e fixa, e comunicação de dados em ridicula velocidades abaixo de 20% do padrão nominal vendido.
Esse aspecto, aliás, surpreende o governo federal, que apesar das reduções em impostos e toda uma série de incentivos à empresa privada, não tem verificado a necessária contrapartida de crescimento do PIB nacional.
Outro aspecto negativo herdado pelo atual governo foi o significativo gasto estatal com cartões de crédito, que deveriam suportar somente gastos de emergência, e que somam, nos últimos 10 anos, a incrível soma de 250 milhões de dólares!
A abundância desbragada de crédito, também nos últimos dez anos, colocou o Brasil num patamar de consumo desenfreado, levando os automóveis a ser um dos itens mais vendidos.
Automóveis que tiveram redução de preços por favores governamentais, mas que em nada tiveram agregadas novas tecnologias, ou motores mais econômicos. Nem mesmo redução de preços pelos fabricantes. Só o governo, e os contribuintes é que abriram mão dem impostos.
Assim, o Brasil gasta muito mais combustível com a frota aumentada, polui mais as suas cidades, que ficam também mais congestionadas e problemáticas.
Combustível que vem sendo subsidiado pela estatal do petróleo, que já acumula perdas significativas.
Perdas essas que, em última instância, acabam sendo pagas pelo contribuinte brasileiro uma vez que os aumentos e reforços de capital, da dita empresa governamental, acabam recaindo sobre os consumidores/pagadores de impostos via Tesouro Nacional.
E o que o país ganhou com isso?
Mais gastos com acidentes, com a falta de acesso, com a perda de tempo produtivo, e com muito mais estresse humano, fatores todos que se refletem no aumento de procura por serviços governamentais de saúde e por gastos muito maiores nessa área, quando o Brasil deveria estar exercitando políticas de prevenção e não somente de atendimentos emergenciais.
Além é claro da imutabilidade do panorama geral de dependência das iniciativas governamentais/estatais.
A Presidente Dilma já exonerou muitos ministros, também herança trágica do governo anterior. Agora é obrigada a suportar investigações de envolvimento de funcionários da Presidência da República, herdados do governo anterior, e envolvidos em assaltos sofisticados aos cofres públicos, e a favores fabricados em pareceres falsos para conseguir mais facilidades para os vorazes piratas que gostam de ganhar muito dinheiro por baixo do pano.
O governo federal precisa rapidamente se livrar dessas heranças pesadas, mudando sua forma de atuar e se relacionar com a área empresarial privada e dos estamentos politico partidários, e limpando de vez os quadros de funcionários, que deveriam servir somente os interesses maiores do Brasil.
Ou faz isso, ou passará o resto de seu mandato tendo que dar respostas sobre as heranças recebidas, e talvez não podendo exercer a reeleição em 2014, que por suas taxas de aceitação em pesquisas de opinião, não seria difícil de alcançar.
Parece que o sucesso da gestão e da aceitação da forma de atuar da atual Presidente assustou muitos membros partidários, e seguidores do presidente anterior, a ponto de estes ameaçarem a Presidente de deixá-la sem os apoios do que seria a “base aliada” no Congresso Nacional.
E assim, nesse jogo de chantagens, heranças trágicas, e jogos de interesse menores, mesmo que exercitados nos maiores cenários nacionais, vai correndo o primeiro mandato da primeira mulher que chegou à Presidência do Brasil.
Como toda a mulher, em nação machista e atrasada, sofre os boicotes e pressões dos representantes de homens atrasados e bregas, superados, que ainda acham que o país adora conversas de botequim, bravatas e ofensas, dirigentes com amantes, cachaça, culto ao corpo, e gastos enormes com dinheiro dos outros.
Mas desses homens o Brasil já não sente mais falta ou saudades!
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