Recentemente foram comemorados os 70
anos da tomada de Monte Castelo, na Itália.
A FEB-Força Expedicionária
Brasileira, organizada para lutar contra o nazi-fascismo, marcou sua presença
na segunda guerra mundial (1939/1945), ao lutar contra os exércitos italiano e
alemão, que tentavam garantir a continuidade do expansionismo do chamado Eixo,
um pacto firmado entre o Japão, atrasado e militarista, a Itália fascista de
Mussolini, e a Alemanha nazista de Hitler.
Esse acordo visava, simplesmente,
uma associação para dominar e controlar o mundo todo. Várias vertentes
políticas, e autoritárias, se juntaram para tomar de assalto toda a humanidade,
e colocá-la a serviço de seus corrompidos princípios de poder.
A intervenção das forças armadas
dos aliados, e foram muitos os países que se juntaram para combater o mal, interrompeu
a caminhada tranquila, dos que ameaçavam dominar as principais potências livres
e democráticas, ou qualquer outra, que não concordasse com a existência de “uma
raça superior”, como propunha Hitler, em sua manipulada teoria, desqualificada,
sem qualquer base ou comprovação minimamente científica, mas que serviu de base
para amealhar os apoios do 80 milhões de habitantes, da sociedade Alemã, que
ainda amargava o ressentimento, e a vergonha, da derrota na primeira guerra
mundial (1914/1918).
Todos os países, que fossem
discordantes das teses daqueles tiranos, os quais já tinham mentido para seus
povos, e escravizado as suas próprias sociedades, pela força e pelo terror, se
transformaram em alvos dos ataques.
Dominados por uma visão
nitidamente megalomaníaca, que começou com o nazismo na Alemanha, se espalhou
com o apoio da Itália do tirano Mussolini, e se consolidou com o conservadorismo
militarista Japonês, o nazi-fascismo começou sua caminhada de terror, e
destruição, inicialmente pela Europa.
A geopolítica desenhada por
Hitler, porém, previa expansões para regiões estratégicas, desde que
permitissem sua sonhada expansão para o leste, onde pretendia tomar o rico
território, em alimentos e petróleo, da União Soviética, de surpresa, e a
oeste, com a anexação da Espanha, onde contou com o inestimável apoio do
general golpista Franco, que iniciou, do norte africano, um golpe contra a República
Espanhola.
Ao analisar o mapa da região,
percebe-se claramente a importância que o território espanhol oferecia aos
sonhos mundiais do ditador Hitler.
A Espanha, com suas frentes
marítimas, a do Atlântico e a do Mediterrâneo, seriam excelentes pontos para
desencadear a dominação do norte da África, e a operação rumo à América.
Com a vitória militar do exército
golpista de Franco, veio junto uma derrota política e estratégica para o Eixo.
A Espanha, apesar da derrota republicana contra o golpe, ficou muito afetada e
destruída pela guerra civil, na qual morreram quase um milhão de espanhóis, sem
a mínima condição de se transformar num grande pátio de manobras dos nazistas,
para chegar ao continente americano, via oceano Atlântico, ou Mediterrâneo para
alcançar o petróleo e outras riquezas guardadas em subsolo norte-africano.
A situação na Espanha fez com que
Hitler voltasse seus aviões e canhões em direção à Inglaterra, pois ali seria o
ponto alternativo para chegar às Américas, continente onde já contava com
vários governos populistas e demagógicos, simpatizantes da causa nazista.
Em nosso Brasil, Getúlio Vargas
namorava há algum tempo com a doce imagem que os nazistas emanavam para
incautos totalitários, que sonhavam com muito poder, com cada vez mais poder,
tal a inebriante sensação, que sentiam nessa posição.
Nosso ditador, em pleno Estado
Novo, a ditadura que Vargas implantou no Brasil a partir de 1937, já tinha
condecorado o Ministro das Relações exteriores de Hitler, o marechal Von Ribbentrop,
e entregara a esposa do líder comunista Luiz Carlos Prestes, Olga Benário, aos
nazistas, para ser morta em campo de concentração na Alemanha.
Seu chefe de polícia política,
que torturava e matava inimigos e adversários do governo de Getúlio, o frio Filinto
Muller, já tinha frequentado cursos ministrados pela Gestapo e pela SS,
unidades nazistas, criadas pelo tirano alemão, como milícias paralelas às
forças armadas regulares, e que visavam implantar o terror, a perseguição e a
morte de quem se opusesse.
Esses cursos trouxeram para nosso
Brasil as técnicas de tortura, e eliminação, que já eram aplicadas em judeus, e
nos alemães, que não aceitassem o poder nazista.
A Casa de Detenção, e a Ilha
Grande, ambas no Rio de Janeiro, foram transformadas em depósitos de
adversários políticos do Estado Novo de Getúlio, onde se torturava e matava,
sem qualquer controle social, pois a nação brasileira estava amordaçada pelo
sorridente, e populista Vargas. E pelo controle total da imprensa livre, que era
realizado pelo DIP-Depto. de Imprensa e Propaganda, inspirado nas práticas
nazistas de Goebbels, que tinha implantado igual iniciativa, na Alemanha, para
que Hitler não fosse criticado, ou denunciado, em suas práticas criminosas, e
corruptas. Goebbels, o ministro da propaganda alemão afirmava, com o maior
cinismo, que uma mentira repetida muitas vezes, acaba sendo aceita como uma
verdade.
Verdades e mentiras que acabaram
com o nazismo, mas que, em contrapartida, destruíram a Alemanha, que um dia
fora um berço de arte, cultura, e filosofia.
Na Argentina, o General Peron, se
mantinha “neutro” para não entrar na guerra contra o nazi-fascismo, pois muito
ouro, dos saques promovidos por Hitler, contra os bancos centrais europeus, dos
países ocupados, era trazido por submarinos, e depositados nas simpáticas mãos
peronistas, a ponto de aquele país sul-americano ter conseguido ostentar um dos
maiores lastros-ouro do mundo, ao final da segunda grande guerra, em 1945.
Além de Peron, outros presidentes
e “líderes” sul-americanos ficaram com um olho em Hitler, pois se ele vencesse
a frente europeia, e a russa, seria muito bem recebido nas tropicais repúblicas
de bananas. Bolívia, Chile, foram alguns países onde nazistas se refugiaram e criaram
verdadeiras colônias neonazistas, com muitos recursos roubados, e armamentos,
trazidos da Europa. No Brasil, ainda nos anos 1970 e 1980, muitos foram os
nazistas capturados, e que se encontravam trabalhando como “técnicos” de muitas
empresas, que na Alemanha nazista já tinham reunido muito lucro, advindo do
trabalho escravo, de judeus e de outros prisioneiros, que Hitler colocava à
disposição de grandes empresas, desde que colaborassem com seus esforços de expansão,
e dominação.
Essa, talvez, a maior marca, a inextinguível
posição política, democrática e libertária, forjada pelas Forças Armadas Brasileiras,
que estruturaram a FEB, e foram para a guerra, para ajudar a derrotar a quem já
sonhava com as terras ultramarinas, e que já imaginava “uma nova Alemanha dos
mil anos...”
Mesmo não adestrados em terras
frias e nevadas, com armamentos superados, os Pracinhas brasileiros ofereceram
forte demonstração de compreensão do momento mundial, dos riscos que a
Democracia corria, em todo o mundo, e deram o melhor de si, com garra e
determinação, desmantelando posição estratégica na Itália, ajudando a libertar
aquele país, o que influiu muito na derrota hitlerista.
Muitos deixaram seu sangue naquele
território distante, quase quinhentos militares brasileiros deram suas vidas
para defender a Democracia, na segunda guerra mundial, e muitos lá ficaram e
fizeram suas vidas familiares, em solo italiano.
Ricos são os relatos, que contam
como os brasileiros enfrentaram qualquer espécie de adversidade, vencendo os
inimigos naturais, lutando contra incompletudes materiais e carências de toda a
ordem, cumprindo a missão que lhes foi atribuída.
Tomaram as posições defendidas
por alemães e italianos, em região com grande desvantagem topográfica, pois lutaram
numa planície, contra objetivos situados em elevações fortificadas, de onde
eram despejadas inimagináveis quantidades de morteiros, explosivos, além de uma
área completamente minada por dispositivos sensíveis ao simples pisar.
Além dessa memorável epopeia militar,
a FEB teve um papel mundial essencial para ajudar a fragilizar, e derrotar, a
criminosa associação montada entre os três países, que se propunham a jogar
toda a humanidade nas trevas, no atraso e na dominação pela força.
A FEB foi um dos corpos
militares, reunidos de muitos países, que não permitiram que o processo de
corrupção de costumes, de elencos legais, de pactos coletivos saudáveis,
pudesse formar um poder global.
Hitler e Mussolini, com o apoio
do quase medieval Japão daquela época, promoveram vigorosos processos de corrupção,
que visavam reunir muita riqueza e recursos financeiros, que foram usados para
formar uma podre casta de poder, que pretendia permanecer no comando do mundo.
A corrupção desencadeada pelo
nazi-fascismo, foi exatamente o que se lê em dicionários, como definição dessa
palavra.
Corrupção quer dizer
apodrecimento, desmoronamento, deturpação, ou seja, o processo de deterioração
de uma sociedade, pelo poder da mentira, da ocultação, da manipulação, da
repetição acelerada de saques contra os recursos públicos de uma nação, para
usá-los em benefício próprio.
Se o poder corrupto, violento,
ameaçador, destruidor, do nazi-fascismo, tivesse vencido a segunda guerra
mundial do século XX, hoje, muito provavelmente, muito pouco restaria do que é o
mundo livre e democrático.
Nunca se pode afirmar, em
história, de que certos fatos não voltarão a ocorrer. Permanentemente forças
obscuras tentam assumir mais poder, pela força, pela morte, pelo roubo, ao
redor de nosso mundo.
O meio ambiente é desrespeitado,
destruído, colocando em risco a preservação da vida.
Mas, felizmente, as forças da
luz, da paz, do avanço, conseguem manter o predomínio da verdade, da civilização,
da construção do futuro.
Aqui no Brasil, que enfrenta
forte onda de corrupção, é necessário que a população permaneça alerta, pois
como se viu na história recente, o processo de apodrecimento de uma nação pode
estar encobrindo apetites golpistas, que podem querer chegar e se eternizar, no
poder.
Esse filme já passou várias
vezes, em diferentes épocas, em fases históricas distintas, e, felizmente, os
finais já são sobejamente conhecidos.
Depois de muita morte,
perseguição dos diferentes, destruição das instituições democráticas, os
inimigos da Democracia têm sido aniquilados, seus regimes destruídos, muitos
deles executados ou suicidados.
Mas o preço pago pelos países que
tiveram seus destinos alterados por esses sicários, que só pretendem o botim do
dinheiro da sociedade, para saciar seus sonhos de grandeza e riqueza,
ilimitados, sempre foi alto demais.
Dessa forma, para homenagear a
nossa heroica FEB, que foi lutar pela defesa e preservação da Democracia, em
inóspitas terras italianas, talvez devêssemos criar uma “atitude FEB”, para
simbolizar a nossa luta atual contra a corrupção, contra o desmantelamento das
instituições da nossa sociedade, que não desejamos, jamais, ver conduzida, e
reduzida, ao atraso e a barbárie, do que já foi, um dia, o espúrio regime
nazi-fascista.