Choca a forma alienada e fria com que se procura reduzir o
impacto de que ainda existem muitas pessoas passando fome, no Brasil.
"Insegurança
alimentar" é um eufemismo, quase cínico, para a fome.
Essa é a forma que
órgãos oficiais do governo brasileiro tratam a fome, a falta de alimento, de
quase 20 milhões de brasileiros.
Enquanto alguns milhões passam por "insegurança
alimentar", outros nadam na segurança dos aumentos gerais de salários,
vantagens, e benefícios, que o andar de cima se autoconcedeu, por ocasião deste
Natal, que se não é justo, é muito bem-vindo para todos que usam o poder em
benefício próprio.
Afinal, um salário de R$ 30.000,00 para pessoas que ainda
recebem casa, comida, telefone, e outras mordomias, não está mal, não é mesmo?
Nada
como um país no qual existem dois, mas que um só abarca o dinheiro disponível e
se fornece bons natais, aniversários, anos novos, e a permanente e feliz
despreocupação de compras de presentes, de viagens, ou seja, de tudo que custa
dinheiro, mas que para os bem pagos, nada afeta.
Afinal, o país da fome não
pode fazer passeatas, não pode escrever cartas para jornais, não pode fazer protestos,
pois a barriga ronca mais que suas vozes roucas de fome. Agora, se alguém lhe
pedir dinheiro para comer, convença-o de que ele está só numa situação de
insegurança alimentar, ou seja, não sabe se terá a próxima refeição, o que não
é nada assim tão trágico para todas essas pessoas, que, afinal, já podem ter
tido alguma refeição anterior no dia.
E assim caminha esta bem concebida colônia
portuguesa, que ainda não despertou e convive com mensalões milionários, com a
corrupção que se abateu sobre a Petrobras e outras estruturas nacionais.
Não há
dinheiro para saúde, para pagar salários dignos e merecidos para professores,
para policiais civis e militares, mas para carros caríssimos, com ar
condicionado, para luxuosos apartamentos funcionais, para residências oficiais
nunca falta qualquer tipo de grana.
Maria Antonieta, a inconsciente rainha
francesa, em sua insânia e distância da realidade também mandava o povo
francês, daquela época, "comer brioches" para acalmar a
"insegurança alimentar" que a corte francesa entendia como algo
natural. Coitadinha, acabou perdendo a vazia cabecinha numa guilhotina suja e enferrujada,
operada pelos portadores de "insegurança alimentar".
Quantas cabeças
ainda terão que rolar para que nosso Brasil tenha uma categoria de novos
políticos e gestores públicos, que façam jus a tudo o que a nação já lhes
oferece, e que comecem a prestar bons serviços para a população, que os mantém
com seus minguados salários, pagando elevados impostos???
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