Nada pior, nada mais destrutivo, para
a democracia, que ataques perpetrados contra a liberdade de informação dos meios
e veículos de imprensa.
Quem participa de ações de destruição, tentativas de
intimidação, ou de ameaças aos meios de imprensa, se identifica com as piores fases,
as mais violentas, do avanço dos regimes fascistas, na Itália de Mussolini, e
nazista na Alemanha de Hitler.
Ambos conseguiram, em seus regimes de medo e
perseguição, algum sucesso durante poucos anos.
Mas ambos, Hitler e Mussolini,
foram os responsáveis pela brutal destruição daqueles dois países, na segunda
guerra mundial.
Nenhuma sociedade, que se pretenda democrática, pode consentir,
aceitar, concordar, aceitar, qualquer que seja a natureza, de atos contra a
liberdade da imprensa.
Em todas as nações desenvolvidas, política, econômica, e
culturalmente, a imprensa tem sua ação sempre protegida pela lei e pelas forças
de segurança. Tolerar o absurdo cometido em São Paulo, sem as devidas prisões dos
agressores, e posterior condenação por enquadramento legal, pode começar a
contaminar o Brasil com o verme da tirania, da prepotência, da intolerância,
que sempre acaba destruindo a democracia, e o ordenamento legal, pois quem
pratica esse terror contra a imprensa, pode se sentir muito à vontade, por
ausência de condenação social, legal, e por atitudes condescendentes de
autoridades policiais. Assim foi com a sociedade italiana, quando os ataques
dos camisas pardas fascistas de Mussolini, começaram a espancar e perseguir as
pessoas que não aceitavam o fanatismo daquele tirano insano.
Também na Alemanha
de Hitler, a sociedade tolerou ataques às lojas de judeus, ao comércio e
fábricas dos que não se alinhavam com o nazismo incipiente, transformando
aquele berço de cultura e artes, num enorme campo de concentração, onde foram
mortos, exterminados, muitos milhões de seres humanos, por serem, simplesmente,
discordantes do nazismo em marcha.
Ou escolhidos pelos nazistas, como inimigos
preferenciais.
Naquelas duas nações a violência, além de outros símbolos
brandidos em passeatas e manifestações, a violência extrema, a morte, foram
transformadas em ícones da força, da brutalidade, para impor o medo, para fazer
reinar o silêncio, para calar a todos que se insurgissem contra a dominação de
seus países, por quadrilhas organizadas, de pessoas sem qualquer escrúpulo, que
tinham, na crueldade, e no sofrimento imposto a seus adversários, toda a sua
razão de ser e de existir.
Todos sabemos onde desaguou esse tipo de ação.
O
mundo foi paralisado pela guerra, mais de 60 milhões de pessoas foram mortas,
sociedades inteiras sofreram enormes destruições.
Como bom covarde, e o são
todos os que recorrem à ameaça, à violência e à morte, Hitler não enfrentou um
único tiro, nunca esteve numa trincheira e se suicidou com sua amante, num
bunker em Berlim, antes de encarar a rendição aos exércitos russos. Mussolini e
sua amante, Clara Petacci, foram fuzilados pelos partisans da Itália, sendo pendurados
de cabeça para baixo.
Nosso Brasil, depois de uma longa história de muitas
contradições, reafirma sua vocação democrática pelo processo eleitoral, em
plena execução.
Dois candidatos disputam os votos do eleitorado brasileiro,
discutindo teses, apontando erros, propondo correções de rumo.
Ambos se
manifestaram, hoje à noite, frontalmente contrários aos fatos de ontem em São
Paulo.
Deixaram bem claro que não suportam a natureza desse tipo de agressão. A
democracia brasileira se encaminha para a sua maturidade, com a grande reafirmação
do calendário eleitoral.
A Presidente da República, que é candidata à
reeleição, seja qual for o resultado do pleito de amanhã, tem que exigir a mais
plana e plena apuração dos fatos, e a punição de todos os envolvidos.
Para que
fique, de forma exemplar, marcada a posição de nosso Brasil, completa e
frontalmente contrária a qualquer tentativa de intimidação, dos meios de
informação, e da sociedade brasileira.
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