quarta-feira, 17 de julho de 2013
SETEMBRO DE 2013 - UM NOVO GRITO É POSSÍVEL, PARA O BRASIL E PARA O MUNDO?
O Brasil está se redescobrindo.
Sua cidadania reflete as inquietações do novo mundo, que está surgindo.
Em 2011 um novo 1968 se iniciou, no planeta.
Naquele distante ano muitas foram as manifestações humanistas, contra um sistema mundial de poder, apoiado na tecnologia, na indústria bélica, nas ditaduras, que ameaçaram implantar regimes políticos mundiais, nos quais o espaço humano de participação, e contestação, fosse minimizado.
O poder financeiro, o governo dos bancos quase vira uma realidade global, nas últimas décadas, e as crises sucessivas aí estão para comprovar as seguidas tentativas.
Mas o ser humano ganha consciência, se dá conta dos riscos, e cobra alterações, exige direito a escolher seu destino, critica tudo o que não o representa, e lança novas bases de convívio e solidariedade.
Cada nação está vivendo um processo de ebulição próprio, mas concatenado, em essência, a uma escala mundial de insatisfação, de vontade de mudar, de necessidade de encontrar algo que nos faça mais felizes.
Há uma sintonia planetária nessas manifestações, e a crise que se percebe é a catarse da transformação.
Não basta mais ganhar dinheiro, mas ter uma qualidade de vida medíocre.
Ninguém mais aceita condições pouco dignas de trabalho, e salários, quando se assiste um quadro crônico de corrupção, que desvia bilhões de reais das prioridades nacionais para bolsos de pobres de espírito, deslumbrados com o poder, transitório, que deveria estar sendo usado para melhorar a qualidade de vida da nação.
Não se suporta mais a incompetência nos serviços governamentais, estatais, públicos em geral, prestados aos brasileiros, a um elevado custo de impostos pagos pelos contribuintes.
É impossível concordar com a promiscuidade público/privada, que canaliza recursos para obras caríssimas, pouco funcionais, mais para dar lucro a apaniguados, do que a prestar bons serviços à população.
As mesquinhas condições de trabalho, mesmo quando muito se fala em inovação, em empreendedorismo, em grandiosas ideias de futuro, são a prova de que o discurso ainda é usado como instrumento de manipulação dos comportamentos.
Ainda mais num país, como o nosso, onde recente pesquisa prova que mais de 65% das pessoas que trabalham estão descontentes com suas ocupações.
A mão de obra jovem, em geral capacitada e com vários anos de estudos custeados pelas famílias, é subvalorizada em salários iniciais muito baixos, em organizações que, na maioria, só se aproveitam da abundância para lucrar com o trabalho humano, quando o deveriam fazer com a produção, e a produtividade.
Mas toda essa situação é coerente com o afastamento dos cidadãos de seus direitos básicos de escolher seu futuro.
A confiança depositada nos partidos políticos, sindicatos, e agentes públicos, se extinguiu pela não representação, pelo não cumprimento do pacto anterior, quando essas organizações, e mandatos políticos, foram erigidos, na tentativa de se construir uma sociedade democrática, num regime republicano, verdadeiro e autentico.
O grito brasileiro continua preso na garganta.
Não saiu em 1979 com a Anistia, pois a época foi vivida em poucas e restritas manifestações em alguns aeroportos nacionais, onde se deu a volta dos exilados políticos.
Não explodiu em 1985 com a redemocratização, pois Tancredo morreu antes de assumir, e o Brasil ganhou um presidente civil, que tinha sido dirigente do partido que garantiu a ditadura de 21 anos.
Em 1988 um processo Constituinte dá ao Brasil nova Carta de direitos e deveres, valorizando a cidadania, a liberdade e o respeito aos direitos sociais e individuais.
Processo pouco percebido pelo mundo político, devido à inércia do período ditatorial, quando a política foi transformada num jogo de faz-de-conta, desde que atendesse aos déspotas de plantão.
Na década de 90 um falso renovador prometeu modernização e caça aos "marajás", sendo ele deposto do poder, justamente por conservadorismo e por ser ele, mais do que qualquer outro, o chefe de um bando de marajás.
Os caras-pintas, os indignados daquela época, foram às ruas, endossando a necessidade de mudança, lançando, quem sabe, as raízes do atual processo de esperança na mudança.
FHC e Lulla se sucederam no poder, mudanças e transformações foram feitas, expectativas e decepções foram vividas, principalmente no nível partidário, quando a sociedade imaginou contar com novos políticos honestos e trabalhadores, e o que se viu foram novas caras, outras máscaras, mas os mesmos espíritos velhos, de uma política superada, na qual os "representantes" tentam roubar os representados, e se perpetuar no poder, com mentiras, cooptações, empreguismo de companheiros, e os velhos esquemas, velhacos, de roubar a coisa pública, desrespeitar o eleitor, e tentar tapar seus buracos de pobreza de alma, com o dinheiro do povo.
E o mês de setembro se aproxima.
Há muitos anos atrás, um representante das cortes de Portugal, descontente com as relações de poder, proclamou a independência do Brasil de seu país tutor, num gesto imperativo, mas pouco representativo da sociedade brasileira da época, que ansiava por um processo legítimo de autonomia nacional.
Quem sabe, quando setembro vier, um novo grito, inspirado na nova concepção de cidadania, que nasce de forma legítima e coerente, em terras brasileiras, uma nova proclamação, orquestrada por toda essa massa de cidadãos do novo Brasil, seja ouvida, não mais às margens do córrego paulista, mas em todo o território nacional?
E que o setembro de 2013, com todo o aprendizado que a história nos dá, resignifique o renascer da nação Brasileira, unida por novos sonhos de justiça, igualdade, solidariedade, e generosidade, com dignidade!
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