FLORIPA MERECE DIVULGAÇÃO MELHOR!
Jornal editado em Florianópolis
circula, hoje, com caderno para divulgação turística da cidade, no qual oferece
informações sobre hospedagem, alimentação, praias, infraestrutura, e enaltece a
qualidade de serviços, como consta em texto, em três idiomas, na primeira
contracapa.
Sob as chamadas de capa, onde
consta a frase “Bem Vindo a Floripa”, em espanhol e inglês, além de uma bela
foto de um recanto de praia, com canoa de pesca, um anúncio de rodapé que ocupa
¼ da página, onde, também em três idiomas, é oferecido o serviço de um “Club”,
onde se lê “la mejor Floripa noche”.
No interior, além de várias
páginas com o objetivo do caderno, as duas centrais trazem um mapa da Ilha,
onde a lagoa da Conceição aparece duas vezes. Uma na Lagoa, e outra ao sul da
Ilha. Seria a Lagoa do Peri?
Outro detalhe é que na parte da
Ilha referente às Baías Sul e Norte, nenhuma das praias, ou localidades, é
nominada, ou destacada.
Como se o Ribeirão da Ilha não
oferecesse grandes atrativos, como local e como gastronomia, com seus
restaurantes à beira-mar.
Santo Antônio de Lisboa é um
ilustre ausente, também, além de Sambaqui e Cacupé, com todas as suas atrações,
de toda a ordem.
Ao finalizar a leitura, nos
deparamos com a última capa, com anúncio de página inteira, onde o “Club”
anunciante do rodapé da capa assume a totalidade do espaço.
Floripa, do encontro técnico da
Fifa, da cultura açoriana riquíssima, da pesca, da maricultura, dos campeonatos,
e campeões, de iatismo e remo, de riqueza ambiental, com várias áreas
protegidas por legislação federal, estadual e municipal, de universidades
conhecidas em nível nacional, e internacional, casa do tenista Guga, do polo de
cinema, terra de mulheres respeitadas por seu saber, suas iniciativas
políticas, como a nobre primeira deputada negra Antonieta de Barros, pelas artistas
que aqui temos, como Lena Costa, e tantas outras, que brilham no cenário
nacional e internacional, saúda os visitantes com uma frase em letras vermelhas,
grandes, onde se lê “striptease”, sobre um conjunto de 5 mulheres, de costas,
com bumbuns em destaque, e abaixo as frase em três línguas, “el mejor club de striptease
em Florianópolis”...
O efeito de ler tal anúncio foi
como o de uma máquina do tempo.
Somos levados à Havana dos anos
50, de Fulgêncio Batista, ditador cubano, que foi derrubado do poder pela
revolução liderada por Fidel Castro, cidade que funcionava como um grande
prostíbulo para os norte-americanos, e alguns outros estrangeiros endinheirados,
que para lá viajavam para se embebedar, viajar por suas praias, e fazer outras “viagens”.
Batista mantinha “out-doors” em
Miami e outros centros americanos, onde os glúteos de cubanas escravizadas pela
prostituição eram divulgados de forma servil e abjeta, como se a identidade
daquele país fosse restrito a isso.
E tudo acabava em rumba, muito
álcool, e desconhecimento e descaso pela cultura local.
Não teremos outras formas de
viabilizar encartes em jornais para divulgar nossas belezas naturais, nossas
características culturais, nossa gente, nosso cinema, enfim, tudo o que de bom
e variado podemos oferecer para atrair turismo de bom nível intelectual e
cultural?
Afinal estamos em 2014, o mundo
evoluiu bastante, já superamos uma série de comportamentos primários e
predatórios, e vamos continuar nos vendendo, anunciando, como local primário,
atrasado, onde vigorariam atrativos dúbios e discutíveis?
Nenhum comentário:
Postar um comentário