A DEMOCRACIA E O TEMPO

A frase "o preço da liberdade é a eterna vigilância" nunca foi tão atual, e necessária.
Em regimes democráticos de pouca tradição, como é o caso do Brasil, que de 512 anos de existência formal tem pouco mais que cinco décadas de democracia efetiva, ainda não se firmou o conceito, nem se consolidou a prática democrática entre seus cidadãos.
É muito comum a atitude de desprezo por posições alheias, como se houvesse donos da verdade.
Algumas lideranças políticas, que chegaram a ser eleitas para cargos elevados, se acham acima do bem e do mal.
Como se nada tivessem que justificar, ou prestar contas, de suas atividades mantidas com  dinheiro públicos, dos contribuintes.
É sempre bom lembrar que políticos, gestores, governante, todos os que ocupam cargo ou função pública, são servidores da sociedade, e têm a obrigação de dizer como e onde gastam  os recursos da nação.
Alguns iluminados, colocando-se numa condição quase divina, por falta de noção de realidade, ou extrema vaidade, ou os dois, ainda insistem que, mesmo não tendo qualquer função, podem falar em nome do povo brasileiro, como se tivessem o poder de síntese, sobre 200 milhões de habitantes.
Mas algumas pegadas vão sendo deixadas e começa-se a descobrir que esses não fazem nada gratuitamente.
Muitos são lobistas, comissionados, para vender produtos, para afrouxar resistências em negociações que envolvam recursos de governos, ou que ajudam e fechar contratos, que muitos anos antes, condenavam peremptoriamente, quando ainda se achavam como representantes terrenos da moral, dos bons costumes, da coerência e da legalidade.
Com o tempo as máscaras foram caindo, negociatas denunciadas, quadrilhas montadas foram condenadas, e muitos de seus asseclas envolvidos em processos vergonhosos de má conduta, de malfeitos, de desvios, de roubos, de apropriações indébitas.
Por isso, na Democracia, o tempo joga a favor da sociedade.
Corruptos, mentirosos, inescrupulosos, quadrilheiros, acabam sendo entregues, dedados, pelos próprios comparsas, companheiros de negociatas, ou ainda por outros bandidos, que não receberam a sua parte de algum botim.
Ou que se aproveitaram de cargos e funções, para roubar, intrigar, usurpar, namorar, viajar, tirar proveito, pensando que ficariam o resto de suas vidas na molecagem, no "dolce farniente", expressão italiana, bem de acordo com situações recentes de deslumbradas mordomias com dinheiro e patrimônio públicos.
Tudo graças à promiscuidades pessoais, com diárias, hotéis, mordomias, favores privados, pagos com o sagrado dinheiro dos impostos.
No tempo, os honestos se consolidam, ganham o merecido respeito, enquanto os despreparados, sem nível de educação democrática suficiente, são desnudados pela própria roda da história, normalmente impiedosa com os mentirosos, mistificadores, ou manipuladores.