Agosto de 2015.
Brasil assolado
por uma gestão temerária entra numa crise, que já estava instalada na dimensão
governamental, desde 2008, mas que vinha sendo maquiada para que a estratégia
de poder, do partido que está no poder, pudesse ter mais quatro anos de poder.
Já durante as eleições de 2014
ficou evidente o pavor da candidata presidencial, ao tentar pintar um cenário
maravilhoso para a sua reeleição, e um inferno de Dante caso o candidato da oposição
se elegesse.
A candidata ganhou a eleição sobre
os dados infundidos por sua ação sem qualquer base de verdade, e a reeleita foi
atingida por uma enorme onda pela popa, como alguns timoneiros e surfistas
menos experientes o são, quando desprezam a massa de realidade que uma grande
onda pode despejar sobre eles.
E o Brasil assiste, estupefato, a
uma série de medidas capitalistas ortodoxas, da direita financeira mais
conservadora possível, para tentar salvar a economia. E tudo disparado por um
governo mentiroso, que sempre se anunciou como uma esquerda progressista, como
seguidor da agora enterrada, e superada CUBA, que vai se transformar na nova
China do Caribe. Com grana capitalista, é óbvio.
Tão igual à China comunista,
que tem uma planta econômica bem capitalista, e que agora assusta o ocidente
monetarista e financista, com sua retração planejada, após 20 anos de absorver
toda a tecnologia industrial ocidental, que por puro interesse rasteiro de
lucros, lhe repassou todos os seus desenvolvimentos e inovações, em troca de uma
mão de obra escrava e sub-paga, mantida por estratégicas medidas controladas
pelo comunista governo central, e centralizador.
Elevação de juros, desemprego,
juros pessoais de mais de 300% ao ano, economia recessiva, queda abrupta de
consumo, preços disparando, e a sociedade ainda com o grito preso na garganta,
como a criança que levou um bofetão bruto e inesperado, cruel e
desproporcional, para seu pequeno gesto de ter acreditado no governo, que no 13º
ano de poder, se esfacela e ainda tenta culpar uma “crise da China”, que só
acontece alguns anos depois da verdadeira crise gerada em nosso Brasil, por um
grupo político sem qualquer origem clara, sem uma ideologia definida, que como
plataforma real só conseguiu mostrar, em 2002, uma “carta aos brasileiros”, uma
empulhação de ultima hora, para poder garantir apoios dos grandes bancos e
empreiteiras, à custa da entrega da Petrobrás, do Banco do Brasil, do Bndes, e
de tantas outras joias da coroa, edificadas pela nação brasileira com seu suor
e sacrifício.
Mas existe uma crise real, agora,
que assalta o Brasil.
Além dos números da economia
cambaleante, das pedaladas e falseadas contábeis e fiscais desse governo sem
passado, mascarado por marqueteiros, formado por embarcados sem clareza
ideológica, e contraditórios por definição, que muito gastou o dinheiro público
em campanhas de mídia mentirosas e manipuladoras, temos uma outra crise que já
está em nossa nação, desde seus primórdios.
O mito Brasil, essa cortina
opaca, suja pelo tempo, que nos tapa o olhar verdadeiro sobre as nossas
origens, está se rasgando pelo desgaste e uso frequente, e começa a deixar ver
que somos vítimas, além da corrupção governamental, e das manipulações de quem
só quer ficar no poder, de uma crença limitante, de um conjunto de
comportamentos amordaçantes, que nos jogam no colo do Estado, dos governos,
sempre esperando receber aquele favorzinho, aquele empreguinho, aquela pequena
transgressão com recursos públicos, que vai nos fazer um grande favor, que vais
nos beneficiar de forma privilegiada, mesmo que usando um direito que não
temos, um dinheiro que não geramos, ou um emprego que não merecemos.
Essas pequenas atrocidades contra
a ética, contra a moral, contra a lei, contra os bons costumes, desde que nos
produzam algum prazer, alguma alegria egoísta, algum lampejo de privilégio,
sempre foram bem aceitas, por este Brasil bem colonizado por espertos
portugueses, que exploraram os índios, escravizaram os negros, importaram
migrantes miseráveis da peste e guerras europeias do século 19, tudo para que o
brasileiro fosse um povo de caráter elástico, leniente com a podridão aspergida
pelo poder, dócil com a corrupção, e rápido no gatilho nos pequenos e grandes
roubos dos dinheiros públicos e coletivos, desde que escondidos por uma boa crônica
social, ou por um jogo de aparências maquiadas e edulcoradas.
E assim cresceu o Brasil, uma
República torta e tortuosa, que deveria ser séria e moralizante, mas que
produziu uma sociedade mau caráter e interesseira.
Uma Democracia plastificada,
siliconada, que, de verdadeiro só tem as eleições e um bando enorme de
partidos, que enganam, literalmente, o eleitorado, e nadam em favores e valores
advindos do fundo partidário, uma excrecência para desviar dinheiro de impostos
para um bando de políticos, que gasta impostos e pratica imposturas.
Mas essa grande crise que assola
o Brasil tem um efeito terapêutico muito bom, muito positivo, pois confronta o
Brasil com as suas mentiras e podridões ocultadas embaixo dos tapetes.
Precisamos abrir os olhos, olhar
a verdade de frente, encarar nossas mazelas, abrir a alma e reconhecer nossas
limitações em sempre esperar que um mágico governo, ou governante, venha a ser
o grande salvador, o esperado messias de conteúdo nacional, que vai conduzir ao
paraíso, à felicidade, este país, que deve ter sido “privilegiado por Deus”, em
sua construção.
O gigante adormecido já morreu, é
um cadáver insepulto, uma ruina apodrecida, que só embroma os incautos, que
acaricia a alma dos que necessitam acreditar em algo só para adormecer bem
todos os dias, e que nada mais é do que uma rasteira exploração de uma
emocionalidade barata e ultrapassada.
O Brasil precisa ser
redescoberto, necessita ser reconstruído, urge que seja reequacionado.
Hoje o mundo está todo
interligado, podemos acessar diferentes realidades políticas, religiosas,
econômicas, sociais, culturais, étnicas, financeiras, a qualquer momento, em
conexão direta, on-line, em real time.
Não precisamos mais da dominação
exógena para viver mais 500 anos de enganações e mentiras, de reprimendas e
castigos, para sermos obedientes seguidores de uma corte decrépita como o era a
portuguesa.
Atualmente sabemos muito bem que
a crise moral generalizada, que vive o Brasil, se transformou no grande celeiro
do desvirtuamento de valores éticos, que impactam toda a área governamental,
produtiva, e as camadas populares de uma sociedade enganada e enganosa.
Sabemos que as baixas inovação e
produtividade, a pouca competência, são frutos de nossas escolhas erradas, de
nossas aceitações indevidas, de nossas acomodações ao mais fácil e ao menos
trabalhoso.
Uma nação se constrói com fé no
futuro, com dedicação ao trabalho árduo, com progressismo de atitudes e com
empreendedorismo para lançar bases de novos patamares materiais e conceituais,
que colocarão nossa sociedade num novo nível de seriedade e coerência, de
moralidade e decência.
Estamos no momento de decisão
histórico para abraçar os novos princípios, que nortearão nossa caminhada de
uma nova nação.
Novos referenciais são possíveis.
Podemos manter tudo como está e assumirmos
nos transformar no rebotalho do mundo, no lúmpen internacional, na prostituída
pátria dos corruptos e corrompidos, na imunda e poluída sociedade que não cuida
de seu meio ambiente e que polui o privilegiado cenário, que recebemos.
Ou podemos optar por uma boa
faxina nacional, uma grande limpeza brasileira, uma enorme desinfecção geral,
para promover a assunção de nosso “novo normal”, vestido pela túnica histórica
da transparência, do exercício de uma ética republicana para todos, e de uma
justiça perante a qual todos sejam iguais.
Ou, então, podemos permanecer como
pedintes eternos, diante desse balcão da mentira e da bajulação, frente ao
processo político apodrecido e inflado, aceitando sermos escravos de nossas
fraquezas, empregados de nossas incoerências, subjugados por nossas incompletudes,
esmagados pela ausência de cidadania.
A escolha está em nossas mãos!
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