quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O NOVO NORMAL PARA O BRASIL




Agosto de 2015. 
Brasil assolado por uma gestão temerária entra numa crise, que já estava instalada na dimensão governamental, desde 2008, mas que vinha sendo maquiada para que a estratégia de poder, do partido que está no poder, pudesse ter mais quatro anos de poder.

Já durante as eleições de 2014 ficou evidente o pavor da candidata presidencial, ao tentar pintar um cenário maravilhoso para a sua reeleição, e um inferno de Dante caso o candidato da oposição se elegesse.
A candidata ganhou a eleição sobre os dados infundidos por sua ação sem qualquer base de verdade, e a reeleita foi atingida por uma enorme onda pela popa, como alguns timoneiros e surfistas menos experientes o são, quando desprezam a massa de realidade que uma grande onda pode despejar sobre eles.

E o Brasil assiste, estupefato, a uma série de medidas capitalistas ortodoxas, da direita financeira mais conservadora possível, para tentar salvar a economia. E tudo disparado por um governo mentiroso, que sempre se anunciou como uma esquerda progressista, como seguidor da agora enterrada, e superada CUBA, que vai se transformar na nova China do Caribe. Com grana capitalista, é óbvio. 

Tão igual à China comunista, que tem uma planta econômica bem capitalista, e que agora assusta o ocidente monetarista e financista, com sua retração planejada, após 20 anos de absorver toda a tecnologia industrial ocidental, que por puro interesse rasteiro de lucros, lhe repassou todos os seus desenvolvimentos e inovações, em troca de uma mão de obra escrava e sub-paga, mantida por estratégicas medidas controladas pelo comunista governo central, e centralizador.

Elevação de juros, desemprego, juros pessoais de mais de 300% ao ano, economia recessiva, queda abrupta de consumo, preços disparando, e a sociedade ainda com o grito preso na garganta, como a criança que levou um bofetão bruto e inesperado, cruel e desproporcional, para seu pequeno gesto de ter acreditado no governo, que no 13º ano de poder, se esfacela e ainda tenta culpar uma “crise da China”, que só acontece alguns anos depois da verdadeira crise gerada em nosso Brasil, por um grupo político sem qualquer origem clara, sem uma ideologia definida, que como plataforma real só conseguiu mostrar, em 2002, uma “carta aos brasileiros”, uma empulhação de ultima hora, para poder garantir apoios dos grandes bancos e empreiteiras, à custa da entrega da Petrobrás, do Banco do Brasil, do Bndes, e de tantas outras joias da coroa, edificadas pela nação brasileira com seu suor e sacrifício.

Mas existe uma crise real, agora, que assalta o Brasil.
Além dos números da economia cambaleante, das pedaladas e falseadas contábeis e fiscais desse governo sem passado, mascarado por marqueteiros, formado por embarcados sem clareza ideológica, e contraditórios por definição, que muito gastou o dinheiro público em campanhas de mídia mentirosas e manipuladoras, temos uma outra crise que já está em nossa nação, desde seus primórdios.
O mito Brasil, essa cortina opaca, suja pelo tempo, que nos tapa o olhar verdadeiro sobre as nossas origens, está se rasgando pelo desgaste e uso frequente, e começa a deixar ver que somos vítimas, além da corrupção governamental, e das manipulações de quem só quer ficar no poder, de uma crença limitante, de um conjunto de comportamentos amordaçantes, que nos jogam no colo do Estado, dos governos, sempre esperando receber aquele favorzinho, aquele empreguinho, aquela pequena transgressão com recursos públicos, que vai nos fazer um grande favor, que vais nos beneficiar de forma privilegiada, mesmo que usando um direito que não temos, um dinheiro que não geramos, ou um emprego que não merecemos.

Essas pequenas atrocidades contra a ética, contra a moral, contra a lei, contra os bons costumes, desde que nos produzam algum prazer, alguma alegria egoísta, algum lampejo de privilégio, sempre foram bem aceitas, por este Brasil bem colonizado por espertos portugueses, que exploraram os índios, escravizaram os negros, importaram migrantes miseráveis da peste e guerras europeias do século 19, tudo para que o brasileiro fosse um povo de caráter elástico, leniente com a podridão aspergida pelo poder, dócil com a corrupção, e rápido no gatilho nos pequenos e grandes roubos dos dinheiros públicos e coletivos, desde que escondidos por uma boa crônica social, ou por um jogo de aparências maquiadas e edulcoradas.

E assim cresceu o Brasil, uma República torta e tortuosa, que deveria ser séria e moralizante, mas que produziu uma sociedade mau caráter e interesseira.
Uma Democracia plastificada, siliconada, que, de verdadeiro só tem as eleições e um bando enorme de partidos, que enganam, literalmente, o eleitorado, e nadam em favores e valores advindos do fundo partidário, uma excrecência para desviar dinheiro de impostos para um bando de políticos, que gasta impostos e pratica imposturas.

Mas essa grande crise que assola o Brasil tem um efeito terapêutico muito bom, muito positivo, pois confronta o Brasil com as suas mentiras e podridões ocultadas embaixo dos tapetes.
Precisamos abrir os olhos, olhar a verdade de frente, encarar nossas mazelas, abrir a alma e reconhecer nossas limitações em sempre esperar que um mágico governo, ou governante, venha a ser o grande salvador, o esperado messias de conteúdo nacional, que vai conduzir ao paraíso, à felicidade, este país, que deve ter sido “privilegiado por Deus”, em sua construção.

O gigante adormecido já morreu, é um cadáver insepulto, uma ruina apodrecida, que só embroma os incautos, que acaricia a alma dos que necessitam acreditar em algo só para adormecer bem todos os dias, e que nada mais é do que uma rasteira exploração de uma emocionalidade barata e ultrapassada.
O Brasil precisa ser redescoberto, necessita ser reconstruído, urge que seja reequacionado.
Hoje o mundo está todo interligado, podemos acessar diferentes realidades políticas, religiosas, econômicas, sociais, culturais, étnicas, financeiras, a qualquer momento, em conexão direta, on-line, em real time.

Não precisamos mais da dominação exógena para viver mais 500 anos de enganações e mentiras, de reprimendas e castigos, para sermos obedientes seguidores de uma corte decrépita como o era a portuguesa.
Atualmente sabemos muito bem que a crise moral generalizada, que vive o Brasil, se transformou no grande celeiro do desvirtuamento de valores éticos, que impactam toda a área governamental, produtiva, e as camadas populares de uma sociedade enganada e enganosa.

Sabemos que as baixas inovação e produtividade, a pouca competência, são frutos de nossas escolhas erradas, de nossas aceitações indevidas, de nossas acomodações ao mais fácil e ao menos trabalhoso.
Uma nação se constrói com fé no futuro, com dedicação ao trabalho árduo, com progressismo de atitudes e com empreendedorismo para lançar bases de novos patamares materiais e conceituais, que colocarão nossa sociedade num novo nível de seriedade e coerência, de moralidade e decência.
Estamos no momento de decisão histórico para abraçar os novos princípios, que nortearão nossa caminhada de uma nova nação.

Novos referenciais são possíveis.
Podemos manter tudo como está e assumirmos nos transformar no rebotalho do mundo, no lúmpen internacional, na prostituída pátria dos corruptos e corrompidos, na imunda e poluída sociedade que não cuida de seu meio ambiente e que polui o privilegiado cenário, que recebemos.
Ou podemos optar por uma boa faxina nacional, uma grande limpeza brasileira, uma enorme desinfecção geral, para promover a assunção de nosso “novo normal”, vestido pela túnica histórica da transparência, do exercício de uma ética republicana para todos, e de uma justiça perante a qual todos sejam iguais.

Ou, então, podemos permanecer como pedintes eternos, diante desse balcão da mentira e da bajulação, frente ao processo político apodrecido e inflado, aceitando sermos escravos de nossas fraquezas, empregados de nossas incoerências, subjugados por nossas incompletudes,  esmagados pela ausência de cidadania.


A escolha está em nossas mãos!



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