A Europa vive, repentinamente,
uma verdadeira invasão de migrantes asiáticos, e do norte da África.
Em primeira mão nada a
surpreender a quem lê esse processo nos jornais e noticiosos de televisão. A
Europa colhe, e recolhe, o refluxo de um violento processo colonialista, que
vários de seus países empreenderam há séculos, para prospectar e arrancar,
literalmente, riquezas de toda a ordem, do continente africano.
Aí está a história do rei
Leopoldo II, da Bélgica, que ficou bilionário assaltando o subsolo do Congo, roubando
seus diamantes, a ponto daquele país, durante um longo tempo ter se chamado “Congo
Belga”.
Além disso, esse reizinho ladrão
também era um grande assassino, homicida. Por sua ordem e inspiração mais de
15.000 congoleses foram mortos cruelmente, numa única cidade, para que ele
pudesse continuar seu saque e se apoderar do botim.
A África do Sul não foi diferente
e por muitíssimos anos uma minoria europeia branca dominou aquele país, impondo-lhe
uma sociedade racista e brindada pelo apartheid, uma excrecência conceitual,
que apenas dava suporte à uma intensiva exploração de seu rico subsolo. Como
sempre o colonialismo deixou saldo da ignomínia e da destruição social,
produzindo um trágico legado de miséria e abandono, que até hoje gera nefastos
resultados.
E assim foram dominados,
ocupados, explorados, sugados, os países da África, processo que continua
forte, só que travestido de “cooperação internacional”, mas que mantém a
miséria e os desníveis de renda, de saúde,
de educação, ou seja, de tudo que
poderia transformar esses países hoje dominados pelo dinheiro, pelo capital, em
sociedades desenvolvidas, justas e igualitárias.
Nas Américas não foi diferente, e
o colonialismo português e espanhol, quase simultâneo, nos legou atraso,
dominação, baixa autoestima, concentração de riqueza, e uma cidadania pífia e
frágil, pois treinada e preparada,
pela força para aderir e não para
escolher.
Esse caldo colonial, que o mundo
atual deveria envergonhar-se e promover correções e nivelamentos, continua
mantendo um mundo desenvolvido à custa do mundo não desenvolvido. Entre os
países da atualidade, sem glamour, se encontram os aqueles que hoje sofrem
guerras e violências de origem religiosa, e que ficam espremidos entre a visão
dominante ocidental, e as suas origens culturais e religiosas.
Nada mais do que uma continuação
das famosas cruzadas, que não passaram de um enorme processo de imposição das religiões
brancas e ocidentais, sobre nações e sociedades com outras crenças e com cores
de pele
diferentes.
No processo colonialista europeu,
para passar uma imagem de magnanimidade, as cidadania dos países brancos
dominadores era oferecida aos dominados como uma demonstração de direitos
iguais.
Na época, quase não havia meios e
conexões para que os inferiorizados das sociedades colonizadas fossem querer
exercer seus direitos na branca e rica Europa.
Mas no século XXI o mundo se
transformou numa grande rede de informação, transporte e comunicação,
permitindo que africanos e asiáticos possam chegar, aos milhares, diariamente
ao paraíso onde se vive uma existência humana respeitada. E chegam por mar, por
ar, por túneis, estradas, matos e fronteiras.
a Europa está sendo cobrada
por uma nova faceta política, que surgiu das guerras recentes, e que foi criada
e alimentada por dinheiros e equipamentos bélicos ocidentais.
O Estado Islâmico foi reunido a
poiado por recursos americanos para servirem de forças auxiliares, não
regulares, ou seja, mercenários, para desgastar os regimes iraquiano, líbio,
sírio.
Como em 1953, no Irã, os
americanos e ingleses derrubaram o primeiro ministro democraticamente eleito,
Mossadegh, financiando o submundo e a bandidagem daquele país. Tudo pelos
interesses petrolíferos ingleses, que não desejavam pagar dignamente o petróleo
iraniano, na refinaria de Abadan.
A partir de 1953, com esse financiamento
do banditismo iraniano para o golpe que foi perpetrado contra a democracia,
então laica, no Irã, os EUA e a Inglaterra criaram o terrorismo oriental, com
seu próprio dinheiro e suas armas, que depois se virou exatamente contra as
duas matrizes mães.
Agora, em pleno terceiro milênio
repete-se o fenômeno e nasce o ISIS, que amedronta o ocidente. Não surpreende
que repentinamente o fluxo migratório tenha aumentado expressivamente para a
Europa.
Além das guerras e batalhas
cruentas, palcos em que foram transformadas sociedades inteiras em muitos
países africanos e asiáticos, a condição insalubre de vida, os perigos, a
ausência de estados organizados, foram sendo geradores de fugas em massa de
pessoas, que buscam condição mínima se sobrevivência, pessoal e familiar, com
dignidade.
Muito dos migrantes são fugitivos
desse quadro de horrores em que os exércitos ocidentais transformaram Ásia e
África, nos últimos 30 anos.
E não nos surpreendamos se no meio
dessa migração em massa estiverem sendo infiltrados militantes do Estado
Islâmico, para, mais a frente, se transformarem em agentes de retaguarda dentro
das sociedades ocidentais, que os estão recebendo.
Recentemente, um casal francês,
que vive no interior da França, foi objeto de reportagem televisiva, quando
mostraram que eles produzem e vendem 350 bandeiras do Estado Islâmico, por ano,
dentro da Europa.
E as enviam pelo correio de seu
país.
Ou seja, o colonialismo está,
tardiamente, cobrando um preço elevado das sociedades que o praticaram, com
novos e atemorizantes elementos, pois as sociedades ricas e de direitos
humanos, se acomodaram e deixaram passar o momento histórico de corrigir os
absurdos praticados no passado.
Agora, as compensações serão buscadas
na marra, na força, em grandes ondas migratórias, ou pelas armas, destruição e
dominação, pelo novo Estado difuso e sem base territorial definida, que pode
assombrar o mundo no século que começou há somente 15 anos.
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