Em 1971 foi produzido o filme "Pequenos Assassinatos",
mostrando a questão da violência em algumas cidades dos Estados Unidos e a
repercussão sobre as pessoas.
Apartamentos com janelas metálicas à prova de balas, pessoas
alienadas pela violência e pelo medo, e vidas atrofiadas por terem que viver
cada vez mais afastadas da natureza, por terem que se proteger do uso
indiscriminado de armas, e de disparos anônimos.
O Brasil está imerso nessa realidade, em 2015, em algumas
cidades. Diariamente a imprensa noticia em suas diversas formas, pessoas mortas
nas ruas, nas casas, em lojas, em táxis, em carros particulares, em ônibus, nas
calçadas.
Além de balas em profusão, facas têm sido usada para assaltos
e latrocínios, como uma forma de não chamar a atenção, pela morte silenciosa
que as armas brancas permitem. Estaremos nós mergulhados nos cenário do filme
acima? Nossas cidades já estarão na paranoia de ninguém mais se sentir seguro
dentro das suas próprias moradias, sejam elas térreas ou elevadas?
O que transformou o Brasil nessa guerra civil interminável,
onde por ano ocorrem 60.000 assassinatos, um total maior que o numero de
americanos mortos em toda a guerra do Vietnam?
Atualmente o Brasil é tratado pelo governo como uma
"pátria educadora". Uma nação que educa, verdadeiramente, seus
cidadãos pode ter esse tipo de problemas?
Uma nação que se diz educadora pode destinar tão pouco
recurso para os salários de professores e educadores?
Uma nação que se pretende formadora de novos cidadãos pode
investir tão pouco em segurança?
Pode investir tão pouco na formação de cidadania?
Pode inverter a ordem das necessidades essenciais, destinando
5 bilhões de reais para uma indústria automotiva não demitir seus
trabalhadores, oferecendo juros baixos e subsidiados para empresários
multinacionais?
Qual o valor que a "pátria educadora" ofereceu
para as escolas privadas não demitirem professores, esses trabalhadores
intelectuais, que se formam para formar pessoas e cidadãos?
Qual o valor que a "pátria educadora" ofereceu
para que as creches possam manter as boas educadoras e cuidadoras para que as
mulheres que trabalham possam deixar seus filhos, para poderem produzir com
tranquilidade?
O Brasil poderá estar copiando o filme americano de 1971,
mas inovando com um título mais de acordo com a sua realidade atual.
Grandes e muitos assassinatos, pois o jovem pobre, que não
encontra outra via do que o crime organizado, está sendo induzido ao mundo
paralelo da violência, por falta absoluta de uma ação governamental adequada.
Uma "pátria educadora" que não reforma nem
modifica seu sistema prisional e penitenciário para reeducar e ressocializar
seus apenados e condenados, está permitindo um futuro de atraso consentido para
um porvir já anunciado pela crônica policial, e pela crônica falta de atenção e
prioridade para suas necessidades essenciais.
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