domingo, 25 de novembro de 2012

REELEIÇÃO DE OBAMA: OS ESTADOS UNIDOS EM BUSCA DA SUA IDENTIDADE


Passadas as eleições  presidenciais americanas, a população daquele país pode se tranquilizar um pouco com o resultado da reeleição de Barack Obama.
As posições sem base real, e muito radicais, de seu opositor republicano, chegaram a causar calafrios em muitas sociedades, ao redor do globo, que temiam o recrudescimento das atitudes ameaçadoras do complexo industrial-militar.
O candidato republicano começou sua derrota ao desprezar as questões das minorias raciais, hispânicas, de gênero, e as populações marginalizadas do processo sócio-econômico daquela nação, que só a titulo de exemplo citamos o segmento hispânico, hoje representa 14% dos americanos.
Ou seja, além de saber falar o idioma esopanhol, os candidatos mtêm que entender a sua cultura, o comportamento, os sonhos, daqueles que procuraram os EUA para realizar suas esperanças de uma vida mais digna.
Uma jornalista norte-americana escreveu uma frase muitom interessante: " a eleição foi decidida pela maioria das minorias".
O fenômeno climático, que causou enorme desastre natural, talvez tenha sido o grande desempatador da eleição que, até poucos dias de sua apuração, parecia muito equilibrada.
A atitude presente e acolhedora de Obama diante dos governantes estaduais que enfrentavam a destruição aguda, com muitas mortes e interrupção dos serviços essenciais, assim como a presença firme e solidária junto aos cidadãos atingidos, despertaram uma comparação natural com o desastre anterior, em plena gestão Bush, quando aquele presidente desprezou o ocorrido, deixou os atingidos largados à própria sorte, sempre ostentando aquele sorriso de criança desgovernada, e de adolescente que não conseguiu superar a figura do pai. Não tivesse ele se transformado num adulto tragicamente ridiculo, que levou seu país à bancarrota, com a quebra de bancos e com a perda de trilhões de dólares dos contribuintes, usados como aterro para tapar o descomunal buraco aberto nas finanças americanas.
Mas o candidato republicano cometeu outro deslize grave, embalado pelo entusiasmo de um ambiente fechado, esquecendo que as imagens estavam viajando o mundo por tv em real-time.
Ele discursava e em determinado momento dois jatos militares, em exercício, passaram tão próximos, que o ruido das suas turbinas foi claramente ouvido por todos os presentes ao comício.
O replublicano, decerto pretendendo agradar seus patrocinadores que despejaram muitos milhões de dólares em sua campanha, exclamou: "eu amo esse ruído".
A sugestão pouco sutil de que ele se propunha a adotar uma postura bélica em sua pretendida gestão na Casa Branca, deve ter assustado a grande parcela da população americana, ainda traumatizada pelas guerras inúteis e sem motivação real, desencadeadas por Bush, para justificar a tomada de terrítórios desejados pelo poder americano, para garantir petróleo e posições geo-estratégicas de interesse puramente militar.
Enquanto Bush fazia as guerras, e gastava o que os EUA não tinham, os bancos americanos deflagaram o processo dos derivativos, inundando o mundo com papéis podres, sem fundos, jogando, mais uma vez, no colo dos contribuintes, o enorme buraco criado pela especulação.
Tudo causado pela desregulação financeira gerada no governo Bush.
Agora, depois da tormenta eleitoral, a sociedade americana pode olhar para trás e começar a pensar em que bases ela se apoiará para retomar o olhar à frente, e construir seu futuro.
Obama terá minoria na Câmara de Deputados, e maioria no Senado.
É claro que já se vislumbram as batalhas legislativas diante das reformas necessárias, e que enfrentarão velhos paradigmas culturais, de uma sociedade que se habituou ao conforto, aos salários de bom nível e ao poder de consumo, ao consumo de energia, e a gerar para o mundo, 25% da poluição total da Terra.
A questão do consumo consciente será protagonista permanente na vida dos EUA daqui para a frente.
O controle sobre a destruição ambiental é outro ponto essencial para a superação americana, das grandes devastações geradas pela atitude inconsciente de empresas americanas, que destruiram grandes extensões de mata nativa, em seu território e no de diversas outras nações, que necessitavam de seu apoio político, financeiro e até mesmo militar.
Os EUA vivem um momento de apreensão.
O ciclo de investimentos em inovação e tecnologia vem se mantendo em patamar de estagnação, a China se tornou o grande "distrito industrial" de empresas americanas, importando empregos e postos de trabalho, que seriam dos cidadãos dos EUA.
Mas a sociedade civil americana tem algumas características muito interessantes.
É empreendedora por herança cultural, se dispõe a trabalhar para alcançar seus objetivos, e começa a ficar menos crédula e mais critica, em relação a seu futuro.
Uma nação que tem o poder de auto-critica que a americana possui,  pode ostentar a propriedade de um "sôro linfático" comportamental, pois seus filmes, peças de teatro, e livros, normalmente são arautos do bem, da ética, e da justiça.
País que teve escritores como Henry Miller, John Fante, Jack Kerouac, e tantos outros irreverentes e criativos autores, que teve memoráveis filmes como "Mississipi em Chamas", tem, com certeza, uma boa "bússola" social e cultural, que ajudará a encontrar o novo rumo necessário.
Rumo que não será mais somente norte-americano, mas sim, uma nova irmandade mundial, onde as fronteiras armadas, os muros da vergonha, e as diferenças de cor, sexo, religião, e classe social, deverão ser tratadas por algo mais próximo do princípio Budista que diz:
" o Deus que habita em mim, respeita o Deus que habita em você".








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