SEGURANÇA E SISTEMA PENITENCIÁRIO, NO BRASIL

Num país que privatizou dois aeroportos por 24 bilhões de reais, que constrói estádios milionários para a Copa de 2014, e todo um ambiente para a Olimpíada de 2016, o que não se pode ouvir, é a queixa de que faltam recursos para a segurança pública e para a recuperação da cidadania, no sistema penitenciário.
Temos, hoje no Brasil, 512.000 apenados cumprindo suas penitências, em prisões estaduais e federais.
Desses todos somente alguns pouquíssimos cumprem regime de trabalho.
Todos nós sabemos da importância do trabalho para a saúde do ser humano.
Física e mental.
Através do trabalho nos sentimos integrados, aceitos, produtivos, e colaborando com a sociedade.
Privar pessoas condenadas a não ter trabalho, além do grande mal sócio-político que se comete, ao não ressocializar os apenados, transforma as prisões brasileiras em escolas de reincidência.
Setenta e cinco por cento, 75%, é o índice de retorno às prisões, pela repetição de crime.
Cada apenado custa ao Brasil, entre R$ 1.600,00 a R$ 3.000,00 por mês, quantias que para nada servem, ou servirão, se um programa de trabalho abrangente deixar de ser implantado para toda essa população penitenciária.
Não esqueçamos que homens e mulheres formam essa população, que lá está literalmente pagando seus pecados, mas que necessitam da oportunidade produtiva para sua reintegração à sociedade.
São pessoas que cometeram erros, estão pagando por eles, e não podem ser condenados, novamente, ao abandono, à parasitária vida improdutiva, ao inferno de permanecer anos e anos em uma situação sem perspectivas, a não ser voltar a delinquir.
Assim, aqui fica a sugestão aos governos estaduais e federal.
Façam uma política pública, que custará muito menos que dois aeroportos, muitíssimo menos que uma copa e uma olimpíada, mas que vai trazer de volta ao convívio de todos, aquele meio milhão de cidadãs, e cidadãos, que querem voltar à normalidade do convívio, mas que são impedidos pela ausência de medidas adequadas.
Além disso, as penitenciárias deixariam de ser meros depósitos de prisioneiros sem perspectivas, que acabam vendo nesses estabelecimentos um sinônimo de inferno na terra.