quinta-feira, 18 de agosto de 2011

DIÁRIO DE UMA BUSCA - FILME DE FLÁVIA CASTRO

(material do blog PARIS JE T'AIME e do FaceBook do filme Diario de Uma Busca)


-Outubro, 1984. Celso Castro, jornalista com uma longa história de militância de esquerda, é encontrado morto no apartamento de um ex-oficial nazista, onde entrou a força.
A polícia sustenta que se trata de um suicídio.
O episódio, digno de um filme de suspense, é o ponto de partida de Flavia, filha de Celso e diretora do filme que decide reconstruir a história da vida e da morte do homem singular que foi o seu pai.
É uma viagem no tempo e na geografia: a diretora volta a Porto Alegre, Santiago, Buenos Aires, Caracas e Paris, cenários do exílio familiar, da ilusão e do fracasso de um projeto político.
O resultado é um documentário poderoso e comovente que combina magistralmente a intriga policial, os testemunhos de familiares e companheiros e o relato na primeira pessoa de uma infância vivida entre o exílio e a luta armada.
As vozes imbricadas de Celso (de suas cartas) e de sua filha constroem um retrato íntimo de uma relação marcada pela história e pela ausência.



-Considerado por João Moreira Salles como o melhor documentario sobre o exílio politico produzido pelo cinema nacional, Diário de Uma Busca é uma experiência única.
O filme que é uma coprodução entre o Brasil e a França e estreou em Paris e Nova York, recebendo criticas excelentes dos jornalistas franceses e da mídia em geral, vem recebendo prêmios e conquistando críticos e publico.
O primeiro longa de Flávia Castro foi premiado em Gramado, no Rio, no Festival de Biarritz e em Punta del Este.
O filme já foi lançado em Porto Alegre e continua sua trajetória pelas capitais do Brasil a partir do dia 26 de agosto.
Flávia Castro, hoje com 45 anos, vem trabalhando nesse projeto desde que tinha a idade do seu pai, Celso Afonso Gay de Castro, que morreu em circunstâncias misteriosas, em Porto Alegre, aos 41 anos.
O filme nos conduz nessa busca por esclarecimentos e respostas que nem sempre estão disponíveis.
Com a ajuda de seu irmão João Paulo, o Joca, Flávia se aprofunda em algo doloroso no qual ela deve lidar com as lembranças de todos que viveram os acontecimentos ligados ao caso.
Buscando elucidar a morte do seu pai ela realiza um filme que mostra a trajetória de uma vida dedicada à luta politica que se extinguiu de forma trágica e violenta. Sublime olhar sobre uma tragédia que nos comove e impressiona.


-Entrevista de Flavia Castro ao Blog PARIS JE T'AIME-

PJTA: Diário de uma Busca é o seu primeiro longa-metragem e um filme muito pessoal. Como foi o processo de transformar a sua historia de vida e a do seu pai em um projeto cinematografico?

-Acho que passei a infância escrevendo a minha história, transformando o que eu vivia ou presençava em contos, cronicas, além do diário... Então, de alguma forma a relação entre vida e arte, vida e obra sempre foi difusa e natural para mim...

Mas o processo de fazer o filme foi muito longo e dificil, talvez mais por questões de produção do que pessoais...


PJTA: Atuar como roteirista, diretora e editora foi complicado para você que participa diretamente do filme?

-Roteiro, era o que eu dominava melhor, pois sou roteirista. Dirigir, era mais dificil pois eu não podia estar atrás da camera, estava muito envolvida na relação com as pessoas que eu filmava. Tem coisas que eu certamente teria feito diferente. Por outro lado, é a parte do trabalho menos solitário e foi muito legal compartilhar isso com a pequena equipe. Montar, eu aprendi montando! Foi um processo longo, intenso e onde aprendi muito. No inicio, estava com a Jordana Berg, minha amiga e uma grande montadora. Mas acabou o dinheiro e fiquei sozinha com o filme. Mas teve um lado libertador, poder ficar com as imagens, o material, em casa, no meu laptopzinho, durante tanto tempo, arriscando, tentando, sem medo de errar. O filme teria sido outro sem essa experiência e esse tempo: foram dois anos de montagem, de idas e vindas.


PJTA; Os depoimentos que vemos no filme são muito fortes. Foi difícil encontrar e convencer as pessoas que relatam suas vidas no filme?

-Não, pelo contrário. Todos foram muito receptivos.


PJTA: Houve resistência das autoridades oficiais frente as suas interrogacoes? Você encontrou obstáculos nesse sistema que ainda é muito fechado?

-Como eu explico no filme, eu não disse que era filha do meu pai... Certamente não teria sido possível entrevistar os policiais se tivesse dito a verdade. Mas disse meu nome verdadeiro e tudo, só não expliquei quem era.


PJTA; A tentativa de elucidar a morte do seu pai, lidando com uma investigacao e tentando encontrar respostas trouxe novas conclusões e pontos de vista?

-Acho que não


PJTA: O relato de Diário de uma Busca tem um tom muito intimo, que envolve a sua família e amigos. Houve um consenso familiar com relacao a essa exposicao?

-Isso não foi discutido. Eu comecei a fazer o filme e aos poucos todos foram aceitando. Demorou tanto que acho que em alguns momentos ninguém acreditava mais... Quando o filme ficou pronto, acho que todos gostaram...


PJTA: Sentimos que seu irmão, o Joca, as vezes hesita e questiona. Ele é narrador e personagem ao mesmo tempo. Pode-se interpretar isso como um certo desconforto da parte dele?

-Sim, ele lê as cartas do meu pai e é o meu "metafilme". Ele discute comigo o próprio filme e as minhas decisões...Como o próprio Joca diz, "Ele faria o filme de outro jeito", mas ele é fundamental para o filme, justamente por isso, porque é ao mesmo tempo muito tocante quando fala da relação dele com o pai e por outro lado, discute o filme.


PJTA: O filme recebeu excelentes criticas na Franca. Você esperava um sucesso tao grande? Como esta lidando com a mídia?

-Não, claro que eu não esperava ! Só terminar o filme, já teria sido uma grande vitória, pessoal. Mas dai vieram os prêmios, no Brasil, na França, em outros países... É uma sensação muito boa sentir que o que a gente faz é reconhecido e que toca as pessoas.... E pessoas muito diferentes entre si, em países diferentes... E no caso de um filme como o meu, talvez mais ainda, pois tem um grau de exposição tão grande, é meu pai, é minha história que está ali...


PJTA: Novos projetos para o futuro?

-Sim estou preparando um outro filme, ficção, chamado "A memória é um musculo da imaginação".


Diário de Uma Busca de Flavia Castro
Facebook: Diário de Uma Busca
Em cartaz nas capitais brasileiras à partir de 26 de agosto.



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