sábado, 4 de janeiro de 2014

A QUESTÃO DO TURISMO EM FLORIANÓPOLIS - SC

BONS EXEMPLOS DE SUCESSO E CIDADANIA PARA O TURISMO EM FLORIANÓPOLIS – I
A imprensa, como veículo a serviço da cidadania ativa, e efetiva, de Florianópolis, presta um bom serviço à população da capital do estado de SC, ao homenagear, e reconhecer, como o fez o Jornal NOTÍCIAS DO DIA, na edição de 15 de outubro de 2013, o esforço, o empreendedorismo, e o sucesso alcançado pelo empresário Fernando Marcondes de Mattos.
Fernando é o idealizador, construtor e gestor do maior empreendimento turístico de nosso estado, o Costão do Santinho Resort.
Fernando é como um prefeito de sucesso, que administra uma cidade turística, construída por ele, que contabiliza uma área de um milhão de metros quadrados, com 750 mil metros quadrados de áreas verdes bem conservadas, 120 mil metros quadrados de área construída, com um faturamento de 100 milhões de reais por ano, que oferece 900 quartos hotelaria e hospedagem, num conjunto de 14 vilas e um hotel de nível efetivamente internacional com cem quartos, recebe 100.000, isso mesmo, cem mil hóspedes por ano, sendo 20.000, isso mesmo vinte mil estrangeiros, oferecendo mais de 100 opções de lazer, com seis restaurantes de altíssimo nível, recebe e atende 2.000, isso mesmo, dois mil eventos de elevado gabarito, nacional e internacional, com 750 funcionários, chegando a 950 no verão.
Essa maravilhosa realidade, além de tudo, está á inteira disposição de toda a população de Florianópolis, que lá deveria dar uma chegada, uma passada, para ter elementos de comparação com o tipo de gestão que lá se faz, e a gestão dos serviços públicos que a cidade oferece para seus moradores permanentes, e para os mal atendidos, abandonados sem água e energia elétrica, turistas, que para aqui ainda se dirigem, na esperança de encontrar as “maravilhas” prometidas pela mídia, pela propaganda enganosa, e por alguns pequenos empreendimentos, que querem se dizer de nível internacional.
Fernando vai sediar, em sua “cidade turística”, o encontro da FIFA, em fevereiro de 2014, para a realização do Workshop das 32 seleções, que disputarão o campeonato, A COPA DO MUNDO, de futebol, no Brasil.
Além disso, está construindo um estádio, com campo oficial de futebol, para atender o eventual interesse de alguma seleção, que deseje treinar no Costão do Santinho Resort.
Isso sim é investir em turismo de alto nível, oferecer condições do mesmo nível que os turistas, ou esportistas, estão acostumados a encontrar em vários outros países, que respeitam o turista e sabem recebê-lo.
Fernando nada fez como alguns maus empresários, que nem residem em Florianópolis, e que só passam por aqui na temporada, para contar os trocados que auferem, ao explorar a beleza natural de Florianópolis, construindo iniciativas de baixo nível, que cobram valores elevados, e querem passar a ilusão para a população local, de que são parceiros efetivos de nossa cidade.
Sujam a praia, ocupam espaços públicos como se seus fossem, geram ruído para os vizinhos, e pouco investem, gastando em propaganda, mas com pouca essência real.
O Costão do Santinho Resort pode servir de referência para que se repense o que se pretende, e o que se quer, efetivamente, que seja feito pela vontade e decisão política de nossa população, comparando os serviços públicos que são oferecidos aos cidadãos, durante todo o ano, o que se faz para que o turista seja bem recebido, sem tumultuar a vida de quem aqui vive, e que mantém a cidade com seus impostos, e qual o modelo de gestão que nossa cidadania espera e exige.
Afinal, quantas vezes ao ano podemos constatar a presença da Guarda Municipal, nos bairros fora do centro da cidade?
Há muitos anos que a prefeitura municipal só oferece o serviço de coleta de lixo nos bairros, mas a varrição das ruas não é feita com regularidade, e em alguns bairros, como Jurerê, não é feita durante todo o ano.
Somente quando chega o mês de novembro, ou início de dezembro, uma operação de faz-de-conta é promovida pela Comcap, com a capina de meios fios, muito mal feita por sinal, e, às vezes, uma pintura branca, muito mal aplicada, quando aplicada.
Qual o motivo da avenida Beira-Mar ter equipes permanentes capinado os seus canteiros, cortando grama, pintando meios fios, ocupando algumas dezenas de trabalhadores?
O turista que vem a Florianópolis é atraído pelas praias, abandonadas o ano todo, e ainda no verão sem poder contar com água e energia elétrica, ou pela Beira-Mar?
Nada contra aquela bela avenida, este raciocínio é lançado só para que pare para pensar quais os motivos, e as prioridades efetivas de nossa cidade, se nada é feito de forma eficiente, efetiva, permanente, pelas praias, e bairros que as sustentam, com seu moradores permanentes e impostos pagos, e bem pagos, mas que são usados para manter uma cara estrutura central, de serviços que não chegam aos bairros.
Senão vejamos: a Guarda Municipal um pesado custo para todos os moradores de Florianópolis, simplesmente não atende a vários bairros de nossa cidade. A maioria do contingente não trabalha 24 horas por dia, e não presta serviço na maior parte dos bairros, que não sejam os bairros bem centrais, ou em torno do centro de Florianópolis.
A segurança é deficiente, não são feitas obras, mesmo pequenas, para organizar o trânsito e o tráfego de veículos, nos bairros, mesmos aqueles que são considerados, ou que se consideram, chiques.
Em Jurerê, à beira da SC-402 um novo supermercado foi construído. Evidente a necessidade de implantação de uma simples rotatória para evitar colisões, acidentes e mortes, pois o volume de veículos, pesados e leves, aumentou, em muito, com o novo supermercado. Caminhões de carga agora transitam e estacionam nas proximidades, manobrando de forma potencialmente perigosa e arriscada. Cruzamentos e faixas de segurança para pedestres, adequados e seguros, nem pensar. Os acostamentos dessa estrada estadual estão sendo ocupados como estacionamento, sem qualquer intervenção dos órgãos estaduais, que deveriam estar cuidando do sistema viário, dos órgãos estaduais de segurança e do policiamento rodoviário, ou da PM.
Nada foi feito, nada está sendo feito, nada foi planejado, nada está sendo executado!!!
Na área de segurança a situação é uma piada.
Os moradores ligam para o 190 para reclamar alguma providência necessária, e não são bem atendidos, recebendo a informação, quase sempre, de que a PM não dispõe de viaturas.
Não se vê policiamento ostensivo durante o ano, muito menos na temporada. Não há a mínima sensação ou percepção de segurança!
Os cidadãos que se cuidem, pois deles a polícia, ou as polícias, não estão cuidando!
Agora mesmo, com a crise imensa e extremamente desagradável, do corte de fornecimento de água e energia elétrica, o cidadão mais uma vez foi abandonado pelas autoridades, estruturas e serviços públicos, pois não foram oferecidas alternativas, tais como transportar e fornecer água por caminhões, para os endereços dos moradores permanentes, que pagam suas contas, todos os meses, de todos os anos, para a Casan.
E ainda os cidadãos não conseguiram entender o grande mistério envolvido nessa questão: se não há água na rede pública, de onde saiu a água que ofereceu fortunas aos donos dos caminhões, ao cobrarem de 1.500,00 a 2.000,00 por viagem?
De onde era retirada a água que os caminhões carregavam? Ela foi vistoriada por algum serviço de vigilância sanitária? O valor cobrado era permitido pela Casan, concessionária contratada legalmente pelo estado catarinense?
Os caminhões só atendem essa finalidade, ou são utilizados para outros transportes de materiais ou elementos potencialmente danosos à saúde humana?
Ou seja, mais uma vez o morador permanente, pagador de impostos, que mantém com seu trabalho, seu dinheiro, seu esforço, a estrutura de nossa cidade, foi abandonado, destratado, idiotizado, por maus dirigentes públicos, municipais e estaduais, que contam com o esquecimento para não serem mais cobrados por suas incompetências, e por sua alienação em relação às suas obrigações, legais, éticas, e cidadãs.
Mas a proposta é que os cidadãos de nossa Florianópolis comecem a pensar como um empreendimento privado, só como uma referência, como uma comparação, como o Costão do Santinho, gerido por uma equipe relativamente pequena, que não chega a mil pessoas, pode se consolidar com essa competência, com essa seriedade e com esse respeito aos cidadãos que lá vivem, ou que lá se hospedam, em eventos, em competições, ou na temporada de verão.
Qual o modelo que, finalmente, deveremos escolher, para que nossa cidade não venha a se transformar num inferno para seus moradores e cidadãos, ou num desrespeitado e vulgarizado destino turístico, de pessoas que nem sabem de nossa história, que não respeitam os que aqui vivem, e que em vez de divisas e riqueza, nos deixarão como legado, lixo nas praias, sujeira nas ruas, e um conceito indevido?
Se nada for feito por nós, pelos cidadãos, daqui a pouco tudo será deixado de lado, nossa auto- estima, ofendida e diminuída, ficará como uma frustração para nossa dor, e os políticos começarão a se envolver com as eleições deste ano, com suas ambições de poder e, no ano que vem, tudo voltará a cair sobre nossas cabeças, como uma morte anunciada.
Os burocratas e tecnocratas voltarão a seus escritórios com ar condicionado, assessores, motoristas, carros de luxo para transportá-los, tudo pago com nossos impostos, e os “desagradáveis momentos deste verão” serão tratados, mais uma vez, com a mesma insensibilidade que o foram ao longo de 2013.
Vamos aproveitar a experiência que a crise recente, deste início de 2014, nos deixou, para discutirmos nosso destino, o padrão que desejamos, e o futuro com o qual sonhamos?
Vamos começar a exercer nossa indignação, nossos direitos não atendidos, e nossa cidadania de forma ativa e interativa?

Ou vamos esperar, de braços cruzados, com olhos e ouvidos fechados, sem nada expressar, como os três macaquinhos medrosos da tão conhecida figura de retórica, que as temporadas e os verões se repitam, nesse diapasão de abandono e desrespeito, e que só nos reste abandonar nossos sonhos, nossa dignidade, e ficar, como dizia  Raul Seixas, “com a boca cheia de dentes, vendo a vida passar e esperando a morte chegar”???



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