segunda-feira, 24 de outubro de 2011

OPERAÇÃO ÁFRICA - A NOVA FRONTEIRA DO DESENVOLVIMENTO DO SÉCULO XXI

O ciclo econômico Mediterrâneo refletiu a força sócio-econômica, sócio-cultural (a religiosa aí destacada), sócio-política, e,também, a força militar, o expansionismo pela força, o colonialismo, que a Europa produziu.
Até a segunda guerra mundial, que teve seu final em 1945, o velho continente praticamente capitaneou o mundo, num longo período do final dos anos 1400, até a primeira metade do século XX.
A Igreja Católica, com seus fiéis Reis Católicos de Espanha e Portugal, a inquisição, a Reforma de Martin Luther, a busca de outros horizontes, com a descoberta do Novo Mundo, por Cristóvão Colombo, o colonianismo no continente Africano, produzindo dominação brutal, exploração intensiva de suas riquezas naturais, e tantos outros fatos históricos, bons ou não, comprovam a vitalidade da Europa, e seu enraizamento profundo, em quase todos os pontos do mundo.
Mesmo a dominação Árabe, de mais de 800 anos em parte meridional da Europa, não conseguiu deixar raizes como as que os europeus espalharam em muitos continentes.
Com a América como símbolo de mudança e renovação, efetivamente nascia o Novo Mundo, com a visão Democrática e Republicana como um contraponto às Cortes européias.
Nascia o ciclo Atlântico, gerado pela ocupação das costas do continente americano, que estavam posicionadas para esse oceano, costas essas que mais facilmente foram alcançadas pelas navegações europeías, e por dissidentes das cortes européias, ou por elas determinadas.
O processo de colonização americano não escapou ao barbarismo comum aos dominadores de outras paragens, que sempre se caracterizaram pela violência, pelo desrespeito às culturas locais, e pelo assalto às suas riquezas naturais.
Populações indígenas foram dizimadas, expressões culturais banidas, o processo da escravidão se alastrou por mais de 300 anos, e o esperançoso nome novomundista oscilou em guerras, disputas por demarcação de fronteiras, até as primeiras décadas do século XX.
As duas grandes guerras mundiais, ambas iniciadas pela forte expressão do militarismo incrustrado nos países europeus, tanto ajudaram a destruir a Europa, quanto colocaram o novo eixo do poder mundial nas mãos da Rússia (União Soviética), e dos Estados Unidos.
Como a Rússia precisou de uma reconstrução quase completa, devido à enorme destruição que sofreu, e à perda de mais de 20 milhões de cidadãos, durante muitos anos suas energias, e investimentos, foram canalizados para essa obra gigantesca.
Os Estados Unidos, por terem vivido a guerra em territórios outros, sem qualquer destruição interna, puderam, imediatamente, logo após o final da guerra, investir em seu próprio desenvolvimento.
A transformação da industria bélica, que já tinha propiciado muitas inovações tecnológicas durante os confrontos militares, foi rapidamente ajustada à nova etapa, colocando a grande nação do norte como uma potência industrial, e comercial, que reverteu o domínio europeu, transformando-se na nova força mundial.
Além de tudo, o poderio atômico, demonstrado no Japão, passou a dar-lhe uma outra dimensão nas quase impositivas negociações internacionais.
O dólar forte e estável, a força militar dsitribuida em bases por todos os continentes, e a grande "argumentação" nuclear, asseguraram, aos Estados Unidos, a hegemonia, que manteve até o início do terceiro milênio.
Os processos Chinês e Indiano, apesar de bem diferentes politicamente, tiveram grandes evoluções, que começaram no final dos anos 40, do século XX.
A India, com todo seu atraso e desníveis sociais, impulsionada por movimentos religiosos, de desobediência civil, carente de infraestrutura, foi desenvolvendo, em ilhas é verdade, um processo educacional voltado para a inovação.
Vários grupos financeiros, e fundos de investimentos, têm a sua base na India atual, atestando a sua plena adesão ao capitalismo.
Muitos polos tecnológicos, em vários níveis industriais, surpreendem o Ocidente, demonstrando como aquele país gigantesco desenvolveu a sua inteligência, mesmo dominado externamente, em longos períodos.
A China começou a sua revolução modernizante com Mao Tse Tung, que, em 1949, promoveu uma grande revolta contra o satus dominante, implantando um regime político identificado com o vigente na Rússia Comunista, mas com grandes nuances locais.
A China, como a India, já tivera seu país dominado por forças estrangeiras, resistindo justamente pela dispersão de sua população, e pela enorme extensão de seu território.
A diversidade cultural, os dialetos, a capacidade de sobreviver em pequenas culturas familiares, permitiu que a China passasse quase infensa às ocupações, pois as suas características próprias se constituiram em um escudo poderoso.
O país permaneceu sem uma grande definição para seu futuro, até meados dos anos 80, quando começou a deterioração do regime econômico russo, e posteriormente, de sua ordem política.
Percebendo essa mudança, e sendo detentora de índices econômicos inexpressivos, que associados aos indicadores sociais lhe asseguravam um titulo pouco edificante de grande país pobre, rural e desigual, a China planejou a sua guinada, partindo para a recuperação do tempo perdido.
Em duas décadas promoveu um crescimento em níveis nunca imaginados.
Em uma grande jogada política, digna dos maiores planejadores do ocidente, manteve seu regime político comunista, implantou o regime capitalista em suas relações econômicas, urbanizou a sociedade, concentrou seu crescimento em periodos curtos, promoveu um acelerado ciclo financeiro, a ponto de, hoje, ser um dos principais responsáveis pela manutenção da liquidez financeira norteamericana, ao lado da Arábia Saudita.
Tem muitas carências, seu território é quase 70% desértico, importa alimentos, que não consegue produzir, é boa cliente de energias fósseis e renováveis, mas já exporta muita tecnologia embarcada, e produtos com valor agregado.
E, o que mais surpreende, mantém seu regime comunista, que já foi assimilado pelos paises capitalistas, com os quais se relaciona amplamente, como se nunca tivesse havido todo um período de guerra fria, de 30 anos, justamente entre comunistas e capitalistas.
Ai está o eixo Pacífico/Índico, que surgiu com a suave, e quase imperceptível mudança Indiana, e com a explosiva transformação Chinesa.
Nos próximos 10 anos, o polo Indo/Chinês de desenvolvimento estará plenamente maduro, seus investimentos estarão oferecendo resultados significativos, as finanças mundiais estarão ajustadas a esses novos parceiros, e a economia global terá mais um pé para se apoiar, e distribuir, conduzindo o mundo para o novo equilíbrio dai decorrente.
O eixo Mediterrâneo, mesmo sem ser novo, nem surpreender a humanidade, não pode ser desprezado, pois além de oferecer um PIB signitifcativo e uma estrutura bastante expressiva, ainda criou a União Européia, com uma inovação muito arrojada e corajosa.
Um continente que foi muito marcado pela exacerbação das autonomias nacionais, dos idiomas e manifestações culturais próprias e específicas, conseguiu atingir um patamar único de entendimento político.
Após meio século de negociações, e construção de várias camadas de acordos multilaterais, de costura delicadíssima, chegou à surpreendente forma atual de um continente unificado, com moeda única, e um banco central europeu.
Quem já estudou economia sabe muito bem como é dificil lidar com autonomia, moeda e símbolos nacionais, por representarem patrimônios materiais e imateriais, grandes histórias, reminiscências simbólicas, e muita subjetividade humana.
É um feito histórico único em nossa prospecção conhecida, o que a União Européia representa.
Pode-se até tentar valorizar as eventuais crises da zona do Euro, mas todos sabem que elas são normais, e até pequenas, considerando os ajustes já esperados para uma operação desse porte.
Não é estranho esse período de normalização, considerando a envergadura dos acordos, que envolvem a maturação do processo.
Por esse fato, e por sua pujança econômica, a Europa é agente ativo e significativo, na construção da economia do século XXI.
Com os eixos Mediterrâneo, com o Atlântico, mesmo com a claudicante atualidade norte americana, (herdada das posturas bélicas do governo anterior, e da desregulação que aquele governo gerou, quebrando o país e atingindo outros continentes), com o elenco de países emergentes, entre eles o Brasi(com destaque), com a Rússia, num processo muito parecido com o norte americano, com o novo eixo Indiano/Chinês, o mundo terá à sua frente o desafio de enfrentar o modus ético/político/econômico, de restituir à ÁFRICA, o nivel de respeito e dignidade, com que ela nunca foi devidamente tratada.
O colonialismo europeu a arrebentou, e a submeteu à indignidade.
O racismo a segregou, o oportunismo a transformou em laboratório, de armas, de medicamentos, de métodos e do cinismo dominante, e dominador.
Já se sabe, sobejamente, que a solução Africana lhe foi roubada por quem a pirateou e dominou.
Seu estágio atual de continente doente, contaminado, gerador de gigantescos êxodos e migrações, foi construido pela desfaçatez dos colonizadores, que se referiam ao "continente negro", como se humanos não fossem os que o habitavam.
Sua pobreza contumaz, sua fome crônica, seu estado doentio endêmico, e sistêmico, não é coerente com seu estado permanente de pequenas e regionais, ou tribais, guerras, alimentadas por um capital, que a África não tem, mas que os dutos bélicos de países detentores da produção de armas, o mantém.
Mas o mundo ainda gira, continua girando, e o colonialismo começa a produzir dores de cabeça para os ex-colonizadores.
Quando ocuparam, dominaram, exploraram, e dilapidaram a África, numa tentativa de cínico marketing humanitário, para manter as hipócritas aparências de defensores da civilização, os brancos europeus prometiam, escreviam, e asseguravam a mesma "cidadania", aos negros dominados, e escravizados, que os cidadãos dos países de origem tinham, em suas brancas sociedades.
Agora, num novo ciclo mediterrâneo, os ex-colonizados, os negros do continente negro, começam a assediar os brancos, do continente branco, para resgatar as suas cidadanias prometidas, mas que os ex-colonizadores jamais imaginariam, que, um dia, lhes seriam cobradas.
E o êxodo, e migrações, ameaçam levar instabilidade ao frágil equilíbrio dos países desenvolvidos, pois seus índices per-capita podem entrar em colapso, colocando suas sociedades em desfuncionalidade.
E ai está o quadro de resgate da África.
Aí está o momento histórico oportuno para o reencontro com a ÁFRICA.
Um mundo com um desenvolvimento fantástico, que fala em desafios ciclópicos, na verdade, não tem mais nada a priorizar, do que a OPERAÇÃO ÁFRICA.
Essa é a nova fronteira de desenvolvimento que a agenda mundial terá que encarar.
Dinheiro não falta.
Movimentos humanitários existem, diagnósticos idem, estudos lotam bibliotecas de universidades e centros de pesquisa.
Os recursos que organizações tipo Médicos Sem Fronteiras, e outros, dignos e verdadeiros, que recolhem verdadeiras fortunas, mais o que a ONU destina aos países Africanos, mais o que os acordos bi e multilaterais reservam, já são suficientes para a criação de um Fundo Africano para o Desenvolvimento.A África é um continente pobre, miserável, cercado pelos eixos mundiais de desenvolvimento, pelo eixo do petróleo, muito do qual em seu próprio chão, e oferece à humanidade, justamente, o berço da humanidade.
Os estudos mais aprofundados da origem da raça humana nos conduzem, todos, à África.
De lá, teriam os êxodos subido para o norte, para superação das secas e para fugir das áreas desérticas.
Mesmo pobre, a África dá ao mundo grandes intelectuais, possui belos exemplos de experiências fantásticas de desenvolvimento.
Já superou, por conta própria, abismos políticos e sociológicos, como Angola e África do Sul, dentre tantos outros, mesmo após os prolongados períodos de trevas, patrocinados pelos colonizadores e dominadores brancos.
Um mundo que domina a tecnologia, que está abarrotado de capitais que buscam aplicações e rendimentos, que já produziu, e construiu, cidades artificiais, que já consegue levar a vida a novos patamares cronológicos, que oferece gigantescos lucros a laboratórios, justamente por desenvolverem novos alimentos, e medicamentos, esse mesmo mundo não pode mais conviver com todo um continente condenado à indignidade, e à morte, por abandono.
Muito se fala em inovação, o mundo até chorou a recente morte de Steve Jobs, por sua dedicação a produzir tecnologias amigáveis, que levaram o ser humano a um estágio muito avançado na obtenção e acesso da informação.
Muito justo e procedente!
Na África, a operação poderia ser dedicada, também, a um grande homem, que gerou muita tecnologia social, que levou o ser humano a se conscientizar da importância da informação sobre seus irmãos, e permitiu que irmãos parassem de se odiar, mesmo sem saber porque o faziam.
A OPERAÇÃO ÁFRICA, de redenção daquele continente, devidamente tematizada, poderia se chamar OPERAÇÃO NELSON MANDELA.
Mandela ficou 27 anos preso. E não se permitiu tempo para chorar as próprias mágoas, que não foram poucas.
Saiu da cadeia para pacificar a África do Sul, resgatar a dignidade e o respeito dos cidadãos do pais, unificar a nação Africana, e ainda ensinar aos cidadãos que deveriam esquecer o sofrimento vivido, reconquistando a sua condição de pessoas livres.
Tudo a ver com o que o mundo precisa fazer com a ÁFRICA.

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