A anunciada crise econômico/financeira gerada nos Estados Unidos, mais uma vez, reflete a atitude inarredável e autoritára de uma camada política do congesso daquele país, que representa interesses de poder de uma parcela, que não olha todo o país, nem o "resto" do mundo.
A crise que se desenha no horizonte americano tem muito a ver, e se constitui numa continuação ideológica e conceitual da anterior.
Quando Busch estava no poder, foram liberalizados os controles governamentias sobre as operações financeiras, pois seu compromisso politico foi claramente com as elites americanas, para as quais o mundo gira em torno de seus privilégios.
Busch afrouxou a regulação sobre bancos, fundos, e "derivativos", que nada mais são do que uma picaretagem sujeita a cadeia, pois foram emitidos títulos e criados fundos, que prometiam rendimentos, para várias pessoas e organizações, sobre uma única garantia.
Busch diminuiu impostos sobre as familias consideradas ricas naquele país, que recebem mais de USD 240.000/ano, fragilizou o quilíbrio fiscal com essas e outras medidas, entre elas as enormes despesas de guerra, no Iraque e Afeganistão, e ainda plantou os alicerces para que essa situação permanecesse por muito tempo.
Deixou o pais quebrado, quebrou o mundo todo, poucos foram os paises não atingidos pelas rebarbas do furacão do norte.
Busch deixou o país quebrado para Obama, mesmo tendo-o recebido com um expressivo superavit fiscal, deixado por Clinton.
E nunca teve problemas com os radicais do Partido Republicano, que não o acusaram de deixar o país ir à banca rôta, como foi.
Pouco antes da destituição de Strauss-Kahn da direção do FMI, representantes das correntes que agora emparedam o governo Obama, já tinham se manifestado sobre uma atitude "muito européia" de Kahn ao agir com rapidez na salvação da Grécia, com um pacote do FMI.
Na verdade, o que os conservadores norteamericanos mostram é que não engolem a construção da União Européia, pois essa figura representa um terceiro prato na balança do equilibrio mundial.
Para eles, seria muito melhor uma dualidade econômica e política tendo somente a China como a outra força alternativa.
A economia Chinesa não passa de um terço da americana, e ainda é grande compradora dos títulos do tesouro norteamericano.
O surgimento da UE, com a força da Alemanha capitanenado o novo "continente" que surge, tira muito poder concentrado, tanto politico, militar, ou econômico, da interesseira, e politicamente incoerente, binariedade pretendida.
Os EUA nunca reclamaram da China, contra seus poder comunista estatal, desde que a economia seja um arranjo capitalista.
Essa hermafrodita figura chinesa em muito agrada aos fundamentalistas americanos, pois, no fundo, sonham eles com um poder assim, o domínio do capital sobre uma sociedade submetida a um governo central e a um único partido, que, no caso americano, seria o dos conservadores.
Agora, no auge de uma crise de espasmo discricionário, os conservadores norteamericanos não ameaçam somente o governo Obama e sua reeleição.
Eles se dão ao luxo de ameaçar jogar todo o mundo em nova crise, como a que fizeram em 2008, pois se os EUA não puderem pagar suas dívidas, muitos paíse e organizações financeiras poderão, literalmente, quebrar por terem justamente adquirido papéis da dívida americana.
Para que se veja a balela que isto representa, no Governo Reagan, conservador, republicano, que junto com Margaret Tatcher coordenou a política neo-liberal, na verdade um selvagem avanço dos financistas sobre as infraestruturas dos países pobres ou emergentes, naquele periodo o Congresso americano aprovou algo em torno de 16 vezes as elevações de patamar para o aumento do endividamento dos EUA.
O que os EUA terão que compreender, principalmente os falcões que só querem o poder para mais guerras e mais privilégios, é que o mundo mudou, e mudará mais ainda, e que novos atores farão parte do panorama que está nascendo.
A ONU sairá do controle exclusivo de cinco paises, que comandam, o seu Conselho de Segurança com poder de veto, a economia será mais sustentável pois novas cabeças surgem e se preocupam com preservação ambiental, e paises emergentes assumirão protagonismo mundial, deixando de ser simplesmente fornecedores explorados de matérias primárias para os ricos, e relações de troca desiguais.
O novo mundo terá que recriar uma economia, que hoje está concentrada em operações financeiras e dedicada a fazer mais lucros sobre capitais, que já são resultado da excessiva lucratividade, mas que não ajudam em nada as necessidades prementes de sobrevivência planetária.
E essa nova economia do novo mundo contemplará as aplicações produtivas e sociais, com grande prioridade para a situação humana e ambiental.
No novo mundo, possivelmente, a balança do equilibrio mundial terá quatro pratos, pois os países emergentes passarão a representar uma quarta força politica e econômica.
Afinal, a América, sem as economias Americana e Canadense, hoje já representa uma força econômica equivalente à China.
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