segunda-feira, 25 de julho de 2011

MORTES EM OSLO

A Noruega, país cuja população cabe duas vezes na cidade de São Paulo, foi palco de violentissimas cenas de morte e destruição.
Numa ilha, onde ocorria encontro da ala jovem de um partido, foram fuzilados quase 90adolescentes, que lá passariam o final de semana em encontro lúdico.
No centro da cidade, em frente ao prédio onde fica o gabinete do primeiro ministro, explosões destruiram grande área e mataram mais sete pessoas.
Que final de semana triste, morreram jovens que representam justamente o futuro da sociedade.
Mas qual a causa, quem cometeu essa chacina monstruosa?
Um fanático? vários fanáticos? organizações terroristas?
Isso a polícia vai investigar e descobrir, sem dúvida.
Mas o que está atrás dessas mortes absurdas é a intolerância, a prepotência, o não saber lidar com as diferenças, e os diferentes.
Numa sociedade democrática a lei é o principal baluarte garantidor das relações entre as diferentes formas de pensar e agir.
Por isso, essa matança, e as explosões, na verdade, foram contra a democracia, pois quem vai contra a vida, contra a liberdade de expressão, contra o convívio dos diferentes, está contra a democracia.
Para o criminoso, ou criminosos, o peso da lei.
Mas para quem alimenta esses sentimentos de ressentimento e violência, a sociedade democrática precisa se posicionar, na Noruega e em todo o Mundo, pois como estamos vivenciando um novo ciclo de liberdades individuais, em todo o globo, precisamos reforçar as posições em defesa da democracia, para que direitos humanos básicos e essenciais sejam garantidos e enaltecidos.
Um mundo que marcha, cada dia, para uma maior complexidade, mas que por reacomodações geo-politicas está se modificando aceleradamente, está sendo palco de uma aproximação étnica como nunca ocorreu na história.
Com as etnias, também se aproximam religiões e crenças diferentes, costumes culturais até então herméticos uns para os outros passam por revisão graças ao convívio que surge com as ondas migratórias.
Esse novo mundo que surgirá dessas novas relações humanas será, com certeza, um espaço mais tolerante, mais solidário, e mais progressista.
Uma série de barreiras cairão e haverá a clara consciência de que todos somos um, e que a vida de cada um é patrimônio de todos.
Essa nova consciência, efetivamente planetária, desaguará na proteção da vida e da preservação da vida.
Ou seja, na proteção das pessoas e seus direitos, e na proteção ao ambiente natural, único grande mantenedor da vida na face da terra.

AMY WINEHOUSE, QUE TINHA 27 ANOS...

A jovem cantora faleceu durante o final de semana.
Que lástima!
Uma grande inspiração, belíssima voz e intérprete envolvente.
É uma tristeza muito grande quando o mundo perde artistas, pois fica mais pobre e menos alegre.
Essa jovem de 27 anos nos deixou como Janis Joplin, também grande e irreverente cantora, que sabia apontar as emoções, e as contradições humanas, mas não conseguiu suportar as suas intensidades.
Amy Winehouse parece que seguiu o mesmo caminho.
Muito se falou de drogas e álcool, mas a autópsia ainda nem foi concluida.
Muitos preconceitos afloram nessa hora, e pessoas fazem estimativas por sensações e imagens puramente externas.
E mesmo que os motivos físicos da sua morte estejam ligados ao uso de entorpecentes ou bebidas alcólicas, como poderemos saber o que a fez decidir por essa solução?
Será que alguém já parou para pensar qual a razão que uma pessoa jovem tem para se expor a atividades que coloquem a sua vida em risco?
Quantos de nós, aparentemente equilibrados e normais, usamos esquemas escapistas de nossas realidades e vidas, lançando mão do consumismo, de uso de drogas, lícitas e não lícitas, relacionamentos e outros dramas, para fugir de situações que nos atormentam, entristecem ou angustiam?
Uma vida, a vida, é algo forte, bonito, desafiador, mas que ainda não sabemos muitas respostas sobre seu verdadeiro sentido.
Tanto que nos apegamos a crenças, estudos, religiões para tentar responder às questões que nos acompanham por toda a existência terrena.
Amy se foi, nos deixou uma linda herança de música e voz emocionante, e também nos brindou com o grande enigma da vida, ou o que fazer com ela?
Nesses momentos de dor e espanto, podemos meditar um pouco e aplicar um tempo maior em pensar como podemos nos ajudar, e ajudar pessoas que sofrem, que sentem insegurança, mas que a falta de tempo, de diálogo, de atenção, de carinho, deixa na solidão, na pior das solidões, que é a solidão coletiva.
Sentir-se só, apesar de estar no meio de muitos, mas que não temos, ou não conseguimos a devida atenção.
Muito obrigado AMY WINEHOUSE, nos deixaste mais sozinhos, com menos música e arte, mas nos ajudas a meditar na busca de um sentido para nossas vidas, de formas de sermos mais solidários com quem nos cerca e sofre.
Fica conosco a tua lembrança, através de tuas músicas.

domingo, 24 de julho de 2011

O TERCEIRO PRATO DA BALANÇA

A anunciada crise econômico/financeira gerada nos Estados Unidos, mais uma vez, reflete a atitude inarredável e autoritára de uma camada política do congesso daquele país, que representa interesses de poder de uma parcela, que não olha todo o país, nem o "resto" do mundo.
A crise que se desenha no horizonte americano tem muito a ver, e se constitui numa continuação ideológica e conceitual da anterior.
Quando Busch estava no poder, foram liberalizados os controles governamentias sobre as operações financeiras, pois seu compromisso politico foi claramente com as elites americanas, para as quais o mundo gira em torno de seus privilégios.
Busch afrouxou a regulação sobre bancos, fundos, e "derivativos", que nada mais são do que uma picaretagem sujeita a cadeia, pois foram emitidos títulos e criados fundos, que prometiam rendimentos, para várias pessoas e organizações, sobre uma única garantia.
Busch diminuiu impostos sobre as familias consideradas ricas naquele país, que recebem mais de USD 240.000/ano, fragilizou o quilíbrio fiscal com essas e outras medidas, entre elas as enormes despesas de guerra, no Iraque e Afeganistão, e ainda plantou os alicerces para que essa situação permanecesse por muito tempo.
Deixou o pais quebrado, quebrou o mundo todo, poucos foram os paises não atingidos pelas rebarbas do furacão do norte.
Busch deixou o país quebrado para Obama, mesmo tendo-o recebido com um expressivo superavit fiscal, deixado por Clinton.
E nunca teve problemas com os radicais do Partido Republicano, que não o acusaram de deixar o país ir à banca rôta, como foi.
Pouco antes da destituição de Strauss-Kahn da direção do FMI, representantes das correntes que agora emparedam o governo Obama, já tinham se manifestado sobre uma atitude "muito européia" de Kahn ao agir com rapidez na salvação da Grécia, com um pacote do FMI.
Na verdade, o que os conservadores norteamericanos mostram é que não engolem a construção da União Européia, pois essa figura representa um terceiro prato na balança do equilibrio mundial.
Para eles, seria muito melhor uma dualidade econômica e política tendo somente a China como a outra força alternativa.
A economia Chinesa não passa de um terço da americana, e ainda é grande compradora dos títulos do tesouro norteamericano.
O surgimento da UE, com a força da Alemanha capitanenado o novo "continente" que surge, tira muito poder concentrado, tanto politico, militar, ou econômico, da interesseira, e politicamente incoerente, binariedade pretendida.
Os EUA nunca reclamaram da China, contra seus poder comunista estatal, desde que a economia seja um arranjo capitalista.
Essa hermafrodita figura chinesa em muito agrada aos fundamentalistas americanos, pois, no fundo, sonham eles com um poder assim, o domínio do capital sobre uma sociedade submetida a um governo central e a um único partido, que, no caso americano, seria o dos conservadores.
Agora, no auge de uma crise de espasmo discricionário, os conservadores norteamericanos não ameaçam somente o governo Obama e sua reeleição.
Eles se dão ao luxo de ameaçar jogar todo o mundo em nova crise, como a que fizeram em 2008, pois se os EUA não puderem pagar suas dívidas, muitos paíse e organizações financeiras poderão, literalmente, quebrar por terem justamente adquirido papéis da dívida americana.
Para que se veja a balela que isto representa, no Governo Reagan, conservador, republicano, que junto com Margaret Tatcher coordenou a política neo-liberal, na verdade um selvagem avanço dos financistas sobre as infraestruturas dos países pobres ou emergentes, naquele periodo o Congresso americano aprovou algo em torno de 16 vezes as elevações de patamar para o aumento do endividamento dos EUA.
O que os EUA terão que compreender, principalmente os falcões que só querem o poder para mais guerras e mais privilégios, é que o mundo mudou, e mudará mais ainda, e que novos atores farão parte do panorama que está nascendo.
A ONU sairá do controle exclusivo de cinco paises, que comandam, o seu Conselho de Segurança com poder de veto, a economia será mais sustentável pois novas cabeças surgem e se preocupam com preservação ambiental, e paises emergentes assumirão protagonismo mundial, deixando de ser simplesmente fornecedores explorados de matérias primárias para os ricos, e relações de troca desiguais.
O novo mundo terá que recriar uma economia, que hoje está concentrada em operações financeiras e dedicada a fazer mais lucros sobre capitais, que já são resultado da excessiva lucratividade, mas que não ajudam em nada as necessidades prementes de sobrevivência planetária.
E essa nova economia do novo mundo contemplará as aplicações produtivas e sociais, com grande prioridade para a situação humana e ambiental.
No novo mundo, possivelmente, a balança do equilibrio mundial terá quatro pratos, pois os países emergentes passarão a representar uma quarta força politica e econômica.
Afinal, a América, sem as economias Americana e Canadense, hoje já representa uma força econômica equivalente à China.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

AS DISCUTÍVEIS POSTURAS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA CONTRA A CORRUPÇÃO

No Brasil não faltam órgãos públicos, muito bem pagos pelos impostos dos contribuintes, tais como os Tribunais de Contas Estaduais e Federal, a CGU, e tantos outros, que têm a obrigação legal, estatutária e até constitucional, de controlar a boa e honesta aplicação dos sagrados recursos públicos.
Qual a causa então de não ocorrerem quase autuações dos corruptos que agem soltos e roubam vergonhosamente elevadas quantias de dinheiros que fazem falta para pagar melhor os professores, os profissionais da saúde e da segurança?
O que se tem visto é uma quase ausência desses órgãos de controle, sendo os casos de corrupção notificados somente pela imprensa, essa sim, uma guardiã dos interesses da cidadania.
Esse é um ponto importante do momento presente.
Outro, é a atitude clara, e declarada, da presidente Dilma de não compactuar com esquemas podres de corrupção, aboletados em vários órgãos do governo federal.
Essa postura exemplar está criando um limite para a ação dos agentes públicos, pois Dilma está demonstrando que não compactua com a presença de corruptos em seu governo.
Interessante que o jornal O Estado de São Paulo, um órgão independente e que tem feito várias denúncias contra a corrupção, se encontra sob censura desde 2010.
Outro ponto: as pouquissimas manifestações de apoio à Presidente Dilma por sua rígida postura contra a corrupção e na defesa do dinheiro dos cidadãos.
Não estaria na hora da população brasileira começar a demonstrar seu repúdio contra os podres esquemas de poder, (dos podres poderes, que pretendem dominar o Brasil roubando e deixando roubar), apoiando explicitamente a Presidente por sua corajosa atitude?
Se os Governadores dos Estados se mirassem no exemplo de Dilma Rousseff, talvez a corrupção começasse a diminuir, afinal não faltam denúncias, quase diárias, de desvios, de aposentadorias desonestas e que representam assaltos aos cofres públicos.
Não faltam também denúncias sobre o uso indevido de recursos finaceiros de fundos estaduais, usados como moeda de troca ou berganha política.
E isso tudo com vergonhosas "prestações de contas" fraudadas, documentos fajutados e notas fiscais fantasmas, com denunciou recentemente, um ex-parlamentar preso por crimes sexuais, mas que apontou, também, vários crimes no âmbito de atuação de muitos outros parlamentares.
Onde estão os "órgãos de controle interno" das Secretarias Estaduais, tão zelosos em exigir burocráticas providências de honestos cidadãos, deixando os verdadeiros patifes e ladrões sem qualquer cobrança efetiva?
É chegada a hora da cidadania Brasileira começar a se manifestar.
Pode dar um pouco de trabalho, mas a história recente mostra que vale a pena.
Vejam os exemplos dos países do norte da África, a Espanha e tantos outros países onde a cidadania passou a demonstrar a sua indignação com a má gestão e com a corrupção.
Na Inglaterra até um jornal foi fechado, por escuta ilegal de cidadãos.
Quem sabe no Brasil os governos comecem a melhorar, se os cidadãos decidem participar e controlar?

AUMENTO DO NÚMERO DE VEREADORES NAS CÂMARAS MUNICIPAIS, É NECESSÁRIO?

Muitas têm sido as enquetes para os cidadãos, aproveitando estas redes de mídias interativas, sôbre muitos temas, a maioria deles de importância para o futuro do país.
A questão da gestão pública em nosso Brasil, é uma necessidade bastante premente de ser discutida, tendo em vista as exuberantes denúncias de corrupção e as más demonstrações das instâncias executivas e legislativas, estaduais e federal, que a imprensa tem noticiado abudantemente.
Sem dúvida, a democracia deve se caracterizar por uma boa representação legislativa, para que os poderes executivos sejam bem controlados, em nome dos cidadãos e eleitores, e para que sejam feitos os necessários projetos de leis para atender o desenvolvimento da sociedade.
As fracas atuações dos poderes legislativos, em todos os níveis, têm colaborado para que a cidadania brasileira tenha um mau conceito, via de regra, de seus representantes eleitos.
Agora, muitas câmaras de vereadores, baseadas em alguma previsão legal de indices de habitantes, pretendem aumentar o numero dos legisladores municipais, em processos puramente internos e corporativos.
Seria de todo democrático, se os atuais vereadores, antes de aumentar o efetivo das casas legislativas, fizessem um balanço da produção de projetos, uma boa avaliação da qualidade da cidadania em nossa sociedade, e, num gesto de respeito à vontade suprema dos eleitores, propusessem uma consulta prévia à população, para gerar uma ampla discussão sobre o tema.
Afinal, representantes eleitos devem ser avaliados, em número e qualidade, pelos eleitores.
Um processo de aferição, seja qual for o nome que se dê a ele, promoveria efetivamente a democracia, sem que se corra o risco de só aumentar o número de bem assalariados vereadores, que só trabalham algumas horas por semana, mantendo outros empregos e não cumprindo o mandato para o qual foram eleitos.
Sugiro que de forma eficaz e ágil, com a ajuda e participação das boas lideranças civis e sociais que se tem visto nas páginas dos meios eletrônicos, se veicule a seguinte questão cidadã:

SIM, EU QUERO UMA CONSULTA PÚBLICA PRÉVIA SOBRE O PRETENDIDO AUMENTO DO NÚMERO DE VEREADORES, NAS CÂMARAS MUNICIPAIS

Fica aqui a proposta.

Vamos participar?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

QUAL É O SENTIDO DA VIDA?

A amiga Dani Garlet, como sempre de forma inteligente e sensível, lançou um provocativo texto sobre a vida.
Com a sua graça habitual, e com a luz que a ilumina, fala da vida e de como devemos aproveitar o presente, que seria o grande momento, o significativo patamar existencial.
Mas claro, a vida é um conjunto de "momentos presentes", que se sucedem ao longo de uma caminhada inteira.
O passado é recordação e exemplos, o futuro prospecção e sonhos.
Sempre que se pergunta a alguém, qual o sentido da vida, de cada pessoa que responde ouvimos um conceito diferente.
Somos todos iguais, mas tão diferentes!
Cada ser tem uma subjetividade, que nos dá a condição de vermos a vida sob a ótica de nossa alma, aliás, o que é alma mesmo?
A única certeza que temos em nossa jornada, é que nada sabemos e que muitas dúvidas temos.
Procuramos nos agarrar em coisas materiais, em objetos, em situações, mas nada temos de sólido nas mãos.
Grande parte de nossas "certezas" na vida, na verdade, são conceitos que abraçamos para obter um pouco de segurança e balizas para nosso caminho.
Buscamos explicações na ciência, na religião, e na história.
A ciência aparentemente responde a tudo, mas basta um pequeno buraco na sua lógica e na sua comprovação, e nos encontramos no colo dos Deuses, aceitando a divindade e o mistério.
As religiões tranquilizam os aflitos, explicam pelo amor e docilidade, mas não conseguem explicar nossa condição de imagem e semelhança, quando nos matamos, nos torturamos, nos negamos à vida e a justiça passa a ser um privilégio de poucos.
E assim amigos fica aqui a pergunta para incomodar um pouco nossas acomodadas explicações para a vida.

Qual é o sentido da vida?

O sentido da vida, talvez, seja exatamente a busca permanente de explicações para as nossas existências.
Por nossa incompletude, e por nossa individualidade, podemos estar destinados a uma procura de um conceito para a vida.
A vida, quem sabe, não tem um ponto de partida e outro de chegada.
A vida pode ser um interminável processo de aprendizado e aperfeiçoamento pessoais, para que, em outro estágio, ingressemos em formas menos egoistas, e egocêntricas, e possamos ver aspectos até então desconhecidos ou pouco percebidos nesta dimensão.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

FUSÕES: MERCADO E CONSUMIDORES EM ALERTA

No momento, as fusões da Perdigão com Sadia, que resultou na BRF- Brasil Foods, passa no CADE e coloca os órgãos de proteção do consumidor em alerta.
Quando houve a fusão das cervejarias, criando-se uma multinacional brasileira com mais de 70% da produção daquele líquido, ocorreu breve momento de efusividade no Brasil, pelo porte atingido por uma corporação nacional.
Logo depois ela foi transferida para controle belga, passando a multinacional para a gestão de um grupo daquele país.
Recentemente o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour, de controle francês, sondaram o BNDES para apoiar a composição das duas organizações.
Ambas privadas e buscando o recurso do BNDES, que é público.
A Presidenta Dilma mandou colocar pé no freio e o BNDES se retirou das negociações.
Nesses casos de fusão, em que resulta grande parcela do mercado nas mãos de poucos, ou um só fabricante, o receio é que as empresas se transformem em monopolistas, praticamente, passando a controlar consumo, preços e oferta de produtos.
Nesses casos o mercado passa a consumir o que lhe é oferecido, sem qualquer poder de intervenção, pelo gigantesco porte de quem deveria estar disputando o mercado, em igualdade de condições.
Pão de Açúcar e Carrefour, como tantas outras redes de supermercados, passam a produzir alimentos e outros gêneros, havendo o risco de esses produtos, pela escala que têm, passarem a esmagar os produtores concorrentes, pelo menor porte desproporcional.
Só como peça de ficção, imagine-se uma fusão entre duas gigantescas redes de supermercados, comprando alimentos de um quase monopólio privado de uma empresa produtora de variadísimas linhas de alimentos, como ficaria o consumidor brasileiro, diante desse gigantismo, que poderia manipular preços e fornecimento.
A Professora Lúcia Helena Salgado expressou suas apreensões diante da aprovação do CADE à operação da BRF, demonstrando preocupação com a possivel perda de competitividade de outras empresas do segmento alimentício.
Também a preocupa a condição do consumidor num Brasil em que já se sofre grande dificuldade de controlar a correta ação mercadológica, e de fornecimento e preços.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO, E INFORMAÇÃO NA SOCIEDADE TECNOLÓGICA E INTERATIVA

A evolução tecnológica coloca a humanidade em novo patamar.
Somos capazes de ver o mundo todo através de dispositivos remotos, podemos acessar todas as pessoas, hoje mais de 3 milhões ao redor do mundo, conectadas em telas e teclados, e de dialogar com quase todos os paises.
As mídias interativas ajudam a formar redes de pessoas, que se identificam por objetivos comuns, segmentos sociais, ou temas em desenvolvimento.
Com isso, os meios de informação e comunicação, convencionais, começam a ensaiar mudanças radicais em suas formas de atuação.
Não se consomem mais as informações em forma de notícia, pois as obtemos diretamente de outras pessoas, muitas vezes vivendo as situações relatadas.
As fotos de eventos e ocorrências são feitas por cidadãos que portam aparelhos celulares, pequenas máquinas eletrônicas, e as transmitem imediatamente.
Livros já são lidos à distância, ficando o registro físico relativizado pela facilidade de down-load ou de ler em tela.
Vivemos um grande momento de tomada de consciência no tocante às nossas possibilidades como cidadãos do mundo, de uma era em que as pessoas podem se conectar e falar diretamente, estando onde estiverem.
Essa situação vai nos colocar em privilegiada posição histórica, pois podemos obter a verdade relatada por quem participa dos fatos e da construção da história do dia-a-dia.
Futuramente não serão mais necessários os "interpretadores" dos registros históricos, pois poderemos obtê-los das fontes que os geraram, ou dos personagens que deles participaram.
A história tende a ser construida de forma mais transparente, dispensando intermediários.
Teremos mais verdade? tomaremos melhores decisões com o acesso às informações fidedignas?
A velocidade da sociedade interativa e conectada exige que façamos reflexões sôbre os novos meios, para que os tenhamos a nosso serviço.
A serviço da cidadania mundial.
A serviço da democracia.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

MACONHA - A SOCIEDADE BRASILEIRA PRECISA DEBATER ESSE TEMA

Vale a pena uma reflexão séria sobre a descriminalização da maconha.
Outros vícios com drogas social e legalmente aceitas, também começam a ser discutidos no Brasil.
Vícios levam a males de saúde e de comportamento ainda não bem avaliados pela sociedade.
O cigarro, todos já sabem os males que causa e agora sofre legislação pesada, que obriga fumantes a se afastarem de locais fechados e cobertos.
Os alcóolicos, em várias intensidades de consumo e dependência, começam a ter o uso restringido por leis e pelo bom senso de não se poder dirigir alcoolizado.
Vários acidentes com mortes e feridos já aconteceram pelo uso decorrente do vício.
É claro que quando se fala de descriminalizar a maconha, não podemos esquecer que precisamos abranger e estudar muitos aspectos, tais como toda a cadeia produtiva envolvida.
Não basta deixar de enquadrar como crime o porte e o consumo de pequenas quantidades.
Não se pode deixar de lado a questão do tráfico, pois se a legislação não abranger o plantio e a industrialização, qualquer liberação na ponta pode representar um estímulo ao sub-mundo da contravenção.
Mas vale pensar no tema e iniciar uma ampla discussão, sem hipocrisias ou preconceitos, pois só assim poderá a sociedade brasileira se posicionar de maneira séria, responsável e coerente sobre a questão da maconha.

ITAMAR FRANCO, UM BRASILEIRO HONESTO

Morreu o ex-Presidente Itamar Franco.
Que lástima!
Homem dedicado, honesto, humilde e atuante.
Não se promoveu com dinheiros públicos, não enriqueceu com verbas da sociedade, não empregou amigos e parentes com orçamentos governamentais.
Dedicou sua vida a um Brasil melhor, ajudou o Brasil a atravessar uma crise institucional com a renúncia/impeachment de Collor, em 1992.
Deixa saudades, não pelos partidos políticos nos quais militou, nem pelos discursos que fez em plenário, ou por entrevistas bombásticas e exibicionistas, como muitos outros políticos comuns o fazem.
Em dois anos e tres meses como Presidente do Brasil, fez muito mais que muitos politicos e gestores públicos conseguem, ou conseguiram fazer em oito anos à frente de governos, estaduais ou federal.
Tranquilizou o país depois da turbulência, lançou o programa de correção da economia do Brasil ao implantar o Real e todas as alterações que isso acarretou.
Deixou os louros da mudança para seu ministro da fazendo, FHC, que foi seu sucessor. Mas deixou para todos os brasileiros o principal: um bom exemplo de cidadania e gestão coletiva, com honestidade e simplicidade.
Nossa sociedade precisa de parâmetros novos para a política e gestão públicas, e Itamar Franco nos presenteou com um verdadeiro banco de dados de modelos e bons motivos para acreditar, e seguir mudando o Brasil.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

PERFUMES E MISTÉRIOS FRANCESES - O PROCESSO CONTRA STRAUSS-KAHN

A França é um país que sempre foi berço de pensadores, que beneficiaram os avanços conceituais e ideológicos do mundo ocidental.
Os princípios da Revolução Francesa, liberdade, igualdade, fraternidade, ainda ecoam pelo mundo, invocando o humanisno, a justiça e a solidariedade entre pessoas e povos.
Grandes filósofos, formuladores e questionadores foram oferecidos pela França, como o casal Sartre e Simone de Bouvoir, signos das posturas revolucionárias que embalaram sonhadores e mudancistas no século XX.
Mas a França, como não podia deixar de ser, também tem seu lado menos nobre, nas guerras colonialistas que protagonizou contra a Argélia, contra o VetNam, nas quais saiu na condição de derrotada militar e politicamente, uma vez que essa posição belicista e prepotente, foi completamente incoerente com as suas bandeiras históricas.
Recentemente, também, foi uma das estimuladoras dos bombardeios à Libia, quando há pouco mais de 2 meses recebia o mesmo tirano, agora bombardeado, com festas e ofertas de equipamentos militares.
No Brasil também os franceses exerceram grandes pressões para encaixar seus caças para a Força Aérea, o que ficou apenas como acenos do Governo Lula, mas que a realidade financeira brasileira ainda não permitiu que se fechasse o discutível negócio.
Mas além da guilhotina usada na Revolução Francesa, e de seus famosos perfumes, a França voltou às manchetes da imprensa mundial, quando o cidadão francês Dominique Stauss-Kahn, dirigente máximo do FMI, foi detido em Nova York, por alegada e nebulosa acusação de violência sexual.
O caso por si já se revestia de estranhas e exóticas particularidades, descritas e contidas num depoimento inconsistente e de procedência duvidosa.
Mas outras duas vertentes indicavam uma coincidência aguda.
Na França, pouco antes do pseudo escândalo sexual, outra situação chamava a atenção sobre as previsões para as eleições presidenciais de 2012.
O mesmo Strauss-Kahn começou a aparecer nas pesquisas eleitorais como o próximo Presidente da pátria de Robespierre e Danton, pois despontava com um percentual de 44%, que era considerado muito dificil de ser alcançado pelo atual Presidente, o marido de Carla Bruni, Sarkozy.
Na Grécia, o dirigente do FMI tinha usado todo o peso do seu cargo para fazer aprovar, com muita rapidez, um pacote para aportar recursos emergenciais, responsáveis pela manutenção do oxigênio daquele país mediterrâneo, que já não conseguia caminhar com as próprias pernas, abalado pelos gastos públicos exagerados e à beira da indimplência, por irresponsáveis gestões anteriores.
Além de salvar a Grécia, as medidas aprovadas pelo FMI deram à União Européia a tranquilidade necessária para evitar um efeito dominó, que levaria a Irlanda, a Espanha, Portugal, a Itália e outros países, a uma situação sem saida e que afetaria, talvez, a própria sobrevivência do bloco europeu, que foi costurado desde 1953.
Após a aprovação do pacote financeiro do FMI, não foram poucas as reações e criticas dos governos canadense e norte-americano contra Strauss-Kahn, alegando que ele estaria fazendo uma gestão "européia" do FMI.
Ou seja, eleições francesas e pacote de apoio à Grécia se encontraram em Nova York, na forma de uma ação tão sincronizada, tão eficaz, que, desde o início passou a sensação de uma bem orquestrada e planejada medida, muito maior que o alegado incidente em um hotel.
O dirigente do FMI é acusado de uma agessão sexual, imediatamente a polícia se dirige ao aeroporto, sabendo exatamente em qual avião ele estaria, não o detém na fila de espera ou no saguão, mas na espetacularizada cabine do avião, cenário ideal para a exposição do aprisionado, uma vez que mais de duzentos passageiros foram testemunhas involuntárias da ópera americana.
E de lá já saiu algemado, ladeado por dois policiais.
Mas o interessante nisso tudo é que a alegada acusadora nem teria ainda registrado ou formalizado a denúncia numa delegacia de polícia e o acusado já estava preso.
Algemado como um perigoso assassino, foi levado às cameras de tv e fotos de jornal, antes mesmo de ter a leitura formal da acusação que se abatia sobre ele.
Ou seja a eficácia superou o fato gerador da prisão.
Muito bem, se tudo isso não fosse suficientemente estranho, ele teve o passaporte retido, foi estabelecida uma caução de 6,5 milhões de dólares, devidamente documentada com escrituras de imóveis pessoais do acusado, sendo o valor de 1 milhão de dólares, em dinheiro, em espécie, depositada em banco norte-americano.
Não lhe foi permitida a soltura depois de registrado o flagrante, sendo mantido em cela junto com outros criminos norte-americanos.
Imediatamente ao renunciar ao seu cargo máximo no FMI, Strauss-Kahn foi solto, transferido para prisão domociliar.
Assumiu ontem, em seu lugar, a ministra Lagarde, francesa como ele.
Hoje, divulga-se na imprensa mundial que Strauss-Kahn foi solto, pois foram descobertas provas de que a depoente acusadora teve inconsistência em seus depoimentos e provas apresentadas e teria em sua conta bancária mais de 100.000 dólares, inexplicados pra seus baixos proventos como camareira de um hotel.
Ainda ontem, a União Européia reforçou a situação da grécia, liberando mais uma ajuda de 12 bilhões de euros, enquanto se aguarda o novo pacote de ajuda do FMI, que tinha sido costurado pelo dirigente anterior, antes de sua pouco clara prisão americana.
Mas agora as coisas podem mudar de lado e, além dos ventos, algumas cabeças podem mudar bruscamente de posição, como que guilhotinadas, pois Strauss-Kahn quer ser reabilitado para retomar a sua corrida ao cargo de presidente da França.
O próprio New York Times, consagrado e respeitado jornal americano antecipa que a ação penal contra ele pode "cair", devido às falhas processuais e ao descontínuo e contraditório comportamento da camareira acusadora e à baixa qualidade das "provas" apresentadas.
Se isso efetivamente ocorrer, Strauss-Kahn tem tudo para ocupar o lugar do marido de Carla Bruni, não havendo chances da beleza da modelo e cantora poder ajudar na reeleição de Sarkozi.
Assim, além das conspirações progressistas de 1789, quando a França mostrou ao mundo o que seria a base revolucionária do novo modelo de república, ela teria agora, no terceiro milênio, a oportunidade de oferecer ao mundo como ainda se fazem conspirações, e os riscos de uma operação de poder mal planejada.
E que a liberdade de informação, muitas vezes surrupiada pelo poder, pode restabelecer verdades.
A mistura de brioches e notícias falsas, com situações urdidas, pode decapitar mais algumas cabeaças, além da desastrada e aristocrática Maria Antonieta.
O tempo dirá.