Independendo das crenças individuais e das linhas religiosas, todos os seres humanos estão vivendo o limiar de um novo ano. As celebrações individuais, familiares, coletivas e sociais, em sua maioria, levam em conta a superação de um período e o surgimento de um novo. 2008 foi um ano em que tivemos crises, guerras, fome, injustiça, inundações, tsunamis, furacões, desabamentos, epidemias, avanços científicos, descobertas importantes, aumento da destruição ambiental, novos alimentos transgênicos, queimadas na floresta amazônica, fuzilamentos, saques, roubos, corrupção, muita corrupção, luta pelo poder, e para mais poder. Ou seja, tudo que vem comprovar que o ser humano é um ser vivo, que percorre o globo terrestre , a procura de um sentido para a vida. Somos todos dotados de uma característica única entre os seres vivos. Somos os únicos que sabemos que sabemos, que temos consciência de que temos consciência. Essa consciência reflexiva nos dá capacidades intelectuais importantes. Somos os únicos seres vivos que podemos mudar as condições objetivas à nossa volta. Somos os únicos seres vivos que podemos desenvolver artefatos que nos disponibilizam uma força inversamente proporcional ao nosso tamanho.
Somos capazes de enviar outros seres humanos para viagens espaciais, para construir estações extraterrestres, para enviar sondas intergaláticas para investigar o cosmo. Desenvolvemos uma tecnologia abundante e abrangente, que associada à universalização de meios de transmissão, nos coloca on-line e real-time com todas as realidades mundiais.
Mesmo assim, desconhecemos nossos vizinhos de condomínio, não sabemos como é a vida de quem cuida de nosso alimento, de quem arruma nossas camas e casa, de quem recolhe nosso lixo ou de quem nos dá segurança. Não sabemos quem são os professores de nossos filhos, não sabemos nem como estão nossos filhos, seja em sua infância com as babás eletrônicas, em sua adolescência com as fragilidades dessa fase ou em sua vida adulta com a necessidade de construir um futuro, num mercado com pouquíssimos novos empregos e com salários aviltados para os jovens. Conseguimos construir casas que duram duzentos anos e não sabemos como encarar nossas existências, muito menores. Somos seis bilhões de gafanhotos predadores, assaltando e dizimando tudo que a Mãe Terra nos oferece e não sabemos o que fazer quando a natureza, agredida, desprezada, destruída e abandonada, nos mostra suas vísceras, implorando atenção, pedindo um pouco de paz. Talvez este período em que estamos, dezembro de 2008, pudesse ser utilizado, por todos, para uma grande reflexão. Um pouco de contemplação do quadro mundial nos apontará alguns caminhos.
A observação da situação nacional poderá nos fornecer elementos de uma análise para que tracemos os planos para 2009 e 2010. Nossas realidades, regionais e locais, são excelentes para aguçar nossas sensibilidades e aprofundar exames sobre nosso futuro em nossas cidades. Quando preenchemos cartões de final de ano, desejando tudo de melhor para todos, sempre usamos palavras bonitas, que refletem as melhores intenções de nossas almas, abarrotadas de bons sentimentos. Olhando os diversos níveis de informação, que nos chegam, por todos os meios multimídia existentes, percebemos que duas palavras, das mais usadas nessas situações, refletem, talvez, o que os humanos mais necessitam: solidariedade e dignidade. A qualidade de vida desse ser vivo errante, que procura, freneticamente, um sentido para viver, pode receber significativa agregação de qualidade se as duas palavras se transformarem em balizas para suas ações nos próximos anos. Que todos possam alcançar estágios de felicidade, com dignidade e solidariedade.
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