segunda-feira, 14 de novembro de 2011

UMA "CIDADE ADMINISTRATIVA" PARA FLORIANÓPOLIS

Várias cidades no Brasil estão partindo para planejamentos sérios, visando otimizar seus recursos naturais, entre eles o mais importante de um município, que é o seu patrimônio territorial.
Hoje, até a Rocinha voltou a ser território da cidade do Rio de Janeiro.
Em 1990/91, quando implantamos o Pidse, em SC, o Programa Integrado de Desenvolvimento Sócio-Econômico, uma das conclusões que mais recebeu destaque dos 217municípios da época, foi justamente a área fisica.
As cidades, com os processos de emancipação, que transformaram as 217 de nosso estado nas atuais 293, sempre tendem a perder partes de suas áreas, tendo em vista a criação de novos municipios.
Nossa capital não tem cuidado bem de seu "terreno".
A questão ambiental ainda recebe primária atenção, a infraestrutura, repartida entre governos federal, estadual e municipal, não recebe soluções integradas, gerando problemas em vários pontos, deixando o cidadão perdido em meio a eternas discussões entre várias dimensões políticas e administrativas.
Florianópolis talvez seja a única cidade do mundo, na qual estradas estaduais, que deveriam ser inter-municipais, são intra-municipais.
São estradas estaduais que começam e terminam dentro de um município!
Ou seja, os principais eixos viários, que seriam avenidas, são estradas estaduais, não gerenciadas pelo município.
Aí estão, como exemplos, a ampliação da via expressa de chegada, o aeroporto, as duplicações das SC's, uma rodoviária estadual na entrada da cidade, uma estação de esgotos idem.
Mas o que mais tem chamado a atenção dos munícipes é a ocupação de espaços nobres, (que deveriam se destinar ao turismo, educação e tecnologia), por prédios de serviços públicos ou de administração.
Todos esse prédios são grandes atrativos de tráfego de veículos, e de pessoas, mas não só de nossa cidade, e sim de toda a grande Florianópolis, e mesmo de toda Santa catarina.
Em 2003, quando o governo do estado concebeu o processo de descentralização, a filosofia era que as secretarias regionais (que deveriam ser agências de desenvolvimento, pequenas e ágeis, para elaborar e implantar projetos de desenvolvimento) assumissem todo o atendimento das demandas de suas cidades, de forma a diminuir todo o tipo de centralização, que ocorria na capital.
A compra do prédio do Besc, na SC-401, se destinava a acomodar o que ficaria da diminuida estrutura central aproveitando algo já pronto e que não impactaria a cidade.
Anos depois, mesmo existindo as muitas secretarias regionais, o governo do estado pretendeu alterar o gabarito do bairro onde se instalara, para construir duas torres de 13 andares, para abrigar a sede do governo.
Pode-se imaginar, se esse projeto for implementado, em que se transformará a SC-401, se somente o governo estadual levar para lá os mihares de funcionários, (com seus veículos), de uma descentralização que se recentralizou.
Além, é claro, dos outros milhares de pessoas que para lá se dirigirão, para obter os centralizados serviços, que deveriam estar sendo prestados descentralizadamente, nas secretarias pretendidas regionais.
Essas ilustrações servem para que pensemos no futuro de nossa capital, que acaba hospedando mais prédios e servidores de vários niveis governamentais, hospedagem que seria muito mais serena, sossegada, e com maior qualidade, se fosse destinada aos turistas que para aqui se deslocam.
Com o tema da quarta ponte, entre Ilha e continente, outra opção, além da reativação da ponte Hercilio Luz, (antes que caia, logicamente), e da implantação de transporte náutico, é chegado o momento do governo municipal estudar uma solução ampla para a localização dos órgãos governamentais.
Já que se fala em parceria público-privada, que com muita facilidade levantaria o bilhão e cem milhões que uma quarta ponte consumiria em sua construção, essa mesma quantia, talvez um pouco mais, poderia resolver a questão territorial de Florianópolis.
Uma, ou várias, grande(s) área no continente, próxima(s) aos eixos de deslocamento e acesso, poderia(m) ser transformada(s) numa Cidade Administrativa, com a construção de um grande complexo para acomodar todos os serviços municipais, estaduais e federais.
Já se pode imaginar o ineditismo dessa iniciativa e o exemplo para o Brasil, pois a agilidade e presteza no atendimento, em tres níveis, seria algo digno de elevada repercussão.
As redes de comunicação, transmissão de dados, completamente integradas, permitiriam uma prestação de serviços de elevadíssimo nivel e de eficácia padrão Japão.
Lá haveria a concentração de elevado numero de pessoas, que viabilizariam, com seu consumo e gastos, muitos restaurantes, hotéis, transportes, outros serviços pessoais e coletivos.
Ocorreria forte racionalização de meios, pois a localização agrupada permitira a otimização de recursos, que hoje são espalhados e ineficazes. Imagine-se uma central de transportes, que retirasse a necessidade de muitos carros, para o transporte de pessoas.
Poder-se-ia implantar um metrô de superfície, finalmente, que passaria em monotrilho elevado sobre o canteiro central da via expressa, entrando na ilha pela recuperada ponte Hercilio Luz, ramificando-se, pelo centro das avenidas para o sul e norte da Ilha.
Linhas de ônibus expressos, com todo o conforto, diminuiriam o elevado número de carros pessoais, melhorando até a qualidade do ar.
E tudo poderia ser licitado pelo governo, já que para a obra da quarta ponte, devem ter sido cadastradas muitas empresas, que demonstraram grande interesse de investir para receber outras compensações, já que a ponte não poderia cobrar pedágio.
E Florianópolis poderia, enfim, realizar sua vocação de centro turístico, cultural, educacional, e tecnológico, com bons exemplos para o Brasil de como se pode produzir um bom planejamento urbano, sem transformar a cidade numa vitrine de diferentes modelos de pontes, que nada resolvem, e que a tudo congestionam.
Os governos nada desembolsariam, somente passando a pagar alugueres, em valores previstos e contidos em termos das licitações, (calculados para em determinado numero de anos reembolsar o investimento, e o necessário lucro, dos parceiros privados de uma ppp) a partir do momento em que as novas instalações fossem efetivamente ocupadas.
E ainda poderiam arrecadar bons dinheiros, leiloando os prédios liberados, para que servissem, prioritariamente, aos setores já elencados de turismo, educação, cultura e tecnologia.
Com certeza Florianópolis mudaria de aspecto, elevaria sua qualidade de vida, e haveria muito dinheiro para imediatos investimentos em saúde, segurança, educação e, principalmente, para a recuperação ambiental de nossas praias e bairros, onde as pessoas frequentam e vivem.

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