Recentemente, o DC publicou uma matéria onde era apresentada a arte de uma maquete eletrônica de como seria a quarta ponte ligando a Ilha ao continente.
Sinceramente, as fotos que vi me deixaram apreensivo.
O grande volume de concreto, em forma de muros para sustentar as pistas de acesso e descida, me lembraram os outros muros que afastam a cidade do mar, e impedem a sua visualização.
Temos o acesso ao túnel, as construções da passarela onde ocorrem os desfiles de carnaval, o centro de eventos, a estação de esgotos, enfim, uma sucessão de vedações ao convívo com o mar.
O aterro da Baia Sul, completamente corrompido daquilo que seria o projeto original de um grande paisagista como foi Burle Marx, afastou as pessoas, abriga estacionamentos e espaços para ônibus, terminais urbanos, e se tornou um espaço árido e sem vida, quando deveria, e poderia, ser o grande parque da cidade. Um espaço de convívio, de encontro das pessoas, entre elas, e delas com o mar, com a beleza natural de nossa cidade.
Pois bem, a maquete apresentada mostra essa mesma tendência de levantar mais muros e isolar uma área, na qual as pessoas convivem, hoje, com a cidade e o mar, simultaneamente.
Fala-se, também, em prédios privados para pagar o investimento privado.
Ora, qual a razão, se deve ser feita essa operação, de não oferecer as desertas áreas que cercam a via expressa sul, abandonadas, sem qualquer utilização pela cidade, e tendentes a se tornarem ocupações irregulares, ou eternos pastos.
E não demandariam novos aterros!
Os prédios públicos, que também se fala na matéria, é uma verdadeira nóia que deve ser combatida pela sociedade.
Afinal, os serviços públicos não necessitam ter visada para o mar.
Precisam, sim, é ter olhos e sensibilidade para as demandas sociais, que não são poucas em Floripa.
Todos os serviços públicos, que se instalaram na região da Beira-Mar se constituem em atrativos de pessoas, veículos e, por consequência, de grandes aglomerações, tráfego e congestionamento.
Todos os prédios de governos municipal, estadual e federal, deveriam ser estimulados a se localizarem no continente, para que a cidade volte a se estimulados a se localizarem no continente, para que a cidade volte a se movimentar, sem os diários congestionamentos, tendo em vista as grandes limitações territoriais, que a condição de ilha oferece.
A maior preocupação, e apreensão, é a naturalidade com que se trata a possibilidade de novos aterros na área oceânica criando um outro lado ocupado,
um possivel outro paredão de prédios, no que hoje é o mar.
Já existe um projeto de aterro para ampliar a área da ponta do Coral. Mas pode se fazer aterro para aumentar com área, e águas, públicas, um patrimônio privado?
Agora o projeto do governo estadual, com mais aterro para a quarta ponte e áreas de manobras e mais pistas.
No Ipuf, órgão responsável pelo planejamento urbanos de Florianópolis, alguém foi consultado, tecnicamente?
Quem são os autores do projeto, e quais especialistas forneceram seus pareceres para atestar a sua necessidade e viabilidade, respeitando as limitações legais e ambientais?
E as opções hoje utilizadas em vários centros do mundo, de transporte náutico?
Muito passeios foram feitos, grandes barcaças apresentadas, fotografadas, noticiadas na imprensa, mas até agora, nada.
Nossos governantres, que adoram viagens ao exterior, sempre voltam maravilhados com os meios de transporte que conhecem em países que investem nessa modalidade.
Mas ao retornar ao Brasil, parece que voltam às limitações de opções rodoviárias e asfálticas.
Fala-se que a ponte não teria envolvimento de valores ou recursos públicos.
Como que não?
As áreas a serem oferecidas para ressarcimento privado dos investimentos, são patrimônio dos cidadãos desta cidade, e de SC, pois são capital ambiental e paisagístico, de propriedade e domínio públicos.
Pelo porte do projeto, pelo elevado valor a ser comprometido pelos cidadãos, é necessário que se conheça muito bem o detalhamento dessa iniciativa, pois ela pode ser o marco da deterioração da qualidade de vida, se não forem observados os parâmetros necessários.
Uma ampla discussão com a sociedade, representada por professores, especialistas em desenvolvimento urbano, pesquisadores sociais, geógrafos, ambientalistas, se torna urgentemente necessária.
Sem isso, serão opiniões de poderes públicos, pressionados por interesses privados, embalados por ganhos e lucros.
Se essa é a linguagem, que prevaleça, então, o lucro social, coletivo.
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