domingo, 21 de março de 2010

PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO- Presente e Futuro de Florianópolis- parte II


Nossa cidade precisa andar mais. Não precisa de mais andares.
Florianópolis precisa deslanchar seu trânsito.
Não precisa, e não quer, mais altura nos prédios que já tem. Não precisa, e não quer, mais gabarito para mais andares.
Chega de quantidade, a cidade precisa de qualidade, precisa qualificar suas condições para oferecer boa condição de vida para seus habitantes.
Muito se fala em inovação, mas a gestão municipal, além de viagens ao exterior e de alguns eventos grandiosos em alguns recantos, para onde os visitantes são levados em helicópteros e ônibus luxuosos, não tem investido nesse nível.
Os benefícios e as soluções que são gerados pelo polo tecnológico de Florianópolis, não são aproveitados nem aplicados na cidade, para gerar melhorias a seus habitantes.
Somos uma cidade com muito sol, mas não temos uma política pública para estimular os moradores a investir em energia solar em suas casas e edifícios.
Temos problemas de congestionamentos de trânsito, mas a prefeitura não estimula programas de carona solidária, ou a melhoria em alternativas de transporte coletivo.
Temos a presença do mar em toda a cidade e não dispomos de transporte marítimo.
Ou se fala e projeta megalômanas soluções caríssimas, ou nada se faz dentro da funcionalidade e das possibilidades financeiras de nosso orçamento municipal.
Os grandes eixos viários da Ilha, as SC’s, são estradas estaduais, sobre as quais o município não pode atuar, quando já deveriam ter sido assumidas pela prefeitura para submetê-las aos ditames da cidadania florianopolitana, e não mais à visão do governo do estado.
Estradas estaduais são intermunicipais e não intramunicipais.
As SC’s devem servir para interligar municípios.
Para integrar bairros de uma mesma cidade deveriam ser tratadas como avenidas urbanas, sob a gestão local.
As grandes verbas gastas em propaganda oficial poderiam ser usadas em beneficio da cidadania, estimulando novos usos e costumes, que diminuíssem os gastos com combustíveis e o volume de carros circulando, em sua maioria com uma única pessoa a bordo.
As calçadas apresentam grande numero de interrupções, falta de rampas para cadeirantes, desníveis imensos, os tempos de sinaleiras para cruzar ruas são muito exíguos, a iluminação pública deficiente em vários pontos, demonstrando a falta de uma ergonomia urbana humanizada e adequada às pessoas.
Pessoas portadoras de deficiências sofrem com a ausência de medidas efetivas para amenizar suas limitações, idosos só conseguem atravessar certas ruas e avenidas se conseguirem atenção especial de transeuntes solidários.
A centralização de eventos artísticos e culturais na entrada da Ilha, principalmente na beira-mar norte, e com enormes gastos para pagar pessoas de outros estados e paises dá a impressão de que só dependemos de artistas de fora e que não temos outras opções de local para essas manifestações.
Por toda nossa cidade, na Ilha e na sua parte Continental, encontramos praças e parques, que se recebessem um pouco de infraestrutura como pequenas conchas acústicas e modestos recursos financeiros, poderiam se transformar em pontos de música, teatro, artesanato e folclore com performances garantidas por nosso significativo estoque de artistas e agentes culturais, que apresentariam o rico mosaico oriundo de nossa história, de uma identidade desenvolvida pelo respeito às características antropológicas de nossas origens.
Agora os cidadãos de Florianópolis precisarão escolher o modelo que querem para a sua cidade.
Uma cidade que vai garantir a sua história e seu desenvolvimento coerente e equilibrado, ou a cidade complexa e problemática, alienada e alienante, com elevadas taxas de violência decorrentes de um inchaço artificial e comandado por interesses focados no lucro imediato e no descaso e desrespeito com a vontade soberana de seus reais mandatários.;
Nas reuniões comunitárias, dentro do processo participativo do novo Plano Diretor, ficou evidente, explícito e bem claro, que os moradores querem a cidade para si, para seus filhos e netos, e para isso precisam exigir respeito às suas vontades.
Para isso precisam proteger o ambiente natural de Florianópolis, que é seu principal capital e fator de valorização.
A população não quer mais loucuras nas alturas, nem frenéticas ruas tomadas de veículos, ambos fatores que reduzem a boa qualidade ambiental da cidade e estressam seus cidadãos, diminuindo e desvalorizando os elementos naturais de beleza, que recebemos como herança.
Se outros interesses, da especulação imobiliária, aliados a segmentos políticos e eleitoreiros, pretendem escamotear modificações no Projeto de Lei que vai ser entregue na Câmara Municipal, no dia 30 de março, os habitantes da Capital terão que acionar todos os instrumentos a seu alcance, e garantidos por lei, para não permitir que em seu nome sejam cometidos atos prejudiciais ao futuro da nossa qualidade de vida.
É evidente que os bairros não suportariam receber mais grandes levas de moradores, pois não têm a mínima condição por falta de tratamento de esgotos, fornecimento normal de água, acessibilidade e mobilidade, e toda a necessária estrutura para essa invasão que só é pretendida por aqueles que querem unicamente lucros imediatos, não importando os impactos a curto prazo.
Esse momento, que vivemos é crucial para garantir a cidade que queremos para nós e para deixar para as próximas gerações.
O momento é decisivo para desenharmos a cidade do futuro e as medidas que precisam ser tomadas para garantir vida digna e decente para quem aqui vive e produz.
A frase histórica volta a ser necessária: “o preço da liberdade, é a eterna vigilância”.

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