quarta-feira, 17 de março de 2010

PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO-Presente e Futuro de Florianópolis



Nossa capital está às portas de construir e transformar em lei tudo aquilo que seus habitantes sentem como necessário para que possamos conservar as boas condições que ainda temos e garantir a qualidade de vida para o futuro.
Nosso presente nos ensina que não podemos deixar esse processo nas mãos apenas do poder executivo e do legislativo florianopolitanos.
As experiências recentes, dos últimos anos, incluindo ai a Operação Moeda Verde, que muitos gostariam de apagar da memória coletiva e da história da cidade, nos provam que a análise e votação de projeto de lei tão essencial, não podem ficar restritas ao velho, e velhaco, jogo de interesses de pequenos e poderosos grupos de interesses, tanto políticos quanto econômicos.
Todos queremos o desenvolvimento pleno de Florianópolis, desde que mantidas as condições de sustentabilidade, respeito ao meio ambiente, e melhores condições de vida para os que aqui vivem, e mantêm, a cidade com seus impostos, trabalho e amor.
Dessa forma, é muito importante que se fique atento para que não se permita que novos patamares de agressão à já frágil realidade de nossa Florianópolis sejam perpetrados.
Nossa capital precisa valorizar sua rica e expressiva cultura própria, suas manifestações culturais, seus artistas e promotores culturais.
Precisamos desenvolver um turismo que para aqui venha sem a expectativa de encontrar uma ridícula réplica do deslumbrado e exógeno modelo Dubai, ou uma profusão de paredões de edifícios e torres, que mais lembram outros centros gigantescos, que não possuem as belezas naturais nem a pujança artística e cultural que aqui temos.
Não podemos deixar nosso futuro nas mãos de quem só se ocupa e preocupa com mandatos de poder, enquanto a cidade naufraga num transito caótico, esgotos não tratados, obras não concluídas e discutíveis soluções urbanas que não consultam nossos melhores técnicos, desprezados em suas especialidades por medidas imediatistas e sem base técnica, de tiranetes de aldeia, que só conseguem ver os habitantes de nosso município como tolos eleitores que lhes darão o voto para que possam permanecer em seus bem pagos cargos públicos.
E não serão mais andares em prédios, nem mais asfalto ou concreto em ruas e impermeabilizações do solo que vão garantir dias melhores para Florianópolis.
Não serão meras cópias ridículas e incompetentes de grandes projetos de outros países que nos deixarão mais inteligentes ou sensíveis.
Precisamos de conceitos de gestão publica que sejam resultantes do respeito à nossa história, identidade e vocações.
Nosso futuro é assunto sério demais para que o deixemos escorrer pelas mãos de mercadores de solo urbano e de belezas naturais.
Nosso futuro está em nossas mãos e não podemos endossar qualquer tipo de medida legal que não tenha sido exaustivamente estudada, analisada e desenvolvida com a concordância e a intensiva vigilância de nossa cidadania.
Desenvolvimento é o estágio em que todos podem usufruir dos benefícios de seus resultados.
O que hoje temos, é puramente crescimento econômico e físico da cidade.
Este estágio atual mantém a exclusão, a injustiça, o abandono de setores e regiões da cidade e um grande processo de destruição do tecido social com a propagação da violência.
E mantém a indigna pirâmide social, excludente e concentradora, que só atende às elites no poder, que não são elites intelectuais e sim uma elite de piratas e saqueadores, que se apropriaram de uma riqueza material que não lhes pertencia por mérito moral ou ético.
Violência que não parte só dos abandonados à miséria e à fome.
Violência que vem da impunidade com os corruptos, dos desvios de verbas de suas finalidades coletivas, do abundante nepotismo, mesmo que disfarçado, e de aplicação expressiva de recursos públicos para atender interesses privados.
Violência que vem dos maus exemplos de gestores públicos que não trabalham em seus cargos, que não produzem soluções esperadas e requeridas pela população de Florianópolis, e só aplicam seu tempo em fazer politicagem, articulações para permanecer no poder, ou com mais poder, e em contratações suspeitas e merecedoras de investigações policiais.
Violência que gera omissão crônica do estado formal de suas obrigações constitucionais e que permite a expansão de um estado paralelo, do tráfico de drogas, das armas, do assalto e da morte, com o qual os desonestos semeadores dessa condição acabarão negociando para limpar suas fortunas feitas de dinheiros roubado e sujo. Dinheiro sujo de sangue.
Por isso, é chegado o momento de comparecer aos encontros, sessões da Câmara Municipal, e acompanhar atentamente todos os movimentos desse importante documento que deverá conter as garantias de tudo aquilo que os cidadãos, honestos e comprometidos com uma qualidade de vida digna e decente, anseiam para suas vidas e das próximas gerações.
Repetindo uma já conhecida frase, não podemos refazer o que foi feito antes, mas podemos tomar em nossas mãos o futuro e construir uma nova realidade, que tenhamos orgulho de passar para nossos filhos, netos e todos que nos sucederem.

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