segunda-feira, 28 de maio de 2007

Blog, essa nova mídia em experimentação

Prezados leitores

Este é um espaço novo e em fase de implantação. Sua leitura me honra, sua análise é necessária, sua avaliação muito bem-vinda. Este Blog mostra vários textos e para acessar os mais antigos clique no ícone postagens mais antigas. Ficarei muito feliz em receber suas sugestões pelo e.mail : danilocunha@terra.com.br . Leia, participe, colabore, critique e ajude a melhorar. Sua participação é essencial .
Muito obrigado !

Danilo Cunha

Reciclando a participação

maio/2007
Uma proposta de desenvolvimento participativo


-Proposta para a formação de Território de Desenvolvimento na região compreendida entre o Rio Ratones e a Igreja de São Francisco de Paula
-Proposta de criação de uma Agência de Desenvolvimento para a Região compreendida por Jurerê, Praia do Forte e Daniela.
-Proposta de Compromisso Ético que todas as entidades comunitárias da região de Jurerê,Praia do Forte e Daniela adotem como base para construir um projeto de desenvolvimento integrado.


Discutir, enriquecer, ampliar, aprofundar, ajudar a divulgar entre os seus moradores, proprie-tários, filiados e representados e, após o processo de aprovação, implantá-lo em toda a região abrangida pelas Associações que representam.
Todos os participantes concordam e recomendam aos demais moradores, que o conceito da
região visa preservar e desenvolver, de forma ética e sustentável, nossa comunidade situada dentro de uma cidade e região que devem ser preservadas primordialmente em seu meio am-biente, suas riquezas naturais, como a água e a orla marítima, margens de rios e córregos, ruas, alamedas, vegetação, paisagem e todos os demais elementos do patrimônio natural.
Entende-se como desenvolvimento sustentável o conjunto de agregações, transformações e
atividades que produzam melhorias na qualidade de vida das populações da região de Jurerê, Praia do Forte e Daniela como um todo, agregando valor qualitativo ao conjunto de bens naturais sobre o qual nos encontramos e permitindo atividades de natureza econômica, não poluidoras, privilegiando a geração de trabalho e renda nas comunidades . Elaboração e participação do e no Plano Diretor Participativo,de forma coletiva e defendendo os princípios de qualidade de vida construídos no coletivo das entidades de participação comunitária. Participar de todas as ações que venham a exigir da Câmara de Vereadores da Capital a regulamentação e implantação, em Florianópolis, do Estatuto das Cidades para gerar avanço qualitativo em novas medidas de proteção à cidadania, como a inovação dos estudos de impacto de vizinhança. Que não se permita destruir o meio-ambiente e que ajudem a preservá-lo. Que façam cumprir rigorosamente as leis ambientais, a legislação urbana municipal estadual e federal . Que respeitem a vocação histórica e natural da região no tocante ao turismo,à pesca artesanal, à vida tranqüila e sem qualquer fon-te de poluição ambiental, sonora, visual . Que todas as obras, públicas ou privadas, sejam fiscali-zadas por toda a comunidade e em todas as áreas da região de Jurerê,Praia do Forte e Daniela. Que as associações comunitárias, em conjunto ou isoladamente, controlem e fiscalizem as atividades e competências de responsabilidade do poder público, exigindo que cumpra o seu papel de ordenador coletivo e defesa da cidadania. A região de Jurerê, Forte e Daniela é carac-terizada por sua vocação residencial, turística e serviços e tem várias atividades conexas e decorrentes, como a hotelaria, pousadas, restaurantes, comércio e lazer as quais merecem toda a atenção das associações comunitárias e moradores, para conciliar as atividades comerciais, sem permitir que se agrida, atrofie ou prejudique o padrão de qualidade de vida e convivência esta-belecido pelos moradores e suas associações comunitárias. Um ponto importante a destacar , é o compromisso de todos os moradores e entidades comunitárias da região com os princípios de preservação da área e de seu conceito, região de atividades limpas e preservação, livre de iniciativas e eventos que possam colocar em risco a qualidade de vida e a tranqüilidade de seus moradores. Esse conceito incorpora uma ação ética coerente , que deverá nortear todas as atividades das entidades comunitárias da região, não permitindo empreendimentos e ações que concorram e/ou possam diminuir ou destruir o modelo. Mesmo que algum procedimento , por qualquer motivo , não esteja explícito nos regulamentos ou neste pacto ético e que o mesmo possa vir a causar danos ou qualquer tipo de agressão, desestabilização ou desequilíbrio ao mo-delo/conceito da região e cidade onde se situa , o mesmo será considerado irregular e em desa-cordo com a natureza desta região. .


Região,território e desenvolvimento – alguns conceitos

O processo de desenvolvimento legítimo é resultado do respeito à formação histórica, cultural e ambiental da região.A evolução(história, cultura, identidade, vocação) é a base para a construção ou para a retomada de um ciclo legítimo de desenvolvimento. Desenvolver é transformar sonhos em realidade, atendendo as limitações e as características ambientais e humanas e visando um estado geral de felicidade das pessoas. O desenvolvimento adequado de uma região e a criação de um território de desenvolvimento, que atenda as aspirações das redes humanas que operam na região, será melhor e mais bem concebido se planejado e executado dentro de um modelo misto que reúna instrumentos de representação e participação. A região de Jurerê, Praia do Forte e Daniela compreende as praias de Jurerê Tradicional, Jurerê Internacional, Loteamento Praia do Forte, Praia do Forte e Praia de Daniela.O conceito de região engloba todo o patrimônio natural. A região é entendida para fins de desenvolvimento como a área compreendida entre o rio Ratones, ao sul, e a Igreja de São Francisco de Paula, ao norte. Desenvolvimento é o estágio em que todos os moradores da região se beneficiam dos avanços construídos e das conquistas auferidas na melhoria das condições ambientais. Desenvolvimento está diretamente ligado ao conceito de bem-estar da população, de cumprimento por todos do conjunto de leis e do respeito à história, cultura e vocação da região. Nossa região tem uma história, que gerou uma cultura, que gerou uma identidade, que gerou uma vocação. Desenvolvimento é potencializar a vocação local, agregando qualidade aos elementos históricos herdados.Desenvolvimento está ligado às pessoas que habitam uma região. Região desenvolvida diz respeito ao nível geral de felicidade das pessoas. Desenvolvimento se constrói sobre a história, cultura, identidade e vocação da região. Desenvolvimento é o conjunto de estágios de melhoria da qualidade de vida e as transformações decorrentes. Entende-se por território o conjunto de redes formadas entre as pessoas, suas iniciativas, atividades desenvolvidas, resultados alcançados e a apropriação dos resultados econômicos para realimentar o processo de desenvolvimento comprometido com a região e sua história. Forma território uma história comum, metas consensuais de desenvolvi-mento, construção coletiva de conceitos, participação na discussão e destino da região. Forma território a identidade entre os agentes que nele vivem e atuam, em todos os níveis: humano, cultural, ambiental, político e econômico. Os interesses e motivações pessoais, individuais são de foro íntimo, reservados e protegidos do coletivo, pois são construídos pelas crenças e valores de cada família. O território se configura quando existem objetivos comuns, metas construídas solidariamente, ação permanente de interação (comunicação + informação + participação) entre pessoas e entidades de representação coletiva, agentes econômicos e políticos. Região = aspectos físicos, legais, patrimoniais, humanos e materiais bem configurados. A região se vislumbra num mapa, se entende num desenho. É a parte física de um processo territorial . Região são os limites físicos, os rios, as ruas, etc. Território = aspectos históricos, culturais que identificam pessoas, objetivos comuns e apropriação de resultados de forma coletiva. São as várias dimensões que as pessoas constroem sobre uma região, a partir de suas identidades e vocações.O território englo-ba as riquezas e criações humanas tangíveis e intangíveis.Todo o território está sobre uma re- gião . Nem toda a região forma um território. Território é o solo, a região, as potencialidades, o modelo de desenvolvimento adotado. É a identidade descoberta e expandida sobre o respeito pela história, identidade, cultura e a vocação da região física.

Proposta :

1) Discussão pelo grupo de representantes das entidades comunitárias de moradores e associa- tivas com representação na região Jurerê, Praia do Forte e Daniela
2) Formação de grupo, com representantes de todas as entidades, para elaboração de Projeto de Desenvolvimento Conjunto
3) O Projeto de Desenvolvimento Conjunto da Região de Jurerê, Praia do Forte e Daniela deverá abranger todos os aspectos necessários para servir de base ao Plano Diretor Participativo e da participação junto ao Forum Permanente de Associações Comunitárias da Bacia do Rio Ratones.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Victor Márcio Konder-um homem de todos os tempos

Tive a honra de ser seu aluno, seu companheiro de diretoria da Escola de Governo e Cidadania,da qual ele foi um dos fundadores em SC, e a alegria de com ele conviver, como cidadão e intelectual que foi. Instigante, lúcido leitor da realidade, pragmático apreciador do painel social.Irreverente, cético quanto a arroubos políticos salvadores, suave demolidor de eventuais novos messias, questionador de verdades prontas e acabadas . Professor Victor, como era cha-mado, nos passou o gosto pela análise das conjunturas, o respeito pela dúvida investigativa, a maturidade da experiência e a jovialidade da descoberta.Foi um cidadão do mundo, acompanhou as grandes lutas ideológicas, viveu intensamente seu Brasil, deixou sua contribuição em vários níveis de governo, foi atuante no poder, jornalista militante e profícuo Educador. Victor Marcio Konder foi, antes de mais nada e acima de tudo, um ativo cidadão do século XX, que entrou no terceiro milênio para nos deixar um exemplo de simplicidade e grandeza, de tolerância e positividade, de sonho e esperança. Por tudo isso, por toda sua vida , por todo o legado que nos deixou, Victor Marcio Konder foi um homem de todos os tempos .

Danilo Aronovich Cunha

Inteligência




Inteligência e quociente intelectual-QI
O conceito de QI- quociente intelectual foi desenvolvido pelo Psicólogo francês ALFRED BINET, em 1900 .Se constituía em um conjunto de aferições de raciocínio, rapidez e resultados, avaliados por conceitos e parâmetros daquela época .Após a primeira guerra mundial (1914/1918), vários estudiosos americanos se dedicaram a ampliar o conceito de QI e seu uso, tendo os métodos
desenvolvidos sido aplicados em mais de um milhão de soldados americanos, para avaliar competências. Hoje, o conceito de QI é altamente relativo, pois se reconhece que questões familiares, ancestralidade, contexto, estímulo, volume de informações,meio-ambiente,tecnologia, vocações podem determinar padrões de comportamento da inteligência.

Inteligência
Capacidade de resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais ou comunitários . Faculdade de aprender ou apreender, compreender, perceber, que envolve: intelecto, intelectualidade ,capacidade, agudeza, perspicáci , destreza, habilidade

Inteligência artificial
Ramo da Ciência da computação dedicada a resolver processos computacionais que reproduzam capacidades ou conhecimentos peculiares ao ser humano, como: inferências lógicas, linguagem natural, reconhecimento de padrões.

Inteligência – serviços de
Uso do conceito de inteligência aplicado a atividades de espionagem, contra-espionagem, informação e contra-informação

Inteligência emocionalConceito baseado nas capacidades descritas como inteligência inter-pessoal e intra-pessoal , que definem competências de compreender outras pessoas, de interagir com grupos e pessoas, de realizar inferências, empatias, de operar com naturalidade e aceitação de sentimentos próprios e alheios . Pessoas que tenham uma abrangente e madura visão de si, poderão ter essa visão das outras, facilitando trabalhos, estudos, realização pessoal e atingimento de objetivos individuais e/ou grupais . A inteligência emocional trabalha com o conceito de estímulo, entendendo que as emoções são campos tão ou mais importantes que a racionalidade e a lógica matemática. A introdução do conceito de visão e reconhecimento holístico do ser humano, trouxe a discussão das várias dimensões das pessoas, sendo essas dimensões articuladas no espaço físico, emocional e espiritual dos seres . Outro aspecto importante da inteligência emocional é a questão da inclusão das pessoas nos processos, sejam eles quais forem .Todo ser humano tem necessidade intrínseca de ser conhecido, mas, principalmente, de ser reconhecido .Esses conceitos de inclusão e de reconhecimento são fundamentais para que se compreenda a dimensão emocional da inteligência . Um ponto pouco estudado e admitido é o conjunto de reações e elementos químicos, elétricos, hormonais e emocionais, que agem sobre os neurônios quando os conhecimentos, emoções , choques etc, são processados em nosso organismo .A inteligência é uma construção feita sobre vários elementos e é multi-facetada.A inteligência é distribuída pelo corpo, o que nos dá sensibilidade, paladar, audição, visão etc. A inteligência é função das dimensões intelectuais, culturais e contextuais .Os conceitos de inteligência dependem de época, lugar e cultura .Aspectos tecnológicos e informacionais influem e determinam tipos de desenvolvimento de inteligência O conceito de inteligência se confunde com os conceitos de habilidade, competência, capacidade, criatividade, domínio, estímulo, conhecimento, cultura .As questões ambientais influenciam no desenvolvimento da inteligência .A inteligência tem várias dimensões: -inteligência lingüística – capacidade dos poetas e escritores, jornalistas etc. -inteligência lógico-matemática – capacidade para cálculos, projetos exatos, -inteligência espacial – capacidade de formar modelos mentais de um mundo espacial, abstração, pré-visão de volumes e distribuição (projetos de decoracão e arquitetônicos) -inteligência musical – musicos, artistas, dançarinos, sapateadores etc. -inteligência corporal-cinestésica – usar corpo inteiro para realizar trabalhos como atletas, dançarinos, artistas etc.-inteligência interpessoal – compreender outras pessoas, aspirações, realizar coisas com elas, reconhecer a alteridade( o outro)-inteligência intrapessoal – capacidade de se reconhecer, se ver por inteiro e usar essa capacidade para operar com o meio e com os outros .

domingo, 13 de maio de 2007

Lagoa da Conceição

LAGOA DA CONCEIÇÃO
Setembro 2001.


A Lagoa da Conceição deixou de ser, simplesmente, o nome de um bairro .
Passou a ser o símbolo de um modo de vida, de uma região da cidade, de uma escolha, de um padrão .
A Lagoa é o resgate do bem-viver, do contato com a natureza, do convívio solidário e da beleza com qualidade .
A Lagoa é um lugar de sonho, que viabiliza sonhos de lugares imaginados por quem aqui decidiu viver .
O nativo tem orgulho, o migrante adoração, o turista saudade, o morador paixão !

LAGOA

Lagoa do peixe, do pirão, da canoa e da renda

Lagoa da Barra, da Mole, da Galheta e da Joaquina

Lagoa do Canto, da Costa, do Centrinho .

Lagoa do surfe, das pranchas e dos ventos

Lagoa das velas, das dunas e recantos

Lagoa da arte, do doce, do café e do sonho

Lagoa do passeio, amor e anseio

Lagoa da paixão

Lagoa da Conceição !

Olhar histórico e reconciliação

Nossa construção histórica foi autoritária e centralizada, advinda do colonialismo e de um “estado-corte” que se implantou no Brasil, independente da existência de uma sociedade, de forma vertical, unidirecional.
Esse “estado-corte” produz adeptos e efeitos até hoje, bastando olhar as formas pouco sensíveis de governar que, via de regra, se notam na atualidade.
Fala-se com muita facilidade na violência e no narcotráfico, como se esses fenomenos da contravenção ocorressem espontaneamente.
Na verdade é a violência do excluido uma reação à ação de violência da injustiça social, da corrupção, da impunidade de colarinho branco.
O narcotráfico é uma conseqüência do narcoconsumo.
Fala-se com medo e preconceito das favelas e periferias urbanas .
O processo de favelização é uma conseqüência de uma sociedade desigual e excludente, que aceita o conceito da exclusão social, desde suas origens escravagistas.
O individualismo exacerbado nos embota a sensibilidade para compreender a sociedade como um todo e permite que nosso país ostente a deplorável cifra de milhões de pessoas em condição de miséria.
A ganância alienada e alienante, o desrespeito com a natureza permite que nosso território, nossas costas e nossas cidades sofram violentas agressões e destruições ambientais, como se o concreto pudesse substituir nossos mananciais, nossos rios,nossa água, nosso ar e nossos sonhos de nação.
Urge uma mudança, urge uma nova atitude, urge uma nova postura e urge um novo conceito para nossa sociedade.
É fundamental a elaboração, a construção de um pacto. Que envolva uma atitude responsável e solidária e que permita um grande movimento nacional de reconciliação. Um Pacto que contenha um Projeto de Nação para a sociedade Brasileira.
Uma visão estratégica que passe a valorizar o grande capital multiracial, multireligioso e
multicultural que construimos no Brasil. Um Projeto de Nação que valorize nossas riquezas naturais, nossas fontes de energias alternativas e nossas reservas . Precisamos reconciliar :
o ser humano consigo mesmo, o alfabetizado com o analfabeto, o homem com a mulher, o branco com o negro e o índio, quem tem com quem nada tem, o ser humano com a natureza, o jovem com o velho, o livre com o preso .
Para isso, precisamos reolhar nosso semelhante, reconhecer nossosirmãos que sofrem, nos re-ligarmos ao todo e nos reconciliarmos com a vida.
Precisamos criar a nova cidadania desse novo tempo que precisa surgir.
De Carlos Drummond de Andrade , citamos :
...”entre a raiz e o fruto, há um tempo...”
E interpretamos:
a raiz é a base, são os conceitos, as construções e elaborações humanas, raiz é a crença, a ancestralidade, a história, os valores, a herança, a cultura, o substrato. O fruto é o resultado, a colheita do que plantamos, a gratificação da semeadura. O fruto é a mudança alcançada, o futuro sonhado, o sonho construído. O tempo é o processo, o transcurso, o caminho, a espera,o conflito,o aprendizado, a maturidade. O tempo são os filhos, as escolhas, os rumos, as eleições , todas as opções de vida . O conjunto raiz, fruto e tempo é a vida . A vida é processo integrado, interativo, conflitivo, evolutivo e continuado. Não existe vida isolada . A vida depende de outras vidas . O ser humano é vida portanto ele se potencializa e se desenvolve no coletivo.
O coletivo é o espaço de todos e para todos .


Danilo Cunha- 2002

Condomínio Brasil

CONDOMÍNIO BRASIL 2005




Problemas de gente, de gente demais
Dinheiro demais, sentimento de menos
De menos amor, demais dor, muito clamor




Clamor de vida, pela vida, por mais vida
Vida melhor, com amor, sem dor
Dor, só se for da morte, pela falta de sorte
Mas não pela lei do mais forte


Gente da rua
Gente na rua
Gente de rua


Gente com casa
Gente com rua
Gente com casa na rua
Gente com a rua como casa


Esta é a história de um Zé da rua
Que na verdade é a história de muitos
Zés de rua de milhares de Zés
Sem nenhuma casa, e
com muita rua

Condomínio Brasil

CONDOMÍNIO BRASIL danilo cunha- setembro 2005




Bom dia, Zé !
Zé é apelido de amigo, diminutivo carinhoso de um brasileiro orgulhoso.
Seu nome é José dos Passos, senhor José dos Passos como exigiu ser chamado depois que fez trinta e festejou com sua turma.
O Zé é daqui, manezinho dos bons, freqüentava o Ponto Chic e quase recebeu o título de Senador, lá do Senadinho.
Muita gente importante lhe pagou café, com muitos dialogava, com vários teve amizade, fazia uma boa graxa e até tinta botava.
Ele mora aqui, trabalha fora e volta à noite.
Ele acorda cedo, sempre pelas cinco e meia ou seis horas.
Sabem como é, muita luz, muito movimento, barulho de carros, vozes, limpeza da cidade etc.
Ele dorme neste prédio. É abrigado, não pega chuva e a segurança lhe oferece um pouco de
tranqüilidade.
Os moradores dos apartamentos lhe dão comida, algumas roupas e até mesmo cobertor.
Só não gostam que ele permaneça aqui na frente, durante o dia, pois o edifício é novo,muito chique e só para o jardim, tem um cuidador.
Toma seu café naquele bar para cujo proprietário Zé presta serviços, fazendo manutenção na área de transportes (lava seu carro).
Claro que nem todo mundo gosta do Zé . Sua presença muitas vezes incomoda os que o vêem e ele vê aqueles que o incomodam . O pior mesmo para o Zé, que é uma pessoa comunicativa, é notar que muitos não o vêem.
Mas o Zé é um ser produtivo .
Não pede esmola, ganha seu dinheiro do trabalho e tem orgulho do que faz.
Êle trabalha, e trabalha bem, é organizado e, dependendo do dia, consegue juntar muito
mais material que seus colegas de trabalho.
A indústria da reciclagem está valorizada, os preços pelo quilo do cartão, do plástico e do
alumínio são crescentes e os ganhos estão melhorando.
Quem sabe um dia o Zé terá reservas para comprar uma casa melhor ?
A sociedade até está reconhecendo que esse trabalho está ajudando na beleza das cidades,
na limpeza das ruas e no sustento das famílias.
A sorte do Zé é que ele não tem família para sustentar, filho na escola para pagar, imposto
para incomodar, nem mesmo carnê da previdência para saldar.
Mas, também, não tem família para amar, mulher para falar, roupa para lavar ou vizinhos
para trocar.
O trabalho pesa, o calor aumenta, a fome bate.
É hora de parar e almoçar .
Ele pára, pensa e escolhe onde comer .
Da última vez a comida estava saborosa, havia boa quantidade, tinha até sobremesa.
Zé vai ao restaurante .
A fila está grande, a espera também .
Zé se conforma, esse é o preço de comer bem !
A fila anda, chega sua vez, pega a bandeja, os talheres .
Copo e prato são enchidos, a mesa escolhida, senta-se .
O sabor é bom, lembra da sua infância, do cheiro da cozinha de sua mãe .
Lembra também da Maria, a sua Maria, na verdade a sua ex-Maria.
O Zé já teve esposa, sim senhor !
E que esposa !
Linda, companheira, prendada e faceira .
Mas com a bebida concorreu e para a bebida perdeu .
E o Zé com a bebida ficou e na solidão morou .
Todas as tardes o Zé tenta novas oportunidades . Procura novos materiais para reciclar e novos ganhos tentar.
As embalagens estão maiores, as vendas aumentaram, mais e mais material para faturar.
Anda muito, nem sempre encontra o que procura, pára, descansa um pouco,continua a busca e pára de novo.
Anda por lojas de rua, entra em shopping center, vai a super-mercados, vê muita gente, gente bonita, gente perfumada, gente bem penteada .
Gente apressada, gente resolvida, gente acompanhada, gente solitária.
Olha as moças, mas elas não o vêem . Nota as suas roupas, seus saltos-altos, seus cintos largos, suas barriguinhas de fora.
Vê os homens compenetrados, apurados, bem alimentados, com ternos bem cortados para seus ventres dilatados .
A barriga lhe dói .
A barriga avisa que chega o entardecer.
Precisa de novo comer .
O corpo cansou, os músculos doem, os pés inchados .
A cabeça pesa , a tensão pressiona , precisa descansar .
Ah, uma boa happy-hour, um bom “ scotch “ com os amigos, uma boa janta com a patroa.
Zé pára, procura nos bolsos, encontra trocados, decide beber.
Um aperitivo, afinal, não vai fazer mal.
O estresse precisa amainar, não é fácil na vida pensar, ele precisa relaxar .
Zé entra num bar, pede a bebida que sorve devagar.
Começa a pensar que ainda precisa andar .
Para sua casa êle quer voltar .
Como é bom no seu cantinho pensar.
Que conforto na sua cama se esticar .
Que alegria deitar e sonhar .
E o Zé sonha.
Sonha com seu pai, obreiro também, que ele amava e gostava de ver jogar.
Era ponta-esquerda, certeiro e preciso como quando sentava tijolos .
Obreiro como ele, que um dia pisou errado , errou o passo , caiu do andaime e morreu no chão.
Morreu na construção daquele prédio maravilhoso que construiu com suas mãos , com seu suor , com sua esperança.
Sonha com sua mãe, caprichosa, lavava e passava as roupas das madames e das famílias.
Sua mãe que cozinhava tão bem, que ajudava nos deveres daquilo que entendia, daquilo que conseguia entender.
Sonha com seus irmãos, irmãs, todos juntos brincando, jogando bola, soltando pipa, correndo, pulando cercas, roubando frutas.
Sonha com as namoradas, as paqueras e surge Maria.
A sua Maria, a mulher da sua vida, vida que trocou e não melhorou .
Mas continua sonhando com Maria, o amor da sua vida .
E sonha mais.
Sonha com Maria, numa casa, na casa deles, com sala, quarto, cozinha, jardim e um berço.
E Zé enxerga em seu sonho seu filho, o filho que queria ter com Maria, a família que queria formar .
E Zé acorda e vai de novo trabalhar, pois seu dia está para começar e não há mais tempo para sonhar .


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Homenagem
Em homenagem a todos os Josés que dormem sob os céus , que sonham com uma vida melhor , que sonham com uma casa , onde possam abrigar sua família e viver seu amor.
O Zé do texto é baseado nos tantos Zés que moram nas ruas , que ainda não se entregaram à indignidade , ao crime ou à transgressão .
Tantos são os Zés , que muitos de nós temos dificuldade em vê-los ,em notá-los , em
compreendê-los .
O texto homenageia os Zés , que só precisam um pouquinho de apoio,de atenção , para se sentirem incluídos ou resgatados .

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Ruas sem nome, casas sem número

Cinza , o morro cobre a cidade verde

Verde , a cidade abandona o morro que foi verde

Cidade verde , cidade rica

Morro cinza ,
morro preto ,
morro pobre

Nas avenidas , nomes ilustres
Nos becos , os apelidos

Nas avenidas , os números
Nos becos a vaguidão

Nas avenidas as obras
Nos becos , o mutirão

Nas avenidas ,as galerias
Nos becos a céu aberto

Nas avenidas , a grama
Nos becos , o lixo

Nas avenidas as flores
Nos becos , os tiros

Nas avenidas , o consumo
No morro , o insumo

Nas avenidas , a morte
Nos becos , a esperança


Na avenida , o inferno
No morro , o céu
No céu , o morro .


Danilo Cunha


(homenagem ao Padre Vilson Groh,a Irmã Eduvirgem e aos educadores do Morro do Mocotó)

Responsabilidade Social

-Impactos e possibilidades de atuação
-A empresa pós-seculo XX

Uma empresa é uma unidade social produtiva.
Ela utiliza insumos, capitais financeiros e intelectuais , gera produtos e serviços que são consumidos por seu público cliente.
A empresa está inserida em um meio, em sua produção e na fase de consumo, que recebe seus impactos, tanto positivos quantos negativos.
A área de impacto da ação das empresas não é restrita, somente, ao seu ambiente físico de atuação.
A questão ambiental, natural e humana, e as decorrências dos processos utilizados reper-cutem além dos muros e dos processos internos.
Peguemos dois aspectos pouco estudados, ainda:
o lixo pós-industrial e o lixo pós-consumo.
Nos processos de transformação, mesmo que sem efluentes químicos ou tóxicos, as sobras são em volume significativo.
Após o consumo, os materiais de embalagens intermediárias e finais estão gerando novas figuras urbanas, além dos prédios em profusão.
Os montes de cartões, caixas, plásticos, fitas adesivas etc, são a prova de que algo novo precisa ser analisado devidamente.
Insumos intelectuais e inteligência são fornecidos por pessoas para as empresas.
A atualização e reciclagem desses insumos são requeridos pelos processos industriais ou de serviços e impactam diretamente os sistemas educacionais.
A inovação tecnológica impacta pessoas e postos de trabalho, ocasionando novas figuras legais e formas de relações contratuais de mão-de-obra.
A terceirização, em suas diversas formas, muda a visão de trabalho e emprego e cria novas situações de empregados-empresa e de fornecedores de mão-de-obra,especializada ou não.
A sociedade muda por evolução humana, por novas descobertas científicas, por questões ambientais etc.
Mas a mudança que mais impactos tem gerado desde a revolução industrial é a questão do trabalho aliada a urbanização.
O deslocamento de grandes contingentes humanos da agricultura para a vida urbana em função da industrialização afastou as pessoas de um processo produtivo altamente partici-pativo com visão do todo, para a execução de tarefas atomizadas e sem visão do todo.
Atualmente os empregados, os com-trabalho,os desempregados,os sem-trabalho,os consu-midores,os sem-consumo,os incluídos e os excluídos, são resultados de impactos gerados na relação de acesso aos benefícios do desenvolvimento e dos padrões sociais e valores humanos construídos no caldeirão capitalista.

Como o capitalismo no Brasil decorre de uma relação bastante incestuosa com valores e favores públicos, comportamento construído e herdado da corte portuguesa e da implantação de um estado que se instalou de cima para baixo, existindo ou não uma sociedade ou uma nação, temos, hoje, ainda, muito compadrio na relação entre estado/governo/capital privado, gerando distorções na cidadania e na função social de muitas empresas, dirigentes, investidores e cidadãos.
A herança das capitanias hereditárias, os quase quatrocentos anos de escravidão e pouca dignificação do trabalho, o desestimulo ao empreendedorismo privado, a promiscuidade entre público e privado e a dificuldade de separar o coletivo do interesse individual, causou o aparecimento de atitudes paternalistas e pontuais na ação social das empresas.
Por muito tempo confundiu-se assistencialismo e caridade com atuação social
A responsabilidade social era nublada pela visão de doações, da construção de algumas creches e quadras de esporte.
Com o aparecimento de teses sérias e comprometidas com a sociedade real e de algumas estruturas honestas e intelectualmente comprometidas com ética e justiça social, comporta-mentos foram sendo influenciados e atitudes novas surgiram.
Responsabilidade social não é demagogia, é uma visão real de promover a justiça social, a inclusão pelo trabalho e pela educação e a preservação ambiental.
Essa nova visão tem permitido, nos últimos anos, nova realidade na concepção de atuação das empresas e sua responsabilidade com o que ocorre além de suas atividades eminente-mente corporativas.
Responsabilidade social se refere ao “sócio” como um todo.
Os campos sócio-cultural, sócio-econômico e sócio-político devem ser o foco de atividades sérias e comprometidas com a sociedade como um todo e não somente com os mercados.
Empresas são organismos vivos que interagem com pessoas, fornecedores,investidores, consumidores, ambientes, governos etc.
Suas responsabilidades sociais se estendem a todos esses campos.
O ser humano tem várias dimensões que se articulam em um único corpo: ele é, ao mesmo tempo, consumidor, contribuinte, trabalhador, pai, mãe, filho, filha, eleitor etc. e atender ou esperar a manifestação de uma ou somente algumas dessas dimensões gera o esquartejamento dos seus sentimentos, podendo comprometer sua auto-estima,sua participação social, sua performance como ser produtivo e sua alienação na sociedade.
A responsabilidade social é fator inerente a existência e desenvolvimento de empresas sérias e competentes e a ação nesses campos é um fator crítico de sucesso para seus produtos e serviços.
Os cuidados com o meio-ambiente, a atenção aos trabalhadores e suas famílias, o entorno das suas instalações, a educação e reciclagem de sua equipe, a educação ambiental,a separa-ção e classificação de seu lixo,o tratamento adequado da água e seu uso racional,a coleta de água da chuva, o uso de energias alternativas, a prevenção a atividades potencialmente poluidoras são exemplos que já podemos constar em muitas empresas catarinenses , o que demonstra que lucro e boa aceitação social podem conviver e não somente devido a propaganda enganosa ou de fachada.
Em nosso estado temos empresas que, em paralelo a sua racionalidade empresarial e ganho de significativos lucros, defendem a natureza, constroem parques de preservação,incluem seus trabalhadores em programas de educação e reciclagem e participam ativamente dos campos político e institucional,oferecendo opções de desenvolvimento humano compatíveis com a natureza democrática . Todas as sociedades tidas hoje como desenvolvidas ou de “primeiro mundo” apresentam forte legislação ambiental, regimes democráticos com amplo controle social, estado regulador e exercendo seu poder de polícia e partes significativas dos lucros e receitas das empresas comprometidas com o desenvolvimento social por meio de ações complementares e solidárias com as pessoas.

Danilo Cunha

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Sustentabilidade

Danilo Cunha
Fev/2007
-Sustentabilidade-
-a vida e a preservação da vida-


Pela primeira vez na história da humanidade o ser humano corre o risco de desaparecimento da raça humana , causado por ele mesmo.
Um sistema industrial/produtivo voraz e pouco comprometido com a preservação de nossa cidade Terra , nos coloca diante de um dramático dilema.
Ou mudamos a rota de nosso modelo extrativista intensivo ou teremos que enfrentar ameaçadoras situações de catástrofes na natureza , geradas por um consumo exacerbado e predatório. No mundo todo assistimos a várias tentativas de organizações e de pessoas , que um pouco mais sensibilizadas por seu conhecimento e consciência sobre o tema, promovem eventos, palestras e filmes , com o firme propósito de acordar sociedades e governantes.
O aspecto aquecimento global é uma expressão que a todos tem assustado , pois deixou de ser uma simples ameaça de cientistas e ambientalistas para se constituir em tragédias que não poupam vidas ou patrimônios .
Alagamentos , deslizamentos , soterramentos , enchentes , ventos em velocidades muito acima de comportamentos registrados , grandes montanhas de gelo se desprendendo de suas formações , calores atípicos , frios muito rigorosos estão em nossos meios de comunicação , demonstrando que chegamos a uma situação limite , a qual imaginávamos para daqui a muitos anos.
Esse panorama mundial , lamentavelmente , recebe grande contribuição brasileira.
Nossas emissões de gases veiculares e industriais ainda nos colocam em um patamar tímido na geração de calor, nem por isso menos perigoso.
Temos , porém , um fator que nos eleva à uma posição pouco privilegiada entre os cinco maiores causadores do efeito estufa .
Estamos queimando , estamos devastando pelo fogo , estamos assistindo um dos maiores crimes ambientais que se poderia imaginar .
Estamos como espectadores passivos , como agentes coniventes , como testemunhas cúmplices e silenciosas da destruição da nossa AMAZÔNIA.
Essa região maravilhosa , que ainda nem conseguimos decifrar em toda a sua extensão e possibilidades , sofre uma ação contumaz , sistemática , continuada de dizimação de um ambiente que está sendo, simplesmente , colocado como insumo , tratado como ingrediente de ganhos e lucros.
Ganhos e lucros que não serão suficientes para estancar toda a ordem de destruição que virá e socializará a desgraça e a morte , atingindo a todos , indiscriminadamente.
Além da destruição desse patrimônio estratégico , o Brasil ainda terá que encarar e conviver com o efeito prático , além do absurdo ambiental , que será absorver um êxodo dos 20 milhões de brasileiros que vivem e produzem na região amazônica .
Hoje nosso país já se debate com um enorme cerco às grandes cidades , formado pelas periferias empobrecidas e excluídas , frutos de um modelo desigual e injusto.
Mas o que mais espanta , o que assusta , o que choca aos cidadãos , é a total banalização e a pouca , ou nenhuma , prioridade que esse assunto tão grave e imediato tem merecido dos nossos governantes e legisladores , em todos os níveis.
Lideranças empresariais pouco pesquisam sobre opções urgentes e o “mercado” continua com sua marcha célere para o precipício que a história nos oferecerá como prêmio a tanta loucura .
Vemos planos de governo , pronunciamentos e promessas de obras , mais recursos sendo alocados neste modelo de desenvolvimento , sem qualquer preocupação evidente daquelas autoridades para ações alternativas e emergenciais .
Até parece que estamos vivendo em outro mundo e que o colapso advindo das reações da natureza ao aquecimento mundial não atingirá o Brasil ou que estamos protegidos, de forma mágica , das conseqüências do desequilíbrio ambiental global.
Cada vez se ouve falar mais da “flexibilização” da legislação ambiental , como se fosse
possível continuar com um processo de destruição , que poderá vir a representar a nossa extinção .
E a situação não está restrita somente ao incêndio da AMAZÔNIA .
A questão do lixo e dos dejetos , principalmente urbanos , não tem merecido a devida atenção.
Lixões são criados para afastar o olhar dos urbanos do lixo que geram e não tratam.
Periferias empobrecidas das cidades se converteram nos “lixões” humanos ,degradando as condições de vida dessas pessoas,retirando-lhe a dignidade mínima para viver , gerando o surgimento das “manchas” de miséria nos mapas urbanos.
Novas construções são liberadas , áreas de preservação ocupadas, aterradas e pavimentadas desrespeitando aspectos primários legais e éticos e ocasionando um processo de ocupação territorial pela especulação imobiliária , destruindo paisagens , retirando o verde , nada fazendo para mitigar os impactos destrutivos e,muitas das vezes, irreversíveis.
Os esgotos são lançados nos rios , córregos e mares , como se esses cursos e mananciais de água tivessem .propriedades depuradoras e fossem devolver as águas imundas e contaminadas que recebem, de forma límpida para sua reutilização.
Grandes massas de venenos matam peixes e todo o tipo de vida aquática , permitindo-nos antever como ficarão nossos corpos em decomposição quando milhões de seres humanos forem atingidos por cataclismas , sem qualquer possibilidade de intervenção , salvação ou mesmo de um enterro digno .
A forma aqui exposta até pode parecer trágica e alarmista .
Mas não é .
É a mais pura verdade.
Temos que sair de nosso trilho suicida , de nossa acomodação alienada , de nossa alienação acomodada.
O que fazer ? é possível uma mudança ? como participar desse processo como cidadãos que clamam por suas vidas , suas famílias , pelo futuro da humanidade e desta maravilhosa aventura humana da civilização ?
Hoje a tecnologia nos ajuda . Ela está disponível em nossas casas , em nossos trabalhos , em nosso lazer , em tudo , enfim.
Todos os dirigentes empresariais, suas organizações de classe , seus representantes políticos estão na mídia , tem endereço eletrônico , fax e telefone.
Nossos governantes e legisladores tem suas atividades cobertas por redes públicas e fechadas de rádio e tv , seus gabinetes podem ser acessados pela rede de computadores e seus nomes e identificações estão ao alcance de todos os cidadãos que com eles quiserem se comunicar.
Agora é a hora. Não é só no momento da eleição que a comunicação tem que ser interativa.
Faça as suas reclamações . Reclame pela vida , sua , de seus filhos , de seu futuro , de sua espécie..
Exija medidas inovadores e que preservem nosso meio ambiente.
Não aceite a resposta flácida , a postergação do problema ou a continuidade do que estamos assistindo. Agora a luta é por nossa vida
Mande e.mail , envie fax , telefone , puxe seus representantes pelo braço e diga-lhes o que pensa . Fale de seus medos , de tudo que você está vendo na televisão , nos jornais do Brasil e de todo o mundo.
Faça um esforço , saia do comodismo , abandone o receio de incomodar as “autoridades” .
É melhor “se incomodar” um pouco agora , é melhor trabalhar um pouco mais nas causas coletivas , nas questões públicas e de todos .
Caso continuemos nessa rota , caso nada façamos para mudar nosso rumos , a única questão coletiva que nos restará tratar será a morte e a extinção de nossa sociedade.
Temos uma esperança , mas envolve mudança .
A Terra já nos deu tanto e nos permitiu chegar ao nível onde estamos .
Hoje temos ciência , conhecimento , tecnologia que nos permitem mudar para melhor .
O que não temos mais é tempo . Esse está se esgotando e o pouco que sobra deve ser
empregado a favor da vida , a favor da manutenção da vida.
Faça valer seu direito mais básico , mais elementar , o direito de viver.

Danilo Cunha