"NÃO VAMOS DESISTIR DO
BRASIL"
Essa frase de Eduardo Campos me
veio à mente, novamente, hoje à tarde, quando andava de carro entre Ingleses e
Jurerê, levando minha filha, que havia se submetido a uma pequena cirurgia.
A estrada completamente sem
condições de tráfego, os carros correndo sem qualquer observância de regulamentos
mínimos às leis de trânsito, motos com seus condutores enlouquecidos, cortando
a frente dos carros, pessoas tentando cruzar as vias correndo para escapar dos
carros.
Uma pequena visão do inferno!
E essa visão e a observação de 10
quilômetros de trajeto urbano me fizeram pensar em como estamos egocêntricos,
solitários, sem qualquer noção de cidadania séria e responsável.
Aceitamos gestões públicas incompletas,
que nos geram condições temerárias de vida diária, ruas esburacadas, ausência
de policiamento e de segurança, e aos poucos vamos nos transformando em um país
de alienados, de pessoas que aceitam qualquer solução, de pessoas infratoras
contumazes de qualquer norma mínima de civilidade e solidariedade.
E quem se transforma em infrator,
quem aceita essa solução vulgar e pequena para as nossas cidades, para o nosso
transporte, para a nossa insegurança, acaba aceitando corruptos no poder, e não
votando em pessoas que poderiam representar mudanças positivas e necessárias.
Afinal para uma sociedade que
aceita a ausência de uma postura cidadã nada mais adequado que os elásticos corruptos,
que tudo aceitam desde que seus ganhos, oficiais e de caixa 2 fiquem encobertos
pela dubiedade.
Não temos um sistema educacional,
temos um sistema escolar, mas que não prepara adequadamente nossos estudantes.
Não temos uma estrutura de
segurança adequada, temos polícias civis e militares, com ganhos baixos, contingentes
insuficientes, poucas viaturas para as suas missões.
Na saúde o velho problema de uma
estrutura insuficiente, que todos os dias protagoniza filmes de terror, com pessoas
morrendo nas ruas, com falta de leitos, com planos de saúde escorchantes.
E assim, se formos analisar de
forma mais profunda e abrangente, veremos que a realidade de nosso país necessita
de urgentes mudanças, de mentalidade, de pacto político e cidadão, de gestão e
políticas públicas, enfim, de eleitores que passem a eleger e escolher pessoas
para cargos eletivos, que não sejam lenientes com a vulgaridade, com as
concessões ao mal feito, com os acertos com o atraso, com os desviar os olhos
de todas essas coisas erradas, que vemos rotineiramente em nossas vidas diárias.
Eduardo Campos tinha razão ao
chamar a atenção para que não se desistisse do nosso Brasil.
Mas olhando essas barbaridades
que assistimos todos os dias, há muitos anos, e que continuam se repetindo,
precisamos nos perguntar se essa realidade doentia e alienante não estaria
fazendo com que já tivéssemos desistido de nós mesmos.
Esse binômio formado por nós,
pessoas, cidadãos, e nossa sociedade brasileira, se encontra em um momento de
decisão.
Ou desistimos de melhorias
efetivas e decentes em nossas vidas, e, portanto, desistimos do Brasil, ou vamos
assumir nossas vidas, com decência, dignidade e consciência, e passar a exigir
que o Estado e os governos, neste Brasil de mitos e mentiras, de hipocrisia e
vulgaridade, se transformem numa nação séria e organizada, na qual as pessoas sejam
respeitadas como seres humanos, em todos os seus direitos, e na qual os
cidadãos tenham deveres claros e inquestionáveis, como pontos essenciais da
construção de um país como o que sonhamos.
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