sexta-feira, 15 de agosto de 2014

"NÃO VAMOS DESISTIR DO BRASIL" - UMA REFLEXÃO SOBRE CIDADANIA

"NÃO VAMOS DESISTIR DO BRASIL"

Essa frase de Eduardo Campos me veio à mente, novamente, hoje à tarde, quando andava de carro entre Ingleses e Jurerê, levando minha filha, que havia se submetido a uma pequena cirurgia.
A estrada completamente sem condições de tráfego, os carros correndo sem qualquer observância de regulamentos mínimos às leis de trânsito, motos com seus condutores enlouquecidos, cortando a frente dos carros, pessoas tentando cruzar as vias correndo para escapar dos carros.
Uma pequena visão do inferno!
E essa visão e a observação de 10 quilômetros de trajeto urbano me fizeram pensar em como estamos egocêntricos, solitários, sem qualquer noção de cidadania séria e responsável.
Aceitamos gestões públicas incompletas, que nos geram condições temerárias de vida diária, ruas esburacadas, ausência de policiamento e de segurança, e aos poucos vamos nos transformando em um país de alienados, de pessoas que aceitam qualquer solução, de pessoas infratoras contumazes de qualquer norma mínima de civilidade e solidariedade.
E quem se transforma em infrator, quem aceita essa solução vulgar e pequena para as nossas cidades, para o nosso transporte, para a nossa insegurança, acaba aceitando corruptos no poder, e não votando em pessoas que poderiam representar mudanças positivas e necessárias.
Afinal para uma sociedade que aceita a ausência de uma postura cidadã nada mais adequado que os elásticos corruptos, que tudo aceitam desde que seus ganhos, oficiais e de caixa 2 fiquem encobertos pela dubiedade.
Não temos um sistema educacional, temos um sistema escolar, mas que não prepara adequadamente nossos estudantes.
Não temos uma estrutura de segurança adequada, temos polícias civis e militares, com ganhos baixos, contingentes insuficientes, poucas viaturas para as suas missões.
Na saúde o velho problema de uma estrutura insuficiente, que todos os dias protagoniza filmes de terror, com pessoas morrendo nas ruas, com falta de leitos, com planos de saúde escorchantes.
E assim, se formos analisar de forma mais profunda e abrangente, veremos que a realidade de nosso país necessita de urgentes mudanças, de mentalidade, de pacto político e cidadão, de gestão e políticas públicas, enfim, de eleitores que passem a eleger e escolher pessoas para cargos eletivos, que não sejam lenientes com a vulgaridade, com as concessões ao mal feito, com os acertos com o atraso, com os desviar os olhos de todas essas coisas erradas, que vemos rotineiramente em nossas vidas diárias.
Eduardo Campos tinha razão ao chamar a atenção para que não se desistisse do nosso Brasil.
Mas olhando essas barbaridades que assistimos todos os dias, há muitos anos, e que continuam se repetindo, precisamos nos perguntar se essa realidade doentia e alienante não estaria fazendo com que já tivéssemos desistido de nós mesmos.
Esse binômio formado por nós, pessoas, cidadãos, e nossa sociedade brasileira, se encontra em um momento de decisão.

Ou desistimos de melhorias efetivas e decentes em nossas vidas, e, portanto, desistimos do Brasil, ou vamos assumir nossas vidas, com decência, dignidade e consciência, e passar a exigir que o Estado e os governos, neste Brasil de mitos e mentiras, de hipocrisia e vulgaridade, se transformem numa nação séria e organizada, na qual as pessoas sejam respeitadas como seres humanos, em todos os seus direitos, e na qual os cidadãos tenham deveres claros e inquestionáveis, como pontos essenciais da construção de um país como o que sonhamos.

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