sábado, 10 de julho de 2010

Mulheres Modernas - De Bertha Lut.............................................z. a. .G..i.se.le. Bü.nd.ch.en .- In.telig.ênc.ia, E.stéti.ca .e. E.ss.ên.c...i..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................


Mulher moderna é a mulher sintonizada com seu tempo, consciente de seu passado e construtora de seu futuro.
O passado da mulher no Brasil aponta para várias figuras de destaque na vida, e na evolução da sociedade brasileira.
As mulheres foram peça básica na educação, nas artes, na saúde e, até mesmo, na guerra, mesmo sendo uma atividade nunca desejada por elas.
Como diz a sensível escritora e poeta Marina Colasanti:
“As mulheres sempre perdem a guerra. Não a querem, mas a perdem. Perdem quando estão no caminho dos exércitos e se tornam botim. Perdem quando batalham em silêncio nas cidades esvaziadas de seus homens, para manter sólida a retaguarda e conservar a ordem do país. Perdem quando recebem seus homens num caixão ou quando eles voltam com o equilíbrio despedaçado. Perdem quando se apaixonam pelo inimigo e quando o inimigo se apaixona por elas.”
Na FEB - Força Expedicionária Brasileira, quando o Brasil declarou guerra ao eixo e enviou forças para a Europa, na segunda guerra mundial, mesmo contrárias à destruição representada pela guerra foram mulheres brasileiras as primeiras a desembarcar na Itália, e as últimas a retornar para solo brasileiro.
E o fizeram na condição de enfermeiras, ajudando a salvar vidas e a curar feridas, em meio aos horrores da destruição.
Mas conhecer mais seu passado só remete as mulheres brasileiras a bons motivos para se encherem de orgulho.
Muitas foram as mulheres que ajudaram na evolução e na melhoria da qualidade da sociedade brasileira.
Um nome emblemático, um ícone dessa participação, é o da líder feminista e bióloga Bertha Lutz.
Ela foi pioneira da luta feminista no Brasil.
E foi uma mulher moderna em seu tempo, num tempo em que as mulheres não tinham direitos assegurados e no qual ser mulher era uma condição limitada e subalterna, até mesmo nas leis da época.
Muito jovem, foi estudar na Europa e lá se conectou as lutas das sufragistas inglesas, que se organizavam e protestavam pelo direito ao voto das mulheres.
Em 1918 licenciou-se em ciências na Universidade de Sorbonne e em seu retorno ao Brasil, ingressou, através de concurso público, como bióloga no Museu Nacional.
Mesmo tendo uma atuação muito ativa como cientista e professora, ao longo de 46 anos, Bertha Lutz abraçou a causa feminina e foi decisiva na derrubada de limites, na construção dos direitos da mulher, e na inclusão, na cultura masculina, de uma atitude de constatação e da aceitação da mulher como uma igual.
Em 1918 redigiu e publicou manifesto na “Revista da Semana” intitulado “Somos Filhos de Tais Mulheres”, respondendo a um jornalista carioca, que havia menosprezado a ebulição feminista que ocorria na Europa e diminuído o efeito que aquelas movimentações poderiam ter sobre as mulheres brasileiras.
Em 1919 Bertha Lutz representou o Brasil no Conselho Feminino Internacional, onde foram aprovados os princípios de salário igual para ambos os sexos e a inclusão da mulher no serviço de proteção aos trabalhadores.
Na volta ao Brasil Bertha Lutz empenhou-se radicalmente na luta pelo voto feminino e junto com outras mulheres criou, ainda em 1919, a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, que foi o embrião da importante Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.
Na década de 1920 foram travadas muitas lutas no Congresso Nacional para fazer passar o direito das mulheres de poder votar e ser votadas.
Em 1929 Bertha Lutz participou da criação da União Universitária Feminina e ingressou em mais um curso universitário, agora o de direito, para capacitar-se na luta legislativa para a conquista do voto feminino.
Graduou-se em 1933 e participou de forma decisiva na elaboração e aprovação do projeto de lei que, em 1932, incluiu a mulher brasileira como um ser com direito a escolher pelo voto os destinos de seu país.
Em 1934 ocorreram eleições gerais no Brasil e, graças aos esforços e dedicação de Bertha e outras mulheres engajadas nessa luta, foram eleitas 9 deputadas estaduais, em vários estados brasileiros.
A representação legislativa feminina estava assegurada, a partir da luta pelo direito de votar.
Nessa eleição foi eleita a catarinense Antonieta de Barros professora e jornalista e primeira mulher negra a assumir um mandato popular no Brasil e a primeira mulher a participar do legislativo catarinense.
Além dessa importante e emocionada participação feminina, e feminista, Bertha Lutz foi reconhecida internacionalmente por sua contribuição como bióloga, na pesquisa zoológica, especificamente na descoberta de várias espécies anfíbias brasileiras.
Bertha Lutz faleceu no Rio de Janeiro, em 1976.
Nessa década de 1970 também faleceu Leila Diniz, em 1972.
Símbolo da liberdade feminina da geração dos anos 60, Leila nos deixou em um desastre aéreo, aos 27 anos, quando retornava da Índia para o Brasil.
Leila foi uma líder moderna em seu tempo.
Ajudou a associar a leveza da alegria de ser mulher à alegria das escolhas próprias e de assumir o destino em suas mãos.
Foi professora de pré-primário, atriz de teatro e cinema e representou, com força, elegância e pertinácia, a caminhada da mulher brasileira em direção à autonomia e independência.
Viveu a efervescência cultural, política e social dos anos 60, protestou contra posturas conservadoras, desafiou padrões pré-estabelecidos e ajudou a derrubar tabus quanto à sexualidade e posturas da mulher na sociedade.
Graças a uma entrevista que deu ao irreverente jornal carioca “O Pasquim” o ministro da Justiça do governo militar da época, Alfredo Buzaid, determinou a implantação da censura prévia no Brasil, apelidado de “Decreto Leila Diniz” graças à sua coragem e destemor. O governo acusava Leila de usar muitos palavrões e de não ser um bom exemplo moral.
Dona de uma loja de artigos de moda para gestantes exibia sua barriga, com um biquíni, com muita alegria nas praias do Rio de Janeiro, rompendo com o preconceito de que a gravidez poderia ser um sacrifício ou a renúncia para aparecer bonita, elegante e saudável.
Leila foi uma mulher das artes, moderna em seu tempo e, também, da moda.
A definição de moda é de algo moderno.
Moderno é o presente, o que está na moda, o que está em voga, aquilo que se transforma em uso e costume, principalmente ligado à beleza, à elegância e à estética.
Mas a moda vai ao campo da arte, do cinema, da tecnologia e do comportamento. A moda influencia e é influenciada pela sociedade.
Muitos são os padrões culturais que agem sobre a formação de moda e a moda, por ser moderna, age sobre aspectos culturais.
Graças a mulheres modernas em seus tempos, como Bertha Lutz, Antonieta de Barros e Leila Diniz, a mulher moderna brasileira, a mulher de nosso tempo presente, pode desfrutar de liberdade de escolha, do direito de votar e ser votada e de viver a sua vida como bem entender.
Mas a mulher contemporânea, valorizando a sua auto-estima, a sua beleza, pela estética e pela sensualidade pode hoje ter sua representação, e modelo de vida, literalmente, em alguém que leva a vida como modelo.
E tudo isso, acumulando as camadas do passado, camadas históricas, que servem como estrutura, como essência da atual mulher brasileira.
A mulher moderna traz consigo o substrato de suas antecessoras, que lhes deixaram como herança o gosto pela liberdade, o direito de viver como mulher e o direito de participar dos destinos e da construção do futuro de nosso país.
Nem por isso renuncia a mulher à sua condição feminina de ser mãe, de constituir família e de gerar novos seres, com novos valores para melhorar e fazer avançar a nova sociedade que surge a cada tempo.
E ai está a modelo Gisele Bündchen, bela, lançadora de moda e muito consciente de seus direitos e de seu papel.
Desfila, encanta, é requisitada em todo o mundo, e tudo que diz, usa e veste pode virar moda.
E ela nos mostra o que é ter a essência das corajosas mulheres brasileiras que dedicaram suas caminhadas para deixar uma melhor condição, mais feliz, não só para as mulheres, mas também, e principalmente, para os homens brasileiros, que muito se beneficiam da maior leveza nas relações, de uma mulher mais decidida e participativa e de um país em que o contingente feminino já está mais capacitado que o masculino, ajudando a construir um país menos violento, mais solidário e afetivo.
E Gisele, mostrando ser um símbolo da mulher moderna, é bela, desfila, usa roupas bonitas, investe em estética e carrega a essência feminina, de ser íntegra, inteira, e de reforçar a sua auto-estima com adereços e acessórios, que, como espelhos, ajudam os que nela se mirarem a perceber que podem também ser mais bonitos e alegres.
E Gisele é mãe, gosta de ser mãe e de ter sua vida em família, e diz isso com a mesma serenidade com que afirma que gosta de trabalhar como modelo e de desfilar as novidades que estão na moda, ou que farão a moda da próxima estação.
E assim a história da mulher brasileira nos oferece alguns fundamentais exemplos de feminilidade, inteligência, beleza e coerência. E nos deixa a bandeira transmitida por Bertha Lutz, Antonieta de Barros e Leila Diniz, que hoje é carregada por todas as mulheres que trabalham, produzem e cuidam de suas famílias, sonham, amam e têm consciência de que ser moderna é continuar a caminhada por uma sociedade mais bonita, interna e externamente, mais justa e solidária.
Para que um dia, quando tiverem passado muitos anos, outras mulheres, e homens, possam pensar, e agradecer-lhes, por terem sido mulheres modernas em seu tempo, e terem ajudado a deixar um mundo melhor.
Como deixaram um mundo melhor, deixaram um mundo mulher.

Um comentário:

Marylise G.O disse...

Mulheres são anjos que DEUS colocou entre os Homens para guiá-los através dos melhores caminhos, não como uma ajudante e sim como uma Líder.