sexta-feira, 28 de maio de 2010

Ética e responsabilidade social e ambiental

(texto palestra apresentada em web-aula na Unisul Virtual, em 28.05.2010)


A responsabilidade social e ambiental é a atitude recomendada a todos os cidadãos em relação à sociedade em que vivem e ao meio ambiente onde habitam.
A vida humana, maior estágio de desenvolvimento de nossa civilização, precisa ser mantida e para isso foram desenvolvidos os pactos éticos e legais.
Como o ser humano é um ser relacional, ele é essencialmente produto e função de uma relação humana, ele vive em sociedades que têm as relações humanas como base.
Sua relação se dá com as outras pessoas e com o ambiente em que está inserido.
Essas relações são reguladas pelos instrumentos legais e éticos, criados pelos ser humano ao longo da sua história, para que se estabeleçam limites e padrões culturais aceitáveis num convívio em sociedade.
Dentro dessa visão cultural, foi desenvolvido o conceito de Estado, que vem a ser o maior pacto ético criado pela humanidade para gerar convívio respeitoso e avanço civilizatório, mantendo equilibrio entre hipo e hiper-suficientes.
Responsabilidade social e ambiental, basicamente, vem a ser o conjunto de atitudes, práticas e ações que as pessoas e organizações precisam manter e cumprir, para que as sociedades humanas se preservem da destruição física, material e conceitual, e possam avançar conceitualmente, construindo condições objetivas e subjetivas para a melhoria da qualidade de vida.
Esse avanço visa manter a vida e a preservação da vida.
Por isso os direitos humanos são as prioridades de todas as iniciativas pessoais ou coletivas, na forma de entidades sociais, ambientais, governamentais ou comerciais.
O processo de educação é um dos elementos mais importantes na formação da responsabilidade social e ambiental.
Como educação é amor, exemplo e limites, o exercício educativo começa nas famílias, se complementa nas escolas e deve ser permanente no seio das relações sociais que se dão nas organizações mais diversas, publicas, coletivas e privadas.
O público é o nível estatal, governamental, patrimonial da sociedade e pertence a todos, independente de suas condições econômicas, sociais, étnicas, religiosas e culturais.
Para reger o público foram criados os conceitos de estado e governo, para organizar e preservar o que é de todos.
Todos os seres se submetem às regras e leis para que os direitos sejam iguais e respeitados.
Por isso foram criadas as instâncias de justiça e policia, pois o poder coercitivo do estado visa a manutenção do equilíbrio justo e ético entre todos.
As constituições das nações são os grandes pactos éticos nacionais, que atendem aos pré-requisitos de identidade das sociedades.
O coletivo é o capital social, espaço de convívio e criação, onde se dão as elaborações grupais como o convívio, a participação em diferentes partidos políticos, religiões, associações de moradores, agrupamentos por preferência e gosto pessoal, as criações culturais, onde se constrói a identidade cultural, onde se encontram a identidade e vocações históricas e onde a sociedade se manifesta.
As pessoas se constituem no capital humano das sociedades e as organizações coletivas, as elaborações em grupo, o exercício das regras sociais, o patrimônio cultural e ambiental, compõem o capital social.
A natureza, de forma ampla, onde as sociedades habitam e vivem, se constitui no capital ambiental.
É onde se dá a vida e a manutenção da vida.
Os seres humanos vivem e respiram, se alimentam e desenvolvem devido a um ambiente propício à vida, mas que necessita de determinadas reposições.
Assim, os ciclos naturais de luz e sombra, trabalho e descanso, consumo e manutenção de todos os itens de qualidade de vida precisam ser respeitados e mantidos.
O “sistema vida”, todo o conjunto de situações que a natureza fornece para a preservação da vida na face da terra, necessita de reposições e manutenção, estando várias etapas essenciais nas mãos dos humanos.
Os processos empresariais e industriais, que se apropriam de recursos naturais, e são todos,
para transformá-los e entrega-los na forma de serviços e produtos, geram desequilíbrios ambientais que precisam da ações corretivas e mantenedoras permanentes.
As leis já prevêem grande parte do que deve ser feito.
Mas além dos aspectos legais, as posturas culturais devem estimular a preservação do patrimônio natural e ambiental, para assegurar a preservação da vida.
A responsabilidade social e ambiental, das empresas, é o conjunto de programas, ações e projetos que visem manter o equilíbrio natural, tendente a ser afetado pelo extrativismo e pelas escalas de produção e consumo.
Exemplos atuais são a exclusão social e a questão do lixo pós-industrial e pós-consumo.
A quantidade de lixo gerada pelo elevado consumo humano tem deixado as cidades muito atingidas pelos acúmulos de detritos e restos, que poluem ambientes, matam recursos naturais e causam enormes prejuízos públicos e coletivos, obrigando governos a usar recursos de todos para sanar problemas originados nos ganhos e lucros privados.
A exclusão social faz parte do mesmo quadro.
Pessoas ficam “inservíveis” para modelos de produção que segregam e afastam do convívio geral outros seres que não receberam as condições mínimas de oportunidades de participar de uma sociedade que é de todos, mas que a poucos pertence.
Assim, o “lixo” humano, produto da injustiça e egoísmo, se acumula nas periferias das cidades, construindo os territórios dos sem terra, sem casa, sem teto, sem amor, sem solidariedade, sem dignidade e sem ética.
Recuperar pessoas para o convívio e vida sociais, torná-las produtivas e inseridas nos meios produtivos, culturais e ajudar a restabelecer o equilíbrio ambiental são os principais focos de programas de RSA-responsabilidade social e ambiental legítimos.
A implicação ética precede os programas de RSA.
A ética é o conjunto de normas de convívio humano, baseados nos direitos de todos, à vida e à preservação da vida, com respeito e dignidade.
Para se construir programas de RSA é necessário que primeiro se estabeleça o elenco ético da ação para sobre esse conceito se construir o programa específico.
RSA envolve, basicamente, a devolução à sociedade, de atitudes e resultados que gerem produtos e melhorias humanas, materiais e subjetivos, para a vida e o ambiente natural.
Resgate da auto-estima, acesso à saúde e à alimentação, ao trabalho digno e à educação, à habitação decente se constituem em bons exemplos de projetos a serem realizados nos programas de RSA.
O comportamento empresarial, por tudo que se viu acima, deve ser balizado por vários elementos de RSA.
As empresas ao utilizarem insumos da natureza e mão de obra humana, para a produção de serviços e produtos, geram desequilíbrios ambientais e sociais, mesmo de forma não intencional.
Essa utilização e o processo de transformação agregam ganhos e lucros que visam manter as organizações produzindo.
Sem qualquer dúvida, o, processo produtivo é necessário para atender a demanda de roupas alimentos, remédios e tantos outros itens que os seres humanos necessitam para a sua sobrevivência.
Contudo, as empresas precisam destinar parte de seus ganhos para devolver à sociedade humana e ao ambiente natural as condições necessárias à continuidade da vida na face da terra.
Esse enfoque conceitual ético e cíclico dos processos é que servirá de base para adequar iniciativas empresariais, dentro da ética e do respeito à vida, para priorizar as iniciativas de RSA.


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