domingo, 21 de março de 2010

PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO- Presente e Futuro de Florianópolis- parte II


Nossa cidade precisa andar mais. Não precisa de mais andares.
Florianópolis precisa deslanchar seu trânsito.
Não precisa, e não quer, mais altura nos prédios que já tem. Não precisa, e não quer, mais gabarito para mais andares.
Chega de quantidade, a cidade precisa de qualidade, precisa qualificar suas condições para oferecer boa condição de vida para seus habitantes.
Muito se fala em inovação, mas a gestão municipal, além de viagens ao exterior e de alguns eventos grandiosos em alguns recantos, para onde os visitantes são levados em helicópteros e ônibus luxuosos, não tem investido nesse nível.
Os benefícios e as soluções que são gerados pelo polo tecnológico de Florianópolis, não são aproveitados nem aplicados na cidade, para gerar melhorias a seus habitantes.
Somos uma cidade com muito sol, mas não temos uma política pública para estimular os moradores a investir em energia solar em suas casas e edifícios.
Temos problemas de congestionamentos de trânsito, mas a prefeitura não estimula programas de carona solidária, ou a melhoria em alternativas de transporte coletivo.
Temos a presença do mar em toda a cidade e não dispomos de transporte marítimo.
Ou se fala e projeta megalômanas soluções caríssimas, ou nada se faz dentro da funcionalidade e das possibilidades financeiras de nosso orçamento municipal.
Os grandes eixos viários da Ilha, as SC’s, são estradas estaduais, sobre as quais o município não pode atuar, quando já deveriam ter sido assumidas pela prefeitura para submetê-las aos ditames da cidadania florianopolitana, e não mais à visão do governo do estado.
Estradas estaduais são intermunicipais e não intramunicipais.
As SC’s devem servir para interligar municípios.
Para integrar bairros de uma mesma cidade deveriam ser tratadas como avenidas urbanas, sob a gestão local.
As grandes verbas gastas em propaganda oficial poderiam ser usadas em beneficio da cidadania, estimulando novos usos e costumes, que diminuíssem os gastos com combustíveis e o volume de carros circulando, em sua maioria com uma única pessoa a bordo.
As calçadas apresentam grande numero de interrupções, falta de rampas para cadeirantes, desníveis imensos, os tempos de sinaleiras para cruzar ruas são muito exíguos, a iluminação pública deficiente em vários pontos, demonstrando a falta de uma ergonomia urbana humanizada e adequada às pessoas.
Pessoas portadoras de deficiências sofrem com a ausência de medidas efetivas para amenizar suas limitações, idosos só conseguem atravessar certas ruas e avenidas se conseguirem atenção especial de transeuntes solidários.
A centralização de eventos artísticos e culturais na entrada da Ilha, principalmente na beira-mar norte, e com enormes gastos para pagar pessoas de outros estados e paises dá a impressão de que só dependemos de artistas de fora e que não temos outras opções de local para essas manifestações.
Por toda nossa cidade, na Ilha e na sua parte Continental, encontramos praças e parques, que se recebessem um pouco de infraestrutura como pequenas conchas acústicas e modestos recursos financeiros, poderiam se transformar em pontos de música, teatro, artesanato e folclore com performances garantidas por nosso significativo estoque de artistas e agentes culturais, que apresentariam o rico mosaico oriundo de nossa história, de uma identidade desenvolvida pelo respeito às características antropológicas de nossas origens.
Agora os cidadãos de Florianópolis precisarão escolher o modelo que querem para a sua cidade.
Uma cidade que vai garantir a sua história e seu desenvolvimento coerente e equilibrado, ou a cidade complexa e problemática, alienada e alienante, com elevadas taxas de violência decorrentes de um inchaço artificial e comandado por interesses focados no lucro imediato e no descaso e desrespeito com a vontade soberana de seus reais mandatários.;
Nas reuniões comunitárias, dentro do processo participativo do novo Plano Diretor, ficou evidente, explícito e bem claro, que os moradores querem a cidade para si, para seus filhos e netos, e para isso precisam exigir respeito às suas vontades.
Para isso precisam proteger o ambiente natural de Florianópolis, que é seu principal capital e fator de valorização.
A população não quer mais loucuras nas alturas, nem frenéticas ruas tomadas de veículos, ambos fatores que reduzem a boa qualidade ambiental da cidade e estressam seus cidadãos, diminuindo e desvalorizando os elementos naturais de beleza, que recebemos como herança.
Se outros interesses, da especulação imobiliária, aliados a segmentos políticos e eleitoreiros, pretendem escamotear modificações no Projeto de Lei que vai ser entregue na Câmara Municipal, no dia 30 de março, os habitantes da Capital terão que acionar todos os instrumentos a seu alcance, e garantidos por lei, para não permitir que em seu nome sejam cometidos atos prejudiciais ao futuro da nossa qualidade de vida.
É evidente que os bairros não suportariam receber mais grandes levas de moradores, pois não têm a mínima condição por falta de tratamento de esgotos, fornecimento normal de água, acessibilidade e mobilidade, e toda a necessária estrutura para essa invasão que só é pretendida por aqueles que querem unicamente lucros imediatos, não importando os impactos a curto prazo.
Esse momento, que vivemos é crucial para garantir a cidade que queremos para nós e para deixar para as próximas gerações.
O momento é decisivo para desenharmos a cidade do futuro e as medidas que precisam ser tomadas para garantir vida digna e decente para quem aqui vive e produz.
A frase histórica volta a ser necessária: “o preço da liberdade, é a eterna vigilância”.

quarta-feira, 17 de março de 2010

PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO-Presente e Futuro de Florianópolis



Nossa capital está às portas de construir e transformar em lei tudo aquilo que seus habitantes sentem como necessário para que possamos conservar as boas condições que ainda temos e garantir a qualidade de vida para o futuro.
Nosso presente nos ensina que não podemos deixar esse processo nas mãos apenas do poder executivo e do legislativo florianopolitanos.
As experiências recentes, dos últimos anos, incluindo ai a Operação Moeda Verde, que muitos gostariam de apagar da memória coletiva e da história da cidade, nos provam que a análise e votação de projeto de lei tão essencial, não podem ficar restritas ao velho, e velhaco, jogo de interesses de pequenos e poderosos grupos de interesses, tanto políticos quanto econômicos.
Todos queremos o desenvolvimento pleno de Florianópolis, desde que mantidas as condições de sustentabilidade, respeito ao meio ambiente, e melhores condições de vida para os que aqui vivem, e mantêm, a cidade com seus impostos, trabalho e amor.
Dessa forma, é muito importante que se fique atento para que não se permita que novos patamares de agressão à já frágil realidade de nossa Florianópolis sejam perpetrados.
Nossa capital precisa valorizar sua rica e expressiva cultura própria, suas manifestações culturais, seus artistas e promotores culturais.
Precisamos desenvolver um turismo que para aqui venha sem a expectativa de encontrar uma ridícula réplica do deslumbrado e exógeno modelo Dubai, ou uma profusão de paredões de edifícios e torres, que mais lembram outros centros gigantescos, que não possuem as belezas naturais nem a pujança artística e cultural que aqui temos.
Não podemos deixar nosso futuro nas mãos de quem só se ocupa e preocupa com mandatos de poder, enquanto a cidade naufraga num transito caótico, esgotos não tratados, obras não concluídas e discutíveis soluções urbanas que não consultam nossos melhores técnicos, desprezados em suas especialidades por medidas imediatistas e sem base técnica, de tiranetes de aldeia, que só conseguem ver os habitantes de nosso município como tolos eleitores que lhes darão o voto para que possam permanecer em seus bem pagos cargos públicos.
E não serão mais andares em prédios, nem mais asfalto ou concreto em ruas e impermeabilizações do solo que vão garantir dias melhores para Florianópolis.
Não serão meras cópias ridículas e incompetentes de grandes projetos de outros países que nos deixarão mais inteligentes ou sensíveis.
Precisamos de conceitos de gestão publica que sejam resultantes do respeito à nossa história, identidade e vocações.
Nosso futuro é assunto sério demais para que o deixemos escorrer pelas mãos de mercadores de solo urbano e de belezas naturais.
Nosso futuro está em nossas mãos e não podemos endossar qualquer tipo de medida legal que não tenha sido exaustivamente estudada, analisada e desenvolvida com a concordância e a intensiva vigilância de nossa cidadania.
Desenvolvimento é o estágio em que todos podem usufruir dos benefícios de seus resultados.
O que hoje temos, é puramente crescimento econômico e físico da cidade.
Este estágio atual mantém a exclusão, a injustiça, o abandono de setores e regiões da cidade e um grande processo de destruição do tecido social com a propagação da violência.
E mantém a indigna pirâmide social, excludente e concentradora, que só atende às elites no poder, que não são elites intelectuais e sim uma elite de piratas e saqueadores, que se apropriaram de uma riqueza material que não lhes pertencia por mérito moral ou ético.
Violência que não parte só dos abandonados à miséria e à fome.
Violência que vem da impunidade com os corruptos, dos desvios de verbas de suas finalidades coletivas, do abundante nepotismo, mesmo que disfarçado, e de aplicação expressiva de recursos públicos para atender interesses privados.
Violência que vem dos maus exemplos de gestores públicos que não trabalham em seus cargos, que não produzem soluções esperadas e requeridas pela população de Florianópolis, e só aplicam seu tempo em fazer politicagem, articulações para permanecer no poder, ou com mais poder, e em contratações suspeitas e merecedoras de investigações policiais.
Violência que gera omissão crônica do estado formal de suas obrigações constitucionais e que permite a expansão de um estado paralelo, do tráfico de drogas, das armas, do assalto e da morte, com o qual os desonestos semeadores dessa condição acabarão negociando para limpar suas fortunas feitas de dinheiros roubado e sujo. Dinheiro sujo de sangue.
Por isso, é chegado o momento de comparecer aos encontros, sessões da Câmara Municipal, e acompanhar atentamente todos os movimentos desse importante documento que deverá conter as garantias de tudo aquilo que os cidadãos, honestos e comprometidos com uma qualidade de vida digna e decente, anseiam para suas vidas e das próximas gerações.
Repetindo uma já conhecida frase, não podemos refazer o que foi feito antes, mas podemos tomar em nossas mãos o futuro e construir uma nova realidade, que tenhamos orgulho de passar para nossos filhos, netos e todos que nos sucederem.

segunda-feira, 8 de março de 2010

MARIO XAVIER - um selo de qualidade

(texto de apresentação feito a convite do autor, em livro sobre o Pólo Tecnológico de Florianópolis, lançado pela editora Insular)


Tenho a alegria de conhecer Mário Xavier desde a década de 80.
Meu primeiro contato com ele foi a leitura de suas matérias no Diário Catarinense-DC, sobre economia, tecnologia, administração pública, e controle social sobre as ações de governo.
Sempre focado, competente e criterioso.
Conheci o jornalista arguto, mas conheci também o pai, o avô, um ser humano emocionado com a vida e com muitos sonhos de um mundo melhor, ético e com o meio ambiente respeitado e preservado.
Conheci o professor, o ombudsman, o redator de casos de sucesso para os certames da ADVB, o estudioso de marketing e o pesquisador.
Telúrico e intenso, pai zeloso, da então pequena filha, envolvido com sua educação e formação, mas ligado no mundo, antenado com as inovações e analista criterioso dos processos humanos e sociais.
Escrever é seu chão.
Pesquisar e analisar, sua natureza.
Orientar e educar, sua missão por vocação natural.
Observador quântico dos sistemas de pesquisa e desenvolvimento, muito me ajudou quando dirigi empresa de grande porte na área de tecnologia da informação.
Consultor atento foi fundamental nos processos de capacitação e humanização do conhecimento, para coloca-lo como instrumento de construção do saber.
Mário já escrevia de maneira profunda e abrangente sobre a evolução e os impactos da tecnologia da informação, sobre os processo de comunicação humana, quando se iniciou a implantação das atividades tecnológicas em forma de pólos, em nossa Ilha Capital.
Em 1981, em curso que participei como aluno, tive a honra e a alegria de receber aulas de Yonegi Massuda, cientista japonês, que foi um dos pioneiros na formulação de métodos sociológicos para colocar a tecnologia a serviço da evolução humana.
Massuda se equivale a Marcuse, a Morin e a Erich Fromm.
Quando trabalhei com Mário Xavier, a partir de 87, pude verificar, com júbilo, que no sul do Brasil, alguém com a mesma carga humanista, também se dedicava a estudar e decifrar os avanços da telemática..
Não me surpreende o livro que Mário pesquisou e escreveu sobre a área tecnológica, sua história e evolução.
Seu alto nível profissional, e técnico, está presente em tudo que faz e, com o trabalho atual, que vivo a alegria de apresentar o autor, não é diferente.
Mário não é “só” um jornalista, escritor, redator, pesquisador, professor,
Ouso dizer que Mário Xavier é um selo de qualidade. Uma certificação de seriedade e compromisso ético.
Mário é um sinônimo de bem-fazer.
Está de parabéns nosso Estado. Quando Mário Xavier escreve é porque teremos informação boa, profunda e abundante, com critério e coerência, que os leitores merecem e que a sociedade necessita.

Danilo Aronovich Cunha

Homenagem a uma Mulher muito especial- NINITA MUNIZ


Florianópolis, a bela capital do estado de Santa Catarina, é uma das cidades que tem forte participação no panorama nacional de moda.
Os cursos superiores nessa área, a tradicional e respeitada indústria têxtil do estado, atestam a demanda existente por profissionais de alto nível e justificam o grande mercado que se formou, com expressivo numero de lançamentos e design criativo, a partir de grifes notabilizadas pela inovação e elegância.
Além de Rio e São Paulo, Florianópolis é presença permanente no circuito nacional desse ramo, tendo a sua semana de moda, a exemplo daqueles dois consagrados centros nacionais.
Várias mulheres, demonstrando suas capacidades empresariais, despontam com lojas, butiques, estúdios e lançamentos, e compõem esse segmento, que, junto com a tecnologia, fazem da descolada e agradável Floripa, um novo centro nacional de qualidade de vida.
Ao vermos essa realidade presente, somos levados a 25 anos atrás, quando encontramos as raízes desse sucesso e as bases da transformação de nossa então pacata, pesqueira e governamental cidade.
No ano de 85 o prefeito Edson Andrino foi eleito, depois de 21 anos de ditadura militar, recebendo a incumbência de reciclar a capital de SC.
Reciclar não seria bem o termo, transformar talvez seja mais adequado.
Além dos aspectos sócio-políticos, no sentido de recolocar a gestão pública novamente a serviço da cidadania e do desenvolvimento da cidade, era necessário repensar rapidamente o modelo de desenvolvimento.
Sentindo o fim do ciclo da pesca artesanal, percebendo que as atividades públicas e governamentais não mais suportariam ser a grande, e quase única. opção empregadora para a oferta de mão de obra, o prefeito criou as condições essenciais para a implantação do pólo de informática, hoje pólo tecnológico, implantou o pólo do vestuário e forneceu as condições básicas para que se desenvolvesse o primeiro sistema de informática social do Brasil, associando-se à UFSC, à Comissão sobre desemprego da Assembléia Legislativa e à Embratel.
Além disso, empreendeu forte prioridade para a capacitação, e modernização, dos recursos humanos da prefeitura e dos processos internos e de atendimento, iniciando a informatização de toda a máquina municipal.
Essas atitudes fizeram com que o pioneiro sistema de informática social fosse aproveitado pelo Ministério do Trabalho, vindo a SC o então ministro Pazianotto, que conveniou e obteve autorização para automatizar o Sine/SC, depois espalhando essa solução inovadora, para todo o Brasil.
O pólo dos vestuário foi desenvolvido como uma nova opção econômica e geradora de grande numero de empregos, tendo em vista a crise na pesca artesanal e a disponibilidade de potenciais capacidades ociosas, principalmente entre as mulheres ligadas a aquela atividade.
Para comandar esse setor, foi convidada a empresaria Ninita Muniz, mulher corajosa e empreendedora, que, tendo saído de Lages, se instalou em Florianópolis com sua atividade de costura e criação de moda.
Ela já havia construído uma Maison, que pode ser considerada das primeiras instalações catarinenses, nos moldes franceses da boa costura e da elegância.
Ninita tinha mãos de fada, para a criação, design e costura. Seus vestidos eram procurados e valorizados por toda a sociedade e se transformaram em ícone de alto nível no bem vestir.
Ninita entendeu a magnitude da missão que lhe era atribuída, arregaçou as mangas e coerente com suas crenças, e estilo de vida, desenvolveu o planejamento e a pronta execução de todas as etapas de base para o pólo do vestuário.
Simples, direta, odiando a burocracia e a protelação, dispondo de pequena equipe, Ninita inoculou em todos que a cercavam, suas características de inquietação e criatividade.
Fez parcerias com empresas privadas, cobrou da máquina pública eficácia e rapidez, ignorou as limitações culturais, econômicas e políticas, desprezou a bitola estreita da incompetência governamental, que tinha criado nos últimos anos vários programas com pomposas siglas com a pseudo-missão de financiar a criação de novas opções econômicas, e colocou o processo para andar e avançar.
Percebendo na estrutura da educação formal a ausência de cursos específicos para uma atividade de vestuário, criou e implantou um centro de capacitação em costura e moda e passou a formar a nova profissional dessa área.
Formou milhares de pessoas, estimulou a criação de centenas de empresas industriais e ajudou a mudar o perfil de uma adormecida potencialidade produtiva, que fora desfigurada pela paternalista e apaniguadora presença concentrada das máquinas publicas municipal estadual e federal.
Ninita ajudou a transformar os pedintes de emprego, da indigna relação de dependência do favor politiqueiro, em orgulhosos profissionais que compreenderam, e resgataram, as possibilidades de uma vida autônoma e republicana sem a mediação do poder, que, naquela época de redemocratização, era quase absoluto.
Graças ao trabalho de Ninita Muniz, mais de 1.000 empresas industriais, não poluentes, foram implantadas em Florianópolis, ajudando a cidade a resgatar a sua autonomia, a sua auto-estima e construindo uma nova imagem externa.
Por isso, hoje, dia 8 de março, único dia mundial no qual se reverencia a Mulher, que como ser humano deveria ser festejada, e reconhecida, em todos os dias do ano, homenageamos o feminino na figura e no nome de NINITA MUNIZ.
Ninita é como outras tantas mulheres que ajudaram a melhorar o mundo, a diminuir o preconceito, a construir mais dignidade para o trabalho e oportunidades igualitárias na sociedade.
Ninita é como Simone de Beauvoir, é como Coco Chanel, Cora Coralina, Telma Piacentini, Rosa Weingold Konder, Zilda Arns, Clara Shumann, George Sander, símbolos da inteligência e competência, características da mulher.
Ninita merece ser lembrada, e resgatada, pois ela efetivamente quebrou paradigmas, criou nova fase, e face, para Florianópolis e seu nome deveria sempre ser lembrado e homenageado em toda e qualquer atividade ligada à indústria do vestuário, da inovação e da moda.
Se me perguntam como lembro de Ninita, que hoje vive reclusa em sua propriedade nos Ratones, respondo que a recordo pelas palavras coragem, destemor, sonho e ousadia.
E penso que ela ainda não foi devidamente reconhecida e homenageada pela cidade, e pelo estado, que foram beneficiados por suas sensibilidade e competência.
Nestes tempos em que se discute um novo nome para a Capital de SC, para olvidar de um carniceiro autoritário Floriano, quem sabe um nome leve, bonito, que oferece um forte sentido a quem o pronunciar?
Quem sabe a nova Floripa, em reconhecimento a um de seus pilares conceituais e humanos, passe a chamar-se Ninópolis?
A cidade de uma mulher que deu sua vida, sua bondade, seus sonhos e coragem, deixando-nos como herança a feminina imagem da inteligência, da beleza, da estética e da suavidade.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Estado de Vulnerabilidade



A tragédia que se abateu sobre o Chile teve repercussões humanas em Santa Catarina.
Várias centenas de turistas que se encontravam em Balneário Camboriu, tradicional ponto de férias de verão, ficaram em situação constrangedora com o terremoto que atingiu aquele pais.
Sem recursos para custear sua permanência compulsória no Brasil, não podiam voltar ao Chile, por completa falta de condições, uma vez que sua pátria estava imobilizada pela amplitude dos abalos sofridos.
Sem dinheiro para pagar hospedagem e alimentação, sem comunicação com suas famílias e sem qualquer possibilidade de apoio pelos representantes diplomáticos chilenos, estavam sem perspectiva de solução imediata para permanecer e retornar.
Numa atitude sensível e corajosa, o prefeito daquela cidade tomou a iniciativa de declarar “estado de vulnerabilidade”, protegendo com ato oficial da municipalidade a cobertura das despesas que assustavam os turistas, forçados a permanecer em nosso país.
Com essa medida, todos os turistas da terra de Pablo Neruda, puderam ter um pouco mais de segurança e aguardar o desfecho de sua volta.
O governador do estado, estimulado pela ação do prefeito, declarou que se necessário poderia emitir uma medida provisória para apoiar o gesto do prefeito.
Ambas as atitudes são louváveis e merecem o reconhecimento de todos, pela solidariedade humana que encerram e pelo apoio que representam para aqueles seres humanos angustiados por retornar a um pais abalado pela desgraça.
Tão bons esses exemplos, que deveriam ser estendidos às cidades, e cidadãos, que foram atingidos pelos acidentes da natureza, como enxurradas e desabamentos de morros, que Santa Catarina sofreu recentemente.
Blumenau é uma das cidades que ainda sofre com o saldo das mortes e grande numero de desabrigados das chuvas e quedas de morros e barreiras.
Se ainda existirem pessoas e grupos familiares em instalações provisórias, fora de suas casas e do convívio normal, e digno, em família, poderia o governo do estado gerar uma ação no padrão de Camboriu, oferecendo hospedagem em bons hotéis e alimentação adequada em restaurantes de bom nível, a quem ainda permanece afastado de suas vidas normais, por fatores também naturais e involuntários.
Se turistas merecem, e merecem mesmo, todo nosso respeito e apoio, muito mais merecem nossos irmãos que aqui residem, pagam seus impostos, trabalham, criam seus filhos e esperam a oportunidade, não de retornar ao Chile, mas para as suas casas, seus bairros e seus contextos afetivos e sociais.
E esse procedimento, acenado pelo governador em visita a Camboriou, poderia se transformar em providência habitual quando da ocorrência de outros não desejados eventos catastróficos da natureza, oportunizados pela ação nefasta, e sem controle adequado, da ocupação e especulação imobiliária, desordenadas e não policiadas.

O bom exemplo do governo de Minas Gerais



O governador Aécio Neves mostra as razões de seu sucesso como governante de um dos maiores estados brasileiros.
Modernizou a gestão pública, paga melhores salários para os profissionais do estado e é reconhecido como um político moderno e empreendedor.
Não é à toa que aparece como um dos bons presidenciáveis para as próximas eleições.
Jovem e simpático, inteligente e comunicativo, não apresenta os cacoetes velhos e velhacos que muitos governantes ainda usam como se fossem engambelar os eleitores
Não é personalista, não fica repetindo ad nauseam os ultrapassados e surrados “eu fiz, eu farei, eu, eu, eu, eu...”.
Descentralizou a gestão, implantou parâmetros profissionais para avaliar o desempenho da máquina administrativa e não enrola a população de seu estado com uma divulgação pesada que beira a propaganda.
Hoje em dia, no Brasil, é muito comum ver governantes que se diziam democratas, defensores dos direitos humanos, constituintes que teriam lutado em 88 para restabelecer os pilares democráticos, mas que deixam correr solto, em seus governos, a tortura de presos, casos não esclarecidos de denúncias de corrupção, amigos e apaniguados em situações discutíveis e um trabalho de culto às suas pessoas, beirando o centralismo fascista.
E tudo isso pago com recursos públicos, que muitas vezes fazem falta em áreas essenciais como educação, saúde e segurança.
Mas Aécio Neves não surpreende só por isso. Ele inova até na sensibilidade e compreensão do momento por que passam as cidades brasileiras.
O processo de urbanização, e concentração, que tem caracterizado principalmente as capitais de nosso pais, o aumento da frota de veículos privados, a ausência de medidas efetivas para melhorar o transporte coletivo, tem condenado nossos cidadãos à oscilação entre o êxtase e a agonia.
Êxtase por poder comprar seu próprio veiculo e agonia de não poder usá-lo nas ruas entupidas, nas avenidas congestionadas e nas estradas abandonadas e mal sinalizadas.
Sabedor do poder de atração de pessoas, e veículos, que as instalações governamentais exercem sobre as populações de usuários, Aécio construir um grande centro administrativo, afastado do centro da cidade e fora de qualquer eixo que possa comprometer ou repercutir na capital do estado.
E construiu um centro verde, com respeito à natureza e economia de energia aproveitando águas de chuva e energia e luz, solares.
Esse exemplo deveria ser seguido por todos os prefeitos e governadores: tirar dos centros de cidades, e arredores já congestionados, todas as instalações públicas, sejam municipais, estaduais ou federais.
Levá-las para um bom local, com infraestrutura de qualidade, mas que não possam concorrer com o turismo e com a qualidade de vida dos moradores permanentes das cidades.
Construir prédios e torres, sedes e edifícios, em avenidas ou estradas já sobrecarregadas pelo tráfego, e que ficam inviáveis no verão e nas temporadas turísticas, efetivamente não é demonstração de inteligência, modernidade ou eficácia.
Vamos lá governantes, não contribuam com a decadência de nossas cidades.
Muitos de vocês irão para a capital do país e curtirão as benesses e o conforto de avenidas largas, carros com motorista, apartamentos funcionais, pagos pelos contribuintes.
Muitos de vocês não sentem os dramas que criam com suas omissões, pois andam em helicópteros e aviões, não tendo a mínima noção dos problemas que criam para quem precisa levar filhos a escola e chegar até seus locais de trabalho.
Não esqueçam que estamos no limiar da inviabilização de nossas cidades, com muito crédito para compra de automóveis e nenhuma política publica séria e planejada para os transportes coletivos decentes e dignos para a população, de onde saem os votos que vocês tentarão seduzir para manter poder, cargos, mordomias e privilégios.
Mirem-se no exemplo de Minas.
Afinal, aquele estado está demonstrando os bons motivos de ser um gerador de presidentes para a Nação.