terça-feira, 7 de março de 2017

A GERAÇÃO DA INCERTEZA


Por diversos motivos estamos vivendo uma época de elevado nível de incerteza.
A faixa mais atingida é aquela que se situa entre os 25 e 40 anos.

É um contingente humano que foi duramente atingido pelas transformações econômicas, tecnológicas, políticas, e comportamentais, geradas nas décadas de 1970/80/90, que levaram as empresas e organizações a drásticas alterações e mudanças.

O uso intensivo de tecnologia, a mudança da bipolaridade política no mundo com a derrubada do muro de Berlim, o Consenso de Washington, a quebra dos sistemas de previdência, saúde, em âmbito mundial, as crises financeiras, ou seja tudo que se abateu sobre o setor produtivo e sobre a geração de empregos e trabalho. 

No Brasil ainda tivemos a crise fiscal e econômica, gerada pelos governos entre 2003 e 2014, que atingiu duramente empresas e governos, municipais, estaduais, e federal.

O saldo disso tudo é um grande contingente de jovens desempregados, que tiveram que continuar morando com seus pais, por não conseguirem trabalho, ou por ganharem tão pouco, que não conseguem suportar um orçamento pessoal mínimo, com o que recebem.

Essa geração sofre perda de autoestima, insegurança, pouca confiança em si para relacionamentos afetivos, e grande dificuldade para desenvolver um projeto de vida, pois não sentem a mínima firmeza em suas bases existenciais para dar passos maiores.

Percebe-se que são pessoas, em geral, com ótima formação acadêmica, com bom potencial produtivo, nível de conhecimentos gerais bastante satisfatório, mas que não encontram canais adequados para colocar suas competências.

Esse gap humano, representa alguns milhões de brasileiros, de todas as classes sociais, que sentem e sofrem na própria carne a incompletude diante de uma realidade, que não permite antever as necessárias mudanças.

Esse problema não é exclusivo de brasileiros, mas aqui se percebe que existe uma sólida vontade desse grupo de se integrar à faixa produtiva da sociedade, mas não percebe a oferta de vagas e salários por parte dos segmentos econômicos do Brasil.

Fala-se muito em empreender, em inovação, em romper com as formas tradicionais de trabalho e produção, mas ainda é uma área bem restrita, em nosso país, a obtenção de financiamentos, de apoios acadêmicos e empresariais, para criar e implantar novas empresas, e obter alguns ganhos.

Observa-se nos espaços destinados a coworking uma grande quantidade de jovens, que permanecem sem ganhos financeiros, 
mas que acalentam seus sonhos de uma vida autônoma, estável e que permita formar uma família e viver, minimamente, sem o vital apoio dos pais.

Precisamos fazer algo, e de forma rápida e eficaz, para evitar que esses jovens ingressem no terreno da desesperança, da tristeza, da perda da autoconfiança, pois essa geração terá que entrar no mercado de trabalho, para que o ciclo da continuidade, e solidariedade social, não se rompa ou se perca.

A vida é uma corrida de revezamento, na qual cada geração precisa passar o bastão para a próxima, um pouco mais à frente do que o recebeu, para que se possa construir o avanço social, político, econômico e cultural.

Abandonar essa geração à própria sorte pode jogar o Brasil numa situação de dúvida e angústia.
Estamos envelhecendo como nação e sociedade e não podemos nos dar o "luxo" de desprezar expressiva quantidade de mão de obra, que tem muita vontade de trabalhar!



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