quinta-feira, 30 de outubro de 2014

CONTRADIÇÕES X INOVAÇÕES



A Caixa Econômica Federal, e um banco privado adquirido por ela, recentemente, estão oferecendo juros atraentes para financiar mais aquisições de automóveis.
Nesta fase de aquecimento global, em que já se sentem os efeitos da estufa em que estamos transformando nosso mundo, melhor seria se o governo federal, e os dos estados, oferecem estímulos para evitar as causas do aumento de calor:

-financiar ou subsidiar sistemas de aquecimento solar, nas residências, para evitar aumento de consumo de eletricidade gerada em termo-elétricas, que usam combustível fóssil, poluente, e encarecem a conta dos usuários (redução de IPTU compensado por apoios federais)

-aplicar os estímulos financeiros para transporte alternativo, tipo bicicletas, com a redução de impostos sobre sua produção e construção de ciclovias, decentes e protegidas, em todas as cidades brasileiras

-estimular a melhoria e a quantidade de transportes coletivos para que as pessoas pudessem deixar seus carros em casa

-numa costa de 8.000 km de extensão, com tantos rios e lagoas no território, implantar transportes náuticos

-definitivamente, implantar grandes programas para ferrovias, que cubram o território nacional, para carga e transporte de pessoas

Ou seja, existe muito mais para ser feito do que oferecer algumas reduções para que a indústria automobilística continue lucrando com carros, os mais caros do mundo, e os de maior consumo por km rodado.

-Quando teremos mais racionalidade, sensibilidade, e consciência para oferecer à nação brasileira, um conjunto de medidas adequadas ao momento mundial?


-Ou vamos esperar a seca, proveniente do desequilíbrio térmico, chegar a todo o Brasil, gerando grandes crises humanas e sociais?



segunda-feira, 27 de outubro de 2014

TENTAR DIVIDIR O BRASIL ENTRE "POBRES" E "RICOS" É MANIPULAÇÃO GROSSEIRA!

Há alguns anos atrás, o nordeste era terra de freguesia de políticos corruptos, e corruptores, que usaram por muitos anos a "indústria da seca".
Volumes fabulosos de recursos públicos eram desviados para bolsos privados, por meio de estratagemas e negociatas.
Atualmente, tendo o poder público investido menos do que devia, nos últimos 20 anos, fica o nordeste refém dos governos federais, que se sucedem, e que continuam prometendo a redenção.
Grandes obras inacabadas, enormes promessas de salvação, de alcançar condições dignas de vida, de novos surtos de desenvolvimento, continuam usando a região nordeste do Brasil de forma pouco digna.
Quer se fazer uma imagem dos "pobres nordestinos", como se condenados a viver, sempre, dependentes do governo federal, ajudando, dessa forma, a construir um estigma pesadíssimo contra os nordestinos, como se incapazes de trabalhar e produzir, fossem.
Esse mito dominador, esse ícone só serve a um determinado tipo de poder, que deseja perpetuar o preconceito, e estimulá-lo, contra o nordestino, como se um inerte fosse.
A indústria de São Paulo, a construção civil, a gastronomia, e várias outras atividades econômicas e profissionais, desmentem essa tentativa.
Muitos nordestinos fugindo das péssimas condições ambientais e da ausência de investimentos governamentais, se deslocaram para SP, participando com a sua imensa capacidade de trabalho de muitos segmentos empresariais, sendo a indústria automobilística uma evidente prova desse engajamento.
O nordestino é um forte, já o disseram muitos escritores, músicos, artistas, poetas.
E lá está esse povo valente, pacífico, trabalhador, que continua resistindo ao abandono, recebendo migalhas públicas e esperando, os poderosos, que se contente com pouco, ou quase nada, e que, ainda, seja utilizado, politicamente, pelo poder, para que este passe ao resto da nação brasileira, a impressão de que realiza uma grande cruzada salvadora daquela região.
Pelas grandes distâncias, e pelo pré conceito construído pelo poder, ao longo de muito tempo, o nordeste é pouco conhecido, em sua realidade social, econômica, e ambiental, por grande parcela das populações das regiões abaixo do Rio de Janeiro, que para lá viajam, normalmente nas férias, mas que ficam mais na parte litorânea.
Querer explorar essa situação apresentando ao sul do Brasil os nordestinos como recebedores de grandes parcelas de recursos públicos, de muitas obras e de muitas ajudas governamentais, não passa da velha e espúria atitude dominadora de "dividir para governar".
O mesmo argumento, em forma reversa, é apresentado no nordeste, como se o sul fosse uma região privilegiada, rica, que tem todos os privilégios de soluções e investimentos públicos, riqueza acumulada, e que deseja que nada seja canalizado para o nordeste.
Essa atitude canalha, diversionista, que tenta dividir criminosamente uma nação, um território, idioma, e cultura, únicos, encontra sentido na busca desenfreada pelo poder, por cada vez mais poder, de grupos políticos que não querem que o Brasil se conheça, nem se reconheça, dentro de parâmetros de solidariedade, de generosidade, de respeito mútuo, de compreensão, e de colaboração.
Existe o risco de parcelas da sociedade, menos informadas ou conscientizadas do processo político, embarcarem nessa lenda espalhada por artífices desses podres poderes, que se deslumbraram com a corrupção, com dinheiro ilimitado, com benesses para parentes e amigos, tudo feito com os dinheiros públicos, advindos de impostos, produzidos de norte a sul, de leste a oeste, deste iludido e roubado Brasil.
Mas é grande, também, o risco, que esses corruptos, esses bandos de salteadores da riqueza gerada em nossa nação, de que a população brasileira, orientada por novas e honestas lideranças, se dê conta dessas artimanhas e manobras, e que venha a expulsar os assaltantes, os ladrões, os saqueadores da riqueza nacional, levando-os ao exílio das cadeias, ao degredo das penitenciárias, ao castigo das masmorras.
E de nada valerá, mais, tentar se fazer de vítimas de "ricos" e "poderosos", que "usurpam" a riqueza de nosso Brasil, pois desmascarados estarão por todo o povo brasileiro, que se cansará desse teatro de horrores, que foi montado, com as máscaras de trabalhadores, com falsas asas de anjos, com "personas" falsas, como falsas sempre foram as suas posturas populistas e ilusórias.



ELEIÇÕES 2014, E O FUTURO DO BRASIL


O Brasil elegeu uma nova configuração de dirigentes, em seu processo eleitoral deste mês de outubro. A presidência da República foi reeleita, muitos novos governadores, novas bancadas estaduais e federais. Os discursos dos dois candidatos à presidência da República focaram a necessidade de nosso país valorizar a união nacional, o cumprimento legal, e a solução para a situação econômica, que a nação enfrenta.
Dilma Rousseff fez questão de destacar seu compromisso com o combate à corrupção, chamou a atenção para a necessidade de a sociedade superar logo a divisão gerada pela eleição, e para a união em torno da nação.
É importante que se atente para um aspecto fundamental, resultante desse processo de disputa: nosso país está numericamente com duas partes quase iguais, os que votaram na candidatura de oposição, e aqueles que reelegeram a candidata da situação.
Esses números demonstram uma mudança muito interessante na postura da cidadania.
Daqui para a frente deverá ser exercido um controle social bem mais expressivo do que aquele que vinha sendo realizado, até agora. Houve um despertar durante o processo eleitoral, que trará melhorias e benefícios para a sociedade brasileira. Em todo o mundo as democracias maduras são caracterizadas por uma atividade permanente de acompanhamento de tudo que os governos fazem. No Brasil essa atividade cidadã estava bastante amortecida, distante, por uma prática cultural de se manifestar somente nos momentos eleitorais. Desde as manifestações de 2013, ainda não bem digeridas pela sociedade, nem por governos e instâncias legislativas, ficou evidente que o Brasil estava mudando. Com a aglutinação ocorrida agora, se completa um ciclo de retomada do controle sobre as atividades governamentais e de nossas assembleias legislativas e congresso nacional.
Além dessa percepção clara de mudança, a participação dos novos governadores, e a nova relação político-partidária advinda dos agrupamentos locais e regionais decorrentes do novo mapa, que existe desde ontem, vai alterar completamente a situação nacional, que havia antes das eleições.
A Presidente eleita terá que enfrentar duas situações eminentemente prioritárias, inclusive de acordo com seu discurso da noite de ontem, que podem comprometer sua gestão: os casos de corrupção investigados pela Polícia Federal, e a situação econômica do Brasil, desde que ela sinalizou com a substituição do atual ministro da fazenda.
Além disso, a reforma política já tão adiada e nunca tratada com a seriedade, que merece, ocupará importante prioridade para a nação, pois ficou evidente nesta eleição a mais completa contradição, a ausência de programas e posturas ideológicas, entre os partidos e políticos, que se perfilaram com uma ou outra corrente eleitoral.
Pessoas que jamais professaram princípios coletivistas concorreram por partidos com programas socializantes, enquanto outras vindas de partidos com nomes e siglas popularmente entendidas como “comunistas”(apesar da superação desse termo) ou “socialistas”, concorreram, ou ajudaram, ou apoiaram, coligações com características do que seria o poder econômico ou financeiro.
Esse mosaico do crioulo doido, que foi facilmente detectado pelos eleitores, comprova a completa dissociação entre o processo partidário e as tendências reais, que a sociedade brasileira contempla em suas crenças.
Enquanto no campo da fé religiosa, e dos times de futebol, são encontradas posturas bem mais coerentes, e permanentes, nas eleições, e nas coligações partidárias nota-se, nitidamente, o predomínio de interesses imediatos, sem qualquer compromisso com programas partidários, ou com correntes ideológicas, históricas, ou mais recentes.
Pode-se concluir que essa postura foi implantada ao longo de uma história de dominação e imposição de comportamentos “aderentes”, que substituíram a opção de escolha, que deve ser a marca das democracias conscientes.
Mas, sem qualquer dúvida, já está na hora, no momento histórico, de o Brasil rever sua condição partidária e eleitoral, assumindo a sociedade brasileira suas identificações e preferências políticas, ideológicas, partidárias, para que se saiba em quem se está votando, por quais motivos e razões, e por apoio a quais posturas e compromissos programáticos.
Sem isso, o Brasil, dificilmente, encontrará um espaço entre as nações mais desenvolvidas, pois aquelas que já estão nessa posição não chegaram lá por acaso, por sorte, ou por terem encontrado uma riqueza econômica aleatoriamente. Desenvolvimento só se obtém por um processo de construção de uma nova realidade, desde que escolhas claras sejam realizadas, em relação à prioridade dada à educação, à saúde das pessoas, e a necessidade de trabalho digno e bem remunerado, além de cuidados ambientais, de pesquisa e inovação.
Nada é por acaso, e uma nação do porte do Brasil precisa abandonar as posturas casuísticas e quase lotéricas, de se apostar em adesões pessoais, individuais, egocêntricas, quando se está tratando do futuro de todos, e da tentativa de resgatar nosso país do limbo do jeitinho e da corrupção amiga.
Jeitinho e corrupção só levarão este país para condições cada vez mais distantes daquilo que se almeja como uma sociedade desenvolvida, justa, decente, ética e equitativa.
O Brasil elegeu uma nova configuração de dirigentes, em seu processo eleitoral deste mês de outubro. A presidência da República foi reeleita, muitos novos governadores, novas bancadas estaduais e federais. Os discursos dos dois candidatos à presidência da República focaram a necessidade de nosso país valorizar a união nacional, o cumprimento legal, e a solução para a situação econômica, que a nação enfrenta.
Dilma Rousseff fez questão de destacar seu compromisso com o combate à corrupção, chamou a atenção para a necessidade de a sociedade superar logo a divisão gerada pela eleição, e para a união em torno da nação.
É importante que se atente para um aspecto fundamental, resultante desse processo de disputa: nosso país está numericamente com duas partes quase iguais, os que votaram na candidatura de oposição, e aqueles que reelegeram a candidata da situação.
Esses números demonstram uma mudança muito interessante na postura da cidadania.
Daqui para a frente deverá ser exercido um controle social bem mais expressivo do que aquele que vinha sendo realizado, até agora. Houve um despertar durante o processo eleitoral, que trará melhorias e benefícios para a sociedade brasileira. Em todo o mundo as democracias maduras são caracterizadas por uma atividade permanente de acompanhamento de tudo que os governos fazem. No Brasil essa atividade cidadã estava bastante amortecida, distante, por uma prática cultural de se manifestar somente nos momentos eleitorais. Desde as manifestações de 2013, ainda não bem digeridas pela sociedade, nem por governos e instâncias legislativas, ficou evidente que o Brasil estava mudando. Com a aglutinação ocorrida agora, se completa um ciclo de retomada do controle sobre as atividades governamentais e de nossas assembleias legislativas e congresso nacional.
Além dessa percepção clara de mudança, a participação dos novos governadores, e a nova relação político-partidária advinda dos agrupamentos locais e regionais decorrentes do novo mapa, que existe desde ontem, vai alterar completamente a situação nacional, que havia antes das eleições.
A Presidente eleita terá que enfrentar duas situações eminentemente prioritárias, inclusive de acordo com seu discurso da noite de ontem, que podem comprometer sua gestão: os casos de corrupção investigados pela Polícia Federal, e a situação econômica do Brasil, desde que ela sinalizou com a substituição do atual ministro da fazenda.
Além disso, a reforma política já tão adiada e nunca tratada com a seriedade, que merece, ocupará importante prioridade para a nação, pois ficou evidente nesta eleição a mais completa contradição, a ausência de programas e posturas ideológicas, entre os partidos e políticos, que se perfilaram com uma ou outra corrente eleitoral.
Pessoas que jamais professaram princípios coletivistas concorreram por partidos com programas socializantes, enquanto outras vindas de partidos com nomes e siglas popularmente entendidas como “comunistas”(apesar da superação desse termo) ou “socialistas”, concorreram, ou ajudaram, ou apoiaram, coligações com características do que seria o poder econômico ou financeiro.
Esse mosaico do crioulo doido, que foi facilmente detectado pelos eleitores, comprova a completa dissociação entre o processo partidário e as tendências reais, que a sociedade brasileira contempla em suas crenças.
Enquanto no campo da fé religiosa, e dos times de futebol, são encontradas posturas bem mais coerentes, e permanentes, nas eleições, e nas coligações partidárias nota-se, nitidamente, o predomínio de interesses imediatos, sem qualquer compromisso com programas partidários, ou com correntes ideológicas, históricas, ou mais recentes.
Pode-se concluir que essa postura foi implantada ao longo de uma história de dominação e imposição de comportamentos “aderentes”, que substituíram a opção de escolha, que deve ser a marca das democracias conscientes.
Mas, sem qualquer dúvida, já está na hora, no momento histórico, de o Brasil rever sua condição partidária e eleitoral, assumindo a sociedade brasileira suas identificações e preferências políticas, ideológicas, partidárias, para que se saiba em quem se está votando, por quais motivos e razões, e por apoio a quais posturas e compromissos programáticos.
Sem isso, o Brasil, dificilmente, encontrará um espaço entre as nações mais desenvolvidas, pois aquelas que já estão nessa posição não chegaram lá por acaso, por sorte, ou por terem encontrado uma riqueza econômica aleatoriamente. Desenvolvimento só se obtém por um processo de construção de uma nova realidade, desde que escolhas claras sejam realizadas, em relação à prioridade dada à educação, à saúde das pessoas, e a necessidade de trabalho digno e bem remunerado, além de cuidados ambientais, de pesquisa e inovação.
Nada é por acaso, e uma nação do porte do Brasil precisa abandonar as posturas casuísticas e quase lotéricas, de se apostar em adesões pessoais, individuais, egocêntricas, quando se está tratando do futuro de todos, e da tentativa de resgatar nosso país do limbo do jeitinho e da corrupção amiga.
Jeitinho e corrupção só levarão este país para condições cada vez mais distantes daquilo que se almeja como uma sociedade desenvolvida, justa, decente, ética e equitativa.

sábado, 25 de outubro de 2014

VIOLÊNCIA CONTRA A IMPRENSA, NO BRASIL



Nada pior, nada mais destrutivo, para a democracia, que ataques perpetrados contra a liberdade de informação dos meios e veículos de imprensa. 
Quem participa de ações de destruição, tentativas de intimidação, ou de ameaças aos meios de imprensa, se identifica com as piores fases, as mais violentas, do avanço dos regimes fascistas, na Itália de Mussolini, e nazista na Alemanha de Hitler. 
Ambos conseguiram, em seus regimes de medo e perseguição, algum sucesso durante poucos anos. 
Mas ambos, Hitler e Mussolini, foram os responsáveis pela brutal destruição daqueles dois países, na segunda guerra mundial. 
Nenhuma sociedade, que se pretenda democrática, pode consentir, aceitar, concordar, aceitar, qualquer que seja a natureza, de atos contra a liberdade da imprensa. 
Em todas as nações desenvolvidas, política, econômica, e culturalmente, a imprensa tem sua ação sempre protegida pela lei e pelas forças de segurança. Tolerar o absurdo cometido em São Paulo, sem as devidas prisões dos agressores, e posterior condenação por enquadramento legal, pode começar a contaminar o Brasil com o verme da tirania, da prepotência, da intolerância, que sempre acaba destruindo a democracia, e o ordenamento legal, pois quem pratica esse terror contra a imprensa, pode se sentir muito à vontade, por ausência de condenação social, legal, e por atitudes condescendentes de autoridades policiais. Assim foi com a sociedade italiana, quando os ataques dos camisas pardas fascistas de Mussolini, começaram a espancar e perseguir as pessoas que não aceitavam o fanatismo daquele tirano insano. 
Também na Alemanha de Hitler, a sociedade tolerou ataques às lojas de judeus, ao comércio e fábricas dos que não se alinhavam com o nazismo incipiente, transformando aquele berço de cultura e artes, num enorme campo de concentração, onde foram mortos, exterminados, muitos milhões de seres humanos, por serem, simplesmente, discordantes do nazismo em marcha. 
Ou escolhidos pelos nazistas, como inimigos preferenciais. 
Naquelas duas nações a violência, além de outros símbolos brandidos em passeatas e manifestações, a violência extrema, a morte, foram transformadas em ícones da força, da brutalidade, para impor o medo, para fazer reinar o silêncio, para calar a todos que se insurgissem contra a dominação de seus países, por quadrilhas organizadas, de pessoas sem qualquer escrúpulo, que tinham, na crueldade, e no sofrimento imposto a seus adversários, toda a sua razão de ser e de existir. 
Todos sabemos onde desaguou esse tipo de ação. 
O mundo foi paralisado pela guerra, mais de 60 milhões de pessoas foram mortas, sociedades inteiras sofreram enormes destruições. 
Como bom covarde, e o são todos os que recorrem à ameaça, à violência e à morte, Hitler não enfrentou um único tiro, nunca esteve numa trincheira e se suicidou com sua amante, num bunker em Berlim, antes de encarar a rendição aos exércitos russos. Mussolini e sua amante, Clara Petacci, foram fuzilados pelos partisans da Itália, sendo pendurados de cabeça para baixo. 
Nosso Brasil, depois de uma longa história de muitas contradições, reafirma sua vocação democrática pelo processo eleitoral, em plena execução. 
Dois candidatos disputam os votos do eleitorado brasileiro, discutindo teses, apontando erros, propondo correções de rumo. 
Ambos se manifestaram, hoje à noite, frontalmente contrários aos fatos de ontem em São Paulo. 
Deixaram bem claro que não suportam a natureza desse tipo de agressão. A democracia brasileira se encaminha para a sua maturidade, com a grande reafirmação do calendário eleitoral. 
A Presidente da República, que é candidata à reeleição, seja qual for o resultado do pleito de amanhã, tem que exigir a mais plana e plena apuração dos fatos, e a punição de todos os envolvidos. 
Para que fique, de forma exemplar, marcada a posição de nosso Brasil, completa e frontalmente contrária a qualquer tentativa de intimidação, dos meios de informação, e da sociedade brasileira.


ELEIÇÕES NO BRASIL, O PONTO ALTO E CONSAGRADOR DA DEMOCRACIA




Neste final de semana o Brasil consagra o regime democrático. 
Depois de uma longa caminhada de experimentação de diferentes governos, partidos, correntes ideológicas, o segundo turno das eleições presidenciais vai apontar um vitorioso. Que a vitória seja da participação da sociedade brasileira, consciente, e do poder de exercer o direito mais básico que caracteriza a cidadania, a escolha! 
Democracia é um regime de participação, experimentação, e de escolhas
Não se pode substituir o direito e o poder da escolha pela simples adesão
Normalmente quem adere, sem maiores análises ou questionamentos, age de forma mais emocional, levado por fatos e induções, mais ligados aos sentimentos subjetivos, ou a interesses imediatos
Mas o país, a sociedade, a nação, merecem, neste momento, uma boa dose de atenção, de energia pessoal e coletiva, para que se possa comparar, pensar no passado, no futuro que desejamos, nas condições que sonhamos para nós, e nossos descendentes. 
Aí está a questão ambiental, que será tema dominante nas próximas gestões, e que não suporta demagogia, improvisação, jeitinho, pois o futuro da vida está em jogo, se a sociedade somente valorizar certos gastos e investimentos, sem chamar a atenção dos gestores públicos e estatais, para a preservação das condições básicas da vida. 
Além disso, o aprimoramento e a evolução da democracia exige inovação e o Brasil necessita desenvolver meios e recursos para que todos possam escolher livremente suas opções de vida, políticas, sem precisar aderir a favores públicos, que só valorizam o casuísmo e o personalismo, elementos que já demonstraram sua inutilidade, ao longo da história brasileira. 
Vamos celebrar a democracia em nossa sociedade, votando e escolhendo movidos por nobres motivos, pensando no futuro que desejamos e nos sonhos que as novas gerações desenvolvem, de uma condição de vida digna, no Brasil
Votemos com muita ponderação, sem sentimentos de raiva, de acusação, de ameaças, votemos com nobres sentimentos em nosso coração e nossa alma, iluminados pelos novos caminhos abertos a cada escolha, que fazemos em nossas vidas. 
E animados pelos novos rumos que poderemos construir em nossa pátria, levando-a a um patamar de honestidade, lisura, melhoria e aperfeiçoamento.


terça-feira, 14 de outubro de 2014

DOM CARLO DE GRISALLIE, E OS VINHOS DE ALTITUDE...



A família Tratsk tem sua origem na rica aldeia de Yusof, às margens do Mar de Azov, na Ucrânia.
Região muito rica em terras férteis, um verdadeiro celeiro, como sempre o foi toda a região das encostas da serra, que se debruça sobre o histórico e mágico cenário das águas de Azov.
Lá circulam histórias fantásticas, seculares, sobre os benefícios daquelas águas para a saúde das pessoas, existindo relatos de algumas, que teriam chegado aos 130 anos de existência, plenas de energia, inteligência, e sorrisos. 
E, exageros à parte, relatam casamentos felizes depois dos 140 anos...

A família Tratsk, tem sua história iniciada por plantadores de vinhas em encostas, e escarpas, da serra que, naquela região de Yusof, se debruçam sobre o mar, recebendo seus ventos secos, que garantem a dosagem certa de umidade e temperatura, para que as vinhas de altitude forneçam um vinho muito especial, ao qual também são atribuídas algumas características misteriosas.

Dizem, na região, que quem provou o vinho de altura produzido pela família Tratsk, garantiu longa e alegre vida, e que o vinho transforma os sisudos em risonhos, os tristes em felizes, os rabugentos em simpáticos, os solitários em pessoas que passaram a adorar a vida em grupos, com boas gargalhadas.

É muito repetida, e conhecida, a história de um rico viajante que, no século XVIII lá chegou arrastado por vários criados, e que teria exclamado, quando em Yusof entrou: "vim aqui para morrer, as minhas dores não me deixam mais sentir a alegria de viver".

Conta a lenda que o rico, dolorido, e infeliz visitante teria até pedido para chamar um monge para que recebesse as bençãos divinas, pois acreditava, firmemente, que dali não sairia vivo.
Suas expressões faciais demonstravam as dores agudas que o acometiam.
Não se movia sem a ajuda de seus servos, nem se alimentava se alguém não lhe segurasse a colher e a levasse a seus murchos e contraídos lábios.

Seus cabelos precocemente grisalhos, os sulcos em sua pele do rosto, as marcas fundas em sua testa, formavam um quadro triste de doença e dor.
Foi chamada a matriarca da família Tratsk, de origem cigana, conhecedora de vários cerimoniais secretos de cura e recuperação. 
Contam que já havia devolvido a vida a guerreiros atravessados por lanças, espadas, alguns exageravam relatando que com suas mãos tinha extraído uma bala de canhão das costas de um corcunda...

Quando examinou o sofredor e triste visitante, seu olhar se iluminou. Mandou que lhe fossem servidos, todos os dias, ao longo de 5 dias, jarras da água que vertia em uma fonte, que passava entre as vinhas e se derramava no grande e azul mar de Azov.
A lama formada pela água, que descia entre as vinhas, foi colocada em grandes bacias e enquanto quase afogavam a triste figura nos muitos litros da água das alturas, seu corpo foi sendo esfregado por delicadas mãos femininas, de moças da aldeia de Yusof, que aprendiam as mágicas de cura com a matriarca Tratsk, e se preparavam para que, um 
dia, pudessem aplicar as curas em pessoas que estivessem acometidas por algum tipo de sofrimento.

Até hoje não se sabe a causa exata, mas contam que a partir do terceiro dia as rugas foram sendo substituídas por sorrisos suaves, as contraturas deram lugar a descontraídas gargalhadas, e que no quinto dia teria sido visto um feliz desconhecido que subia as montanhas da região, ajudava a colher uvas em grandes cestos, sem qualquer ajuda.
E ainda dava belos saltos no mar, lançando-se de rochas que avançavam sobre o leito do Azov.
Uma das causas, além da lama, da água, seriam as jarras do vinho de altitude da família Tratsk, que uma das aprendizes da matriarca Tratsk teria servido ao viajante, que um dia chegara triste.
Outros garantem que os estímulos das belas mãos daquela donzela, aliados ao efeito da atmosfera mágica da vila de Yusof garantiram não só a plena recuperação do doente, mas lhe permitiram formar uma numerosa família, com a bela que o atendeu, e que eles foram felizes, para sempre, cultivando e produzindo um vinho, com uma grafia em russo ortodoxo, mas que foi traduzido como "vinho do pleno amor".
E ainda relatam que viveram até os 160 anos, fase na qual ainda se ouviriam gritinhos alegres, que partiam do dormitório do casal, à noite...
Quando foram enterrados, nada foi capaz de retirar os suaves sorrisos, que ambos ostentavam em seus joviais rostos seculares...

Mas além dessas lindas passagens, contos, lendas, e fatos reais, a história da família Tratsk registra aspectos muito interessantes.
Pessoas dedicadas ao convívio pleno e equilibrado com a natureza, viviam em paz, entre si e com seus vizinhos e moradores de outras vilas próximas.
Mas no século XIX as guerras internas na Europa, que chegaram ao território ucraniano, geraram profundas mudanças no viver daquela família dedicada ao bem-viver a à produção de bons vinhos.
O ambiente hostil que contaminou a Ucrânia, as divisões causadas pelas adesões a um dos diversos lados das batalhas travadas, foram aos poucos deixando a aldeia de Yusof dominada pela incerteza, pelo medo, pela tristeza.

Mas os Tratsk não eram pessoas de se entregar ao baixo astral. 
Reuniram todos os membros da grande família, discutiram durante os cinco dias de praxe, comeram bons peixes e frutos do mar de Azov, tomaram muito suco de uva, muitos litros do bom vinho, que produziam, e foram chegando a uma nova decisão sobre suas vidas.

Não fazia muito tempo que um dos membros da família Tratsk, capitão de longo curso, tinha levado seu navio cargueiro para entregar mercadorias num país ao sul do equador, que tinha lhe parecido o paraíso em terra.
Nada entendeu de seu idioma, pois de um lado da fronteira do Rio da Prata, se falava o idioma do reino de Castela, do outro predominava uma língua que em alguns sons até lembrava o russo, mas era completamente diferente, em grafia e pronúncia. 
Diziam que era o português, mas o Brasil se chamava assim por uma árvore de nome 
pau brasil, por lembrar o vermelho das brasas e do fogo.
Contava ele que tudo era lindo, mas reinava uma imensa confusão, pois o povo era dominado por um imperador, que era de Portugal, mas se dizia brasileiro, contrário à sua família, que o havia colocado no poder.

Ainda tinha um marechal, um tal de Fonseca, que bradava contra o império, dizia que queria uma nova república, mas sempre se enganava e acabava saudando o imperador, quando sacava sua espada para proclamar a república...
Isso teria durado até o dia em que o marechal, finalmente, acertou a frase toda e quando gritou contra o império e a favor da república, esta acabou sendo proclamada, mas sem saberem exatamente o que era isso...

E assim o capitão de longo curso, com a sua rica descrição do paraíso anárquico, que havia encontrado no sul do mundo, conquistou a todos da família, e eles se prepararam para deixar a Ucrânia e migrar para uma nova vida, nesse novo território mistura de Espanha, de Portugal, de imperiais e republicanos, de chimangos e maragatos, de brigas de fronteiras, de revoluções, mas que parecia que, um dia, teria mais tranquilidade do 
que na velha Europa, que, apesar de seu nome de Deusa, estavam mergulhando em divisões, guerras e muitas, mas muitas confusões.

A migração

A família Tratsk, ou pelo menos uma parte dela, por sua familiaridade com a proximidade da água, e por ter vivido várias gerações nas encostas do mar Azov, encontrou uma região que lembrava muito a sua de origem. 
Um belo rio, que passava entre duas cidades, ambas montanhosas, onde havia muito sol, mas o frio era assegurado por um rigoroso inverno.
Ficava no meio caminho entre o oceano Atlântico e um dos países ligados aos reis católicos da Espanha, e que tinha o nome derivado da argenta, da prata que dava nome ao rio, e no que era muito rico. 
A Argentina fazia fronteira com o Brasil, e o estado onde ficara a cidade escolhida para a instalação da família, tinha, também, um nome santo, pois era Santa Catarina.
E assim, às margens de um grande rio, os Tratsk se instalaram num herval, que ficava a oeste, e que com o tempo passou a se chamar Herval do Oeste, em frente à Joaçaba, com a qual dividiam o rio, que banhava as margens comuns, e no qual todos navegavam para comerciar os produtos da agricultura, na qual eram mestres, formados nas saudosas escarpas ucranianas.

O vinho


Um dos ilustres descendentes dos Tratsk, dando continuidade à suas origens, dedicou-se à produção de vinhos de altura, além de ter se transformado num industrial da área de estruturas metálicas. 
Foi também conquistado pela cultura local, tendo liderado festas populares pagãs, que todos os anos, entre os meses de fevereiro e março, dominavam as ruas das cidades, com brancos se fantasiando de pretos, com pretos se fantasiando de índios, com índios dançando com europeus, com europeus dançando com brancos, pretos e índios, ou seja, uma miscigenação ampla, completa, irrestrita, bem característica da integração étnica
que imperava no Brasil. 
Imperava é uma maneira de dizer, pois desde que o marechal Fonseca acertou a frase inteira, o Brasil vivia numa república, com boa carga de dúvidas existenciais...
Numa das festas populares, que o industrial Tratsk comandava, recebeu um visitante argentino, que também era grande produtor de vinhos, na vizinha província de Mendoza, e que trazia com ele o cargo de Cônsul honorário daquele país junto a Herval do oeste e Joaçaba, cidades que visitava frequentemente, para saborear bons vinhos, concorrentes aos seus, e assistir as belas demonstrações de música, folclore e cultura.

Em visita à residência de Tratsk, ficou encantado com a qualidade do vinho oferecido e, entre interesses de sabor e de mercado, tentou obter mais informações sobre aquele líquido, "divino, rico e hermoso", como o chamou, pois desejava saber quem era seu potencial concorrente.
Ao saber que Tratsk era o autor daquela façanha, o teatral e exagerado cônsul se ajoelhou, beijou a mão de seu hospedeiro, e proclamou: "esse vinho, um manjar dos deuses, traz consigo uma história, uma tradição, uma lenda, que não podem ser esquecidas", ou "olvidadas" como teria pronunciado. 
E prometeu solenemente, jurando sobre uma pequena bandeira azul e branca, que portava junto de uma bíblia de bolso, que não descansaria enquanto Tratsk não fosse devidamente reconhecido como um novo hispânico em terras brasileiras.
Meses se passaram e novamente Tratsk é avisado da volta do Cônsul a Herval do Oeste, quando ele gostaria de ser recebido pelo prefeito da cidade, e por todas as autoridades, pois na sua condição de representante diplomático promoveria uma sessão solene entre Espanha, Argentina e Brasil.
A data foi marcada pelo serviço consular argentino e espanhol, vária autoridades anunciaram suam presença, e o único pedido feito a Tratsk era que reservasse muitas garrafas de seu vinho, para a anunciada solenidade, que ele nem desconfiava no que resultaria

O mês escolhido foi outubro de 1988, e o dia o de número 20, pois na cabala particular do cônsul argentino/ibérico, era uma data em que divindades se manifestavam pela saúde, pela felicidade, e pela alegria dos humanos em viver.
E assim, nessa expectativa, chega o dia 20 de outubro de 1988.
Desde o dia anterior caravanas de pessoas falando espanhol, ostentando ricas jóias em ouro e brilhantes, roupas em seda da Índia e da China, em carros caríssimos, foram ocupando os hotéis disponíveis, mas eram tantos, que as duas cidades hospedaram aquela pessoas "tão chiques" como se comentava nas esquinas, nos teatros, nos cinemas, em todos os "points" sociais.
O alvoroço era imenso, ninguém sabia o que estava acontecendo, ou por acontecer, mas já havia corrido, a boca pequena, que Tratsk tinha a ver com aquela grande e misteriosa situação.
Na cidade ocorriam competições chamadas na mídia internacional de "Open Games", uma realização que Santa Catarina formara tradição depois de muitos anos de disputas entre todas as cidades.
Portanto, além do cônsul e toda a enorme lista de seus convidados, cruzavam a cidade delegações de várias regiões, com muitas jovens em trajes esportivos, com muitos atletas exercitando-se nos estádios, e uma algazarra festiva como clima de fundo.

Às oito horas da manhã, já avisado na véspera, Tratsk e esposa, devida e solenemente vestidos, aguardavam o cônsul, sem nem imaginar no que embarcariam, só sabiam que era uma festa programada.
Tratsk em sua habitual alegria, já imaginava como uma das hipóteses, que teria sido escolhido como o novo rei momo da cidade. 
Apesar de não ostentar físico para isso, receberia a honraria com alegria inusitada, pois gostava da festa e era um animado figurante.

Batidas à porta da casa  e ela é aberta por Tratsk, que quase sentou de novo, impactado pelo que viu lá fora.
Uma caravana, uma imensa comitiva comandada pelo prefeito da cidade, seguido por todos os vereadores, com faixas com seu nome, algumas delas em espanhol que não entendia bem, e uma figura em um carro conversível, sem a capota, que o chamava para embarcar.
Era o cônsul, que num lindo "coche" anos 50, em estado de novo, já colocava o prefeito no banco dianteiro e deixava o traseiro para que Tratsk e a esposa se alojassem.
Ao pisar fora de casa a multidão explodiu em aplausos, urros, gritos, saudações, que ele mal conseguiu entender algumas:  "rico vino", "manos de oro", " mensajero de diós", e muitas outras de pessoas que tinham se agregado ao grupo e saudavam Tratsk à sua maneira, pensando tratar-se de outra situação: "nosso futuro prefeito", "Tratsk para presidente", "grande líder de nossa escola de samba", e assim por diante.

Foram levados em triunfo, com o delírio da massa, que já ensaiava músicas e ritmos carnavalescos ao longo do percurso, e surgiram algumas pequenas rixas, pois já queriam alguns que Tratsk fosse aclamado como Presidente e vários times de futebol, e até o Vasco e o Flamengo foram citados.
O carro parou em frente à Câmara Municipal, um tapete vermelho foi estendido desde o "lindo coche" anos 50, até a soleira do portal do legislativo municipal, sendo Tratsk e esposa escoltados por um sorridente cônsul, de um lado, e de outro de um orgulhoso prefeito.
A entrar na "casa do povo", as galerias lotadas aplaudiram, gritaram, saudaram, e jogaram muitas flores sobre o casal.
A um movimento de mãos do cônsul, uma orquestra e um coral, em trajes de gala, iniciaram o hino ucraniano, o brasileiro, seguidos de músicas típicas da Ucrânia, levando Tratsk a uma emoção imensa, com algumas lágrimas de nostalgia, e de alegria, descendo por seu rosto.
Foram minutos de sonho, de relembranças, quando imagens dos relatos de seus amados pais surgiram em sua mente e ele relembrou as paisagens, as encostas, o mar de Azov, e toda aquela bela história, que povoara sua memória infantil, pois para lá tinha viajado para conhecer e visitar as terras de sua origem.
Os aplausos o trouxeram e volta e ele reconheceu onde estava e a ansiedade de saber o que ocorreria voltou.
O prefeito e o cônsul, já devidamente postados em uma mesa solene, coberta por luxuosa toalha de renda branca, juntamente com mais uma série de autoridades civis, militares, eclesiásticas, completavam as cadeiras.
Ele e a esposa, em pé, aguardavam a orientação de onde deveriam sentar.
Mas não foi essa a ordem recebida.
O prefeito, com voz tonitruante, declarou: "Está aberta a sessão especial entre o poder executivo, o poder legislativo, o ministério das relações exteriores e a representação argentina. Por deliberação de todos estes níveis aqui presentes, e por votação unânime de seus membros, estamos aqui reunidos, cidadãos e autoridades binacionais, para honrar e
homenagear um ilustre cidadão, que além de se integrar exemplarmente à vida de nossa cidade, ainda nos brindou com um secular segredo trazido da pátria de origem de sua família, tornando-se produtor do especial vinho de altitudes, o mesmo que fazia parte da história da aldeia de Yusof, na Ucrânia, às margens do mar de Azov.

Após a proclamação do prefeito, o cônsul levantou-se, coberto por uma capa de veludo azul marinho, com petit-pois brancos, com gola elevada, igual às usadas nas cerimônias da corte espanhola.
Declarou ele que a Espanha, irmanada com Argentina e Brasil, tinha outorgado a Carlos Tratsk, emérito produtor de vinho, mantenedor da tradição de vinhos de altitude, um título especial e que, a partir daquela data, passaria a ser tratado como: 
DOM CARLO DE GRISALLIE, uma homenagem, dos três países, e a nomenclatura Grisallie, advinda do castelo francês, onde a espécie de uva utilizada por Tratsk era cultivada e mantida em produção, há centenas de anos.
Dom Carlo de Grisallie, a partir daquele momento passou a ser reconhecido pela imagem recebida em uma placa em ouro, onde se liam as seguintes inscrições: "A partir desta data, de 20 de outubro de 1988, Carlos Tratsk, ilustre descendente dos dignos produtores ucranianos de vinhos de altitude, passa ser nominado, oficialmente, como Dom Carlo de Grisallie, fazendo jus a este emblema nobiliárquico e ao anel especialmente desenhado para seu uso, em ouro 18k e com pedra rubi em sua parte alta."

E assim nasceu a marca Dom Carlo de Grisaille, que em janeiro de 2015 reunirá alguns súditos e amigos, em Jurerê, com a sua simpática família, para declarar que a marca está pronta para percorrer mais um século de história, agora o XXI, para levar alegria, boas energias, e muitas disposição para seus apreciadores.

E Dom Carlo de Grisallie não para de lembrar a histórica cura contada por seus ancestrais, do dolorido e adoentado viajante, que depois de superar dores e sofrimentos, ainda encontrou muita força. amor, e energia para viver uma bela história de amor, tudo regado e abençoado pela matriarca Tratsk, com suas mãos de cigana milagrosa e sua 
alma bondosa, que deixou como legado para Dom Carlo.

E assim foram todos felizes, comendo perdizes...


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CORRUPÇÃO


CORRUPÇÃO

A pior poluição é a gerada pela corrupção.
A poluição degrada a qualidade de vida, limita as suas potencialidades.
A corrupção degrada toda uma sociedade, valoriza o descumprimento
legal, enaltece a impunidade dos poderosos e de seus protegidos.
A corrupção, se não for devida e exemplarmente punida, pelos que
estão no poder, cria novos paradigmas comportamentais, mais frouxos,
mais elásticos moralmente, contaminando uma nação e fazendo com
que a cidadania se desvalorize.
Nações assaltadas pela corrupção desaguam em anarquia e privilégios
de poucos.
Ou se combate a corrupção, e se acaba com ela, e com as suas causas,
em geral o compadrio do poder com os corruptos, ou a nação poderá
ser transformada numa sociedade de segunda categoria, na qual o
poder será compartilhado por aqueles que nunca foram eleitos devida
e democraticamente, sem espaço para uma cidadania saudável.
Democracia e corrupção são mutuamente excludentes, não se pode
conviver com valores decadentes e aéticos, pois o preço a pagar será
dramático e contundente.