quarta-feira, 11 de maio de 2016

A CRISE DO BRASIL, O IMPEACHMENT, E O FUTURO


O Brasil vive mais uma crise.
Crise múltipla, pois atinge os segmentos da economia, da política, da cidadania.
Não é simplesmente uma crise a mais, é, talvez, uma das maiores já vividas, por sua amplitude, em nossa história.
As crises não devem ser temidas, pois elas sempre nos trazem desafios e transformações.
O aspecto negativo é quando os mesmos erros e comportamentos se repetem, mostrando que as pessoas, ou sociedades, pouco estão aprendendo.
O Brasil não pode mais ficar à mercê de uma classe política completamente descomprometida com a sociedade, à qual deveria estar representando e servindo.
O aspecto negativo da corte portuguesa foi ter se mantido distante das aspirações e sonhos da sociedade colonizada e dominada, mantendo-se como um enclave em território brasileiro, que geriu um processo de extrativismo e dependência, sem atentar para as demandas legítimas, que se acumularam em quase quatrocentos anos de anexação.
Brasília é uma cidade criada no governo Juscelino Kubitshcek de Oliveira, com a intenção de interiorizar o desenvolvimento brasileiro, levando a nova capital para o interior.
Atualmente nossa capital, pelo processo político centralizado e dissociado da realidade nacional, reproduz a corte portuguesa, pois a realidade daquela cidade nada tem a ver com restante do Brasil.
A estrutura de facilidades e confortos, montada nos anos 60 para atrair e compensar a ida de governantes e legisladores naquela época se transformou numa excrescência financeira, política, econômica e moral.
A média salarial dos órgãos de governo central são simplesmente incoerentes, com os padrões do resto do Brasil.
Distorções gigantescas foram sendo criadas, e mantidas, em orçamentos inchados e bilionários, para atender mordomias e vassalagens, só servindo aos seus detentores, mas completamente distantes da sociedade e cidadania, às quais deveriam servir e prestar boa qualidade de serviços públicos.
No nível da representação política, essa centralização, além da irrealidade galopante, gritante, incubou sentimentos de impunidade e desapego, pela distância, dificuldade em controlar, e a tremenda facilidade em cooptar, que o poder central desenvolveu, descaracterizando partidos, linhas ideológicas, programas, demandas sociais, legitimidade ou pertinência.
Hoje o sistema hibrido, e apodrecido da política nacional, que se reproduz nas instâncias estaduais e municipais, gerou um organismo estranho e exótico às necessidades brasileiras, transformando o exercício democrático num único momento eleitoral, e o tempo restante num festival de negociatas, num grande carrossel de compra e vendas de consciências e passes, como se num imenso leilão de almas tivesse se transformado aquilo que deveria ser a gestão, política de dirigentes, de uma nação que busca grandeza e superação.
O momento atual nada mais é do que a vitrine escancarada do completo abandono das teses e doutrinas político/ideológicas, em troca de dinheiro, favores pessoais e familiares, enriquecimento ilícito, e muito cinismo e podridão.
Sem entrar em detalhes temporais, momentâneos, ou momentosos, é fácil perceber que nosso país não pode continuar nessa toada, pois estaremos nos condenado a ser uma sociedade marginalizada no mundo, por falta de autoestima, por falta de respeito, por falta de construirmos um limite mínimo de ética e respeito.
Não temos vocação para fundo de quintal de uma humanidade que tenta encontrar avanço e desenvolvimento, parâmetros mínimos de respeito e consideração, solidariedade e construção conjunta.
O Brasil chegou a um limiar histórico importante e definitivo.
Ou optamos por um processo sério e honesto, em nossas escolhas pelo voto, ou estaremos aceitando a corrupção completa de nosso futuro, a destruição de todos os nossos sonhos de justiça, igualdade, e decência.
Este é um ano de eleições municipais.
Em 2018 teremos eleições presidenciais, para governadores, deputados federais e senadores.
Em 24 meses teremos em nossas mãos o próximo passo fundamental de nossa caminhada e do legado que vamos deixar para nossos descendentes.
Temos tudo para reconstruir a relação política com nossos representantes, desde que tenhamos a coragem necessária para varrer da cena pública aqueles que prometeram e enganaram, que disseram e não cumpriram, e todos os que não se comportaram à altura dos cargos para os quais nossos votos os levaram.
Vamos usar a força que a democracia propicia com um voto a cada cidadão.
Agora é o momento. Ou fazemos a grande escolha, ou exercitamos a oportunidade de opção, ou corremos o risco de nos transformar em párias de um mundo que não para para socorrer países que não têm respeito próprio.

Em nossas mãos, talvez, a derradeira chance histórica de darmos o salto necessário!

sexta-feira, 8 de abril de 2016

DIGNIDADE



Essa, finalmente, uma das palavras que mais enfeixa os conceitos necessários para entender as manifestações em nosso Brasil.
O Brasil era tido como um país pacato, acomodado, com uma sociedade cordata e alienada, que a tudo aceitava, em contraste com outros países, nos quais as reivindicações sempre foram mais agudas e presentes.

Que bom! Deixamos de ser uma nação de “preguiçosos”, que a tudo recebia com indolência e com a mitificada e negativa “cordialidade” brasileira.

Cordialidade que vem da palavra “cordis”, que quer dizer coração. O mito Brasil de um povo bonzinho e acomodado só serviu aos interesses de controle comportamental e do conhecimento, pelos colonizadores, que nos condicionaram entre a violência cruel e a falsa carícia, dada sobre a cabeça dos obedientes ou subservientes.

As grandes questões de disputas e enfrentamentos de diferenças, sempre foram esmagadas pelo poder central, de maneira exemplar e de forma a não deixar dúvidas.

Assim foi Canudos, Contestado, Inconfidência Mineira, a Revolta da Armada de 1893, e tantas outras tentativas de modificação das relações entre o poder e os brasileiros.
Na nossa linda Ilha de Anhatomirim muitos florianopolitanos ilustres foram convidados a comparecer para “depor”. 
Foram fuzilados ou enforcados para que todos soubessem que não se deveria, jamais, contestar ou enfrentar o podersão.

E nosso país ficou esquecido, desrespeitado, abandonado, por seus próprios governos e classe política.
Uma nação que foi por muito tempo ao sabor dos grandes interesses, puramente financeiros, de alguns agentes políticos e grupos empresariais, bancos e empresas.
Um grande país encarado, somente, como um grande bando de consumidores e pagadores de impostos, sem um projeto de nação.

É o estado-corte, que mesmo sem a presença dos dominadores portugueses, mantém em Brasília uma réplica da sede de poder sem fim.
Uma sociedade desrespeitada em seus direitos essenciais, que precisava mendigar alguns trocados para ter um mínimo de saúde, de educação, de segurança, e infraestrutura.

A insensibilidade da camada, que é composta pelos partidos políticos, pelos dirigentes e pelos próprios políticos, pelos governos em geral, e pelos demais órgãos públicos, que têm recebido vantagens pecuniárias indevidas e antiéticas, para colocar mais dinheiro nos bolsos de quem já recebe elevados salários, completamente diferentes dos ganhos dos trabalhadores brasileiros, ainda mostra que gostaria de preservar privilégios e ganhos fáceis.

Muito mais do que ganham, e merecem, as categorias de professores, profissionais da saúde, e da segurança, justamente os servidores, que ajudam a construir o futuro e que cuidam da nação!
As manifestações populares, legítimas e pertinentes, representam o pé na porta dessa frieza, dessa proteção blindada com que se cercam os que vivem bem, com recursos que não são seus, e que nem ajudaram a produzir.

Os ventos da mudança estão chegando ao Brasil.
Não somente os ventos, mas os conceitos, os valores e as crenças, de que nosso Brasil só será uma Nação Digna, com letras maiúsculas, quando recolocar como prioridades os valores éticos e morais, e a devida meritocracia, como objetivos permanentes, mesmo.

Para sempre!!!


quinta-feira, 17 de março de 2016

ATAQUES À IMPRENSA NO BRASIL


ATAQUES À IMPRENSA

Nada pior, nada mais destrutivo, para a democracia, que ataques perpetrados contra a liberdade de cobertura, ação e informação, dos meios e veículos de imprensa.
Órgãos da imprensa brasileira foram ameaçados, repórteres agredidos, sedes pichadas, equipamentos quebrados e danificados.

Quem participa de ações de destruição, de tentativas de intimidação ou de ameaças aos meios de imprensa, se identifica com as piores fases, as mais violentas, do avanço dos regimes fascista, na Itália de Mussolini, e nazista na Alemanha de Hitler.

Ambos conseguiram, em seus regimes de medo e perseguição, algum sucesso durante poucos anos. Mas ambos, Hitler e Mussolini, foram os responsáveis pela brutal destruição daqueles dois países, na segunda guerra mundial.
Nenhuma sociedade, que se pretenda democrática, pode consentir, aceitar, concordar, endossar, qualquer que seja a natureza, atos contra a liberdade da imprensa.

Em todas as nações desenvolvidas, política, econômica, e culturalmente, a imprensa tem sua ação sempre protegida pela lei e pelas forças de segurança.
Tolerar ações intimidatórias, como as ocorridas recentemente, sem as devidas prisões dos agressores, e posterior condenação por enquadramento legal, pode começar a contaminar o Brasil com o vírus da tirania, da prepotência, da intolerância, que sempre acaba destruindo a democracia, e o ordenamento legal.

Quem praticar esse terror contra a imprensa, e se sentir muito à vontade por ausência de condenação social, legal, ou por atitudes condescendentes de autoridades policiais, pode se exceder na impunidade.
Assim foi com a sociedade italiana, quando os ataques dos camisas-pardas fascistas de Mussolini começaram a espancar e perseguir as pessoas que não aceitavam o fanatismo daquele tirano insano.

Também na Alemanha de Hitler, a sociedade tolerou ataques às lojas de judeus, ao comércio e fábricas dos que não se alinhavam com o nazismo incipiente, transformando a Alemanha, aquele berço de cultura e artes, num enorme campo de concentração, onde foram mortos, exterminados, muitos milhões de seres humanos, por serem, simplesmente, discordantes do nazismo em marcha.

Naquelas duas nações a violência, além de outros símbolos brandidos em passeatas e manifestações, e a morte, foram transformadas em ícones da força, da brutalidade, para impor o medo, para fazer reinar o silêncio, para calar a todos que se insurgissem contra a dominação de seus países por quadrilhas organizadas, de pessoas sem qualquer escrúpulo, que tinham, na crueldade, e no sofrimento imposto a seus adversários, toda a sua razão de ser e de existir.

Todos sabemos onde desaguou esse tipo de ação. O mundo foi paralisado pela guerra, mais de 60 milhões de pessoas foram mortas, sociedades inteiras sofreram enormes destruições.
Como bom covarde, e o são todos os que se escondem atrás de milícias, da ameaça, da violência e da morte, Hitler não enfrentou um único tiro, nunca esteve numa trincheira e se suicidou com sua amante, num bunker em Berlim, antes de encarar a rendição aos exércitos russos.

Mussolini e sua amante, Clara Petacci, foram fuzilados pelos Partisans da Itália, sendo pendurados de cabeça para baixo.
Nosso Brasil, depois de uma longa história de muitas contradições, reafirma sua vocação democrática pelo processo eleitoral, e pelo respeito às instituições republicanas e democráticas.
A democracia brasileira se encaminha para a sua maturidade, com a grande reafirmação do calendário eleitoral livre e soberano, que se realizará neste ano de 2016.

A Presidente da República, do alto de sua autoridade formal, tem que exigir a mais plana e plena apuração dos fatos, e a punição de todos os envolvidos.
Para que fique, de forma exemplar, marcada a posição de nosso Brasil, completa e frontalmente contrária a qualquer tentativa de intimidação dos meios de informação, e de livre manifestação da sociedade brasileira.

Presidentes passam e a nação permanece. Mas das ações adequadas e responsáveis das lideranças eleitas em processos democráticos é que dependem os processos de construção de uma nação.


E o Brasil necessita, com urgência, definir seu Projeto de Nação para reafirmar seu compromisso com a edificação de uma sociedade que privilegie a meritocracia, a inovação, e a construção de seu futuro.






quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

RÉQUIEM PARA ROGER, O CICLISTA ASSASSINADO POR UM BÊBADO



Afinal quem era Róger, esse ciclista que morreu em sua bicicleta, assassinado por um bêbado em seu automóvel?

Róger era uma cidadão honesto, um trabalhador intelectual, que colocava seu conhecimento especializado na área de comunicação para melhorar a interação entre pessoas.
Era um homem simples e feliz, que gostava de receber amigos em churrascos e pequenas festas para seu circulo de amizades.

Foi um marido apaixonado por sua Karin, que tiveram Sofia, fruto de seu amor e de sua parceria integral, pois além da vida de família, trabalhavam e produziam juntos, em um sonho profissional, que gerava bons resultados e, não à toa, se chamava Fábrica de Comunicação.

As corridas, as maratonas, o pedalar sua bike, eram continuidades naturais de uma pessoa que prezava a saúde e acreditava numa cidade mais humanizada e coerente com a propaganda que de Floripa se faz, de um local com qualidade de vida.

Vida que ele perdeu aos 49 anos de uma existência abreviada precocemente, não por doença ou por outras causas, a não ser por ter sido traído em seus sonhos, pela brutalidade contumaz, pela egocêntrica moléstia do álcool e das drogas, que assola nossas casas, nossos clubes, nossas empresas, nossos convívios, e nossas ruas, dominadas por ectoplasmas em busca da felicidade imediata, que uma garrafa pode dar, ou pelo enganoso brilho que as drogas fornecem, nas antessalas da morte, do suicídio e do assassinato.

Róger nos deixou justamente nesta fase do ano entre Natal e Ano Novo, quando as pessoas normais gostam de se abraçar, de confraternizar, de viver as alegrias genuínas dos convívios afetivos e amistosos, de celebrar as boas e honestas conquistas do ano que finda, numa fase em que as famílias festejam os avanços e as melhorias, construídas e conquistadas.

Róger se foi para seu descanso eterno, para seu repouso permanente, para além de uma fronteira invisível e tênue, como é o limite entre a vida e a morte.
Todos os que o amavam, respeitavam, admiravam, valorizavam seu convívio, enalteciam seus bons exemplos, ficam mais sós e tristes, tomados por uma nostalgia infinita, por um olhar perdido, que reflete a dúvida existencial: por que morrem as pessoas boas, quais as razões de uma morte como a de Róger, que era um bom, um cara bacana, um ser do bem, que apenas queria se exercitar e respirar um ar saudável e apreciar as belezas desta Ilha?

Não entendemos nem aceitamos os desígnios de sua morte. Róger nos foi surrupiado por mãos assassinas, por um alienado bêbado e drogado, que usou seu carro como uma arma mortífera, dirigindo por uma estrada estadual, que deveria estar protegida e segura, por presença de efetivos governamentais, ausentes, insuficientes e desaparelhados.

Róger não pode ser simplesmente mais uma bicicleta fantasma, uma bike pintada de branco, pendurada em um poste nas proximidades de onde foi morto.
Que sua estúpida execução, que sua ausência injustificada, que sua morte precoce e despropositada seja sempre lembrada por todos.

Que não deixemos cair em esquecimento essa tragédia. Tragédia causada pelo autor de sua morte, mas também por omissão de governantes, por conveniência de obras mal feitas e sem a mínima preocupação com a segurança de quem por elas transita.

Se estradas podem ser bem construídas e sinalizadas, quais os motivos de algumas estarem abandonadas, sem os equipamentos e sinalizações necessárias, como a SC-401, a rodovia estadual de maior tráfego em SC, mas que, desde a sua “duplicação” nunca devidamente terminada ou dentro de parâmetros técnicos aceitáveis, ainda aguarda uma atenção do Governo do Estado, que já fez obras posteriores melhores e mais bem configuradas, mas que continua tratando essa via como um eixo viário de segunda categoria?


Não esquecer de Roger e de sua morte trágica, por causas eminentemente estúpidas, é uma obrigação da cidadania desta capital e deste estado, que tem obrigação de cobrar de forma contundente e permanente, mais respeito à vida e melhores condições a quem trafega pelas estradas públicas e de todos.