sexta-feira, 8 de abril de 2016

DIGNIDADE



Essa, finalmente, uma das palavras que mais enfeixa os conceitos necessários para entender as manifestações em nosso Brasil.
O Brasil era tido como um país pacato, acomodado, com uma sociedade cordata e alienada, que a tudo aceitava, em contraste com outros países, nos quais as reivindicações sempre foram mais agudas e presentes.

Que bom! Deixamos de ser uma nação de “preguiçosos”, que a tudo recebia com indolência e com a mitificada e negativa “cordialidade” brasileira.

Cordialidade que vem da palavra “cordis”, que quer dizer coração. O mito Brasil de um povo bonzinho e acomodado só serviu aos interesses de controle comportamental e do conhecimento, pelos colonizadores, que nos condicionaram entre a violência cruel e a falsa carícia, dada sobre a cabeça dos obedientes ou subservientes.

As grandes questões de disputas e enfrentamentos de diferenças, sempre foram esmagadas pelo poder central, de maneira exemplar e de forma a não deixar dúvidas.

Assim foi Canudos, Contestado, Inconfidência Mineira, a Revolta da Armada de 1893, e tantas outras tentativas de modificação das relações entre o poder e os brasileiros.
Na nossa linda Ilha de Anhatomirim muitos florianopolitanos ilustres foram convidados a comparecer para “depor”. 
Foram fuzilados ou enforcados para que todos soubessem que não se deveria, jamais, contestar ou enfrentar o podersão.

E nosso país ficou esquecido, desrespeitado, abandonado, por seus próprios governos e classe política.
Uma nação que foi por muito tempo ao sabor dos grandes interesses, puramente financeiros, de alguns agentes políticos e grupos empresariais, bancos e empresas.
Um grande país encarado, somente, como um grande bando de consumidores e pagadores de impostos, sem um projeto de nação.

É o estado-corte, que mesmo sem a presença dos dominadores portugueses, mantém em Brasília uma réplica da sede de poder sem fim.
Uma sociedade desrespeitada em seus direitos essenciais, que precisava mendigar alguns trocados para ter um mínimo de saúde, de educação, de segurança, e infraestrutura.

A insensibilidade da camada, que é composta pelos partidos políticos, pelos dirigentes e pelos próprios políticos, pelos governos em geral, e pelos demais órgãos públicos, que têm recebido vantagens pecuniárias indevidas e antiéticas, para colocar mais dinheiro nos bolsos de quem já recebe elevados salários, completamente diferentes dos ganhos dos trabalhadores brasileiros, ainda mostra que gostaria de preservar privilégios e ganhos fáceis.

Muito mais do que ganham, e merecem, as categorias de professores, profissionais da saúde, e da segurança, justamente os servidores, que ajudam a construir o futuro e que cuidam da nação!
As manifestações populares, legítimas e pertinentes, representam o pé na porta dessa frieza, dessa proteção blindada com que se cercam os que vivem bem, com recursos que não são seus, e que nem ajudaram a produzir.

Os ventos da mudança estão chegando ao Brasil.
Não somente os ventos, mas os conceitos, os valores e as crenças, de que nosso Brasil só será uma Nação Digna, com letras maiúsculas, quando recolocar como prioridades os valores éticos e morais, e a devida meritocracia, como objetivos permanentes, mesmo.

Para sempre!!!


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