O Brasil vive mais uma crise.
Crise múltipla, pois atinge os
segmentos da economia, da política, da cidadania.
Não é simplesmente uma crise a
mais, é, talvez, uma das maiores já vividas, por sua amplitude, em nossa
história.
As crises não devem ser temidas,
pois elas sempre nos trazem desafios e transformações.
O aspecto negativo é quando os
mesmos erros e comportamentos se repetem, mostrando que as pessoas, ou
sociedades, pouco estão aprendendo.
O Brasil não pode mais ficar à
mercê de uma classe política completamente descomprometida com a sociedade, à
qual deveria estar representando e servindo.
O aspecto negativo da corte
portuguesa foi ter se mantido distante das aspirações e sonhos da sociedade
colonizada e dominada, mantendo-se como um enclave em território brasileiro,
que geriu um processo de extrativismo e dependência, sem atentar para as
demandas legítimas, que se acumularam em quase quatrocentos anos de anexação.
Brasília é uma cidade criada no
governo Juscelino Kubitshcek de Oliveira, com a intenção de interiorizar o
desenvolvimento brasileiro, levando a nova capital para o interior.
Atualmente nossa capital, pelo
processo político centralizado e dissociado da realidade nacional, reproduz a
corte portuguesa, pois a realidade daquela cidade nada tem a ver com restante
do Brasil.
A estrutura de facilidades e
confortos, montada nos anos 60 para atrair e compensar a ida de governantes e
legisladores naquela época se transformou numa excrescência financeira,
política, econômica e moral.
A média salarial dos órgãos de
governo central são simplesmente incoerentes, com os padrões do resto do
Brasil.
Distorções gigantescas foram
sendo criadas, e mantidas, em orçamentos inchados e bilionários, para atender
mordomias e vassalagens, só servindo aos seus detentores, mas completamente
distantes da sociedade e cidadania, às quais deveriam servir e prestar boa
qualidade de serviços públicos.
No nível da representação
política, essa centralização, além da irrealidade galopante, gritante, incubou
sentimentos de impunidade e desapego, pela distância, dificuldade em controlar,
e a tremenda facilidade em cooptar, que o poder central desenvolveu, descaracterizando
partidos, linhas ideológicas, programas, demandas sociais, legitimidade ou
pertinência.
Hoje o sistema hibrido, e
apodrecido da política nacional, que se reproduz nas instâncias estaduais e
municipais, gerou um organismo estranho e exótico às necessidades brasileiras,
transformando o exercício democrático num único momento eleitoral, e o tempo
restante num festival de negociatas, num grande carrossel de compra e vendas de
consciências e passes, como se num imenso leilão de almas tivesse se
transformado aquilo que deveria ser a gestão, política de dirigentes, de uma
nação que busca grandeza e superação.
O momento atual nada mais é do
que a vitrine escancarada do completo abandono das teses e doutrinas
político/ideológicas, em troca de dinheiro, favores pessoais e familiares,
enriquecimento ilícito, e muito cinismo e podridão.
Sem entrar em detalhes temporais,
momentâneos, ou momentosos, é fácil perceber que nosso país não pode continuar
nessa toada, pois estaremos nos condenado a ser uma sociedade marginalizada no
mundo, por falta de autoestima, por falta de respeito, por falta de
construirmos um limite mínimo de ética e respeito.
Não temos vocação para fundo de
quintal de uma humanidade que tenta encontrar avanço e desenvolvimento,
parâmetros mínimos de respeito e consideração, solidariedade e construção
conjunta.
O Brasil chegou a um limiar
histórico importante e definitivo.
Ou optamos por um processo sério
e honesto, em nossas escolhas pelo voto, ou estaremos aceitando a corrupção
completa de nosso futuro, a destruição de todos os nossos sonhos de justiça,
igualdade, e decência.
Este é um ano de eleições
municipais.
Em 2018 teremos eleições
presidenciais, para governadores, deputados federais e senadores.
Em 24 meses teremos em nossas
mãos o próximo passo fundamental de nossa caminhada e do legado que vamos
deixar para nossos descendentes.
Temos tudo para reconstruir a
relação política com nossos representantes, desde que tenhamos a coragem
necessária para varrer da cena pública aqueles que prometeram e enganaram, que
disseram e não cumpriram, e todos os que não se comportaram à altura dos cargos
para os quais nossos votos os levaram.
Vamos usar a força que a
democracia propicia com um voto a cada cidadão.
Agora é o momento. Ou fazemos a
grande escolha, ou exercitamos a oportunidade de opção, ou corremos o risco de
nos transformar em párias de um mundo que não para para socorrer países que não
têm respeito próprio.
Em nossas mãos, talvez, a
derradeira chance histórica de darmos o salto necessário!
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