15 DE MARÇO – DIA DO CONSUMIDOR
O Dia do Consumidor é comemorado neste dia 15 de março.
Todos os seres
humanos são naturais consumidores, primeiro, de informações sensitivas, que são
recebidas e percebidas por seus cinco sentidos, além das sensibilidades
extra-sensoriais, sendo assim, um ser dotado de seis sentidos, que funcionam
como terminais que enviam informações para um servidor(cérebro) onde o
processamento é ordenado, priorizado, alternada ou simultaneamente.
Depois, somos consumidores vorazes de alimentos, roupas, casas, transporte,
cultura, lazer, comunicação, informação, bugigangas, viagens, mais bugigangas, tudo
que brilha, que faz sonhar, mesmo que seu resultado se transforme num pesadelo
para pagar.
O dia 15 de março, como data alusiva ao consumidor, foi lançado em 1962
pelo presidente dos Estados Unidos John Kennedy, que instituiu o Dia Mundial
dos Direitos do Consumidor.
23 anos mais tarde, a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou os
Direitos do Consumidor como Diretriz das Nações Unidas dando assim,
legitimidade e reconhecimento internacional para essa data.
Uma data para comemorar os direitos que já foram conquistados, mas
também para refletir sobre o que ainda tem que melhorar.
Vivemos a era do dinheiro de plástico, os cartões, que podem ser meios
práticos, mas que também podem se transformar numa pá escavadeira dos buracos
que podemos cavar para nos enterrar em dívidas.
Os consumidores que tiveram acesso a cartões de crédito nos últimos
anos estão com dificuldades em honrar as compras feitas.
Conforme estudo
recente da FGV e Proteste, os juros médios desta modalidade são de 282,82%.
Segundo levantamento do Banco Central, o campeão em taxas foi o custo
total do saque à vista no cartão de crédito do banco Santander: 967% ao ano!!!(fonte:
IBEDEC)
Hoje, as relações de consumo têm gerado elevado número de conflitos
entre compradores e fornecedores, pois no Brasil ainda não existe uma postura
ética, honesta, que perpasse toda a estrutura comercial, onde os consumidores
sejam tratados com respeito e seriedade.
As compras por sites cresceram muito, mas as garantias dos adquirentes
ainda são poucas e pequenas.
Os planos de saúde, os serviços de telefonia, telecomunicação,
comunicação de dados, tv a cabo, ainda são caracterizados por milhares de
reclamações pelas efetivas más condições de atendimento.
Agregando-se a isso a área bancária e financeira, onde ainda os
tomadores de dinheiro, ou outros serviços financeiros, se sentem desrespeitados
em seus direitos, pois lhes são cobradas taxas escondidas, valores embutidos,
acréscimos disfarçados, juros pós taxados, as famosas “taxas zero”, que na
verdade podem ser somente a taxa da cópia, a taxa do contrato, a taxa do reconhecimento
de firma, mas que muitas vezes o consumidor é induzido a entender que se trata
de juro zero, gerando grandes sustos e traumas devido à extensão, muitas vezes
enorme, dos estragos causados pelas induções às más interpretações, na maioria
das vezes, unidirecionais.
Note-se que essas três áreas, planos de saúde, telefonia fixa e móvel,
e área financeira, são justamente as campeãs em reclamações, conflitos
judiciais e extra-judiciais, ações via advogados, em nível administrativo ou
judicial.
E as três áreas são, também, pasmem, justamente os setores amplamente
regulados pelos Governo e Estado brasileiros, que criaram e implantaram Agências
Reguladoras para evitar a canibalização sobre os consumidores, os assaltos
promovidos em contratos viciados, com cláusulas escorchantes, e a entrega de
serviços em valores e desempenhos muito abaixo das condições que o consumidor
paga.
No fornecimento de serviços de comunicação de dados via internet é
comum encontrar contratos fajutados, com compromisso de entregar somente 10% ou
15% dos padrões contratados. Mas a cobrança é sobre os 100%!!!
O serviço de celular é enganoso, desonesto, caro e mal atendido.
Algumas empresas, nos momentos de congestionamento, não transmitem grande
número de chamadas, sob a enganosa e mentirosa desculpa de “o telefone chamado
está ocupado, ou fora da área atendida”, substituindo-as por mensagens
posteriores para avisar “que o telefone chamado está livre”.
Testes já foram realizados, com vários aparelhos celulares, um ao lado do
outro, com chamadas sendo realizadas entre eles, sem que qualquer telefone
tenha recebido algum tipo de chamada, ou sinal.
Chega a ser uma piada de mau gosto a abissal distância entre as
propagandas veiculadas em tv e jornais, e a realidade do serviço entregue, já
considerado entre os piores do mundo. E dos mais caros.
A ANATEL, criada para esse fim, onde se encontra, o que faz, como
defende o consumidor, além de ter elevado número de servidores, e cargos de
confiança, nomeados por dirigentes e governantes??? Quanto custará a ANATEL aos
cofres públicos brasileiros???
Na área dos planos de saúde é outro campo de tortura para os cidadãos
deste país, que precisam de seus serviços.
Verdadeiras vias crucis são vividas por milhões de pessoas, que ficam
nos balcões de clínicas, hospitais, laboratórios, consultórios, esperando até
anos por serviços não prestados.
O mau atendimento é uma constante. Pessoas morrem em filas, informações
dos sites das empresas de planos de saúde são alteradas sem qualquer aviso aos
seus pagantes, mudando a relação de profissionais e estabelecimentos cadastrados.
Na área bancária e financeira parece que se está assistindo um teatro
de horrores, daqueles ainda em preto e branco, onde os clientes são estripados,
monstros sugam seu sangue, sorrisos frios são transformados em gargalhadas
horrendas de algozes prontos e arrancar seu coração com as garras pontudas e
bocas com enormes dentes.
O atendimento em agências com as senhas tendo que ser sacadas, mas
nunca controladas, deveriam ser melhores, se os tempos legais fossem obedecidos.
No nível pessoal os clientes são recebidos, via de regra, por rostos
tensos, pessoas estressadas, pois os bancos não assaltam somente seus clientes,
mas, principalmente, seu quadro de pessoal, que é obrigado a fazer “das tripas
coração”, pois ainda são furiosamente cobrados por metas absurdas, inalcançáveis,
para trazer cada vez mais lucros aos banqueiros e seus acionistas.
E nessa área, o Banco Central do Brasil, entre suas funções
elementares, está, além de proteger a moeda nacional, também defender os
cidadãos, que com seu trabalho e com seu dinheiro, fruto de sua labuta diária,
são os responsáveis pelos cofres cheios da rede bancária.
Alguém já tentou ser atendido pelo BC em uma reclamação? Alguém já teve
êxito em alguma disputa com algum banco? Qual o correntista que consegue
entender, de forma ampla e abrangente, o que consta em seus extratos bancários?
A Justiça acaba sendo a vala comum, o desaguadouro de uma infinidade de
problemas, por completa omissão ou incompetência dos órgãos reguladores. A
judicialização das relações entre consumidores e fornecedores não é boa para a
cidadania nem para a democracia, pois entope o poder judiciário com demandas
que deveriam estar sendo atendidas, ágil e rapidamente, pelas Agências
Reguladoras, que existem para esses fins.
E assim, meus amigos e leitores, eu lhes desejo uma bela celebração do
dia do consumidor.
Acendam velinhas, sirvam-se de tortas, tomem boas champanhas.
Mas cuidado se forem ligar para algum amigo ou familiar, pode ser que a
chamada não se complete.
Olhos atentos ao sacar dinheiro, para pagar os comes e bebes da
comemoração, em caixas eletrônicos dos
nossos “grandes irmãos” financeiros. Taxas nebulosas podem estar dissimuladas
em números e letras ininteligíveis.
E se comer muito bolo, ou tomar muita champanhe, e necessitar alguma
consulta médica, confira bem seu cartão e o site da operadora de saúde, pois a
ANS, a agência que deveria regular as relações com os tomadores de planos de
saúde pode não estar funcionando como deveria.
E lembre-se, todo consumidor é um cidadão, e vice-versa, portanto temos
nossos direitos, que se não estão sendo devidamente atendidos, ou cumpridos,
poderão ser corrigidos por uma outra dimensão que os seres humanos também têm,
somos eleitores e numa democracia o voto é a arma, o instrumento, para cobrar
melhorias e respeito, em nossas vidas.
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