quarta-feira, 13 de novembro de 2013
ALGUNS ASPECTOS SOBRE A PRÓXIMA ESTAÇÃO DE VERÃO, EM FLORIANÓPOLIS
Os moradores, que são associados da AJIN, da praia chamada Jurere, que tem um loteamento com nome comercial de Jurere Internacional, acionaram na Justiça os bares de praia, com os quais mantiveram discordâncias em relação ao funcionamento, horários, excesso de barulho em área residencial, ocupação da areia da praia por cadeiras, ocupação de áreas públicas e coletivas, por puxadinhos e outras obras.
Repentinamente, passou-se a noticiar na mídia local constatações de que essa ação poderia prejudicar a vinda de veranistas para Floripa, gerando perdas para toda a cidade.
Se analisarmos as últimas temporadas de verão, em nossa capital, será fácil constatar que os prejuízos causados à vinda de veranistas foi muito mais em função de outros aspectos, atinentes na maioria à ausência da prefeitura municipal de suas obrigações com a nossa cidade, de falta de providências dos governos estadual e federal.
Começando de fora para dentro, é simples verificar o estrangulamento da via expressa, que dá acesso às pontes.
A BR-101 é um caso à parte, pois prometida pelo ex-presidente Lula, até hoje não foi concluída a duplicação. Via permanentemente congestionada, e engarrafada, é uma das principais barreiras à vinda de turistas para Floripa.
O anel de contorno, para tirar o excesso de veículos que não se destinam a Floripa, já virou lenda, está encantado no governo federal, e ainda se discute a sua construção.
Já deveria estar pronto, há alguns anos.
As SC’s que cortam a Ilha, em sentido norte-sul, leste- oeste, são de competência do governo estadual, necessitando há muito de ampliações, recapeamentos, renovação da sinalização e, sem sombra de dúvida, de policiamento mais presente, pois acidentes, roubos, assaltos, são praticados e acontecem, com grande demora de intervenção policial.
A SC-401 engarrafa durante o ano, está coberta com a poluição visual de out-doors publicitários, mas a sinalização horizontal quase não mais existe, por desgaste da tinta usada. Isso sem falar nos pontos de risco de colisão entre os dois sentidos, em trechos em que não há qualquer barreira ou proteção física.
Sobre o aspecto segurança os turistas ficam expostos a grande risco de violência, pois o norte da Ilha, como exemplo, só tem duas viaturas funcionando, para atender mais de 130.000 pessoas, conforme disse em entrevista recente de tv, um dos oficiais da unidade, que fica sediada em Jurere Internacional, mas que tem que cobrir até o outro lado norte da Ilha.
E teria que possuir, no mínimo, 9 viaturas policiais. Só faltam 7...
Não se vê policiamento nas ruas de Jurere, Praia do Forte e Daniela, quanto mais em Canasvieiras, Ingleses, Rio Vermelho, Santinho, etc.
A questão da balneabilidade é um problema muito sério, ao longo da praia de Jurere. O rio Ratones, e o rio do canto de Jurere, próximo ao Iate Clube Veleiros da Ilha, limitam Jurere, ao norte e ao sul, e ambos apresentam coliformes fecais acima do índice recomendado pelos órgãos de saúde.
Afinal, a praia é uma só, e os coliformes se espalham igualmente pelas águas que banham a região.
Bastaria que a Fatma fizesse medições em TODAS as praias da Ilha, e que apresentasse aos moradores, os índices reais de poluição gerada por esgotos domésticos, que ainda são lançados nos rios, que levam tudo para o mar.
Outro aspecto que assusta e espanta turistas é o abuso nos preços cobrados por passagens aéreas, restaurantes, hotéis, táxis, supermercados, que aproveitam a presença de grande volume de pessoas, e reajustam valores de maneira oportunista.
Na temporada passada, houve até protesto de turistas, em supermercado de Jurere Internacional, que pretendia cobrar o quilo da picanha a R$ 70,00, conforme noticiado em jornal de grande circulação.
A Casan, além da já ter esburacado Jurere em outros tempos, neste ano preparou uma surpresa para acolhida dos turistas.
As ruas de Jurere, principalmente César Nascimento e av. Búzios, foram esburacadas, sujas, os meios-fios foram detonados, as calçadas quebradas, vários buracos permanecem abertos, ou cobertos por areia.
Montes e monturos de areia grossa e fina são avistados em várias ruas.
O aspecto de Jurere está feio e degradado pelas obras inconclusas da Casan.
As ruas foram esburacadas, os buracos foram fechados de qualquer maneira, mas a sinalização não foi recolocada, nem pintada.
As lajotas de muitas ruas permanecem desniveladas, enorme quantidade de areia está espalhada por várias ruas, entupindo o sistema de drenagem pluvial, e tudo ainda parece pendente a ponto de invadir dezembro e janeiro.
Nos meses de outubro e novembro corrente, o fornecimento de água tem sido parcial, deixando muitas casas sem receber água durante o dia, sendo os reservatórios preenchidos durante as noites.
No norte da Ilha não há um único hospital, municipal, estadual, ou federal e as instalações existentes não comportam nem a população permanente, quanto mais o grande número de turistas visitantes.
Se alguém passa mal, sofre algum problema agudo, ou acidente, tem que rezar que haja algum helicóptero disponível para seu transporte, pois para chegar a algum hospital mais central terá que voar sobre a SC-401, que fica congestionada e engarrafada no verão.
Nas praias, lanchas e motos aquáticas, em permanente exibição de velocidade e potência de seus motores, colocam os banhistas em risco, pois não respeitam a faixa de 200 metros exigida pelos órgãos competentes.
Muitos turistas alugam barcos, motos aquáticas, caiaques, veleiros, sem qualquer habilitação ou competência para tal, e submetem os banhistas a toda a sorte de perigos.
Nas praias não havia banheiros nem chuveiros e nos bares de praia os wc’s eram destinados só a “clientes”, o mesmo com cadeiras e guarda-sol, reservados para os mesmos.
E isso, que colocados, todos, sobre a faixa pública e coletiva das areias da praia de Jurere, bem público, pois patrimônio da União.
Além de tudo isso ainda temos o assédio de grande número de vendedores ambulantes, com todo o tipo de mercadorias, que fecham calçadas com seus cabideiros, invadem as praias para ofertar aos turistas, vendem alimentos sem controle sanitário, dormem nas alamedas impedindo seu uso por veranistas.
E a total ausência da guarda municipal, que no verão não cumpre rondas e não mostra presença ostensiva.
Assim, tem este texto a intenção de uma reflexão sobre o que prejudica as temporadas de verão em Floripa.
Uma ação movida contra 4 bares de praia, não pode ser responsabilizada por todo um conjunto de ausências sistemáticas dos órgãos públicos estatais, que abandonaram o grande patrimônio natural, que é o grande atrativo para o fluxo turístico.
Sem esquecer a mentalidade especulativa, que abusa dos preços cobrados dos turistas, fornecendo estímulos a uma má impressão de uma cidade de apenas pouco mais de 420.000 habitantes, mas sem qualquer controle de padrão de seus serviços.
Basta que se percorra o conjunto de praias, agora em novembro, para se verificar o despreparo para a temporada, que se inicia dentro de, no máximo, 30 dias.
Os moradores e proprietários, que investiram seus recursos dotando Jurere de belas casas, que são mantidas durante todo o ano, com belos jardins e calçadas limpas são, na verdade, os responsáveis pela valorização patrimonial da região e da paisagem, pois deles depende o bairro.
É justo que cobrem a paz e tranquilidade prometidas, quando da venda de terrenos há muitos anos atrás, época em que o loteamento não passava de um projeto bem intencionado.
Ruas, vegetação, calçadas, iluminação, com pequenas modificações são muito parecidas em quase todos os bairros.
A diferença sempre está sempre nas pessoas, no seu capricho e na sua dedicação.
Nas que vivem aqui e as que aqui visitam como turistas.
Uma cidade que se valoriza e respeita será sempre uma cidade bem lembrada e que deixará desejo de retorno.
E esse tem que ser o padrão de comportamento das entidades públicas, privadas e de natureza econômica, valorizar o capital natural e humano que se tem, pois aí está a chave para sucesso no segmento turístico.
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