quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O Grande Desafio do Governo Dilma: Uma Nação, com Duas Sociedades

No dia primeiro de janeiro de 2011 o Brasil inicia uma nova era.
Uma mulher, a primeira na história, passará a governar nosso país.
Além das barreiras culturais que enfrentará para se firmar, e fazer respeitar, numa sociedade masculina e conservadora, a futura Presidente se defrontará com uma realidade brasileira muito menos favorecida que a do governo anterior.
Lula, em 2003, recebeu um país atrelado às políticas impostas pelo FMI, resultantes do Consenso de Washington, que ao mesmo tempo em que ditavam um trilho justo para nosso governo, serviram para salvar o Brasil de uma pancada maior na crise de 2009.
A conjuntura mundial de 2003 a 2008 era plenamente favorável ao Brasil, e a outros paises menos desenvolvidos, devido a fase excelente da economia internacional.
Mesmo assim o Brasil não se desenvolveu tanto como apregoa a propaganda do governo que sai.
Quinto grau de desenvolvimento da América Latina, em 2010, ficou atrás de paises como Uruguai, Paraguai, Argentina e Peru, nos índices de aferição.
Enquanto toda a América latina se desenvolveu, e cresceu, 4,7% o Brasil conseguiu chegar a 4,2%.
Mas o que mais chama a atenção como desafio para a próxima gestão, é o grande fosso existente entre as binárias camadas sociais e econômicas, que se constatam em nosso país.
E nesse ponto o governo que se encerra pouco fez, além das políticas de pronto socorro contra a fome e a miséria.
Temos uma Nação com duas sociedades coexistindo, com uma distância absurda entre elas.
Temos a sociedade dos elevados salários, e ganhos extras de parlamentares e altos funcionários públicos, e a sociedade do salário mínimo e dos corroídos ganhos dos aposentados.
Enquanto a sociedade do andar de cima se contempla com 15 salários, auxílio moradia, telefone, viagens aéreas, e outras benesses pagas com dinheiros de impostos dos trabalhadores e contribuintes brasileiros, a sociedade do andar de baixo tem que conviver, e sobreviver, com valores dramática e indignamente menores.
A sociedade dos bem aventurados financiados empresários e banqueiros quebrados, diante da sociedade inferior dos jovens que precisam inovar e empreender, mas que encontram absurdas taxas bancárias e juros extorsivos proibitivos para os seus sonhos de independência e inovação.
A dramática situação da sociedade do andar de baixo, em termos de saúde, segurança, educação e mobilidade social, diante das aposentadorias e agregações de privilegiados servidores públicos, que se aposentam com proventos integrais sem nunca terem recolhido sequer um centavo para fundos de previdência.
E tudo saindo do mesmo caixa único do Governo, o qual só cita o “déficit” da Previdência, como se culpados fossem os pobres aposentados que recolheram contribuições por toda uma vida de trabalho, mas passam a envelhecer dependendo da pirataria financeira exercida sobre os “empréstimos consignados”, que só diminuem as suas perspectivas de poupança e felicidade, no que seriam os seus “anos dourados” de vida.
Professores, dedicados e abnegados formadores de futuros cidadãos, experimentam uma via crucis permanente diante de seus magros salários, parcos estímulos e baixo reconhecimento governamental e social.
Enquanto isso, “consultores” ganham fortunas em dinheiro público, em organizações não governamentais mantidas, paradoxalmente, por recursos públicos, que remuneram “projetos” e “grandes sacadas”, que nunca chegam a ser aplicadas para melhorar a realidade da educação, hospitais e atendimento popular dos que manteem a fonte pagadora, tão benevolente e generosa nesses casos, e tão rigorosa ao discutir se o salário mínimo será de R$540,00 ou de R$560,00.
Esse sim será o grande salto a enfrentar, o enorme abismo social a superar, a gigantesca injustiça a reparar, pela nova Presidente que assume.
Não lhe será fácil a tarefa. Ela tomará posse num ano em que se esperam juros mais altos para segurar a festa do consumo desenfreado, que pode acelerar a inflação e ameaçar a estabilidade da moeda.
Ela assume num ano em que o mundo rico ainda não superou a crise financeira e no qual a União Européia enfrentará o desafio de manter a zona do euro estável, os Estados Unidos continuarão atacando as causas da corrosão do dólar, e a Ásia enfrentará a crise de crescimento acelerado da China e a situação do Japão.
O Mercosul ainda não bem estruturado e consistente diante de um mundo em mutação, em que o império americano corre o risco de perder seu lugar no podium para o emergente império Chinês, que ainda não disse a que veio, se para salvar a China do caos ou se dentro de uma estratégia de dominar a economia global utilizando sua misteriosa mão de obra barata.
Nesse quadro é que Dilma terá que acabar com essa “guerra civil” não declarada, com essa divisão malvada e frustrante de uma nação com 190 milhões de cidadãos, na qual apenas metade pode chamar-se e considerar-se assim.
Ela terá que enfrentar a crise de um mundo que pode mudar suas relações com o Brasil, criando buracos e indefinições nas parcerias econômicas, no tocante às exportações e importações, com grandes conseqüências para a formação de riqueza, renda e salários no Brasil.
A educação precisa ser revalorizada, os professores necessitam de novo status de formação, reciclagem, remuneração e respeito social.
A saúde vai ter que passar por cirurgia de emergência, para se estancar a hemorragia de recursos, que consomem 75% do caixa do SUS, com atendimentos decorrentes de doenças provenientes da ausência de uma ação preventiva de saúde pública, como diabetes, pressão arterial elevada, e doenças coronarianas e câncer.
Gasta-se muito com a doença e muito pouco com a cura pela prevenção.
Na segurança não mais se poderá atacar somente as emergências em nível policial, pois tudo que se viu até então nos coloca a evidência meridiana de que a prevenção ao crime passa pela inclusão real, com dignidade e justiça, e com as ferramentas integradas da presença do Estado, naqueles bolsões abandonados historicamente para o estado paralelo do crime organizado.
Ou seja, o termo Belindia, que definia um Brasil hermafrodita que convive com dois paises mutuamente excludentes e diferentes, fruto da fusão jocosa de uma Bélgica rica e desenvolvida, e de uma Índia de castas, pobre e ambivalente, dúbia e conservadora, miserável, e deslumbrante, em riquezas e potencialidades.
Dilma viverá a missão de recriar o Brasil, de recriar e implantar “O Brasil”, único, uno e indivisível, resultado do nível de consciência de nossa sociedade, que não mais tolera que se brinque de governo “sério” e “competente” enquanto abriga duas sociedades autofágicas e concorrentes, em que uma vive a saúde e a felicidade, construídas sobre a ruína da outra, relegada, esquecida e “transparente” aos olhos dos privilegiados.
Que sua condição de mulher, inteligente, preparada, e corajosa, que representa uma mudança inédita em nossa sociedade, lhe permita exercer a alternatividade e, por isso, desenhar novos caminhos e implantar soluções até então não experimentadas pela política velha.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O novo mercado de trabalho, o estímulo às vocações e a escolha profissional

A escolha profissional reflete dilemas e conflitos internos e íntimos da pessoa que precisa decidir, e as pressões familiares e sociais.
Muitas das pressões sociais refletem a reprodução de etapas similares da vida dos pais, que as colocam para seus filhos e filhas, na boa intenção de ajudá-los a escolher. É muito importante conceituar o que é trabalho e o que é profissão.
O trabalho consiste na aplicação de uma determinada capacidade pessoal, durante um certo tempo, que pode ser diário, em jornadas de escala ou em atendimentos pontuais. Essa capacidade representa a aplicação de energias físicas, intelectuais e emocionais na produção de serviços ou produtos.
O mercado de trabalho é um espaço de relação entre empresas/organizações e seus colaboradores, os quais recebem um determinado pagamento pelo aluguel de sua capacidade, e dedicação, por determinado tempo em que ficam à disposição de seus empregadores.
A profissão é uma atividade ou ocupação especializada e que supõe determinado preparo ou capacitação.
Esse preparo pode ser desenvolvido por uma prática adquirida e desenvolvida ao longo de um determinado período ou resultado de um estudo ou de uma pesquisa. Algumas ocupações e profissões, dependendo da época, reuniram mais prestígio social devido aos contextos e prioridades da sociedade.
Já foi de grande destaque, em nosso país, ser empregado do Banco do Brasil, ser militar ou seguir a carreira de professor.
Na década de 60, no século XX, muitos processos de mudanças políticas e sociais foram impulsionados pelo salto tecnológico que a humanidade viveu.
Foram implantadas as redes mundiais de telecomunicações, a informática teve enorme impulso, a tecnologia digital jogou o mundo em outra fase na década de 80 e o campo profissional sofreu significativas mudanças radicais.
As redes de comunicação permitiram que novos conceitos e relações de trabalho fossem adotados e novas ocupações profissionais e profissões surgiram e ganharam destaque. A presença no local de trabalho já não era tão necessária, uma vez que tarefas poderiam ser realizadas à distância, com supervisão e controle pelo uso das novas tecnologias.
A inteligência, a iniciativa, a criatividade, a inovação, e a riqueza intelectual receberam nova e elevada prioridade.
Novas profissões surgiram e se consagraram como de grande prestígio social. Com as redes cobrindo os grandes centros mundiais e o volume de negócios realizados por essas redes aumentando vertiginosamente, corretores, investidores e dirigentes passaram a fazer seus negócios ou a controlar suas operações, muitas vezes, de outras cidades, e até mesmo países, de onde se desenrolavam as atividades produtivas, que geravam seus resultados, ganhos e lucros.
Esse processo trouxe um grande número de novas ocupações e profissões, gerando grande demanda de novos cursos para atender o novo perfil ocupacional.
A presença do computador, a universalização das redes de comunicação e informação, a miniaturização da tecnologia, e outras decorrências, impactaram o ser humano e geraram novas posturas também em outras áreas como saúde, educação e seguraça.
As doenças ocupacionais, a necessidade de estudos ergonômicos mais desenvolvidos, a necessidade das pessoas se exercitarem mais e devidamente, a alimentação mais prática e veloz, e outras decorrências, desaguaram numa sociedade grande consumidora de insumos, alimentos e de serviços especializados para fazer frente a essas novas demandas.
Isso tudo serve para nos mostrar que os contextos que geraram as profissões no século XX sofreram enormes alterações e que o novo mundo, que aí está, estabeleceu uma nova postura para os jovens, principalmente em função dos novos sistemas de saúde e previdência.
Basta lembrar o pacto social existente anteriormente. Uma pessoa que começasse a trabalhar cedo poderia se aposentar 30 ou 35 anos depois, bastando que comprovasse um determinado tempo trabalhado e a existência das empresas a que esteve vinculado. O paternalismo governamental e a inércia dos estados de bem-estar social, mesmo que com enormes rombos financeiros nos tesouros nacionais, garantia as aposentadorias. Com os novos tempos e a pressão da comunidade mundial pelo nivelamento das finanças e controles governamentais, novos parâmetros foram injetados nas áreas de gastos públicos e saúde e previdência alongaram seus prazos de assistência a aposentadoria. O aumento da expectativa de vida, com a medicina mais acessível para todos e os novos medicamentos mais eficazes, trouxe outro desafio para os técnicos atuariais. Como manter com os cofres da mesma sociedade, as novas despesas geradas pelos novos tempos e pelo maior tempo de vida médio que a humanidade alcançou?
Com todas essas mudanças, a geração que inicia sua inserção no mercado de trabalho, com certeza, irá poder aposentar-se somente após uma idade bem mais avançada do que aqueles que já cursaram mais da metade de suas vidas profissionais.
E pagando mais pelos serviços de saúde e previdência, associados a organizações privadas de complementação de valores.
Isso coloca pais e dirigentes numa reflexão: por que continuar exigindo que os jovens decidam sobres seus futuros em idade tenra e precoce, quando sabemos que terão patamares de idade bem mais avançados para se aposentar?
A ocupação do tempo com atividades sadias para os jovens, sem dúvida, é uma atitude correta e terapêutica.
Mas como encaixar as engrenagens sociais e produtivas, que colocarão essas novas gerações em maiores expectativas de vida e com prazos muito maiores para alcançar o patamar de suas aposentadorias, e do tempo livre conquistado, com dignidade e qualidade de vida?
Esse é um dos dilemas gerados pela realidade do século XXI: estudar mais, dar mais atenção às vocações, experimentar atividades diversificadas, conhecer-se melhor e gerar uma base de auto-conhecimento mais sólida, preparando-se para uma jornada bem mais longa ou definir uma linha profissional e mergulhar num mercado em mutação? Essa questão fica lançada para educadores, pais e dirigentes, públicos e empresarias, pois toda a estrutura sócio/econômica/política terá de se ajustar para enfrentar os novos desafios, sem gerar grande número de seres humanos frustrados e sem prazer de viver.

sábado, 4 de dezembro de 2010

CORRA LULA, CORRA!

Dilma Roussef foi eleita pela maioria do eleitorado brasileiro para ser a Presidente do Brasil, a partir de janeiro de 2011.
Fato histórico e marcante na vida brasileira por ser a primeira mulher a chegar a essa posição.
Essa escolha vai mudar muitos paradigmas de nossa sociedade, principalmente aquele tão enraizado nas cabeças mais limitadas e antigas, de que política é assunto para o segmento masculino.
E o último governo, este que acaba em 31 de dezembro em nada desmentiu essa asneira.
A maioria esmagadora de ministérios e cargos elevados da Republica foram ocupados pelos representantes homens, como o são os dos governos estaduais e, em muitos casos, continuarão sendo.
Tudo isso mesmo estando a população brasileira, e o eleitorado, majoritariamente femininos, conforme atestam os mais atualizados levantamentos do IBGE.
Falta menos de um mês para que Dilma possa começar a governar, do seu jeito e com as premissas que lançou na fase de campanha eleitoral, e as promessas que fez ao eleitorado.
E ela anunciou, para surpresa de alguns e contrariedade de muitos, que pretende levar significativo numero de mulheres para ocupar os principais postos de mando em Brasília.
Em seus primeiros pronunciamentos públicos, nos quais teve o privilégio de não contar com a presença ou a sombra do atual Presidente, ela expressou aspectos muito interessantes de suas crenças.
No primeiro, muito marcante, deixou claro que não aceita censura ou limitação da ação da imprensa, expressando que prefere o barulho de uma imprensa livre ao silencia das ditaduras.
E ditaduras no plural, teve endereços bem certos aos grupos radicais que pretendiam diminuir a atuação da imprensa numa sociedade democrática.
Também enalteceu a importância da mulher na sociedade atual, anunciando, felizmente, um governo mais feminino assegurando renovação e sensibilidade, competência e inovação na gestão federal.
Promessa que destaca a diferença com a masculina composição do ministério do atual Presidente.
Também chama a atenção a exageradamente vigilante postura de Lula sobre a sua sucessora.
Numa entrevista conjunta, em que Dilma quase não falou, Lula deixou no ar uma frase simples e direta, bem do seu estilo objetivo ao extremo, quase rude, que encerrava uma expressiva atitude controladora sobre a autonomia da nova Presidente do Brasil.
Disse Lula: “se ela fizer o dever de casa, e ela sabe o que tem que fazer, ela terá o direito de poder disputar a reeleição em 2014”.
Mas por tudo o que se sabe, o direito de disputar uma reeleição tem todo o ocupante de cargo eletivo, desde que a Justiça Eleitoral o permita, que a legislação existente o preveja, que o partido ao qual o candidato estiver filiado aprove em convenção soberana e, principalmente, que o eleitorado brasileiro o eleja para um segundo mandato.
Essa afirmação de Lula, na verdade, contém um recado para Dilma, como dizendo: presta atenção ao que eu falei, faz direitinho o dever que passei e lá adiante vamos conversar de novo.
Ontem, Lula voltou a se manifestar sobre o ainda nem iniciado Governo Dilma e fez uma afirmação bem menos enigmática e quase afrontadora à autonomia que Dilma busca construir para montar sua equipe.
Não contente em colocar uma grande equipe de homens de seu atual governo para que continuem no próximo, diminuindo os cargos que estariam disponíveis para a Presidente colocar mulheres de sua confiança para tocar a mudança, Lula disparou: “tenho que me cuidar muito para não ficar na oposição a Dilma”.
O que depreender dessa manifestação?
Pode-se entender, mais ou menos, assim: se não fizeres o que te digo e recomendo, podes ter que me enfrentar na oposição a teu governo, a minha e das correntes do partido, que me seguem.
Nem a atual oposição conseguiu enviar recado tão duro para a Presidente eleita, nesta difícil e confusa fase de montar uma equipe.
Além de tudo, Dilma está herdando um governo de Lula, com perspectivas de ter que se elevar juros para evitar inflação causada pela inundação do crédito, com uma divida interna de valores elevadíssimos, com compromissos salariais salgados, com uma elevação de gastos governamentais preocupante pelo governo que sai e finalmente, por uma situação mundial de crise e incertezas, muitas incertezas.
Tudo que irá exigir muita atenção e dedicação da nova Presidente para que a situação econômica do Brasil não vire grande problema para o governo e para a sociedade brasileira.
Lula recebeu o governo de FHC, com a economia estável, uma situação mundial altamente favorável e perspectivas muito tranqüilas.
Seu grande mérito foi não alterar nada e dar continuidade ao que encontrou.
Essa é a grande diferença inicial entre os governos de Dilma e Lula.
Enquanto ele recebeu o governo de FHC, ela o receberá de seu companheiro de partido, em condições mais difíceis, pois não lhe será permitido alegar que o governo anterior lhe deixou um fardo.
Nesta altura, depois de 8 anos na Presidência, faltando pouco mais de 20 dias para o inicio da gestão de Dilma Roussef, poder-se-ia entoar um coro com as palavras adaptadas do conhecido e atual filme alemão, com a atriz Franka Potente, e recomendar ao atual Presidente: corra Lula, corra.
Corra e deixe logo o Governo, dando a necessária tranqüilidade para que sua sucessora possa escolher a sua equipe com autonomia, independência, e a necessária competência técnica, fatores que possam lhe permitir desfazer os nós herdados e enfrentar todos aqueles que a realidade lhe reserva.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

MUITAS VERDADES INCONVENIENTES

O site WikiLeaks.org já não é mais hóspede de duas empresas americanas. Ele foi devida e tecnologicamente desplugado de seus servidores na grande nação do norte. se transferiu para a Suíça e agora seu endereço é WikiLeaks.ch. tendo deixado as terras do Tio Sam para se instalar onde estão os bons chocolates, relógios famosos e bancos discretos, que também guardam muitas histórias que poderiam, se divulgadas, derrubar muitos governos, desnudar grande numero de “personalidades” e revelar polpudas e secretas fortunas sem procedência. Nos Estados Unidos o WikiLeaks atuava de forma a denunciar documentos “secretos” trocados dentro do governo americano, e com governos de outros paises. Muitas histórias que tiveram suas versões jornalísticas devidamente domesticadas e diminuídas pelos poderes oficiais de várias nações foram divulgadas em documentos tidos como partes de arquivos altamente sensíveis. Repentinamente, quando o WikiLeaks chega à documentação relativa as guerras do Iraque e Afeganistão, os hospedeiros passam a ser bombardeados por hackers, com milhões de ataques, que poderiam “por em risco” as outras empresas de informação lá hospedadas. E o domínio da Fundação WikiLeaks.org foi retirado do ar baseado nessas alegações. Assim, ele agora está em terras Helvéticas, mas continua divulgando mais documentos, prometendo e anunciando um bom volume de megatons em forma de papéis com o timbre oficial de governos americanos e muitos outros.
Interessantes essas ocorrências registradas. Numa fase da história, em que se proclama a liberdade da informação, numa sociedade globalizada e informatizada, justamente o país que seria o baluarte dos direitos humanos e civis se manifesta de maneira categórica contra informações, que muitas das vezes, não passam de algo bem próximo de fofocas típicas de rodas sociais daqueles parasitas estatais, muito bem retratados nos filmes de Woody Allen. Mas onde há fumaça, há fogo. E nesses documentos sobre as situações do Iraque e Afeganistão o que não falta é fogo e fumaça. Só que não são formas figurativas de linguagem, mas é o fogo real de destruição em massa e a fumaça que levou ao espaço fuligem e fragmentos de histórias nunca devidamente reveladas e de grandes negócios, e negociatas, daqueles que vivem da fumaça da pólvora, do comércio das armas e dos milhares de mortes ocultadas sob o hipócrita manto da palavra “segurança”. Esse é um dos aspectos que a WikiLeaks prometia divulgar, e ainda promete. Seria a ocultação dos números reais sobre mortes de soldados americanos naquelas duas guerras e da grande chacina perpetrada contra as populações civis do Iraque e Afeganistão. Também a “terceirização” da guerra pelo governo de George Bush, que utilizando empresas privadas de segurança poderia ter modificado o grande impacto sobre o real patamar de cidadãos daquele país mortos em combates e atentados. Isso sem chegar ainda à documentação sobre os relatórios das agências especializadas da ONU, nos quais era taxativamente negada a existência das vociferadas “armas de destruição em massa”, ou as aludidas ligações de Saddam Hussein com a Al Qaeda uma organização terrorista com conexões com Bin Laden, milionário membro de uma família de investidores, muitos dos quais retirados em avião especial, no dia 11 de setembro de 2001, por ordem expressa do presidente americano, o já citado Bush. O que se percebe em tudo isso é a permanente ação repressora das instâncias de poder, em qualquer país, de esconder da população muitas das reais condições em que certos fatos históricos se deram e manter uma fachada de sociedades livres e informadas. Os governos sejam quais forem, são agentes públicos eleitos e pagos pelos contribuintes para administrar as nações e prestar contas a quem os paga para isso. Atualmente, em nosso Brasil, travam-se escaramuças entre visões mais autoritárias, mesmo travestidas de inovadoras e revolucionárias, e órgãos que defendem os direitos democráticos, humanos e civis, como a OAB. Tentativas de filtrar informação, de comprimir a imprensa, e de abrandar as criticas contra desmandos e desvios são diárias e grandes “autoridades” da hierarquia, e não da ética e da moralidade, mostram suas garras e falam que a liberdade de imprensa não deve, ou não pode, ser tão livre assim. Ou seja, liberdade de informação é boa quando os denunciados são os outros, a oposição, ou inimigos políticos. Mas quando a maré sobe e a água ameaça atingir níveis sensíveis, ai então se usam as armas da censura, do constrangimento e da velhacaria.
O exemplo da WikiLeaks é emblemático para todo o mundo, pois esse manto de silêncio pode ser estendido a questões estratégicas de nosso tempo atual, como o aquecimento global, a produção de alimentos e medicamentos, e a questão de energias alternativas para salvar o mundo da poluição e calor, gerados pelas economias mais desenvolvidas, mas que nem sempre demonstram respeito pelos seres humanos ou pela liberdade de informação. Ainda não se sabe o quanto foi gasto, e talvez nunca venhamos a saber, pois não foram divulgados os imensos valores públicos usados para salvar organizações do “mercado”, que deveriam ter quebrado e arcado com os prejuízos. No mundo todo “sociedades democráticas” escoaram alguns trilhões de dólares, euros e reais para os bolsos de executivos, os quais continuaram se pagando elevados bonus e, surpreendentemente, em menos de 12 meses estavam dando lucro e atestando a sua “competência” como gestores. Valores que teriam resolvido o problema da fome no mundo e do aquecimento global, pois de acordo com a ONU bastariam 8 bilhões de dólares anuais para levar alimento aos seres humanos que roncam estômagos vazios ao redor deste mesmo mundo das finanças escusas.
Não nos interessa saber de assuntos vulgares e banais se um embaixador gosta ou não de certos paises ou governos. Não é necessário tomar conhecimento se um ministro brasileiro difamou seu colega para outras figuras de outros governos. Mas tudo que diz respeito ao que fazem com nosso dinheiro, ao que estabelecem como compromissos futuros com outras nações, e tudo aquilo que pode induzir as populações ao erro e a não compreensão do que se está fazendo em nosso território e em nosso nome, tudo isso deve ser criteriosamente avaliado e decidido pela população brasileira.
Não podemos abrir mão dessas prerrogativas, sob o risco de nos transformarmos numa sociedade de passivos e iludidos imbecis comandados por espertos especialistas em rapinagem. E nossa época não permite alienação da verdade ou protelação da sua divulgação. Nosso tempo é ditado pela natureza e pelo clima e tudo demonstra que esses elementos essenciais precisam de tratamento prioritário de nossa cidadania.
Como disse a futura Presidente Dilma Roussef:
“é melhor o barulho de uma imprensa livre, do que o silêncio das ditaduras”.
E o pior tipo de ditadura não á a forma explicita desse tipo de regime.
O risco é composto pelas ditaduras econômicas, financeiras e pelo jugo da desinformação.
O resto é falácia e ilusão.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Falta de Solidariedade de Lula À Política Econômica de Barack Obama

O presidente Lula encerra seu governo com uma crítica contundente à política econômica do presidente Barack Obama, externada durante reunião ministerial. Lula alega que o pacote americano, ao injetar 600 bilhões de dólares na economia dos EUA, peca pela falta de solidariedade e pela mediocridade. O que chama a atenção nessa posição do presidente brasileiro é justamente a semelhança de padrões entre os resultados da crise americana de 2008 e da brasileira de 2009/2010, e as medidas tomadas no Brasil, pelo governo Lula. O Brasil foi inundado por recursos para crédito abundante por todos os órgãos sob supervisão direta do governo federal, desde o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o BNDES, até a isenção de impostos sobre vários itens e bens duráveis, para estimular o consumo e não permitir que a economia brasileira entrasse em recessão. Com essa enxurrada de crédito e isenções, o Brasil enfrentou marolas e não tsunamis como anunciou Lula, na época.
Apesar dos cortes de impostos terem afetado os repasses para municípios e estados e a inadimplência ter crescido muito em nosso país, ameaçando a formação de uma \"bolha\" que poderá se manifestar no governo de Dilma Roussef, até o momento, a exuberante injeção de dinheiro e crédito produziu efeitos satisfatórios, não deixando a economia nacional passar para a lista dos combalidos países como Grécia, Espanha, Itália e outros que preocupam os membros da Comunidade Europeia. Além disso, felizmente, o aumento de juros para segurar o volume de moeda circulante e a ameaça de uma inflação de demanda não tem sido necessário, o que segura a dívida pública governamental, apesar de seu montante estar chegando a níveis preocupantes, tendo em vista o valor pago anualmente pelos juros decorrentes de sua permanente renegociação. Mas o que chama a atenção na crítica de Lula, além dos aspectos econômicos, é o lado político dessa posição. Barack Obama é o primeiro presidente negro dos EUA, se elegeu numa virada de situação patrocinada pelo eleitor americano, contra a direita conservadora liderada por George W. Bush e a sua política de privilegiar a indústria bélica e as guerras no Afeganistão e no Iraque. A crise financeira foi causada pela irresponsabilidade do governo de Bush, que afrouxou a regulação sobre os mercados especulativos, permitindo que os fundos lastreados em "derivativos", e outras picaretagens, contaminassem a economia americana e se espalhassem pelo mundo todo ameaçando a formação de uma crise global. Nessa época, não se viu ou ouviu críticas do presidente Lula ao governo Bush como agora se manifesta o dirigente brasileiro em final de mandato. Lula, em recente mensagem presidencial em cadeia de rádio e tv, mostrou orgulho pela derrubada das barreiras de preconceitos, quando o Brasil elegeu um operário para o cargo máximo e uma mulher para a sua sucessora. Sem retirar os méritos que ele e Dilma merecem por estarem nessas posições, é de se estranhar que essa alternatividade saudada aqui no Brasil, não seja devidamente valorizada quando ocorre na sociedade americana, patrocinada pelo alternativo Presidente Obama. Num momento em que se assistem manifestações conservadoras dos setores mais retrógrados dos EUA, representados pelo exótico e ameaçador Tea Party, não seria interessante o alternativo Presidente Brasileiro se solidarizar com o Presidente Obama para que essa onda ortodoxa da direita americana não volte a se espalhar pela América Latina, gerando efeitos já vistos e que deixaram profundas marcas na caminhada democrática de muitos países de nosso continente? Afinal se Lula reclama da falta de solidariedade nas medidas econômicas americanas, não estaria lhe faltando coerência em sua crítica ao pacote econômico do Presidente Obama? Falta de solidariedade e mediocridade, marcaram o Governo Bush, em relação ao mundo todo, quando somente os interesses "de segurança" americanos eram levados em conta e as ameaças de guerras e ocupações foram associadas ao desrespeito aos direitos humanos. Salvar a economia dos EUA pode ser uma das boas heranças que Barack Obama poderá deixar para as relações com o Brasil, ainda mais considerando o nível de transações entre os dois paises

Mensagem de Heloisa Schurmann e o Dia Mundial de luta Contra a AIDS

Para: "Vilfredo Schurmann" e "Heloisa Schurmann"
Assunto: Mensagem de Resposta a "UM RECADO"

Queridos amigos Vilfredo Schurmann e Heloisa Schurmann

Linda e oportuna a mensagem da Heloisa sobre a prevenção da Aids e os preconceitos
que ainda cercam o tratamento da questão.Comovente rever as fotos da Kat, nós que a conhecemos ainda tão pequena e saltitante.Mas voces conseguem transformar a tristeza dessa perda em um fator de estimulo à lutapela melhoria de tratamento da questão,
ainda tão pouco esclarecida em nossa sociedade,tomada pela pressa, pela corrida ao consumo de bens materiais e coberta pela cortina da ignorância e preconceito, que acabam sendo sinônimos.Temos tudo, e todas as condições, para nos transformar em sociedade evoluida e desenvolvida.O que nos diferencia, ainda, dessa possibilidade, desse patamar, é a postura patrimonialista e pequena de tudo ter que se transformar em poder ou em grana, para se ostentar uma aparência ou uma essência que não se tem.
Machado de Assis, em uma visão antiga de sua época se referia às mulheres dizendo:
" as mulheres saem às ruas para verem e serem vistas..." Lamentavelmente essa premissa carcomida pela poeira do tempo ainda impregna muitas cabeças e mantém nossa sociedade condenada a um atraso planejado e consentido.Mas ai surge essa mensagem da Heloisa, mostrando que as mulheres de nosso mundo atual ai estão para pensar e ajudar a pensar, para inovar e ajudar a inovar, para mudar e ajudar a mudar, para ter coragem e ajudar a ter coragem.Parabéns querida amiga.Tive de ti, sempre, corajosas demonstrações de posturas firmes e corajosas.Não esqueço jamais a tua inestimável ajuda, quando estavamos trabalhando na construção da feira de Blumenau,no Coninfo, para demonstrar o estande da Familia Schurmann, e ajudaste a virar um jogo pessimista e derrotista, que não permitia que nossas elaborações avançassem.Assim é, quem sente, verdadeiramente, as questões que enuncia, sempre tem a coragem de continuar lutando e sempre continua lutando, pela coragem que tem.E coragem não é só o destemor, o entususiasmo pela luta, é o conceito, a definição, a opção por aquilo o que é bom e por aquilo o que vale a pena lutar.Mais uma vez obrigado pela mensagem de hoje, pelas viagens de vocês, todas, as reais e imaginárias,e pelo elenco de boas e positivas recordações que me deixaram como um dos poucos patrimônios que tenho, mas um dos mais significativos que possuo.
E pelo que deixaram para todos aqueles que os assistiram, leram e acompanharam desde 1984, quando se lançaram aos mares, para uma aventura que voces já sabiam grandiosa, mas que muitos duvidaram por usarem lentes pequenas demais para poder observar, e absorver, toda a cena que se anunciava.E lembro daquele dia cinzento de 1984, quando voces e o veleiro se despediam de Floripa para o mundo,num solitário trapiche do Veleiros, em que tive a honra de fazer as únicas fotos de sua partida.E agradeço a oportunidade que tive, de na sua volta a Floripa, de poder me engajar e judá-los a obter o essencial apoio financeiro da Embratel, para uma aventura, da qual as condições objetivas da época não me permitiram acompanhar fisicamente, mas que silenciosamente me encheu de orgulho e alegria.Pelo mapa mundi e por suas crônicas enviadas estive sempre com voces e com o Guapos e Aisso.Como velejador, pude sempre imaginar e sentir as descrições e sonhar junto com voces.
Aventura da qual tomei conhecimento quando assisti seu sonho e inicio conceitual, quando em 1976 estive em seu chalé na Praia de Sto. Antonio, e vi aquele abajour com uma carta náutica e os olhos de voces verdadeiramente marejados de mar, lágrimas de sonho e emoção futurista.Aventura da qual me tornei cúmplice e adepto, admirador e parceiro.
Com muito carinho e admiração
Danilo Cunha
www.danilocunha.blogspot.com



Mensagem de Heloisa e Vilfredo Schurmann para:
danilocunha@terra.com.br
On Qua 1/12/10 17:14 , "Vilfredo Schurmann" vos@schurmann.com.br sent:
De: Heloisa Schurmann [mailto:h.schurmann@gmail.com
Para: danilocunha@terra.com.br
Enviada em: quarta-feira, 1 de dezembro de 2010 16:37
Para: vos@schurmann.com.br
Assunto: UM RECADO

Repasse aos seus amigos por favor

Aos jovens e aos pais desses jovens!

Hoje é dia Mundial do Combate a AIDS

"Achei que nunca aconteceria comigo"


Dia mundial de luta contra a aids foca o preconceito contra jovens soropositivos
A infecção por HIV entre jovens de 13 a 19 anos está se espalhando pelo Brasil.
De 1991 a 2009, aumentou em 53% o número de municípios com casos da doença nessa faixa etária.
São dados de uma pesquisa divulgada na quarta-feira, Dia Mundial de Luta Contra a Aids, pelo Ministério da Saúde. .
Um recado da Kat, uma adolescente igual as todas.
De 1991 a 2009, aumentou em 53% o número de municípios com casos da doença nessa faixa etária.
Kat Schurmann (1992-2006) cada vez que encontrava adolescentes recem contaminados pelo virus do HIV, dizia para eles: Eu nasci com o virus, mas você poderia ter evitado a doença usando camisinha. Ela se surpreendia porque muitas mães de suas amigas de 11 a 13 anos nunca falaram do assunto com suas filhas. Kat, queria ao completar 14 anos, falar da sua luta contra o vírus com os amigos da escola.Se mostrava indignada com a possibilidade de ser discriminada por isso. Ela gostaria de que as pessoas entendessem que somos todos são iguais. Kat queria quebrar esse preconceito. Não houve tempo...
Dados de hoje 1/12/2010

Heloisa Schurmann