quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Quando os peixes saem d'água




O titulo acima é de um filme dos anos 70.
Conta uma história muito interessante e que encontra algumas similitudes em nosso tempo presente.

Trata da questão da busca do prazer, principalmente em períodos de férias, e a corrida desenfreada para conseguir passagens, acomodações e passeios, em remotas regiões do mundo, onde se supunha existir pequenos paraísos terrestres.

As agências de turismo lotadas, a disputa por bilhetes e reservas, o atropelo em estações e aeroportos e, enfim, o contato com a natureza, a simplicidade, o ar puro, a comida saudável.

Em paralelo a essa algaravia, o filme mostra uma questão muito grave, que ocorre, fatidicamente, na mesma região objeto de tanta cobiça turística.

Um avião militar, transportando carga de alto teor radiativo e perigosamente poluente, sofreu pane nas proximidades, tendo início uma secreta e nervosa busca.

O filme retrata a situação com os devidos lances, que vão do cômico ao dramático, pois enquanto grande quantidade de seres humanos jogavam todas as suas energias em atividades prazerosas, ligadas ao desligamento das rotinas e a adoração do sol e das águas daquele mar verde e maravilhoso, uma realidade paralela, e sem a devida notificação ou conscientização, ameaçava o meio ambiente e as vidas de quem o desfrutava.


Vale a pena tentar encontrar essa relíquia do cinema, que ainda conta com a atriz Candice Bergen, que, pela sua beleza suave, durante muito tempo, foi um dos ícones femininos de Hollywood.


Mas um outro aspecto que o filme nos evoca, num exercício de futurismo e antevisão, é a nossa realidade atual. Não são poucos os episódios, vividos e sentidos em todo o mundo, em que situações de degradação ambiental, uso indevido dos recursos naturais, desrespeito e descaso com a preservação das cidades e florestas, desmatamento e retirada de vegetação ciliar, ocupação indevida, e consentida por autoridades, de áreas de preservação, do verde e da vida humana, têm gerado catástrofes, com elevado número de mortes e perda de recursos públicos.


O filme, depois de um desenrolar tenso e de transmitir ao espectador toda a potencialidade destrutiva daquela situação, mostra as suas cenas finais, quando se apresenta todo o espectro que um desastre pode envolver, com o ser humano ignorando as reais condições de risco nas quais se envolveu, por sua alienação e pela omissão de quem deveria alertá-lo.


As última tomadas mostram um grande grupo de turistas, dançando freneticamente sobre um trapiche a beira do mar. A câmera vai se afastando, mantendo o perfil das imagens, o som da música forte e estridente.


Quando as lentes captam o mar, que emoldura aquele ambiente, começam a aparecer grandes quantidades de peixes mortos. Peixes que começam a sair das lindas e inimagináveis poluídas águas daquele mar fantástico e mágico.


Lembrando desse final assustador podemos nos perguntar se não está ocorrendo, em nosso maravilhoso mundo de prazeres e cores, a repetição dos processos mostrados no filme?

Estarão nossos peixes saindo da água, estarão nossas águas saindo das calhas dos rios, estarão as águas dos mares poluídas por elementos desconhecidos das populações que as usam para suas saúde e lazer?

Na época, o filme se constituía numa ficção, um tanto ousada, considerando a baixa consciência ambiental e a visão de maximização econômica do turismo.


E agora?


Um comentário:

Unknown disse...

Oi Danilo!
Você fala do filme, deixa todo munto afim de assistir...e aí? Em qual locadora ele pode ser encontrado?
Abraço e um descanso nesse feriado.
Samuel