Ao longo dos tempos, já vimos vários tipos de primeiras-damas em muitos governos. Nos Estados Unidos, devido a sua forte tradição, as esposas dos presidentes, normalmente, exercem papéis secundários, de representação social ou em missões diplomáticas, mas, quase sempre, em atividades de pouca importância conceitual para o país e para o mundo.
Muitas redecoram os ambientes que lhes competem, recebem artistas e estimulam a atividade caritativa ou solidária, e posam ao lado dos maridos, olhando-os com admiração, mas sempre em um segundo plano.
Atualmente, além do furacão Obama, que colocou um negro na presidência de uma das nações mais racistas do planeta, uma outra mudança radical se nota na Casa Branca.
A primeira-dama não aceita o papel tradicional. Ela é discreta, simpática, fotografa com facilidade para enfeitar revistas de moda, e estimula a população de seu país a superar a crise gerada pelos especuladores e picaretas, que quebraram o governo americano, e de muitos outros paises.
Mas algo diferente se nota naquele recinto, misto de palácio de despachos e residência oficial.
Michelle Obama está introduzindo um novo conceito de produção alimentar, justamente numa nação dominada pela fast-food e pelos alimentos ricos em sal e gordura.
Ela mandou implantar uma horta de produtos orgânicos, isso mesmo, orgânicos!
Essa inovação, mesmo parecendo pequena, uma horta orgânica numa nação de conservantes e “embelezantes” artificiais, representa algo muito importante.
Não é só uma nova primeira-dama, é uma nova maneira de pensar, uma nova concepção de vida, uma inovadora direção a ser seguida por toda uma sociedade, em plena crise e que procura ardentemente por opções novidadeiras.
Captando muito bem esse momento, Michelle Obama percebe que pode sugerir a seus cidadãos novos hábitos mais saudáveis, mais baratos, mais fáceis de produzir e que se pode fazê-lo em hortas caseiras, domiciliares, em qualquer pequeno espaço.
Enquanto seu marido, Barack Obama, comanda uma série de mudanças no poder americano, fechando a prisão de Guantanamo, em Cuba, exigindo modelos de carros mais econômicos, que rodem 15 quilômetros por litro de combustível, exigindo um estado para o povo Palestino, Michelle exerce seu papel, auxiliando o governo com novas maneiras de produzir alimentos, acessíveis para todos e incentivando o uso de métodos não poluentes e sem a adição de defensivos agrícolas.
Assim como Barack Obama se elegeu utilizando um mutirão eletrônico, via internet, de milhões de americanos, que queriam a mudança, Michelle lança, e usa, outras formas de redes, humana e social. Ela sabe que o apelo das palavras-de-ordem emanadas da Casa branca, recebem imensa aceitação da população daquele país, principalmente, neste momento de construção de alternativas às crises herdadas do irresponsável e prepotente governo Bush.
Esse momento da nação americana poderia servir de reflexão, e exemplo, para muitas outras primeiras-damas, que apenas ficam na sombra de seus maridos, ou à sombra das benesses e mordomias que desfrutam, mesmo em países que ainda possuem graves problemas de exclusão social, de falta de alimentos dignos e saudáveis.
Mesmo que fosse só por imitação, se poderia pensar em programas de alimentos orgânicos nas extensas áreas, normalmente ocupadas pelos enormes e ociosos jardins, puramente decorativos, de prédios governamentais.
Já que os governos, e outros poderes, apresentam baixas produtividades, executiva e legislativa, realizando de tudo, menos as prioridades gritantes da sociedade, quem sabe um plano alimentar, sem venenos e de baixo custo, seria uma forma de se resgatar, um pouco, do papel que governantes deveriam estar exercitando para cumprir as suas falsas promessas de campanha, e atender, pelo menos em parte, as verdadeiras e autênticas demandas sociais?
Maria Antonieta, em sua insânia palaciana, mandou seus súditos comerem brioches, diante das manifestações das massas esfaimadas, na França daquele tempo. Mas foi guilhotinada.
Nossos governantes, normalmente bem nutridos e fartamente alimentados, e morando com suas famílias em grandes e improdutivos palácios e residências oficiais, mantidos por inesgotáveis verbas públicas, bem que poderiam mandar, e estimular, os cidadãos comer alimentos orgânicos. Além de uma sugestão alimentar correta, estariam, quem sabe, evitando a guilhotina da não reeleição ou da perda do voto pela revolta da população.
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