quarta-feira, 11 de março de 2009

Brasil Urgente! PIB, horas-extras, privilégios e crise, qual crise?




Este blog publicou, em 07 de novembro de 2008, o texto intitulado “Marolas e Tsunamis”, questionando a postura imediatista do governo, em função da declaração presidencial de que uma tsunami estava atingindo os países ricos, mas que, no Brasil, ela não passaria de uma marolinha, que “nem daria para esquiar”.
Hoje, amanhecemos com a queda do pib brasileiro, em todos os meios de divulgação. Pelo que estamos podendo constatar, o entusiasmo presidencial pode mesmo ter permitido o uso invertido do binóculo, fazendo com que uma grande onda fosse interpretada como uma ínfima marola.
Mas uma outra informação, embutida nos noticiários econômicos, nos chama a atenção e coloca grandes “pulgas” atrás de nossas orelhas.
A queda da curva de investimentos, no último trimestre de 2008, foi muito significativa. Os dados mostram que o governo, como um todo, administrações municipais, estaduais e federal, investiu muito pouco, gastou muito em custeios e lançou “estímulos” para os bancos, que refletiram quase nada nos resultados produtivos do país.
No mesmo período, os bancos obtiveram grandes e significativos lucros, principalmente, as entidades públicas e governamentais, tais como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.
Em pleno recesso de janeiro, o Senado Federal, sem controle de freqüência, mandou pagar mais de 6 milhões de reais em horas-extras. Enquanto isso, as empresas privadas, para não quebrar e não demitir, frente à retração do consumo, davam férias coletivas ou paravam a produção.
Também, recentemente, vimos a notícia sobre aumentos salariais pretendidos por parlamentares federais, os quais teriam repercussões em todos os legislativos do Brasil.
Mais ainda. O governo brasileiro devolveu, no início deste ano, grande verba internacional destinada a obras de saneamento básico, por “falta de condições” de usá-la.
As mesmas instâncias governamentais, que determinam que o salário mínimo dos aposentados seja corrigido, em apenas 5%, para não colocar a previdência social “em risco” de desequilíbrio.
E isso que, em nosso Brasil, mais de 60% da população não tem acesso ao elementar saneamento, causa de muitas doenças e epidemias, bancadas, depois, por dinheiros públicos gerados pela arrecadação de impostos dos sobrecarregados contribuintes, com ou sem emprego e horas-extras.
Quando se fala, e avaliamos, a crise atual, temos a certeza que ela se abate sobre a população civil desta nação, mas que não chega ao serviço público nem aos bancos, os quais aumentaram seus lucros quando o país teve queda em seus investimentos. Será que esses lucros gigantescos estarão vindo das caras tarifas bancárias? A pergunta procede quando vemos que não existe relação entre os resultados obtidos pelos bancos e os da economia real do país, que registra preocupante queda.
Além do nível federal, muitas instituições públicas pagaram “abonos” de final de ano a seus colaboradores, várias instituições estão realizando obras e construções nas atividades meio, e não nos serviços prestados à população. Veja-se a epidemia de dengue mostrando as sua garras, novamente, e a questão dos, ainda, desabrigados pelas catástrofes climáticas.
Não há dúvidas de que a realidade atual necessita muita cautela e medidas adequadas. Mas também nos pressiona a certeza de que precisamos cortar privilégios, principalmente, de quem já tem seus empregos e ganhos assegurados, pelo dinheiro dos contribuintes, e dirigir os investimentos governamentais para as necessidades, e prioridades, reais de toda a população. E da nação brasileira.

Nenhum comentário: