Desde a Revolução Industrial a sociedade humana se debate para interpretar e entender as questões decorrentes de fato histórico tão significativo.
Depois de longo período colonial/rural, o mundo deu saltos enormes na direção da criação do conceito de escala.
Depois de longo período colonial/rural, o mundo deu saltos enormes na direção da criação do conceito de escala.
Escala industrial, que aplicada de forma direta e pragmática nos trouxe grandes números de produção e distribuição de produtos.
Mas também nos presenteou com o acelerado extrativismo, que, hoje, exaure a terra sobre a qual vivemos.
Escala de consumo desenfreado, fútil, e desnecessário, que permite a pessoas de alma vazia encherem seus armários com produtos nem sempre necessários ao corpo, mas essenciais para preencher as lacunas do espírito.
Escala urbana que nos migrou para as cidades, nas quais encontramos brilho, informação, convívio, mas onde também se vê muita desigualdade e baixa solidariedade.
Ainda não conseguimos bem compreender os conceitos de capital e trabalho, que resultaram de uma simplificadora interpretação do processo industrial e urbano, e condicionou o mundo a uma binaridade entre capitalismo e socialismo durante o século XX.
Grandes pensadores, contemporâneos dessa dicotomia, como Freud, Marcuse, Adorno, Bobbio, e muitos outros, se lidos e bem decodificados poderiam ter expandido as consciências das sociedades e lideranças da primeira metade do século passado, propiciando que a humanidade pudesse alcança patamares mais avançados.
Duas grandes guerras, a criação da ONU no lugar da falida Liga das Nações, grande avanço técnico/científico, a rede mundial telemática digital, a mundialização econômica, trouxeram cenários e visões do que o ser humano poderia ter e dispor, em termos de soluções pacíficas ou de encaminhamentos bélicos.
Até o hoje o mundo optou por não mais ter guerras mundiais, mas os conflitos regionais, étnicos, religiosos, alimentados por largo fornecimento de armas e material de destruição em massa continuam fervilhando em todo o globo.
Uma sexta parte da humanidade passa fome, enquanto nas sociedades abastadas mais de 40% dos alimentos produzidos são simplesmente jogados na lixeira.
Uma simplista e pequena visão histórica ainda insiste em manter uma divisão ideológica e conceitual como se termos como esquerda e direita pudessem explicar todo o espectro sócio político, sócio econômico e sócio cultural, que a sociologia estuda permanentemente.
Essa apreciação muito parcial, e diminuta, de uma história longa e pouco estudada, pretende condenar o terceiro milênio e este século XXI a uma continuidade manipulada e dirigida, que só serviu na construção e adoração de falsas lideranças, tais como, Mussolini, Hitler, Stalin, que não passaram de totalitários e sanguinários, simples eliminadores de seus adversários de ideias.
Nova frente de prospecção de inovadoras premissas para a sociedade do futuro, imediato e a médio e longo prazos, se abre com a realidade atual, quando podemos ver, ler, acompanhar, perceber, compreender, tudo o que se passa em torno de nosso globo, podendo processar, separar, ordenar, todos os novos conceitos, que poderão abrir a percepção para uma nova expansão da consciência coletiva.
Sem qualquer dúvida já sabemos que nada se poderá fazer, daqui por diante, sem que se promova a vida e sua preservação.
Além das estruturas de saúde dos diversos países em todo o mundo, dispositivos para redistribuição de alimentos e medicamentos, serão prerrogativa básica.
Quando mais de um bilhão de seres perambulam em busca de abrigo, alimento, acolhimento e amor, com certeza, não haverá paz duradoura.
As pressões advindas desse enorme contingente de abandonados sempre serão combustível fresco para os larápios que comerciam com as demandas da vida, colocando armamentos e química de destruição, no lugar de casas, hospitais, alimentos, medicamentos, que custam muito menos dos que armas, mas que não constroem nem garantem poder.
Em todos os continentes aparecem nuvens carregadas e preocupantes, quando se insiste em voltar à separação burra e limitada entre esquerda e direita, com manifestações de racismo, intolerância política e social, que tentam recriar condições superadas e insensatas, para que novos tiranetes de aldeia possam exercer suas frustrações pessoais por meio de enfeixar muito poder em suas mãos.
Pessoas que foram amputadas em suas estruturas emocionais e afetivas, por diversos motivos, tendem a buscar compensações, em vez de cura, para seus males existenciais, psicológicos, comportamentais, por meio da violência desbragada, da afirmação pura e simples, por meio da mentira e da ocultação de verdades universais.
Esse tem sido o perfil de todos que bradam por violência, por vulgaridade, por breguice, e por soluções pobres e limitadoras, para tentar canalizar as frustrações de milhões de seres humanos infelizes e injustiçados.
Essas duas metades, limitadas em sua formulação e análise só continuarão contribuindo para apequenar uma mundo muito mais amplo e complexo, que poderá se explicar pelo uso de lentes tais como mais sensibilidade, mais conhecimento, mais ciência, mais educação, mais pesquisa.
Direita e esquerda são rótulos da mesma busca de poder, de mais poder, em todos os níveis.
Para que o mundo possa desenvolver novos mecanismos de compreensão e análise de suas mazelas e eventuais soluções, necessário e essencial serão movimentos de pacificação das diferenças e da injustiça.
Caso contrario teremos o binário quadro simplista e arrogante, de explicações para justificar quem vive da miséria e de seus desdobramentos, e quem ostenta racionalidade.
Ambas as partes continuam desonestas e incitando seguidores pouco preparados e que nada estudam ou aprofundam, simplesmente para justificar suas vidas cômodas e abastadas, mas que nada fizeram, fazem ou farão para melhorar nossa vida na face desta Mãe Terra, que aguarda um pequeno retorno de dedicação e cuidados, em troca de toda a vida e possibilidades, que foram presenteadas aos humanos.
A utopia se explica até o momento em que o conhecimento desnuda verdades e substitui a ignorância, e quem atrás dela se esconde para se omitir.