Essa, finalmente, uma das
palavras que mais enfeixa os conceitos necessários para entender as
manifestações em nosso Brasil.
O Brasil era tido como um país
pacato, acomodado, com uma sociedade cordata e alienada, que a tudo aceitava,
em contraste com outros países, nos quais as reivindicações sempre foram mais
agudas e presentes.
Que bom! Deixamos de ser uma
nação de “preguiçosos”, que a tudo recebia com indolência e com a mitificada e
negativa “cordialidade” brasileira.
Cordialidade que vem da palavra “cordis”,
que quer dizer coração. O mito Brasil de um povo bonzinho e acomodado só serviu
aos interesses de controle comportamental e do conhecimento, pelos
colonizadores, que nos condicionaram entre a violência cruel e a falsa carícia,
dada sobre a cabeça dos obedientes ou subservientes.
As grandes questões de disputas e
enfrentamentos de diferenças, sempre foram esmagadas pelo poder central, de
maneira exemplar e de forma a não deixar dúvidas.
Assim foi Canudos, Contestado,
Inconfidência Mineira, a Revolta da Armada de 1893, e tantas outras tentativas
de modificação das relações entre o poder e os brasileiros.
Na nossa linda Ilha de
Anhatomirim muitos florianopolitanos ilustres foram convidados a comparecer
para “depor”.
Foram fuzilados ou enforcados para que todos soubessem que não se
deveria, jamais, contestar ou enfrentar o podersão.
E nosso país ficou esquecido,
desrespeitado, abandonado, por seus próprios governos e classe política.
Uma nação que foi por muito tempo
ao sabor dos grandes interesses, puramente financeiros, de alguns agentes
políticos e grupos empresariais, bancos e empresas.
Um grande país encarado, somente,
como um grande bando de consumidores e pagadores de impostos, sem um projeto de
nação.
É o estado-corte, que mesmo sem a
presença dos dominadores portugueses, mantém em Brasília uma réplica da sede de
poder sem fim.
Uma sociedade desrespeitada em
seus direitos essenciais, que precisava mendigar alguns trocados para ter um
mínimo de saúde, de educação, de segurança, e infraestrutura.
A insensibilidade da camada, que
é composta pelos partidos políticos, pelos dirigentes e pelos próprios
políticos, pelos governos em geral, e pelos demais órgãos públicos, que têm
recebido vantagens pecuniárias indevidas e antiéticas, para colocar mais
dinheiro nos bolsos de quem já recebe elevados salários, completamente
diferentes dos ganhos dos trabalhadores brasileiros, ainda mostra que gostaria
de preservar privilégios e ganhos fáceis.
Muito mais do que ganham, e
merecem, as categorias de professores, profissionais da saúde, e da segurança,
justamente os servidores, que ajudam a construir o futuro e que cuidam da
nação!
As manifestações populares,
legítimas e pertinentes, representam o pé na porta dessa frieza, dessa proteção
blindada com que se cercam os que vivem bem, com recursos que não são seus, e
que nem ajudaram a produzir.
Os ventos da mudança estão
chegando ao Brasil.
Não somente os ventos, mas os
conceitos, os valores e as crenças, de que nosso Brasil só será uma Nação Digna,
com letras maiúsculas, quando recolocar como prioridades os valores éticos e
morais, e a devida meritocracia, como objetivos permanentes, mesmo.
Para sempre!!!