MORREU HÉCTOR RICARRO LEIS
Para meu choque, e profundo
impacto, li no jornal, hoje de manhã cedo, que faleceu o emérito Professor e
Educador Héctor Ricardo Leis.
Cidadão argentino ilustre, homem
do mundo, Héctor era um pensador crítico, analítico, uma inteligência única, ímpar,
que veio viver em Santa Catarina.
O conheci há muitos anos atrás, e
conversávamos muito sobre educação, formação de cidadãos, sobre a visão crítica
de nosso mundo, dos caminhos que a sociedade capitalista tomava sob a égide do
consumismo voraz, do abandono das teses e causas coletivas, do egocentrismo
dominado relações humanas, comerciais, diplomáticas.
Héctor sempre sonhou colocar seu
saber a serviço das novas gerações como uma ferramenta investigativa, na
construção de um conhecimento amplo, múltiplo, humanista, que ajudasse na
construção de um estágio avançado de saber.
Seus sonhos se realizaram, em
parte, desde que foi lecionar na UFSC, quando lhe foi possível estabelecer essa
conexão com os estudantes, que buscavam como sempre buscam, origens e
explicações para comportamentos atuais, e para as contradições e incoerências,
tão presentes nas relações humanas.
A última vez que vi Héctor foi no
aeroporto Hercílio Luz, quando, para meu espanto, o vi estacionar numa vaga
para deficientes, saindo do carro apoiado num andador, com dificuldade de
locomoção.
Fui ao seu encontro, o abracei,
com a ternura e o carinho que sempre nutri por ele, frutos do grande respeito
que lhe tinha, mas ele nada falou nada aduziu ao seu andar trôpego e
dificultoso.
Mostrava uma expressão triste, resignada,
contida. Depois, falando com sua esposa fiquei sabendo que ele tinha sido
acometido por uma moléstia degenerativa, sem perspectivas de cura.
Sai de lá arrasado, triste, por
ver aquele cidadão exemplar, ilustre, atingido por um mal corporal, justamente
no aparato biológico, que sustentava, que transportava cérebro tão
privilegiado, alma tão dedicada à vida, espírito tão guerreiro, que lutava pela
ampliação das consciências, pela construção de uma cidadania plena,
participativa, igualitária, justa.
Hoje de manhã a tristeza me dominou,
as lágrimas vieram, e vivi um pouco do luto desse amigo querido, desse
Professor e Educador, quem conseguiu dar à sociedade, pelo menos em parte, sua
vida para formar novas pessoas, solidárias e generosas.
Se me fosse possível sugerir aos
Deuses a criação de uma categoria de imortais, sem qualquer dúvida lá estaria o
nome de Héctor Ricardo Lis, com a seguinte inscrição:
“Homenagem de seus amigos e
ex-alunos, em agradecimento ao convívio que tiveram o privilégio de experimentar
junto a essa pessoa muito especial, que continua oferecendo o melhor de si para
a construção da felicidade”.
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