sexta-feira, 26 de setembro de 2014

ELEIÇÕES NO BRASIL E UMA NECESSÁRIA REFLEXÃO SOBRE A DEMOCRACIA


“Meu país conhece meu credo político, porque meu credo político está na minha vida inteira. Creio na liberdade onipotente, criadora das nações robustas; creio na lei, emanação dela, o seu órgão capital, a primeira das suas necessidades; creio que, neste regime, não há poderes soberanos, e soberano é só o direito, interpretado pelos tribunais; creio que a própria soberania popular necessita de limites, e que esses limites vêm a ser as suas Constituições, por ela mesma criadas, nas suas horas de inspiração jurídica, em garantia contra os seus impulsos de paixão desordenada; creio que a República decai, porque se deixou estragar confiando-se ao regime da força; creio que a Federação perecerá, se continuar a não saber acatar e elevar a justiça; porque da justiça nasce a confiança, da confiança a tranquilidade, da tranquilidade o trabalho, do trabalho a produção, da produção o crédito, do crédito a opulência, da opulência a respeitabilidade, a duração, o vigor; creio no governo do povo pelo povo; creio, porém, que o governo do povo pelo povo tem a base da sua legitimidade na cultura da inteligência nacional pelo desenvolvimento nacional do ensino, para o qual as maiores liberalidades do tesouro constituíram sempre o mais reprodutivo emprego da riqueza pública; creio na tribuna sem fúrias e na imprensa sem restrições, porque creio no poder da razão e da verdade; creio na moderação e na tolerância, no progresso e na tradição, no respeito e na disciplina, na impotência fatal dos incompetentes e no valor insuprível das capacidades.
Rejeito as doutrinas de arbítrio; abomino as ditaduras de todo o gênero, militares ou científicas, coroadas ou populares; detesto os estados de sítio, as suspensões de garantias, as razões de Estado, as leis de salvação pública; odeio as combinações hipócritas do absolutismo dissimulado sob as formas democráticas e republicanas; oponho-me aos governos de seita, aos governos de facção, aos governos de ignorância; e, quando esta se traduz pela abolição geral das grandes instituições docentes, isto é, pela hostilidade radical à inteligência do País nos focos mais altos da sua cultura, a estúpida selvageria dessa fórmula administrativa impressiona-me como o bramir de um oceano de barbaria ameaçando as fronteiras de nossa nacionalidade.”
Ruy Barbosa, Senado Federal, no Rio de Janeiro em 13 de outubro de 1896



terça-feira, 9 de setembro de 2014

A MORTE DO ILUSTRE PROFESSOR HÉCTOR RICARDO LEIS

MORREU HÉCTOR RICARRO LEIS

Para meu choque, e profundo impacto, li no jornal, hoje de manhã cedo, que faleceu o emérito Professor e Educador Héctor Ricardo Leis.
Cidadão argentino ilustre, homem do mundo, Héctor era um pensador crítico, analítico, uma inteligência única, ímpar, que veio viver em Santa Catarina.
O conheci há muitos anos atrás, e conversávamos muito sobre educação, formação de cidadãos, sobre a visão crítica de nosso mundo, dos caminhos que a sociedade capitalista tomava sob a égide do consumismo voraz, do abandono das teses e causas coletivas, do egocentrismo dominado relações humanas, comerciais, diplomáticas.
Héctor sempre sonhou colocar seu saber a serviço das novas gerações como uma ferramenta investigativa, na construção de um conhecimento amplo, múltiplo, humanista, que ajudasse na construção de um estágio avançado de saber.
Seus sonhos se realizaram, em parte, desde que foi lecionar na UFSC, quando lhe foi possível estabelecer essa conexão com os estudantes, que buscavam como sempre buscam, origens e explicações para comportamentos atuais, e para as contradições e incoerências, tão presentes nas relações humanas.
A última vez que vi Héctor foi no aeroporto Hercílio Luz, quando, para meu espanto, o vi estacionar numa vaga para deficientes, saindo do carro apoiado num andador, com dificuldade de locomoção.
Fui ao seu encontro, o abracei, com a ternura e o carinho que sempre nutri por ele, frutos do grande respeito que lhe tinha, mas ele nada falou nada aduziu ao seu andar trôpego e dificultoso.
Mostrava uma expressão triste, resignada, contida. Depois, falando com sua esposa fiquei sabendo que ele tinha sido acometido por uma moléstia degenerativa, sem perspectivas de cura.
Sai de lá arrasado, triste, por ver aquele cidadão exemplar, ilustre, atingido por um mal corporal, justamente no aparato biológico, que sustentava, que transportava cérebro tão privilegiado, alma tão dedicada à vida, espírito tão guerreiro, que lutava pela ampliação das consciências, pela construção de uma cidadania plena, participativa, igualitária, justa.
Hoje de manhã a tristeza me dominou, as lágrimas vieram, e vivi um pouco do luto desse amigo querido, desse Professor e Educador, quem conseguiu dar à sociedade, pelo menos em parte, sua vida para formar novas pessoas, solidárias e generosas.
Se me fosse possível sugerir aos Deuses a criação de uma categoria de imortais, sem qualquer dúvida lá estaria o nome de Héctor Ricardo Lis, com a seguinte inscrição:


“Homenagem de seus amigos e ex-alunos, em agradecimento ao convívio que tiveram o privilégio de experimentar junto a essa pessoa muito especial, que continua oferecendo o melhor de si para a construção da felicidade”.


O REBU, E OUTRAS HISTÓRIAS BRASILEIRAS: A FICÇÃO DE UMA NOVELA X A CORRUPÇÃO NO PODER



EM 08.09.2014

O REBU, E OUTRAS HISTÓRIAS

Que coisa interessante.
No Brasil as novelas sempre imitaram, com cores fortes e vibrantes, as situações da vida real.
No jornal de hoje, em uma pagina, aparecem as fotos dos suspeitos de serem os autores do crime, que aconteceu no início da novela.
Tudo isso li nos jornais de hoje, pois não tenho assistido essa novela. 

Mas os jornais trouxeram um outro Rebu, com relação de fotos de acusados de crimes, contra a nação, por corrupção numa empresa estatal muito conhecida.
A página, que não era a policial, e sim a política, apesar de que as duas estão ficando bastante próximas, no Brasil, trouxe, também, algumas fotos e informações muito reveladoras.
Ambas as histórias prometem muitas revelações até seus finais, que poderão ocupar espaços bem mais amplos, em jornais, revistas, e tv's.
Agora a vida real pode imitar, em dramaticidade, em cores fortes, as situações imaginárias e inventadas, pelos bons roteiristas da tv.
Os próximos capítulos prometem grandes e surpreendentes revelações.

Alguém se habilita a palpitar sobre a relação de culpados, comprovados?

As diferenças que podemos detetar entre as duas situações são bastante notórias.

Enquanto na novela tudo não passa de uma obra de ficção, que trata da morte de um personagem, na outra nos chocamos com valores muito elevados, desviados por corruptos, que aproveitaram suas situações privilegiadas, de cargos de confiança muito bem remunerados, as mortes decorrentes são muitas, em grande número, pois os valores desviados para bolsos pessoais, privados, vão fazer falta para a educação, saúde, alimentação, de muitos cidadãos brasileiros, que com seu suor alimentam os cofres desta nação.

A corrupção é um dos piores crimes, pois é cometida com superioridade de armas, advindas de privilegiadas situações que são oferecidas a dirigentes, para poderem gerir bem os investimentos para a população brasileira, mas que se desviam e se transformam em ladrões de verbas públicas.