Essa frase, dita por um ser produzido artificialmente, em filme de ficção, tentava mostrar, com emoção humana, a expectativa de final de vida útil, daquele biônico.
O citado filme tem mais de 20 anos e ainda é assistido, como um clássico do diretor Ridley Scott.
Recentemente, depois de algumas semanas assistindo ao tenebroso festival “on-line” e em “real-time”, por emissoras de tv, rádio, jornais, provedores de internet, blog’s, patrocinado pelo desatino da corrupção, do poder, do desmando, do cinismo e da vulgaridade, nos perguntamos: e como ficará tudo isso? que atitudes a sociedade brasileira irá tomar?
Como podemos conviver, em nossa sociedade humana, com esses “biônicos”nacionais, que não são fruto de qualquer ficção cinematográfica, e sim de nossa realidade política e comportamental?
Toda essa escatologia gerada pelo que há de mais podre, nos podres poderes brasileiros, produzirá alguma mudança substancial na próxima eleição?
Nosso país vive um momento dramático. Nos desenvolvemos no plano econômico, mesmo com todas as desigualdades, e injustiças, e estamos atopetando nosso modelo urbano com carros, gerando mais poluição e calor na atmosfera, com enormes congestionamentos.
O crédito abundante, apesar dos juros gigantescos da agiotagem oficial, financia a miopia popular, que calcula seu orçamento familiar pelo tamanho da mensalidade, e não pelo valor do bem e da divida correspondente.
Nossas cidades escondem os montões de lixo, da mesma forma que o “lixo” humano é afastado dos centros das cidades, condenando esses contingentes de brasileiros, esquecidos pelo modelo, a uma sub-condição humana de sobrevivência.
Enquanto isso nossos impostos, que seriam suficientes para implantar a devida inclusão social pela justiça, pela educação, pela saúde, pela alimentação digna, e pela segurança, são desviados e utilizados em mordomias, negociatas, compra de mansões, e toda a sorte de privilégios, para poucos, que deveriam estar servindo à sociedade.
Muito bem pagos, muito acima do mercado, vivem benesses, como num império romano contemporâneo, onde os pobres, e mesmo a classe média que trabalha e produz, são arremessados aos leões, são arredados dos benefícios desse botim, assistindo, pela imprensa, à sucessão de noticias sobre o pornográfico banquete servido às custas do sangue dos carentes e da revolta, e repulsa, de quem espera mais seriedade e decência da área pública, estatal e governamental.
A repetição “ad-nauseam” dessa orgia promovida pelos que se aboletaram no poder, e dele não querem ser apeados, é de tal volume, abrangência e profundidade, que a certa altura dos fatos, muitos chegaram a pensar: chega, basta, algo vai acontecer, alguém vai renunciar, a vergonha empurrará essas pessoas à retirada da vida pública, a policia vai abrir inquéritos, a justiça vai julgar os processos velozmente, e, finalmente, os assaltantes da coisa pública serão punidos, muitos serão presos e os outros merecerão o asco, o nojo, e a execração públicas.
Mas o tempo está passando, o noticiário minguando, os cínicos permanecendo em seus cargos e funções, as mordomias sendo tornadas públicas, com fotos e imagens revoltantes.
“Serviços especiais”, de alto luxo e valor, são prestados aos privilegiados, carros novos, com ar condicionado e motorista, transportam os escolhidos dos deuses do dinheiro público, verbas de indenização, de algumas discutíveis situações especiais, superam os salários ganhos por muitos professores, agentes da saúde, da educação, e da segurança.
Enquanto pessoas morrem nas filas de postos, por carência de recursos humanos e financeiros, grande numero de profissionais atende uma auto-proclamada elite dos serviços públicos e estatais, e não chegam a trabalhar as horas regulamentares, previstas em seus contratos e concursos.
E assim, mesmo vendo essa maracutaia coletiva, mesmo assistindo essa escancarada mentira permanente em que se transformou a gestão pública, mesmo testemunhando esse crime contra a economia popular e contra os impostos arrecadados do suor da população que os gera, surge a pergunta: será que tudo continuará igual?
Será capaz de promover mudanças, nas próximas eleições, essa massa de eleitores que está sendo manipulada e desrespeitada, tão vergonhosamente?
Ou será a grande maioria da sociedade uma nova sócia do silêncio, uma parceira conivente com os algozes que mentem, roubam, escondem, e corrompem?
Será que tudo será, mais uma vez, esquecido?
E que tudo, de novo, se perderá como lágrimas na chuva?