terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Roteiro de Palestra para alunos da ASSESC

ASSESC- Aula Inaugural de 20.02.2008
Local: Auditório CENTROTUR
Horário: 10:00h
Palestrante: Danilo Cunha

Modernização:
É um processo de avanço qualitativo, que começa nos aspectos conceituais da sociedade. No Brasil tivemos a semana de arte de 1922, que revolucionou a visão da arte na e pela sociedade. Nos anos 60 o movimento Bossa Nova rompeu com o Brasil da primeira metade do século XX através da música e de uma nova interpretação musical. O movimento se estendeu para todas as áreas sócio-políticas da nação e para a contra-cultura e protestos políticos dos meios mais intelectualizados.
-O que está ocorrendo de modernização no Brasil de 2008, no tocante a avanços qualitativos conceituais/intelectuais/comportamentais além do cinema brasileiro?

Inovação:
Humana – posturas mais solidárias( a sociedade do coletivo x a sociedade individualista)
Tecnológicas – tecnologia deve ser meio e não fim, para não concentrar recursos que devem beneficiar a todos. Ex.: tomógrafo, ressonância magnética, ultrasom, uso da telemática e satélites para tele-diagnóstico e descentralização do atendimento médico, educação, segurança e proteção do patrimônio natural.
Ambientais – tecnologias menos poluentes e destruidoras do meio ambiente. Tratamento do lixo pós-industrial e pós-consumo

Economia de mercado
A busca do lucro terá que ser re-estudada e adequada aos novos tempos.
O consumo intensivo e o extrativismo industrial agudo e permanente geram lixo pós-consumo e pós-industrial acima da capacidade das cidades de trata-los.
A questão da sobrevivência da raça humana e a realidade ambiental terão que receber novos enfoques, de forma urgente.
A geração de vagas de emprego terá que ser vigorosamente implementada para garantir pagadores de impostos e a sobrevivência dos sistemas de saúde e previdência.
As estruturas de Estado precisarão ser fortificadas e qualificadas para garantir os direitos coletivos. Exemplo: o combate à corrupção, a preservação ambiental, o estabelecimento de limites e padrões para a produção dos insumos essenciais à vida: medicamentos e alimentos.

Formação profissional
Os currículos escolares e as demandas de capacitação das empresas necessitam se adaptar ao novo conjunto de complexidades que as sociedades de todo o mundo estão apresentando.
A questão do primeiro emprego para jovens e o novo perfil ocupacional que surge neste século XXI determinam novas emergências.
O estudo fornecido pelas escolas no século XX era um movimento inercial do passado, de conhecimentos gerados na primeira metade daquele século. Agora precisaremos prospectar e compreender melhor o futuro, com o qual nos chocaremos, a curtíssimo prazo.

Necessidades e tendências
Os sistemas de conhecimento e trabalho, escolas, empresas e estruturas públicas, precisam passar a estudar as questões estratégicas que afetarão a produção e o consumo humanos.
Os sistemas de saúde, os estudos e pesquisas especializados sobre o aumento de expectativa de vida e os sistemas de previdência demandarão necessidades de conhecimentos específicos.
A crítica questão da água, da dependência cada vez maior do ser humano em relação ao uso da energia elétrica, das fontes alternativas de energia, da preservação de mananciais precisarão de respostas institucionais nas áreas de capacitação e produção.
A vida nas cidades e a gestão urbana vão requerer visões altamente especializadas, na administração, na saúde e no direito, para enfrentar a questão da limitação de espaços, compartilhamento de meios comuns, priorização dos elementos essenciais à vida, com a preservação dos direitos humanos.

Valores e ética
O ser humano não é ético. O ser humano elabora princípios que podem levar a atitudes éticas.
Alguns exemplos atuais: venda de produtos que podem gerar a morte ou lesões graves, venda de remédios falsificados e sem valor científico, invasão de áreas de preservação, queimadas da floresta amazônica para lucrar com outras culturas, emissão de gases tóxicos e geração de aquecimento global.
A visão ética como um código de princípios com a visão do bem”, da felicidade, virtude, justiça, o “dever ser” é um enunciado comum a Aristóteles, Spinoza e Leibnitz.
Esses três pesquisadores, filósofos, viveram entre 300 anos ac e 1600 dc. Apesar disso, seus estudos e proposições são próximos e parecidos.
O ser humano, por saber seu potencial primário e destrutivo, a ânsia de poder sobre o outro, estabelece limites para a vida coletiva, desde os dez mandamentos, até a existência de polícia, em todas as sociedades.
A subjetividade humana é responsável pelo convívio de 6 bilhões de pessoas na face da terra, existindo igual número de concepções e interpretações.
Cada ser humano tem uma impressão digital única e uma alma/espírito diferente.
O grande avanço ético do ser humano é a criação do Estado como ordenador da conduta humana e a construção de pactos coletivos e conjuntos de normas e leis, que servem para estabelecer limites e criar espaços coletivos com regras iguais para todos. As sociedades mais avançadas sempre foram e são as que mantêm seus espaços coletivos preservados pelo direito coletivo e impessoal.
Os conceitos republicanos foram uma forma de preservar uma ética coletiva diante dos poderes ilimitados das monarquias
Um dos instrumentos éticos mais importantes na evolução da sociedade, pós-fase de urbanização e industrialização, foi a instituição, na Inglaterra, a partir dos anos 1700, do orçamento público amparado em lei.
O orçamento público é uma das formas mais efetivas de garantir o controle social e a transparência na aplicação dos recursos de todos, evitando que o poder gaste discricionariamente os tributos, frutos do trabalho de toda a sociedade.

Um comentário:

Unknown disse...

Ola Senhor Danilo Cunha.

Meu nome é Arthur Bellaguarda, sou aluno da ASSESC. Eu gostaria de parabenizá-lo pela palestra de ontem. Eu acredito que os temas solicitados ao senhor foram muito amplos, uma vez que o senhor tinha pouco tempo para palestrar. Contudo acredito que a palestra deu um panorama muito importante sobre as realidades brasileiras com um embasamento bastante realista não deixando de denotar que é possível melhorar é possível vencer, porém tal feito só é exeqüível para quem se capacita e trabalha duro.
Gostaria de agradecê-lo, pois eu acredito que nós jovens precisamos ouvir certas realidades para entender que o mundo esta ai cheio de problemas e que não podemos ficar parados esperando soluções mágicas.
Gostaria de agradecê-lo também pelo ensinamento que o senhor passou, mesmo que indiretamente, vou ser mais claro:
Um professor, presente na palestra, se dirigiu ao senhor colocando que a palestra havia sido muito boa, porém ela deixou a desejar quanto ao aspecto da educação.
O senhor já havia deixado claro que, infelizmente por falta de tempo, estava deixando de falar outros pontos importantes de maneira mais detalhada. Porém a atitude que o senhor teve de responder ao professor (um pouco exaltado) que ele estava certo e que sentia muito por não ter dado a devida importância a tal aspecto e logo após discorreu o assunto com maestria acalentando o professor e enriquecendo mais ainda a nós alunos, com isso o senhor demonstrou serenidade, confiança e acima de tudo humildade.
Por isso tudo agradeço mais uma vez sua presença na ASSESC e agradeço também pela sua participação no meu enriquecimento intelectual e pessoal.

Um grande abraço do Arthur Bellaguarda