Afinal quem era Róger, esse
ciclista que morreu em sua bicicleta, assassinado por um bêbado em seu
automóvel?
Róger era uma cidadão honesto, um
trabalhador intelectual, que colocava seu conhecimento especializado na área de
comunicação para melhorar a interação entre pessoas.
Era um homem simples e feliz, que
gostava de receber amigos em churrascos e pequenas festas para seu circulo de
amizades.
Foi um marido apaixonado por sua Karin,
que tiveram Sofia, fruto de seu amor e de sua parceria integral, pois além da
vida de família, trabalhavam e produziam juntos, em um sonho profissional, que gerava
bons resultados e, não à toa, se chamava Fábrica de Comunicação.
As corridas, as maratonas, o
pedalar sua bike, eram continuidades naturais de uma pessoa que prezava a saúde
e acreditava numa cidade mais humanizada e coerente com a propaganda que de
Floripa se faz, de um local com qualidade de vida.
Vida que ele perdeu aos 49 anos
de uma existência abreviada precocemente, não por doença ou por outras causas,
a não ser por ter sido traído em seus sonhos, pela brutalidade contumaz, pela
egocêntrica moléstia do álcool e das drogas, que assola nossas casas, nossos
clubes, nossas empresas, nossos convívios, e nossas ruas, dominadas por
ectoplasmas em busca da felicidade imediata, que uma garrafa pode dar, ou pelo
enganoso brilho que as drogas fornecem, nas antessalas da morte, do suicídio e
do assassinato.
Róger nos deixou justamente nesta
fase do ano entre Natal e Ano Novo, quando as pessoas normais gostam de se
abraçar, de confraternizar, de viver as alegrias genuínas dos convívios
afetivos e amistosos, de celebrar as boas e honestas conquistas do ano que
finda, numa fase em que as famílias festejam os avanços e as melhorias, construídas
e conquistadas.
Róger se foi para seu descanso
eterno, para seu repouso permanente, para além de uma fronteira invisível e
tênue, como é o limite entre a vida e a morte.
Todos os que o amavam,
respeitavam, admiravam, valorizavam seu convívio, enalteciam seus bons
exemplos, ficam mais sós e tristes, tomados por uma nostalgia infinita, por um
olhar perdido, que reflete a dúvida existencial: por que morrem as pessoas
boas, quais as razões de uma morte como a de Róger, que era um bom, um cara
bacana, um ser do bem, que apenas queria se exercitar e respirar um ar saudável
e apreciar as belezas desta Ilha?
Não entendemos nem aceitamos os
desígnios de sua morte. Róger nos foi surrupiado por mãos assassinas, por um
alienado bêbado e drogado, que usou seu carro como uma arma mortífera,
dirigindo por uma estrada estadual, que deveria estar protegida e segura, por
presença de efetivos governamentais, ausentes, insuficientes e desaparelhados.
Róger não pode ser simplesmente
mais uma bicicleta fantasma, uma bike pintada de branco, pendurada em um poste
nas proximidades de onde foi morto.
Que sua estúpida execução, que
sua ausência injustificada, que sua morte precoce e despropositada seja sempre
lembrada por todos.
Que não deixemos cair em
esquecimento essa tragédia. Tragédia causada pelo autor de sua morte, mas
também por omissão de governantes, por conveniência de obras mal feitas e sem a
mínima preocupação com a segurança de quem por elas transita.
Se estradas podem ser bem construídas
e sinalizadas, quais os motivos de algumas estarem abandonadas, sem os
equipamentos e sinalizações necessárias, como a SC-401, a rodovia estadual de
maior tráfego em SC, mas que, desde a sua “duplicação” nunca devidamente terminada
ou dentro de parâmetros técnicos aceitáveis, ainda aguarda uma atenção do
Governo do Estado, que já fez obras posteriores melhores e mais bem
configuradas, mas que continua tratando essa via como um eixo viário de segunda
categoria?
Não esquecer de Roger e de sua
morte trágica, por causas eminentemente estúpidas, é uma obrigação da cidadania
desta capital e deste estado, que tem obrigação de cobrar de forma contundente
e permanente, mais respeito à vida e melhores condições a quem trafega pelas
estradas públicas e de todos.