quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O PANETTONE - e os dinheiros inexplicados


O panettone é uma iguaria da cozinha italiana.
Panetone em português, panettone em seu idioma original.
Misto de pão e bolo é composto por massa pastosa e úmida, com a adição de frutas secas e é mais consumido por ocasião do Natal.
Há muito tempo essa preferência natalina se instalou no Brasil, principalmente nos estados sulinos, pela presença significativa de descendentes, que vieram para cá, pelo processo de imigração, nos idos do século XIX e início do século XX.
Tem uma história muito bonita que não sabemos se é lenda ou não, mas que tenta explicar como o pão de um certo padeiro Toni, se transformou no atual bolo especial de final de ano, ao passar do ponto de descanso e cozimento.
Nos últimos dias, ficamos sabendo, que, apesar de a capital brasileira ser formada em sua maioria por populações oriundas do nordeste de nosso país lá, também, o panettone passou a ser um artigo a ser consumido pelos mais pobres, ou ser utilizado como presente.
Num gesto inexplicável, e também não entendido por quem o viu ou ouviu, o governador do Distrito Federal, apanhado recebendo grosso volume de dinheiro vivo, informou que aquelas somas in natura se destinavam a comprar panettones para pessoas com baixa renda.
Alguns de seus principais assessores, e mesmo aliados políticos foram também filmados colocando volumes de notas em suas cuecas, bolsos, bolsas e meias.
Empreendedor, ele acaba de lançar uma nova marca do produto, talvez sugerindo um novo condimento em sua preparação.
O “Panettone Arruda”, seria um bolo de Natal também, só que adquirido com dinheiro público, de impostos, dos cidadãos e distribuído às camadas menos favorecidas do DF, e aditivado com folhas de arruda, planta que tradicionalmente era citada como fonte de proteção contra maus olhados.
Que nesse caso não deve ter funcionado, tendo em vista os olhares indiscretos das câmeras que o flagraram naquele momento tão feliz, para ele.
O governador em questão, sortudo raro, além de receber fartos dinheiros livres de impostos, notas fiscais ou prestação de contas, passa e ser incluído nos anais dos recordes mundiais, ao tentar explicar o aumento de sua riqueza pessoal com a entrega de doces aos pobres de Brasília.
Essa conexão entre a riqueza e a pobreza pode vir a ser uma nova teoria sócio-política considerando o grande volume de governantes e legisladores que já a utilizam.
A “Escola Arruda” deverá ser uma franquia nacional considerando a grande aceitação do método panettone, para relacionamento entre governantes e governados.
Em vários estados brasileiros, nos últimos anos, não foram poucos os governantes e legisladores, em vários níveis, apanhados com enormes volumes de dinheiro vivo, ou a eles ligados.
Outra coincidência que chama a atenção é que isso sempre ocorre em anos pré ou eleitorais.
Muito criativo em sua atuação, esse tipo de político talvez pretenda despertar um novo hábito alimentar na capital federal.
Como a pizza já está muito manjada, literalmente, e teve até sua imagem desgastada pelo excesso, agora o panettone, alem de se destinar a criar novo perfil de consumo, poderia substituir o outro prato italiano.
Também como sinônimo de representantes eleitos, que aproveitando a oportunidade de o Brasil ter uma herança da corte portuguesa, muito forte, estariam inovando culturalmente, abandonando os envelhecidos métodos Salazaristas, e o bacalhau, trocando-os pelo doce italiano, nos moldes dos padrões Berlusconescos e Camorrescos, da ponta sul da bota mediterrânea..
Os “políticos pizza” seriam os da geração anterior mais velhos, mais ligados ao coronelismo, à truculência e aos extremos.
Os novos, mais empreendedores, arrojados e descolados governantes, deputados, senadores e vereadores, mais refinados e sofisticados, seriam os renovadores, os criativos e empreendedores “políticos panettone”.
E ainda poderiam oferecer meias e cuecas como brindes eleitorais.
No Brasil da podridão, sonhar não seria vão.