(JULHO-97)
Os sem-teto se organizam
Os sem-terra ocupam
Como ficam os sem-amor?
Aonde tratam dessa doença?
Quem cura falta de amor?
Quem trata da sua dor?
Na farmácia tem remédio?
Precisa operar?
Massagem talvez ajude, mas somente com amor !
Quem sabe um anúncio ajude a criar
a primeira comunidade para quem protesta
para amar?
Um grande acampamento dos sem-amor !
E se a justiça decretasse
e a polícia obrigasse
uma desocupação imediata , para já?
Existirá um Incra para distribuir
lotes de amor ?
Sendo do coração, a sigla pode ser Incor ?
Mas lá arrumam a máquina , lá cuidam só
da dor
Lá temos uma pequena pausa,
Mas quem cuida da causa ?
Desamados do mundo todo
não adianta esperar
Lutai pelo direito de tratar
a grande ânsia de AMAR
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Meio e fim, estruturas e pessoas
(Junho-97)
aqui não há lugar para sentimentos
aqui temos que tratar a eficiência
a operação
pessoas são máquinas
máquinas servem sistemas
sistemas servem poder
e o poder para que serve?
para mais poder?
para mais ter?
e o Ser?
e o estar feliz ?
e o sentir ?
onde ficam essas “ pequeninas “ sensações ?
onde estão as pessoas que ainda as sentem ?
aqui não há lugar para sentimentos
aqui temos que tratar a eficiência
a operação
pessoas são máquinas
máquinas servem sistemas
sistemas servem poder
e o poder para que serve?
para mais poder?
para mais ter?
e o Ser?
e o estar feliz ?
e o sentir ?
onde ficam essas “ pequeninas “ sensações ?
onde estão as pessoas que ainda as sentem ?
Viagem a um país chamado passado-uma casa em Ipanema
18 março de 2005.
Hoje viajei 30 anos. 30 anos de exílio se passaram, 30 anos de saudade me assolaram,
30 anos de vazio me cobraram
Não comprei passagens, não visei passaportes, não paguei taxas de embarque .
Mesmo assim, viajei .
Abri a caixa e embarquei nas fotos .
Revi pessoas, visitei lugares, casas, ruas, árvores e praias .
Reencontrei gente, pessoas muito amadas e queridas, alguns mais velhos,
outros bem mais jovens, enfim, amigos, familiares, muitos familiares .
Mas, principalmente, vi três filhos, meus três filhos, três crianças lindas,
crescendo, brincando, estudando, se formando, na vida e escolas, e pro-
curei olhar seus olhos, tentei captar seus sonhos, suas ansiedades.
Queria reencontrá-los, ouvi-los, saber deles como brincavam, o que sen-
tiam, quando voavam em suas bicicletas, quando andavam em seu carrinho
de rolimã, quando subiam e sonhavam nas árvores, quando adormeciam
nas viagens, quando acordavam e olhavam a estrada pelo vidro traseiro,
quando eram carregados para suas camas, profundamente dormidos, envol-
tos naquele sono bom, que só as crianças conseguem ter
Tentei me ver criança, me rever adolescente, me reencontrar adulto .
Tentei encontrar meus pais, a casa de meus pais ...
Tentei reconstruir a casa, aquela casa dos sonhos e das esperanças.
Aquela casa da qual saiam os barcos para velejar e pescar.
Aquela casa próxima ao Guaíba.
Aquela casa, que do portão se via o rio.
Aquela casa da qual víamos o céu através dos cinamomos .
Aquela casa na qual o vento cantava com as folhas dos eucaliptos .
Aquela casa da qual saíamos para a escola, para o clube, para outras casas .
Não encontrei .
São outras casas, outros rostos, outras ruas, outras árvores .
Tantos anos se passaram, prisões, seqüestros, fugas e diáspora
O pai partiu, a mãe vive em outra cidade, os irmãos por todo o país.
Ninguém ficou .
Onde está aquele tempo ?
Onde ficou aquele lugar ?
Onde estamos todos nós ?
Queria rever seus rostos,
perceber suas expressões
ouvir suas vozes
reviver a algazarra
partilhar seus sonhos
viver alguns momentos , talvez um churrasco de domingo...
ver nossos pais, ele sentado na varanda, matutando sobre a vida, dialogando com o
vento, ela ao piano, a música, aqueles sons tão próximos, e que nos levavam para
sonhos tão distantes...
Hoje viajei 30 anos. 30 anos de exílio se passaram, 30 anos de saudade me assolaram,
30 anos de vazio me cobraram
Não comprei passagens, não visei passaportes, não paguei taxas de embarque .
Mesmo assim, viajei .
Abri a caixa e embarquei nas fotos .
Revi pessoas, visitei lugares, casas, ruas, árvores e praias .
Reencontrei gente, pessoas muito amadas e queridas, alguns mais velhos,
outros bem mais jovens, enfim, amigos, familiares, muitos familiares .
Mas, principalmente, vi três filhos, meus três filhos, três crianças lindas,
crescendo, brincando, estudando, se formando, na vida e escolas, e pro-
curei olhar seus olhos, tentei captar seus sonhos, suas ansiedades.
Queria reencontrá-los, ouvi-los, saber deles como brincavam, o que sen-
tiam, quando voavam em suas bicicletas, quando andavam em seu carrinho
de rolimã, quando subiam e sonhavam nas árvores, quando adormeciam
nas viagens, quando acordavam e olhavam a estrada pelo vidro traseiro,
quando eram carregados para suas camas, profundamente dormidos, envol-
tos naquele sono bom, que só as crianças conseguem ter
Tentei me ver criança, me rever adolescente, me reencontrar adulto .
Tentei encontrar meus pais, a casa de meus pais ...
Tentei reconstruir a casa, aquela casa dos sonhos e das esperanças.
Aquela casa da qual saiam os barcos para velejar e pescar.
Aquela casa próxima ao Guaíba.
Aquela casa, que do portão se via o rio.
Aquela casa da qual víamos o céu através dos cinamomos .
Aquela casa na qual o vento cantava com as folhas dos eucaliptos .
Aquela casa da qual saíamos para a escola, para o clube, para outras casas .
Não encontrei .
São outras casas, outros rostos, outras ruas, outras árvores .
Tantos anos se passaram, prisões, seqüestros, fugas e diáspora
O pai partiu, a mãe vive em outra cidade, os irmãos por todo o país.
Ninguém ficou .
Onde está aquele tempo ?
Onde ficou aquele lugar ?
Onde estamos todos nós ?
Queria rever seus rostos,
perceber suas expressões
ouvir suas vozes
reviver a algazarra
partilhar seus sonhos
viver alguns momentos , talvez um churrasco de domingo...
ver nossos pais, ele sentado na varanda, matutando sobre a vida, dialogando com o
vento, ela ao piano, a música, aqueles sons tão próximos, e que nos levavam para
sonhos tão distantes...
quinta-feira, 24 de julho de 2008
André Murah
Novo artista e mais arte em Florianópolis
Nossa cidade está de parabéns.
O artista André Murah teve sua arte reconhecida por premiação referente a obra sobre o centenário da imigração japonesa.
André é um pintor que está lançando novos padrões de arte. Depois de uma larga experiência como administrador e empresário, dedica-se à arte com o mesmo afinco que caracterizou sua carreira empresarial.
Ele nos surpreende com suas inovações, com a beleza de suas telas e painéis, com seu estilo leve e vanguardista e com suas cores alegres e contagiantes.
Agora, presenteia nossa Capital com um Projeto que visa levar, pela arte, integração e inclusão social, compartilhando suas cores com áreas plenas de gente, cheias de vida, mas vazias de atenção e solidariedade.
André vai construir uma ponte, vai integrar o maciço com um viaduto/arco-iris, vai colorir uma estrada, vai lançar uma passarela, atravessar o aterro, cruzar a Mauro Ramos e colocar uma lupa no morro, para que todos vejam o colorido. Como diz o Padre Vilson Groh, vai ajudar a lançar um novo olhar sobre os labirintos da cidade, sobre a cidade que esconde ( e se esconde)labirintos, pessoas e beleza.
As cores tornarão a cidade mais visível, mais próxima e, quem sabe, mais consciente.
Consciente de si mesma, de sua gente, de seu presente, de seu futuro.
Parabéns André Murah, as tuas cores, com tanto amor e sonho, com tanta leveza e esperança, com certeza, trarão o risco de contaminar mais pessoas com a inquietação, de espalhar solidariedade, com os pincéis, e de fazer com que todos vejam a todos, independente, e principalmente, por suas diferentes cores.
Nossa cidade está de parabéns.
O artista André Murah teve sua arte reconhecida por premiação referente a obra sobre o centenário da imigração japonesa.
André é um pintor que está lançando novos padrões de arte. Depois de uma larga experiência como administrador e empresário, dedica-se à arte com o mesmo afinco que caracterizou sua carreira empresarial.
Ele nos surpreende com suas inovações, com a beleza de suas telas e painéis, com seu estilo leve e vanguardista e com suas cores alegres e contagiantes.
Agora, presenteia nossa Capital com um Projeto que visa levar, pela arte, integração e inclusão social, compartilhando suas cores com áreas plenas de gente, cheias de vida, mas vazias de atenção e solidariedade.
André vai construir uma ponte, vai integrar o maciço com um viaduto/arco-iris, vai colorir uma estrada, vai lançar uma passarela, atravessar o aterro, cruzar a Mauro Ramos e colocar uma lupa no morro, para que todos vejam o colorido. Como diz o Padre Vilson Groh, vai ajudar a lançar um novo olhar sobre os labirintos da cidade, sobre a cidade que esconde ( e se esconde)labirintos, pessoas e beleza.
As cores tornarão a cidade mais visível, mais próxima e, quem sabe, mais consciente.
Consciente de si mesma, de sua gente, de seu presente, de seu futuro.
Parabéns André Murah, as tuas cores, com tanto amor e sonho, com tanta leveza e esperança, com certeza, trarão o risco de contaminar mais pessoas com a inquietação, de espalhar solidariedade, com os pincéis, e de fazer com que todos vejam a todos, independente, e principalmente, por suas diferentes cores.
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