quinta-feira, 31 de maio de 2012

CHÁ, PIZZA, E IMPUNIDADE

A mídia nacional noticiou, amplamente, possivel encontro entre o ex-Presidente Lula, o Ministro do STF Gilmar Mendes, e o ex-Ministro daquela corte, Nelson Jobim.
De acordo com os relatos de Gilmar Mendes, fartamente veiculados, ele teria sofrido pressões de Lula para que o processo do "mensalão" não entrasse em pauta para julgamento, ainda em 2012.
Lula se disse "indignado" com a revelação, Mendes alega que Lula é uma "central de boatos", e os fatos reais começam a ficar encobertos por essa núvem de mentidos, desmentidos, versões, e alegações.
Nesse contexto surge a figura de Marco Maia, Presidente da Câmara dos Deputados, que se pronunciou dizendo que deveria ser servido chá para acalmar Lula e Gilmar Mendes.
Não fosse tão grave a denúncia do Ministro do STF, a estultice proferida por Maia poderia ser atribuida ao folcore que cerca a atividade legislativa federal.
Mas a realidade do país, que passa por momento de queda do PIB, de forçada baixa de juros para tentar colocar o país na realidade mundial, e outros ridiculos indicadores nacionais, que vão da educação, saúde até a segurança, não permite que autoridades se comportem dessa forma vulgar, e altamente inconveniente.
A simples denúncia de um Ministro, da mais alta corte da nação, deveria ser objeto de imediata postura pró investigação do ocorrido.
Uma das mais altas autoridades do país, da Câmara Federal, deveria tomar a iniciativa de requerer uma imediata averiguação para enquadrar eventuais culpados, por mentir ou por tentar constranger autoridades constituidas.
Note-se bem que o fato envolve tres das mais significativas autoridades do Brasil: um ex-Presidente do STF, um atual Ministro do STF, e o ex-Presidente da República, na gestão do qual ocorreu o episódio apelidado de mensalão.
O mensalão teria sido uma operação de desvio de elevados recursos públicos, via artimanhas empresariais e bancárias, para financiar a compra de votos, e a adesão aos projetos da Presidência da República, dentro do Congresso Nacional.
Por si só, o processo que corre no STF mereceria todo o resguardo e correção de todas as autoridades, pois se provado, a punição deveria ser exemplar.
Num quadro nacional desse porte, em ano de eleições municipais, maior ainda deveria ser a preocupação de todos, para que o país mantenha seu rumo de desenvolvimento democrático.
Mas a rasteira manifestação do presidente da Câmara dos Deputados, coloca o chá como uma piada para acalmar dois amigos que teriam se desentendido.
Só que o fato ocorrido, e relatado em diferentes versões, é gravissimo, devido aos envolvidos.
Em vez dessa jocosidade ridicularizante, poderia o Deputado Maia ter se manifestado de forma exemplar, no alto nível que requer a sua função,  e solicitado investigações e o cumprimento legal.
Mas, lamentavelmente, o aludido deputado já entrou para o rol gastronomico emanado do Congresso Nacional, e está oferecendo chá, talvez como acompanhamento à pizza que está sendo servida na sala ao lado, onde um festival de teatrais representações, e mentiras, é oferecido aos cidadãos brasileiros, diariamente.
No Senado, está sendo avaliado por uma comissão interna, o Senador Demóstenes Torres, e suas eventuais relações irregulares com Carlos Cachoeira.
Cachoeira que tem sido tratado como "bicheiro" e "contraventor", mas que é defendido pelo ex-Ministro da Justiça de Lula, o advogado Marcio Thomas Bastos, mediante milhonário pagamento do acusado.
E assim vai sendo o povo brasileiro deseducado na democracia, regime que exige respeito às leis, e igualdade perante elas, e que garante igualdade, para que ninguém possa ser desrespeitado por quem  quer que seja, por intitular-se "autoridade".
Nessa palhaçada em que se transformou o processo político no Brasil, a frase antiga que diz "pão e circo para o povo" nunca foi tão atual em nosso país.
Num outro cenário antigo, uma insensível princesa teria dito aos pobres, que se não tivessem pão  comessem brioches.
Ela não tinha sido eleita, era imposta ao povo francês, e por isso até se relativiza o que ela disse. Afinal, não passaria de uma deslumbrada e alienada jovem privilegiada.
Mas o Presidente da Câmara foi eleito pelo povo Brasileiro para cumprir um mandato, fez um juramento, e, como autoridade, está, também, sujeito aos rigores da lei, se não cumprir seus deveres constitucionais.
E oferecer chá para "acalmar" envolvidos em gravissima denúncia contra a democracia, e contra o ordenamento legal vigente no Brasil, pode transformá-lo na próxima vítima de um processo que ele poderia ter iniciado.
Chá, pizza,  e impunidade, esse o resumo das cínicas atitudes de quem deveria zelar pela obdiência à lei, pelo menos por ser membro do Poder Legislativo.
Brioches geraram o guilhotinamento de Maria Antonieta.
Chá, e pizza, podem vir a oportunizar um processo de "execução" mais moderno.
A cassação do mandato de quem foi eleito e não cumpriu seus deveres, ao deixar rolar a impunidade explicita, diante de um fato grave não investigado.








quinta-feira, 24 de maio de 2012

OBRAS E POLÍTICAS PÚBLICAS NECESSITAM DE LEGITIMIDADE SOCIAL

O tema ainda é a ampliação das conexões entre a Ilha de SC, Florianópolis, e o continente. Há meses vem se falando, nas rodas governamentais, tanto estaduais, como municipal, da necessidade de uma nova ligação. Ligação essa, que até já se falou, que pode ser feita por ponte, tunel, embarcações, etc. Nos ultimos dias o assunto voltou a ocupar espaços na mídia, quando uma nova conotação começa a se apresentar. Fala-se em edital para que empresas construtoras ofereçam modalidades de parcerias público-privadas. Mas não pára por ai. Fala-se, também, em que a obra nova poderá ser por cima d'agua, por baixo, ou ainda um solução híbrida. E que tudo dependerá das ofertas feitas pelas empresas proponentes. Algo está estranho nesse quadro todo, pintado até agora, por mãos unicamente oficiais, ou por empresas privadas. Florianópolis está em plena fase de análise e apreciação do que seria o novo plano diretor da capital do Estado. Nossa Floripa sente, todos os dias, as dores de um trânsito maluco, desordenado, e os incômodos da falta completa de diagnóstico e gestão de seu território urbano. Deixar a critério de interesses privados, de empresas construtoras, a solução de um de seus principais pontos de estrangulamento, e perda de tempo, e estresse de seus ahbitantes, é deixar de lado todas as dicussões que os cidadãos já construiram sobre o novo plano diretor, e o futuro de nossa cidade. Outro ponto que chama, deveras, a atenção é a questão do valor das obras. A expressaõ "mais de um bilhão de reais" está sendo vulgarizada pela repetição de orçamentos estimativos, por parte de autoridades públicas, que até já falam, com muita naturalidade, de uma "cobrança de pedágio". Quanta facilidade, e tranquilidade, em falar de um novo assalto aos bolsos dos contribuintes!!! Primeiro esquecem da batalha judicial do pretendido pedágio da SC-401, quando a Justiça não permitiu a cobrança de pedágio, em obra intramunicipal pois geraria diferenciação entre habitantes do mesmo município. Batalha essa que teve na atual Ministra Ideli Salvatti firme opositora, e que se manifestou pessoalmente no local que seria o posto de cobrança. Além do mais, o mais espantoso de tudo isso, é que sem qualquer estudo prévio, ou orçamento sério e legítimo, já se procura acostumar a massa de contribuintes, com uma valor hipotético de UM BILHÃO DE REAIS, OU MAIS, por uma ponte ou tunel. Vejam o exemplo da travessia Anita Garibaldi, na BR 101, que a presidenta Dilma veio assinar a ordem de serviço. Uma ponte nova, de mais de 2.800 metros de extensão, e que tem seu valor já fixado em, pasmem, 597 milhões. Isso mesmo!!! Uma ponte que será o dobro em tamanho, daquela que se pretende construir em Floripa, e que custará quase a metade do que "se estima" irresponsavelmente, por autoridades e empresas construtoras. Primeiro que as autoridades eleitas devem sempre lembrar que o foram para defender os interesses, e necessidades, dos cidadãos, e que devem a eles respeito, e prestação de contas, permanentemente. Segundo, que em plena fase de construção do plano diretor de Floripa, as autoridades eleitas têm obrigação legal, moral, ética, de não aceitar balelas irresponsáveis, como essa de que a nova ponte, de mil e pouco metros, poderá custar o dobro do que custará uma ponte que é duas vezes maior. Assim, espera-se a retomada da seriedade, e da responsabilidade na discussão de temas importantes como esse. E que não se dediquem, essas autoridades, somente em seus fechados gabinetes, a traçar o futuro das soluções para os habitantes da capital. Afinal, se são as pessoas em primeiro lugar, sejam coerentes e estudem muitas opções, e existem várias, para resolver o caos do trânsito de Florianópolis, pois ele só existe pela ausência completa de medidas sérias e bem estudadas, por quem deveria estar no comando das soluções. Não esqueçam senhores governantes, que na democracia o voto é que manda, e que teremos eleições neste ano de 2012, que podem mandar para casa muitos daqueles que se pensavam eleitos pelos deuses, para contuinuar mandando no destino de muitos. E que essas eleições influirão, decisivamente, nas que ocorrerão em 2014, quando novos governadores, e deputados estaduais, deverão ser eleitos, e muitos enviados de volta para seus pijamas e chinelos.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A Realização Humana, A Subjetividade, e o Tempo

Hoje em dia se aceitam no mínimo 4 etapas vocacionais na trajetória das pessoas. Uma, que é muito mais da cronologia social, e sob grande influência familiar, é a dos 17/18 anos, quando em geral os jovens precisam decidir qual a direção profissional, que pretendem seguir. Outra, entre 28/32 anos (é um dado estatístico, portanto variável) quando o ser amadurece e percebe se confirma aquela primeira escolha, ou se já se manifestaram preferências outras, que o levem em nova direção. Em torno dos 45/50 anos, normalmente, surge uma maior inclinação social/artística/ambiental, quando as pessoas estão mais conscientes de suas estruturas afetivas/emocionais/ideológicas/conceituais. Alguns perfis ocupacionais têm apresentado a tendência de gostos artisticos, de procurar entrar mais em contato com a terra para produzir algo que seja fruto de suas mãos e da sua energia pessoal. Nessa fase começa a sensibilidade para o legado, o que vai se deixar, o que serão seus filhos, e desabrocham gostos bastante "diferentes" das suas carreiras, mas, em geral, despertados por elas. Descobrem-se bons escritores, sensíveis poetas, grandes plantadores de algo que vá ter maior ligação com os humanos, por exemplo, alimentos, vinhos, e a criação de animais, soluções para a melhor saúde, etc. E uma quarta etapa, em torno dos 50/60, quando a pessoas pensa em aproveitar a boa saude que tem, e se dedicar a algo que sonhou uma vida, e que não teve muito tempo, ou outras condições, para implantar. Em todas essas etapas podem ocorrer rupturas, devido aos processo de autodescoberta, e de uma maior independência cognitiva. Muitas separações ou rompimentos afetivos são realizados devido ao cônjuge não ter tido olhos e sensibilidade para acompanhar, perceber, a evolução /transformação, ou as etapas humanas não cumpridas. Muitas soluções materiais satisfazem externamente, mas a alma fica ressentida pelas coisas não realizadas. Em mediação de casais e familias esses aspectos são muito observados. Nas sucessões empresariais, também. Repentinamente ocorrem mudanças comportamentais, que muitas vezes são atribuidas a problemas, até, mentais. Mas é a represa emocional liberando sua águas através de mudanças comportamentais, e novas atitudes, que podem parecer, ou sugerir, algo muito radical. Mas não passa do medo da morte, do medo do fim da vida, que passa, naturalmente, a assediar as pessoas, principalmente aquelas que guardaram sonhos significativos, em uma compota mal acondiconada, e não resolvida. Tudo isso nos prova a necessidade que todas as pessoas têm de trabalhar seu mundo interior, dar atenção a seus sonhos, e tentar realizá-los sem barreiras, preconceitos sociais, ou impedimentos conceituais. Somos todos formados por parte material, e nossas definições são muito influenciadas por nossa subjetividade que é constituida pela misteriosa direção que a alma/espírito determinam para nossos sentimentos. Por isso tudo, precisamos amar-nos a cima de tudo, pois quem não sabe, ou não consegue, amar-se, dificilmente será feliz, ou fará alguém feliz. Quem não se ama, ou ama pouco, não terá condições de amar alguém, plenamente.